Quatro clubes, um continente...

Tiago de Melo

A reta final da Libertadores terá muitas novidades. Pela primeira vez desde 1991, teremos uma semifinal sem times brasileiros. Nenhuma das equipes jamais jogou uma final de Libertadores - e somente o San Lorenzo havia chegado entre os quatro primeiros até aqui. O que significa que teremos uma final entre dois clubes que nunca foram campeões - algo que, neste século, ocorreu apenas em 2008, com Fluminense x LDU. E teremos três edições seguidas vencidas por clubes que jamais haviam sido campeões, fato inédito na história.


Mas convém não imaginar que a definição será entre clubes muito fracos. Afinal, o quarteto semifinalista deixou para trás adversários fortes. O San Lorenzo eliminou três brasileiros em seguida. O Nacional/PAR deixou pelo caminho dois argentinos - incluindo o Vélez. O Defensor se classificou em primeiro no grupo do Cruzeiro, derrotou o Strongest e passou com duas vitórias pelo Nacional/COL, que eliminou o Atlético/MG. Já o Bolívar deixou para trás Flamengo e Lanús.

Ciclón bateu o Cruzeiro nas quartas
(Créditos: Agência i7/Minas Arena)

A princípio, o candidato mais forte é o San Lorenzo, único grande time da Argentina que ainda não levantou o troféu. Depois de tempos difíceis, em que lutou contra o rebaixamento, o clube se reestruturou, turbinado pelo empresário Marcelo Tinelli. O Ciclon é o sobrevivente com mais destaques, como os agressivos laterais Buffarini e Mas, os sólidos volantes Mercier e Ortigoza, o talentoso Piatti, que marcou gols decisivos contra Botafogo e Cruzeiro, e as revelações Villalba e Correa - talvez seja a maior promessa argentina atualmente.

História à boliviana

Seu rival será o Bolívar, que teve bem mais que a altitude para que, pela primeira vez, o país tenha um representante entre os quatro primeiros da Libertadores. Comandado pelo mítico Xabier 'Bigotón' Azkagorta, o clube boliviano demonstrou muita organização durante o torneio. Além disso, é uma equipe experiente, que tem no elenco jogadores como os espanhóis Callejón e Capdevilla, e os atacantes Arce - que já defendeu Corinthians e Sport - e o uruguaio Ferreira, ex-Nacional e Defensor. Os bolivianos têm motivos para sonhar com uma final.

Nacional: surpresa do grupo do Galo
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Um dos melhores formadores de jovens atletas de toda a América, desta vez o Defensor sonha com a glória continental. Seu treinador é Fernando Curuchet, que teve anos de experiência nas premiadas categorias de base do clube. Até por isso, utiliza com sucesso jovens atletas, como Gedoz, nascido no Brasil, e, sobretudo, o talentosíssimo De Arrascaeta. Mas no grupo também há jogadores experientes, como Olivera, ídolo histórico do clube, que marcou o gol na vitória frente aos colombianos do Nacional, nos minutos finais do jogo.

Para fazer história

Bastante conhecido por aqui em razão de seu site oficial muito singular, o "Nacional Querido" tentará um título que, em seu país, somente o Olimpia conseguiu levantar. O técnico é Gustavo Morinigio, ex-jogador que recém começou a carreira de técnico e já deu um título nacional ao Tricolor. Seu time é muito sólido e difícil de ser superado. Normalmente, o Nacional se planta na defesa e espera que Benítez e Bareiro resolvam no ataque. Até agora tem funcionado, e a equipe chegou a um ponto da competição que jamais havia imaginado.

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