Com rotina de títulos no aniversário, belorizontino Rogério Visacro
viveu grandes emoções com o clube, inclusive na Copa Libertadores

Vinícius Dias

Imagine você, aos 17 anos, enviando uma carta ao presidente do Cruzeiro para sugerir a contratação de Bebeto e, na resposta, sendo convidado a assumir o cargo. Aos 19, atravessando o Mineirão de joelhos para festejar o fim dos 15 anos de jejum de grandes títulos. E na década seguinte sendo atingido por um rojão na comemoração do tricampeonato da Copa do Brasil. O belorizontino Rogério Visacro, de 46 anos, já viveu tudo isso literalmente na pele em uma história de amor que ganhará novos capítulos a partir desta terça-feira, com a volta da Raposa à Libertadores.


Ítalo-brasileiro, o administrador de empresas convive com semelhanças entre a própria história e a do Cruzeiro. "Minha família de origem italiana foi uma das diversas desses imigrantes que, ainda como Palestra Itália, ajudaram a construir o clube. Meu avô passou essa paixão para toda a família", lembra ao Blog Toque Di Letra. "Sempre fui e sou um torcedor assíduo, daqueles de ir sozinho ao Mineirão assistir a Cruzeiro e Ituiutaba, hoje Boa Esporte, pelo Campeonato Mineiro", afirma, apontando a preferência pelo velho Gigante da Pampulha. "Achava o estádio mais prático".

Camisa do rojão e carta ao presidente
(Créditos: Arquivo Pessoal/Rogério Visacro)

Ali, por sinal, Rogério viveu grandes histórias ao lado do clube. "Meu jogo inesquecível é Cruzeiro 3x0 River Plate, na Supercopa de 1991. Havíamos perdido por 2 a 0 na ida e poucos acreditavam. Na época, eu era estudante de segundo grau. Os ingressos eram caros, cogitei ir de geral, mas acabei pegando todo o dinheiro que tinha e comprei arquibancada. Prometi que, se fossemos campeões, pularia o fosso e atravessaria o campo de joelhos", revela. "Não só cumpri como enchi o bolso de grama. Presenteei amigos e guardei as minhas junto com o ingresso", emenda.

Grito de campeão, rojão no peito

"Guardo tudo, o que deixa minha esposa maluca", brinca. Na coleção, a grama e o ingresso estão ao lado de objetos como a camisa violeta, que remete ao título da Copa do Brasil de 2000. "Após o jogo contra o São Paulo, com gol do Geovanni no último minuto e Cléber tirando uma bola milagrosa em cima da linha, fui comemorar na Savassi. Assim que cheguei, um torcedor acendeu um foguete, que acabou explodindo nas mãos dele. Outro acertou meu peito. Ainda atordoado, lembro de ter soltado: 'o cara ferrou minha camisa'. Quando vi, estava sangrando, mas não foi grave", destaca.

Ingressos, grama e camisas da coleção
(Créditos: Arquivo Pessoal/Rogério Visacro)

Para Rogério, contudo, a maior preciosidade é a carta enviada a Benito Masci em 1989. "Não havia tecnologia para aproximar a torcida da gestão. Aos 17 anos, escrevi uma carta ao presidente. Pedi maior presença no exterior, criação de esportes especializados, ações de marketing para aumentar a torcida e contratações de impacto, como Bebeto, revelação do Flamengo", detalha. "Não sabendo que estava respondendo a um adolescente, ele terminou, de forma sarcástica, mas respeitosa, sugerindo que eu assumisse a presidência e levasse à frente meus planos", acrescenta.

Auge e conquistas no aniversário

Em meio a histórias e conquistas, também há espaço para que o belorizontino aponte seus ídolos. "O maior foi o ponta-esquerda Joãozinho, que cheguei a ver jogar no Mineirão. Em seguida, Tostão e Ronaldo Fenômeno. Também sempre gostei do Dida", elenca. E para memórias nem tão agradáveis. "O momento mais difícil para os cruzeirenses foi a década de 1980, principalmente para crianças e adolescentes, que nas escolas praticamente só torciam pelo rival. O renascimento começou com o vice na Supercopa de 1988 e consolidou-se com o título em 1991".

Rogério Visacro mira tri da América
(Créditos: Arquivo Pessoal/Rogério Visacro)

Do sofrimento ao auge, os anos 1990 foram marcados por conquistas, entre elas a Libertadores de 1997. "Fui a todos os jogos. Em 03 de junho, meu aniversário, classificamos contra o Grêmio, com gol do Fabinho, no Rio Grande do Sul. A data dá sorte em jogos decisivos. Em 1993, já tínhamos ganhado a Copa do Brasil, com gol do Cleisson. Em 1990, foi o Mineiro", recorda. "Para este ano, minha expectativa é Mineirão lotado, jogos aguerridos e mais um título". No que dependesse de Rogério e da China Azul, a decisão aconteceria bem antes do previsto: no dia 03 de junho.

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