Cruzeiro de olho no clássico e cabeça no Boca

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

Embora o torcedor sempre queira mais, é preciso estar ciente do contexto e dos problemas que o planejamento e o sucesso trazem ao clube. O Cruzeiro de 2018 vive um daqueles momentos 'complicados' que todo time gostaria de ter de enfrentar. Com o título estadual devidamente guardado na sala de troféus, vivíssimo em duas grandes competições e mantendo-se em posição razoável em outra, é chegada a hora de saber que, talvez, sacrifícios precisem ser feitos para alcançar os resultados desejados.


Apesar de ter um grupo qualificado, a Raposa chega a um ponto crucial da temporada, em que é preciso ter muita calma na hora de definir quem vai a campo nas próximas partidas. Particularmente, nunca fui fã dos chamados times reservas, alternativos, de transição, ou seja lá como você queira chamar a escalação que conta com poucos ou nenhum titular absoluto, alguns reservas imediatos e vários atletas que precisam de rodagem ou ritmo de jogo. Porém, estando envolvido em verdadeiras batalhas pela sobrevivência tanto na Copa do Brasil como na Libertadores, creio que nosso amigo Mano Menezes se verá obrigado a lançar mão dessa estratégia.

Raposa saiu à frente na Copa do Brasil
(Créditos: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.)

Muito além do evidente desgaste físico que tantas competições em tão pouco espaço de tempo produzem, há fatores como concentração, medo de lesões e pouco apelo por parte da torcida. No caso do clássico de domingo, tenho certeza de que o último não será problema. A torcida certamente comparecerá e apoiará o time do início ao fim. Mas, convenhamos, deve ser muito difícil pensar em partidas de um campeonato de pontos corridos no qual, na melhor das hipóteses, brigaremos por vaga no G4, sabendo que dali a quatro dias o adversário será o Boca Juniors, em plena La Bombonera em busca de uma vaga nas semifinais da principal competição do ano.

Um olho no dia 19, outro no dia 26

Sei que estamos falando de atletas profissionais, mas, antes de tudo, são seres humanos. Eu, se pudesse, pularia de uma vez para o dia 19, depois para o dia 26 e assim por diante. Claro que na hora do jogo estarei ligado, com o único e exclusivo intuito de vencer nossos adversários. Mas o restante está voltado para objetivos muito maiores, que exigem 100% de dedicação. Nessas horas, seria excelente se tivéssemos à disposição uma quantidade suficiente de jogadores para não nos preocuparmos com quem vai a campo. Mas isso é praticamente utopia. Por mais que você se planeje, contrate, invista, sempre surgirão obstáculos impedindo que se torne realidade.

Cruzeiro aguarda semi da Libertadores
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Convenhamos que o Cruzeiro não investiu tanto assim e nem se planejou tanto, mas, por exemplo, dois dos nossos centroavantes estão fora de ação há muito tempo e estamos nos virando - bem, até - sem eles. Somem-se a isso as suspensões e convocações e teremos um cenário bastante propício para que o famigerado time alternativo deixe de ser opção e se torne necessidade. Então, já que 'alternativar' é preciso, torço para que quem for a campo aproveite a oportunidade. Temos muitas peças que podem ser de enorme utilidade se tiverem todo o seu potencial explorado.

Não é demérito nenhum ser lembrado somente nessas horas. Futebol é coletivo e há jogos que são vencidos também pelo trabalho daqueles que não estão em campo. Aquela velha máxima de que 'em time que está ganhando não se mexe' pode muito bem ser aplicada ao Cruzeiro. O time dos mata-matas está ganhando: que não se mexa. O time do Campeonato Brasileiro nem tanto: que sejam feitas as devidas alterações, desde que não interfira no outro. Tenho certeza de que Mano Menezes saberá conduzir o restante de nossa temporada com competência e segurança.

Força, Cruzeiro!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!

2 comentários:

  1. O JOGO VALE TUDO PARA ELES E MUITO POUCO PARA NÓS, POR ISSO O TIME DEVE SER TODO ALTERNATIVO. NOSSO PATAMAR É OUTRO.

    ResponderExcluir
  2. Concordo plenamente com o comentário aqui exposto, só não entendo porque não se utiliza nenhum jogador das categorias de base, será que não temos nenhum jogador com capacidade para suprir esta necessidade? Estamos vendo visivelmente que alguns jogadores da equipe dita"alternativa" não tem capacidade nenhuma de jogar no cruzeCru, então o Mano Menezes tem que utilizar o material que tem disponível na base para melhorar a equipe.

    ResponderExcluir