Nilson: goleador e amigo do 'rei'

11º maior artilheiro da história do Atlético, time da paixão,
Nílson recorda os tempos áureos e a amizade com 'rei Dario'

Vinícius Dias

A paixão pelo futebol sempre embalou o sonho do guri. Antes mesmo de ganhar a primeira bola, ele desejava se tornar atleta profissional. "Ao me deitar, eu fazia as minhas orações. Pedia para ser um grande jogador, e esperava que o Grande Pai dissesse amém", lembra. Zizinho, à época no Bangu, do Rio, e o conterrâneo Telê Santana, no Fluminense, eram as referências. Nílson Batista Cardoso recebeu a primeira oportunidade aos 18 anos, no clube do coração.

Hoje, cinco décadas e meia depois, o itabiritense ostenta o posto de 11º maior goleador do quadro do Atlético/MG, com 125 gols anotados em 272 partidas, e se recorda, com saudade, das vivências. "Foram dez anos de uma vida satisfatória. Porém, embora tivesse toda regalia para treinar, eu trabalhava. Não tínhamos essas facilidades nem os patrocínios de hoje", afirma.

Atlético, em 58: Nilson vestia a nove
(Créditos: Arquivo Pessoal/Nilson Cardoso)

O destino, contudo, poderia ter lhe reservado outros caminhos. Antes de atuar pelo clube alvinegro, Nílson tentou a sorte, acompanhado de outros dois amigos, no Flamengo. "Nós ficamos no Rio por uns 45 dias, e foi uma passagem muito boa. Fui craque da rodada por duas vezes. Mas aquela saudade de casa, de jamais ter saído, e da namorada, antecipou o nosso retorno", conta.

Tricampeão mineiro pelo clube (1958, 62 e 63), ele ainda se recorda do primeiro treino no time. "Ao chegar lá, não havia chuteira do tamanho do meu pé. Então, eu recebi uma de número um pouco maior. No treino, me saí bem. Quando terminou, a torcida, lá presente, me carregou do campo até a gerência do clube. Foi preciso que o Kafunga dissesse que eu tinha assinado o contrato para que todos eles fossem embora", diz, em tom de satisfação.

MEMORÁVEIS - Foi em 1958. "Eu estava no Atlético há uns dois meses, mas não pude disputar o Mineiro. Fizemos dois amistosos e marquei seis gols. Três, na vitória (por 3 a 0) sobre o Corinthians/SP. Outros três, no domingo, quando vencemos o Santos/SP, por 5 a 2. Esses gols, ainda no início, e sobre grandes clubes de São Paulo, marcaram a minha carreira", ressalta.

O jogo marcante? Foi em outubro de 1963. Diante do Grêmio, no estádio Independência. "Eles tinham um defensor famoso, que se chamava Jorge Ortunho. Nessa partida, tive uma luxação no ombro direito, logo que subi para cabecear uma bola. Mas recordo que, na sequência, eu driblei dois beques e toquei de lado na saída do goleiro. Nós empatamos, por 1 a 1", recorda.

Em casa, Nilson preserva memórias
(Créditos: Vinícius Dias/Toque Di Letra)

A saída do Atlético, em 1967, rumo ao Campo Grande/RJ, desagradou aos alvinegros. Eles, contudo, não imaginavam que, alguns meses depois, por indicação de Nílson, o clube de beagá traria o jovem Darío, aos 21 anos. "Quando eu cheguei ao Campo Grande, ele era o titular. Lá, nós fizemos amizade e, na sequência, o indiquei ao Atlético, que o trouxe para cá. No ínicio, ele não foi feliz. Mas depois se tornou o Dadá que conhecemos e admiramos", fala

Em atividade...

Aos 73 anos, o ex-avante mantém-se ativo no futebol local e participa, aos sábados, de partidas em uma propriedade rural da cidade. "Ainda dou as minhas corridinhas no Centro do Ratinho. Todos os domingos, me reúno com uma rapaziada boa", afirma. Nas palavras de Nílson, a satisfação se evidencia. "Fico muito alegre", destaca.

Vida de empresário

Casado com Marni, pai de três filhos e avô de cinco netos, Nílson Batista Cardoso possui, há cerca de quatro décadas, um depósito de gás e água mineral em Itabirito e destaca-se como empresário de sucesso na Região dos Inconfidentes.

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