Vinícius Dias
Jornalista
formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), o paulistano Paulo
Vinícius de Mello Coelho, mais conhecido como PVC, é um dos principais
expoentes da mídia esportiva do país. Ao longo da carreira, iniciada aos
dezoito anos, cobriu quatro Copas do Mundo e publicou seis livros.
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Classe e talento a serviço da ESPN (Créditos: ESPN Brasil/Reprodução) |
Foi repórter da Revista Placar,
editor-executivo do Jornal Lance! e colunista da Folha de S. Paulo. Hoje, além de colunista de O Estado de S. Paulo, é comentarista dos canais ESPN e da Rádio
Estadão/ESPN.
Quando você optou pela carreira
de jornalista? Algum familiar ou profissional de sucesso lhe influenciou no
gosto pela comunicação esportiva?
Não tenho família e meu pai dizia
que eu teria dificuldades, porque era tímido e não ganharia muito dinheiro.
Queria ser jornalista esportivo com 14 anos. Adiei até os 16, quase 17, ano do
vestibular, por causa disso.
Como - e quando - surgiu o
apelido PVC?
Quem deu foi o jornalista Chico
Silva, quando eu já estava no Lance, em 1997. Sempre fui Paulo Vinicius Coelho.
O Chico juntou as iniciais e passou a me chamar de PVC. Eu já tinha até coberto
Copa do Mundo, em 1994, quando o apelido apareceu. Um dia, o Juca Kfouri ligou
para a redação do Lance, à minha procura. Alguém gritou: PVC, quando eu atendi,
o Juca disse: PVC... Como eu nunca pensei nisso antes?
Você já participou das
coberturas de diversos eventos esportivos, inclusive internacionais - como as
duas últimas Copas do Mundo. Qual você considera ter sido o momento mais
marcante?
A primeira Copa, 1994. Cobri
quatro, 1994, 1998, 2006 e 2010. 2006 e 2010 são especiais também, porque eu
trabalhei como comentarista em todos os jogos do Brasil e na final.
Reconhecido analista de dados
técnicos e táticos, você já recebeu convites para dirigir clubes de futebol
profissional? Tem interesse? Por quê?
Eu sou jornalista. Não quero fazer
outra coisa e nem posso, porque minha profissão é o que me permite criar meus
filhos. Recebi sondagem do Flamengo para ser uma espécie de analista de
mercado. E no Cruzeiro, certa vez, falou-se que o Zezé (Perrella) cogitava que
eu começasse como assistente. Nunca houve convite e eu não aceitaria.
Como você se posiciona no que se
refere à atuação (em algumas ocasiões, violenta) das torcidas organizadas no
país? É favorável à extinção?
Eu sou a favor de se acabar com a
violência. Se for preciso acabar com as uniformizadas, está valendo. Mas acho
que essa medida não leva a nada. O que acabará com a violência será prender os
assassinos. Eu apoio todas as medidas, fim da bebida no estádio, fim das
uniformizadas. Mas só apoio se isso vier acompanhado da medida fundamental:
prender o assassino.
Indicado ao Prêmio de Melhor do
Mundo em 2011 e cobiçado por grandes clubes europeus, Neymar acertou - há seis
meses - sua renovação contratual com o Santos. Para você, é possível que o
atacante alce voos mais altos, mesmo permanecendo no Brasil?
É possível! Mas o dilema é claro.
Ele ficar melhora o futebol doméstico. Ele ir embora, jogar na Europa – mas
jogar mesmo – dá mais certeza de estar no nível necessário para ganhar a Copa
de 2014. O futebol brasileiro está numa encruzilhada, nesse sentido. Se ficar o
bicho pega, se correr o bicho come. O jeito é ele ficar e agendar amistosos
muito fortes para a seleção, para que ele enfrente os zagueiros mais fortes do
mundo.
Há algum tempo, o nível da
arbitragem nacional tem sido bastante questionado. Você acredita em benefício a
determinadas equipes? Vislumbra no uso de tecnologias eletrônicas e/ou
profissionalização dos árbitros, medidas eficazes na resolução deste quadro?
Eu sou a favor do olho eletrônico,
especialmente no caso da linha do gol. Mas não acho que resolva tudo. Exemplos:
o gol/não gol de Robinho contra o Catania e o pênalti de Nesta em Busquets em
Milan x Barcelona.
Um dos principais eventos
esportivos dos próximos anos, a Copa do Mundo de 2014 será sediada no país. O
que você pensa a respeito? Vê como oportunidade de desenvolvimento, ou chance
de mascarar os problemas existentes?
O Brasil tem corrupção até para
construir escola. A Copa é uma oportunidade até para prender corruptos. Claro
que não é bom a corrupção andar solta, deixar de construir hospitais, mas no
fundo a gente sabe que não se construiria mais hospitais mesmo sem Copa aqui.
Eu era contra a Copa até ela vir. Hoje, ela é oportunidade de emprego para
muita gente. E o mês da Copa vai ser uma festa no país.
Bate-pronto:
• Guardiola ou Mourinho?
Guardiola - mas ele é parte de uma
engrenagem. Mourinho é só ele.
• Messi ou Cristiano
Ronaldo?
Messi.