Do pânico após a marcação do pênalti à euforia por defesa, camisa 1
Victor mudou os rumos da história do Atlético e de vários torcedores

Vinícius Dias

As máscaras que dominavam a Arena Independência desde o apito inicial do duelo contra o Tijuana se transformaram na expressão do sentimento dos atleticanos quando Leonardo Silva cometeu pênalti aos 48' da etapa final: pânico. Riascos bateu no centro. Victor caiu para a direita, mas ergueu o pé esquerdo, impedindo a bola de estufar as redes e deixando o time alvinegro a quatro jogos do sonho. A defesa que mudou os rumos do Atlético, nas quartas de final da Libertadores de 2013, também inspirou histórias de torcedores. O Blog Toque Di Letra narra três delas a seguir.


Após quatro anos de tentativas e diagnósticos de infertilidade, a assistente social Sofia Alves de Freitas recebeu, em julho de 2014, a notícia de que seria mãe. O trato, em meio a uma gravidez de alto risco, era de que o marido Fernando escolheria o nome caso fosse um menino. "Na 13ª semana, descobrimos... 13 é Galo. Ele disse: 'nosso milagre vai se chamar Vitor'", recorda a belorizontina, de 37 anos. As semanas seguintes foram marcadas pela angústia: sangramentos, ruptura do colo do útero na 22ª, perda de líquido amniótico devido a um problema na placenta na 28ª.

Vitor Augusto venceu batalha pela vida
(Créditos: Arquivo Pessoal/Sofia de Freitas)

Vitor Augusto veio ao mundo em parto realizado por uma médica atleticana, no dia 27 de dezembro. A data marcou o início de uma nova batalha. "Meu guerreiro logo teve parada cardiorrespiratória e precisou ser ressuscitado e intubado. Aos três dias, teve sepsemia, que só conseguiu vencer após mais de dez dias de antibiótico", revela Sofia. A lição para superar dois meses na UTI veio justamente do xará. "No pênalti, vimos que, com fé, não há o impossível. Acreditamos que ele ia pegar a bola e acreditamos que meu filho viveria". Hoje, Vitor tem dois anos e cinco meses.

Com os pés: Victor como Victor

Tal como ocorreu com Victor Bagy, os pés marcaram a história de Victor Ianini. "Ele se chamaria Bernardo, em referência ao Bernard. Mas, enquanto eu ouvia a reprise da narração do Mário Caixa, Daiana (mãe) se aproximou para eu ver o quanto ele chutava a barriga dela", lembra o pai Samuel. "Quando abaixei o som para ver, parou. Fiz cara de decepção, e ela se virou para sair da sala. Aumentei e, quando o Caixa gritou 'Victor, Victor...', ele voltou a chutá-la. Fizemos testes com gols de outros atletas. Nada ocorreu. Tivemos a certeza de que ele havia escolhido o próprio nome".

Victor Ianini: nome definido pelos pés
(Créditos: Arquivo Pessoal/Samuel Ianini)

Prestes a completar três anos, o garoto ainda desconhece as coincidências que explicam seu nome. "Mas já é atleticano de coração, como o pai, o avô, o bisavô. A camisa do, como ele diz, Galo Doido é certa em dias de jogos do Atlético", comenta Samuel, de 29 anos, CEO de uma empresa do ramo de tecnologia. De acordo com o itabiritense, o filho dá sinais de que pode vir a ser goleiro. "Ainda é cedo. Mas, no futebol, prefere que chutemos para ele defender. Altura, diferentemente do pai, ele tem. Quem sabe, em dez anos, o Galo terá um novo Victor debaixo das traves?", brinca.

O grande sonho virou realidade

Curiosamente, a carreira do protagonista Victor não é a única que pode ser dividida em antes e depois de 30 de maio de 2013. Um exemplo disso é o cineasta carioca Mauro Reis, mais conhecido como Lobo Mauro. "(Aquela defesa) me fez voltar a querer produzir filmes. Foi um Big Bang profissional, mudança de direção. Antes, eu estava totalmente voltado para cinema e educação", ressalta. De sua autoria, o curta-metragem Quando sesonha tão grande, a realidade aprende venceu duas etapas do 5º Cinefoot e conquistou o prêmio Guirlande d'Honneur, na Itália, em 2014.

Camisa 1 foi herói nos pênaltis em 2013
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Na caminhada rumo ao título da Copa Libertadores, Lobo Mauro e outros milhões de torcedores ainda assistiram a novas cenas de um camisa 1 decisivo em penalidades. Nas semifinais diante do Newell's Old Boys, da Argentina, a cobrança do meio-campista Maxi Rodríguez parou nas mãos de Victor, àquela altura já canonizado pelos atleticanos. Na decisão contra o Olimpia, do Paraguai, o camisa 1 interceptou o chute do zagueiro Miranda. Pela primeira vez na história, o Atlético pintava o continente de preto e branco. Uma conquista que começou com o pé-esquerdo.

3 comentários:

  1. Naquele 30 de maio de 2013 eu assistia ao jogo pela TV a cabo e o meu filho ouvia pela Itatiaia. Quando foi marcado o pênalti eu tive inicio de desmaio. Não achava justo perder nestas condições. Meu filho ao perceber meu mal estar entrou na sala dizendo "ele pegou mãe, o Victor defendeu". Eu não acreditei e disse a ele que não podia brincar assim. Somente após ver a imagem na TV cri que era realidade. Realmente foi um milagre.

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  2. Quem não se lembra o desse momento há 4 anos atrás? Noite marcante de um sonho que se tornou realidade.

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  3. Um sonho que se sonha junto é realidade.Galo Doido da Massa.

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