Brazucas e o mercado vizinho

Fluminense e Palmeiras se interessaram em contratar Riquelme na atual janela de transferências. Mais uma demonstração de que os clubes brasileiros têm muita dificuldade em lidar com o mercado latino-americano. Riquelme foi o maior ídolo da história do Boca Juniors, e um grande craque. Mas está parado há seis meses, tem personalidade difícil, se lesiona constantemente, é caríssimo e só aceita jogar onde for a estrela principal. Difícil imaginar que não haja opções melhores nos países vizinhos.

Mas isso não ocorre por acaso. Com muito mais dinheiro que os co-irmãos continentais, os clubes brasileiros querem enriquecer seus elencos trazendo jogadores sul-americanos. Mas não querem se dar ao trabalho de observar esses jogadores. Então apostam em jogadores de 'grife' ou contratam baseados em DVD.

Assim, não é incomum ver jogadores em fim de carreira chegando como se ainda estivessem no auge e outros trazidos para exercer funções muito diferentes daquela que normalmente desempenham. Paciência também não há: ou o jogador se destaca logo no primeiro ano no Brasil, ou passa a ser visto como enganador.

Se tivesse observado o mercado argentino, nenhum clube brasileiro iria atrás de Riquelme. Mas poderia tentar um dos jovens membros do diabólico trio ofensivo do Racing (Fariña, Centurión e Vietto), nenhum dos quais foi citado por aqui. Ou talvez o também jovem atacante 'Chucky' Ferreyra, do Vélez.

Na verdade nem seria necessário observar o campeonato argentino. Basta pensar no jovem Peruzzi, do Vélez, que marcou Neymar na Libertadores com grande sucesso, e é cotado para uma vaga na seleção principal. Ou Scocco, do Newell's, que deu a vitória à Argentina na partida contra o Brasil, jogada na Bombonera.

Mas nem só de argentinos vive o mercado sul-americano. É impressionante a incapacidade dos clubes brasileiros em aproveitar os talentosos jogadores colombianos. James Rodríguez, por exemplo, teve dois grandes anos no Banfield, da Argentina, levando o pequeno clube ao único título nacional de sua história. Hoje é destaque no Porto e na seleção de seu país, sem jamais ter sido cotado por aqui.

Exemplo semelhante é o de Jackson Martínez, grande destaque do Porto e da seleção colombiana. O meia jogou por cinco anos no Independiente Medellín sem ser notado por aqui, indo para o Jaguares do México, clube sem tanto poder de compra, para finalmente chegar ao clube português.

Ao fim, o que se vê é a velha preguiça e falta de criatividade dos nossos clubes. Os jogadores ventilados são sempre os mesmos. Sem ousadia e capacidade de observação, seguiremos pagando fortunas para os jogadores de sempre, sem que o futebol de clubes brasileiro ganhe muito com isso.

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