Parabéns, Galo! E mais profissionalismo, por favor!

Alisson Millo*
Publicada em 25/03/2020, às 15h30

O mundo parou. Mesmo sendo a mais importante entre as coisas não importantes, futebol não é prioridade, então mais do que certo parar também. O Atlético deu uma pausa generalizada nas atividades, então não teremos assunto, certo? Errado! Sem jogos, aproveitamos o espaço para relembrar nosso início de ano. Senta que lá vem tristeza.

Sábado retrasado foi dia de estreia de Jorge Sampaoli. Com alguns meses de atraso, o argentino finalmente assumiu o posto que já deveria ser dele desde o fim de 2019. Esse pequeno percalço resultou no começo de temporada mais vexatório dos últimos tempos.

O estrago da era Dudamel no Galo é incalculável. O alento no trabalho do venezuelano é a contratação de Savarino. Fora o ponta direita, vimos um acúmulo de patacoadas dignas de amadorismo profundo. Justamente o amadorismo do qual o treinador tentava fugir ao deixar o trabalho em sua seleção natal. A falta de experiência dele à frente de uma equipe de peso foi notória, tanto quanto a ausência de tato no dia a dia para lidar com os atletas e com a pressão de um trabalho no Atlético.

O resultado é uma temporada praticamente perdida e, agora, os esforços são para tentar salvá-la. Sampaoli chegou com seus homens de confiança, Alexandre Mattos veio para tentar pôr ordem no departamento de futebol e a diretoria está se movimentando para reforçar o elenco para brigar pelas cabeças no Brasileirão, exigência do treinador para poder assumir o comando. Mas aí vem minha pergunta. Não seria melhor evitar que a vaca fosse para o brejo em vez de ter que tentar tirá-la de lá?

A tecla em que eu já bati aqui várias vezes, e vários outros cronistas batem, é que o planejamento do Galo é deficiente. Composição e montagem de elenco, gastos, estratégias nas janelas de transferências. Tudo isso parece ser feito às pressas, mal feito ou, por que não, sequer feito.

Jorge Sampaoli: a cara do novo Atlético
(Créditos: Bruno Cantini/Agência Galo/Atlético)

As carências já estavam aí, não chegaram com Sampaoli. Verdade seja dita, também não foi Dudamel quem as trouxe. Elas são visíveis há muito tempo e não foi por falta de alerta nem de pressão que elas não foram supridas. O último treinador foi incapaz de dar uma cara ao time, e isso passa pela incapacidade dele. Talvez até por isso ele não fosse a primeira opção para assumir o posto. Mas a lentidão da zaga, o problema da lateral-esquerda e a falta de gols do nosso ataque vêm de antes.

Fazer o papel de advogado do diabo não é minha praia, mas é sério que ninguém conseguiu se atentar a isso? Não teve ninguém para fazer essa análise do elenco? E o que é pior: ninguém conseguir prestar atenção nisso ou enxergar alguém competente para resolver? Foi preciso chegar um cara de fora para bater na mesa, falar grosso e se preocupar mais com o Atlético do que quem deveria decidir os rumos do clube?

Com Guga na seleção, ficou evidente que não temos reposição à altura para a lateral-direita. Na esquerda, Arana chegou bem depois do início das competições. No ataque, Tardelli só estreou após a troca no comando. Savarino só ficou à disposição com a temporada já rolando. As novidades que estão desde o começo são Hyoran e Allan - e verdade seja dita nenhum deles tem convencido. Por que as negociações demoraram tanto para acontecer? Como conseguem prejudicar tanto o andamento do ano?

Por vezes parece que ninguém se importa e que a torcida que agradeça de joelhos aos dirigentes por estarem fazendo um favor à frente do clube. Digo dirigentes e à frente porque não dá para falar em gestão e gerência. E a verdade é que o Atlético não pertence a um, dois ou sete.

O Clube Atlético Mineiro tem 112 anos de história e vem se apequenando por algumas administrações desastrosas. Mas fato é que as mesmas pessoas que choram o leite derramado são as responsáveis por chutarem o balde cheio. Dizem que se não é sofrido não é Galo, mas poderiam deixar essa máxima apenas para o campo, não precisava ser assim também fora dele. Parabéns, maior de Minas! E mais profissionalismo, por favor!

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

De Drubscky a Enderson: os bastidores do Cruzeiro

Vinícius Dias
Publicada em 17/03/2020, às 11h50

Nessa segunda-feira, a grande dúvida do mercado do futebol era: quem será o novo diretor de futebol do Cruzeiro? Isso porque Paulo Pelaipe, apontado como favorito, sequer havia sido contatado oficialmente. Foi o que garantiram ao Blog Toque Di Letra três fontes com bom trânsito junto ao dirigente. Uma delas, inclusive, pontuando que, mesmo em caso de proposta, a saída do São Caetano, onde tem lidado com pouca pressão, não era certa. Talvez reflexo da queda turbulenta no vitorioso Flamengo.

Dupla conquistou a Série B no Coelho
(Créditos: Mourão Panda/América)

Com a logística do Conselho Gestor no futebol reestruturada - agora com apenas quatro membros decidindo, e não mais todos -, a aposta era de que a reorganização seria vendida ao mercado com a contratação do diretor antes do treinador. Bingo! Tendo Ricardo Drubscky, o Cruzeiro aposta no trabalho em vez de um escudo. A questão é se no Drubscky diretor de futebol campeão da Série B pelo América em 2017, no treinador do clube em 2018 ou no diretor da Toca I em 2020. Porque o foco no acesso é vital.

Enderson é alvo; Guto em espera

Com diretor definido, falta treinador. E o preferido do grupo que agora encabeça o futebol é Enderson Moreira. Não só pela possibilidade de reedição, com Drubscky, da parceria campeã no América. Mas também por Guto Ferreira, disponível no mercado e sondado antes da reviravolta na demissão de Adilson Batista, quando todos decidiam, ainda não ter recebido proposta. Enderson, que em dezembro esteve na posição de Guto - procurado na iminência da queda de Adilson -, volta a ser plano A.

Oroz volta à pauta, e Cruzeiro ganha concorrente

Vinícius Dias
Publicada em 09/03/2020, às 10h40

Depois de oficializar as contratações do zagueiro Marllon e do volante Jean, o Cruzeiro concentra as atenções na busca por um meia. E conforme o Blog Toque Di Letra apurou, o argentino Nicolás Oroz, de 25 anos, voltou a ser assunto nos bastidores. Embora o nome, oferecido há cerca de três semanas, siga em avaliação, a cúpula celeste já sabe que terá a concorrência árabe como principal entrave caso decida efetivar uma proposta.

Oroz segue com futuro indefinido
(Créditos: Arquivo Pessoal/Nicolás Oroz)

De volta ao Racing após o empréstimo à Universidad de Chile, Oroz foi uma das surpresas da lista de inscritos na Libertadores. Ainda assim, o staff do meia trabalha com a possibilidade de transferência para o futebol brasileiro. Questionado sobre o argentino na última quinta-feira, o interlocutor do futebol do Cruzeiro, Carlos Ferreira Rocha, evitou entrar em detalhes. "Não temos nenhuma negociação iniciada", disse à reportagem.

Cruzeiro tem staff como aliado

Mesmo na Série B, a Raposa é tratada pelo staff como "excelente vitrine". Esse é um dos trunfos caso as tratativas avancem, uma vez que as cifras ofertadas pelo Al-Wasl, dos Emirados Árabes, dificilmente serão superadas. O clube de Dubai pagaria US$ 250 mil (quase R$ 1,2 milhão) pelo empréstimo, a partir de julho, com opção de compra. Em 2019, o argentino somou quatro gols e três assistências em 26 partidas pela La U.

No Galo das desculpas e fracassos, falta convicção

Alisson Millo*
Publicada em 06/03/2020, às 11h30

Vem aí o clássico, a chance de redenção do início catastrófico de temporada. Nesse que pode ser o único Atlético x Cruzeiro do ano, entramos mais do que pressionados por uma série de atuações lastimáveis, duas eliminações vergonhosas, que nos tiraram da Sul-Americana e da Copa do Brasil, e em quinto lugar do estadual. Se a primeira fase terminasse hoje, o Clube Atlético Mineiro estaria fora do G4 e teria que disputar o Troféu Independência. Seria a cereja do bolo da vergonha que fizeram na instituição.

LEIA MAIS: Afogado na falta de convicção, Atlético perde o ano

Na nossa frente está justamente o rival. Vencer o jogo deste sábado coloca o Galo na zona de classificação do Mineiro e deixa o Cruzeiro nessa situação ingrata. Pior para eles. Se for o caso, e eu torço muito para que seja, pior para o colunista do Fala, Cruzeirense! Mas vem cá, convenhamos, é uma situação bem vexatória para ambos e pior para o Atlético, que já não tem mais o que disputar nessa primeira metade do ano.

Vamos tirar um momento para analisar nossa situação. Estamos em março e nosso técnico estreia só na próxima semana. Olha quanta água já passou por debaixo da ponte. Antes tivesse passado só debaixo, passou foi por cima da gente e não conseguimos sair dela. Morremos todos afogados. Não temos diretor de futebol, estamos a pé de estilo de jogo, as principais chances de título foram por água abaixo e nos resta torcer por resultados alheios para classificar no estadual. É, não está sendo nada fácil.

Sampaoli pode representar uma mudança de postura. Pode significar uma nova atitude. Pode. Possibilidade. Se vai se concretizar ou não só o tempo será capaz de dizer, mas o maior problema não está ali, à beira do campo. A vinda dele, a saída do último treinador e comissão, a demissão de gerente e diretor de futebol, tudo isso parece mais uma cortina de fumaça, uma tentativa de dar satisfação para o torcedor e fazer política.

Alvinegro deu vexame na Copa do Brasil
(Créditos: Bruno Cantini/Agência Galo/Atlético)

Lembremos: 2020 é ano de eleições no Atlético e, com certeza, quem lá está quer continuar. Claro, Dudamel, Marques e Rui Costa têm enorme parcela de culpa nessa situação. Mas sabe quem também tinha? Alexandre Gallo, Oswaldo de Oliveira, Levir Culpi, Larghi, Rodrigo Santana. Em comum entre eles, um nome muito forte e que deu muito poder a todos.

Mas a verdade é que, mesmo dando muito poder, ele não deu respaldo. Não acreditou no projeto, não teve convicção para bancar as ideias que ele mesmo traçou. Das duas uma: ou ele não planejou direito ou ele não sabe planejar. Você provavelmente já deduziu sobre quem estou falando, mas pretendo evitar processos, então apenas deduza.

Não duvido da atleticanidade dele. Inclusive, tenho certeza de que faz tudo de muito boa vontade, sempre querendo acertar. Mas futebol profissional é muito complexo para viver de boas intenções. Eu joguei em times de base e tenho excelente histórico no Football Manager. Você confiaria o Atlético a mim, em qualquer uma dessas frentes? Não, porque eu não tenho a competência que o futebol profissional exige. A diferença é que eu reconheço isso e prefiro não me envolver. Muito ajuda quem não atrapalha.

Queria estar mais animado nesse pré-clássico. É um jogo gigantesco, que atualmente o Atlético parece fazer pouca questão de vencer. Fosse a última gestão, o presidente bradaria, sem êxito, que essa ou aquela competição se tornaria obrigação. Hoje, só falta convicção mesmo. Mas sobram fracassos, derrotas, técnicos que deram errado. E sobram desculpas.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

Sócio-torcedor: Cruzeiro mira exigência ao Conselho

Vinícius Dias
Publicada em 04/03/2020, às 10h25

Enquanto o torcedor se mobiliza para alavancar o novo programa de sócio-torcedor do Cruzeiro, o índice de adesão entre os membros do Conselho Deliberativo é de apenas 40%. Em meio a esse cenário, a diretoria enviou carta aos conselheiros cobrando maior participação, conforme noticiado pelo Deus me Dibre. Mais do que isso: segundo apuração do Blog Toque Di Letra, o clube pretende fixar exigências no novo estatuto.

Cúpula quer adesão de conselheiros
(Créditos: Igor Sales/Cruzeiro E.C.)

Nos bastidores, o Conselho Gestor trabalha para que a proposta a ser apresentada em breve contemple a adesão ao programa de sócio-torcedor entre os requisitos para ocupação de cadeira no Conselho Deliberativo. Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade, a Raposa discute ainda a possibilidade de previsão de exclusão do quadro de conselheiros em caso de três meses de atraso no pagamento das mensalidades.

Mais de 250 conselheiros não-sócios

Com eleições marcadas para maio, o Cruzeiro conta, atualmente, com cerca de 460 conselheiros aptos a votar. A julgar pelo levantamento preliminar, que indica que apenas 40% são sócios-torcedores, mais de 250 membros não aderiram ao programa. Com isso, na projeção mais modesta - adesão à recém-criada categoria Reconstrução, com mensalidades de R$ 12,00 -, o clube tem deixado de faturar pelo menos R$ 3 mil mensais.

Cruzeiro monitora vice-artilheiro do Mineiro

Vinícius Dias
Publicada em 02/03/2020, às 10h30

Vice-artilheiro do Campeonato Mineiro, com três gols em três partidas, o atacante Zé Eduardo, do Villa Nova, pode ganhar uma chance no Cruzeiro para a disputa da Série B. Emprestado ao Leão do Bonfim até o fim do estadual, o potiguar, de 20 anos, tem sido monitorado pelo departamento de futebol celeste. Uma transferência para Portugal, conforme o Blog Toque Di Letra antecipou, é outra possibilidade em pauta.

Potiguar chegou ao Cruzeiro em 2019
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Divulgação)

Em alta em Nova Lima, Zé Eduardo é alvo dos portugueses desde janeiro. A intenção é conseguir a liberação sem custos. O Cruzeiro, que detém 80% dos direitos econômicos, manteria um percentual. Com a janela europeia fechada, familiares do atacante aguardam o fim do estadual para iniciar as tratativas com a Raposa por meio do agente André Cury. Um dos clubes interessados, segundo apuração da reportagem, é o Belenenses.

Contrato longo e dívidas quitadas

Zé Eduardo, que também soma quatro gols em amistosos com a camisa do Villa Nova, foi um dos artilheiros da equipe sub-20 celeste no ano passado, balançando as redes oito vezes. Ainda assim, não entrou nos planos de Adilson Batista para a pré-temporada. Recentemente, o Cruzeiro quitou as pendências referentes a férias, FGTS e salário de janeiro com o prata da casa, que tem vínculo com o clube até o início de 2023.