Eu sou tetracampeão, nós somos Cruzeiro!

Especial para o Toque Di Letra
Gladstone, o talismã do tetra

Uma noite inesquecível: assim descrevo aquela noite! Nunca, nos meus melhores sonhos, imaginava ter uma estreia no profissional como essa.

Meus primeiros dias em Belo Horizonte foram muito difíceis, pois com apenas 11 anos de idade tive que passar a morar sozinho, na casa dos pais de um amigo que já jogava no Cruzeiro. Tive que passar um tempo meio que adotado por essa família, mas fui muito bem tratado por eles e agradeço muito. Depois, sim, fui morar na concentração da Toca da Raposa.

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Um pouco antes da estreia veio a notícia do falecimento do meu pai. Já estava certo de que não queria mais jogar futebol, pensava que naquela hora a minha família precisaria mais de mim, mas, com muito apoio da minha família e da família da minha esposa, pude retomar a carreira.

Falando da final, lembro que já na volta do Maracanã, quando empatamos em 1 a 1 e com os zagueiros suspensos, começou o meu nervosismo. No voo de volta para BH, me deparei no avião, nos lugares ao meu lado, com Vanderlei Luxemburgo e Zezé Perrella. Já com uma conversa inicial, somente para sentir de mim como me comportaria em uma eventual chance para jogar, então fui muito direto e confiante na minha resposta: se fosse escolhido, daria o meu máximo!

E então começamos a semana do jogo de volta cheios de dúvidas e com bastante nervosismo. Foi quando em um coletivo apronto para o jogo, na distribuição dos coletes, recebi o colete dos titulares. Aí começou de verdade a realização de um grande sonho. Entrevistas, carinho de torcida, reconhecimento... 

'Noite inesquecível', destaca Gladstone
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Arquivo)

Venho de uma família flamenguista, amigos flamenguistas e, quando calhou de jogar contra o Flamengo aquela final, não tinha como não pensar neles. Mas a minha paixão pelo Cruzeiro e a vontade de vencer na vida falaram mais alto, então tive que dar o meu melhor contra o Flamengo dos meus familiares.

Na concentração, muito nervosismo ainda e, quanto mais se aproximava o jogo, mais nervoso ficava. Entre algumas brincadeiras e bate-papo com alguns companheiros, o clima foi melhorando.

Então chegamos ao dia do jogo. Na sala de preleção, uma surpresa. Quando entramos na sala, nos nossos lugares, havia um envelope em cima do banco de cada um. No meu lugar, havia dois envelopes. Daí, o Luxemburgo pediu para que cada um abrisse o seu. Lá tinha uma faixa de campeão simbólica. Mas, no meu segundo envelope, estava uma fralda. Ele me indagou: 'a escolha é sua, ou você sai com essa faixa ou se borra todo e terá que usar a fralda'. Então, o clima de descontração tomou conta daquela sala e pude sair um pouco mais leve para a partida.

E depois o resultado foi aquele. Um grande jogo coletivo e um grande jogo também individualmente falando. Como descrevi no início, uma noite inesquecível: 3 a 1 incontestável.

Lembro-me de um lance, quando já estava 3 a 0 para o Cruzeiro, em que disputei a bola com o Edilson e saí gritando: 'eu sou campeão!'. Não foi nem para responder a algumas provocações feitas, mas sim um desabafo de quem nunca tinha jogado profissionalmente e se via ganhando uma final de Copa do Brasil por 3 a 0. Foi o ápice da noite.

Agradeço a Deus a oportunidade que me concedeu e também o carinho dos torcedores cruzeirenses. E, como não posso deixar de lado o meu coração torcedor, no dia 27 estarei no Mineirão torcendo por mais um título para o nosso Cruzeirão cabuloso.

Nós somos loucos, somos Cruzeiro!

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