Sorte, saúde, sucesso: votos de 111 anos do Galo

Alisson Millo*

Palmas para o Atlético. Nesta segunda-feira, o clube completa 111 anos de existência e, como em todo bom aniversário, ficam aqui os votos de sorte, saúde, dinheiro e muito sucesso. Amor por parte da torcida não vai faltar. Nem nunca faltou! A festa na vitória sobre o Tupynambás, nesse domingo, confirmou o sentimento da Massa alvinegra. Agora, o resto, bom, como sempre, é com os jogadores e comissão técnica.


Sorte para a diretoria. Montar um elenco competitivo para disputar estadual, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e, principalmente, Libertadores, contando apenas com jogadores emprestados e praticamente a custo zero, não é fácil. Disputar mesmo, para ganhar, apenas o Mineiro. Na Libertadores, parecemos longe disso. Mas, pelo menos, não torramos dinheiro. A princípio, missão cumprida, nem que seja para os cartolas.

Galo completa 111 anos de história
(Créditos: Pedro Souza/Atlético-MG)

Saúde para as finanças do clube, que, depois de anos de exagero, vêm sendo sanadas pela atual diretoria. Saúde também para nós, torcedores, que temos que conviver com algumas coisas que estão fora do nosso alcance. Elenco incompleto, insistências em peças que não rendem, resultados ruins quando realmente importa e o discurso que tenta demonstrar que 'está tudo bem'. O check-up precisa estar em dia para evitar problemas.

Por menos dívidas e mais reforços

Dinheiro, porque as dívidas precisam ser pagas e os reforços precisam chegar à Cidade do Galo. Agora, além disso, precisamos de profissionais competentes que saibam investir esses recursos quando estiverem disponíveis. Já que está tão difícil conseguir a verba para trazer jogadores, não podemos gastar 20 e tantos milhões de reais na contratação de um desconhecido que nunca se provou no futebol fora de seu país, por exemplo.

Torcida tem dado show nos estádios
(Créditos: Pedro Souza/Atlético-MG)

Sucesso. Esse aí anda em falta. Os grandes sucessos não vêm desde 2014 - e os pequenos andam mais e mais escassos. Mas por falta de apoio nunca foi. Estamos voltando a ocupar nossa casa - tem aniversariante que acha que é um túmulo, mas ok -, e a resposta nas arquibancadas está sendo positiva. Dentro de campo ainda não, só que tem que ser sofrido, aparentemente. Porque, como sempre dizemos, aqui é Galo!

Cornetas à parte, fora das quatro linhas o momento é de festa. A marca é expressiva, a tradição é gigante e o sentimento pela instituição Clube Atlético Mineiro é muito maior do que a incompetência de alguns. Parabéns, Galo! E que venham outros 111 anos de glórias.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

O Atlético que acredita demais no estadual

Vinícius Dias

Cruzamento preciso do lateral-esquerdo Viña para o experiente Bergessio superar Igor Rabelo na cabeçada, estufando as redes de Victor aos 26 minutos da etapa final, no estádio Parque Central, em Montevidéu. Gol da segunda vitória do Nacional e da segunda derrota seguida do Atlético na fase de grupos da Libertadores. Porque o time comandado por Levir Culpi, decepção até o momento, acredita demais no Campeonato Mineiro e deixa seus defeitos expostos na competição sul-americana.


No 4-2-3-1 - embora a escalação inicialmente sugerisse três volantes, o que não se confirmou em campo, com Elias se juntando a Cazares e Luan na terceira linha -, o alvinegro teve mais poder de marcação, mas perdeu velocidade para os contra-ataques. A ideia de Levir Culpi de dar solidez à defesa e reagir com intensidade se perdeu na execução. Mais uma vez, apareceu o desequilíbrio do time que na tentativa de minimizar os sustos defensivos deixa de produzir ofensivamente.

Time alvinegro caiu em Montevidéu
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

O time que lidera o Mineiro e pode assegurar a liderança da primeira fase no fim de semana, de forma antecipada, mostra defeitos que os resultados encobrem. Em campo e na escalação, como nessa terça-feira, quando o treinador sacou Patric e Jair logo após o gol do Nacional, recuando Elias, colocando Chará no meio-campo e dando chance ao promissor Guga na lateral-direita. Uma clara mensagem em busca do apoio do torcedor que vê o time involuir enquanto a temporada avança.

Acreditar nos defeitos e duvidar das qualidades é a receita.
Mas o Atlético faz o contrário: acredita demais no estadual.

Atlético segue devendo nos grandes jogos

Alisson Millo*

A sorte do nosso querido - às vezes nem tanto - burro falhou na quarta-feira. De maneira espetacular. Também, não há intervenção divina que supere a insistência em Patric - que, convenhamos, é alvo muito mais pelo histórico do que pelo que jogou contra o Cerro -, os três volantes em uma partida como mandante e o desempenho fraquíssimo dos principais jogadores. O gol do adversário também foi azar, visto que foi irregular, mas não dá para reclamar de resultado ruim quando a atuação é pior.


De positivo, o primeiro tempo de Cazares e a atuação consistente de Luan. E foi somente isso mesmo. No máximo, vale acrescentar mais uma boa partida de Jair, que já se credencia a tomar a vaga no meio-campo e fazer dupla (dupla, Levir, e não trio!) de volantes com Zé Welison. Novamente, dupla. Sem Elias. Sem Adilson. Dupla. De dois. Lembra quando Rafael Carioca era seu único volante, treinador? Então, é por aí, mas dessa vez um pouco mais resguardado e menos suicida no ataque.

Elenco tem sentido falta de opções
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Outro fator muito preocupante é a falta de opções no elenco. A liderança do estadual jogando quase sempre com os reservas tem, no fim, mascarado a limitação de peças do Atlético. Na quarta-feira, Nathan precisou entrar porque não tinha outro. O mesmo Nathan que nunca mostrou futebol no Galo e que, em janeiro, esteve perto de ser devolvido para o Chelsea. Chará é outro que caiu em desgraça, perdeu a titularidade no time e, quando entrou, mostrou porque agora tem começado no banco.

Esquerda: um eterno problema

Fábio Santos não tem reserva à altura. Quando chegou, foi muito bem, mas a idade está batendo. Nosso camisa 6 vem mal desde o ano passado, mas nem Carlos César improvisado, nem Hulk conseguiram fazer sombra. A bola perdida no último lance de ataque do jogo de quarta-feira foi a gota d'água para o aumento das críticas. O lateral-esquerdo do Cerro Porteño era um dos alvos, mas a diretoria do Atlético optou por não fazer o investimento. De quem foi o passe para o gol dos paraguaios? Pois é.

Atlético decepcionou no Mineirão
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Bom investimento deve ser Geuvânio. Meia-atacante que, como meia, não arma; como jogador de velocidade, não é tão veloz assim; e, como atacante, faz poucos gols. Basicamente, é o Terans brasileiro. Vem com um salário alto e capacidade, a julgar pelo que demonstrou no Flamengo, nem tão alta assim. Você lembrava que ele ainda jogava por lá? Admito que não. Flashbacks tristes de Carlos Eduardo. Talvez bom investimento seja o retorno de Hyuri. Isso mesmo, Hyuri ainda tem contrato com o Galo.

Cadê nossos reforços, Marques?

Por aqui, elogiei o trabalho do diretor de futebol Marques no início da temporada, acreditei que ele vinha observando os reforços certos. Mas chegar mesmo, não chegou nada demais à Cidade do Galo. As negociações com os irmãos Romero foram por água abaixo. Diego Tardelli acertou com o Grêmio. O jogador para brigar por posição na lateral-esquerda ninguém sabe, ninguém viu. Papagaio chegou lesionado. Bolt já se lesionou. Tirando os dois zagueiros, nenhum dos recém-contratados virou titular.

Comemorar liderança do Mineiro jogando com o time reserva é ótimo para tirar onda com os rivais, mas a verdade é que zoação não levanta caneco. Não é questão de ser obrigado a conquistar títulos, mas, no mínimo, apresentar um futebol mais competitivo para brigar por eles. E, nos grandes jogos, o time de Levir Culpi segue devendo futebol competitivo.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

A vitória do Cruzeiro: com DNA Libertadores

Vinícius Dias

Bola para Fred fazer o pivô na entrada da área e ajeitar para Robinho, que, com tempo e espaço, lança para Rodriguinho infiltrar, se livrar da marcação e abrir o placar na saída do goleiro Antony Silva. Cruzeiro 1 a 0, aos 29 minutos da etapa inicial, no estádio El Palácio, em Buenos Aires. Estreia com vitória na Libertadores pela primeira vez desde os 5 a 0 sobre o Estudiantes, em 2011. Resultado para consolidar o foco na competição continental em meio ao terceiro lugar no Campeonato Mineiro.


Diante de muita chuva na capital argentina, a Raposa ficou mais com a bola - teve mais posse e mais desarmes durante a partida -, mas finalizou menos do que o Huracán. Os donos da casa tentavam, enquanto o sólido 4-2-3-1 de Mano Menezes, redesenhado com Robinho, Rodriguinho e Rafinha ocupando a terceira linha, incomodava. Aos 12', Silva já havia impedido o camisa 23 de inaugurar o marcador em cabeçada após o escanteio. Minutos depois de Barrios reclamar de pênalti em disputa com Léo.

Rodriguinho ditou o ritmo celeste
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Quase espectador na etapa inicial, Fábio teve mais trabalho nos 45 minutos finais. Primeiro, aos 26', Azuqui recebeu em profundidade, tirou o goleiro da jogada, mas viu a finalização sem força ser interceptada pelo zagueiro Murilo. Aos 46', o Huracán chegou a balançar as redes, com Lucas Barrios, mas a arbitragem assinalou impedimento. Dois minutos depois, Alderete finalizou rasteiro, Fábio fez a defesa e, no rebote, cresceu diante de Barrios para colocar os três pontos na bagagem cruzeirense.

Na chuvosa Argentina, o Cruzeiro começou com o pé direito.
Sem espetáculo, mas sólido demais. Com DNA Libertadores.

Vamos, Cruzeiro! Que, enfim, comece 2019!

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

Seria dramático demais afirmar que o começo de temporada do Cruzeiro me preocupa. O time está invicto e sofreu poucos sustos durante os jogos até aqui. Mas o que não é drama nem hipérbole de minha parte é que eu tenho a impressão de que a temporada do Cruzeiro sequer começou. Chegamos ao terceiro mês do ano e muito pouco foi apresentado à torcida nas partidas morosamente disputadas. Um ritmo estranhamente lento, uma rotação abaixo do normal para o investimento do clube. A precaução com a parte física pode sim ser um argumento para tamanha cautela, mas, ainda assim, vários são os jogadores que já vêm nos desfalcando por lesão.


Se analisarmos bem a fundo, uma das poucas coisas que tem movimentado o noticiário celeste são as alterações que Mano Menezes vem fazendo na equipe para poupar ou descansar jogadores que se lesionaram ou estão em vias disso. Noves fora a questão física, compreensível pela época do ano, o time tem se arrastado em campo quando o assunto é criação e criatividade. Raros foram os momentos em que a Raposa conseguiu sair do óbvio e criar algo que colocasse o gol adversário em situação de risco.

Raposa não convenceu no Mineiro
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Apesar de ter gostado das atuações dos dois principais reforços para a temporada, leia-se Rodriguinho e Marquinhos Gabriel, tenho a impressão de que os setores da equipe estão demasiadamente distantes uns dos outros. Não há movimentação capaz de bloquear a retranca, por exemplo, da URT. Tudo bem que os times do interior jogam suas próprias finais de Copa do Mundo quando enfrentam os gigantes da capitale que os gramados por onde nos apresentamos não são dos melhores, mas isso não pode servir de desculpa para que um elenco como o do Cruzeiro não consiga produzir soluções para sair vitorioso desses confrontos.

Ritmo de treino ou preocupação?

Teremos batalhas muitíssimo mais complicadas no decorrer do ano e é bom que ou eu esteja desnecessariamente receoso ou que esses jogos de dar calos nos glóbulos oculares tenham servido como testes e que os resultados deles sejam a base para a melhora que todos esperamos, especialmente na qualidade do espetáculo. Como disse anteriormente, os resultados até agora não me preocupam tanto. Mas a falta de entusiasmo e de objetividade, sim, me deixam com uma pulga atrás da orelha. Semana que vem, inclusive, reiniciaremos a busca pelo tri da América. Então, mais do que nunca, é hora de mostrar que estamos no caminho certo.

Agora, Cruzeiro mira tri da América
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Graças ao bom trabalho que todos os envolvidos com o futebol celeste vêm desenvolvendo nos últimos anos, novamente temos a oportunidade de começar o ano com mais tempo para trabalhar nos treinamentos do que a maior parte das equipes brasileiras. Vamos começar a Libertadores na fase de grupos e iremos pular boa parte dos desgastantes mata-matas da Copa do Brasil, que já se mostraram perigosíssimos para os grandes clubes. Tempo é artigo de luxo cada vez mais em falta no calendário nacional. Confesso que não vejo a hora de avaliar na prática o resultado desse tempo extra que o Cruzeiro teve para se preparar. E que comece 2019.

Força, Cruzeiro!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!