A esperança veste azul

Douglas Zimmer

Salve, China Azul!

Enfim, ação de verdade. Após um exaustivo período de abstinência de bola rolando e sofrendo com especulações quanto às chegadas e, em especial, saídas de atletas, eis que o futebol volta aos holofotes e vamos começar a ter noção do Cruzeiro que veremos nesta temporada. Claro que, como já era de se esperar, ainda é muito cedo para qualquer avaliação criteriosa, mas algumas características já começam a aparecer.


Confesso que vi pouco dos amistosos contra Londrina e Shakhtar. Sabia que o entrosamento seria pífio e que, mesmo para um time em começo de ano, a Raposa iria se apresentar bastante desfigurada. A perda de vários titulares - Marcelo Moreno, Éverton Ribeiro, Goulart, Egídio e Nilton -, por si só, já seria motivo suficiente para Marcelo Oliveira quebrar a cabeça para escalar um time competitivo. Como se não bastasse isso, as contratações foram virando novelas.

Willian se destacou na estreia celeste
(Créditos: Sérgio Roberto/Light Press)

Sendo assim, no domingo, diante do Democrata de Governador Valadares, o Cruzeiro estreou oficialmente em 2015 com um time bem diferente daquele que os torcedores e, com certeza, Marcelo Oliveira devem estar imaginando. O primeiro tempo foi sofrível. Não bastasse o gramado, que prejudicava ambas as equipes, o atual bicampeão brasileiro penava com a falta de um articulador nato no meio-campo. Willian tentava fazer a função que outrora era de Éverton Ribeiro, mas sem sucesso.

Enfim, a estreia oficial

Na defesa, bem menos modificada se comparada ao restante do time, a tranquilidade era constantemente abalada pelas investidas dos donos da casa. A maior presença ofensiva acabou dando resultado quando Rodrigão abriu o placar em um chutaço aos 13 minutos da primeira etapa. Com a vantagem, a Pantera se fechou e, mesmo assim, a Raposa não conseguia entrar em sua defesa. A falta de ritmo de jogo (e entrosamento) saltava aos olhos e as jogadas azuis eram abortadas antes que pudessem levar qualquer perigo.

Henrique festeja triunfo do Cruzeiro
(Créditos: Sérgio Roberto/Light Press)

Na segunda etapa, com mais calma, os passes começaram a encaixar e as chances apareceram. Na bola aérea, que continua presente no repertório estrelado, o Cruzeiro empatou com Henrique. O Democrata, que levava a partida em ritmo lento, ficou acuado. As entradas de Joel e Neilton deram velocidade ao ataque e a virada não demorou a acontecer. O camaronês anotou seu primeiro gol com a camisa azul aos 34 minutos da etapa final, decretando a primeira vitória da Raposa no ano. Se a atuação não foi das melhores, o resultado, dentro do contexto, foi satisfatório.

Time muito modificado

Pudemos ver que o Cruzeiro, mesmo bastante modificado em suas peças, tenta jogar de forma parecida com os dois anos anteriores. Acho que o treinador vai precisar rever essa questão, caso não sejam contratados jogadores com características mais agudas para o meio-campo. Goulart tinha muita movimentação - e não vejo ninguém com essa habilidade no elenco ou mesmo no mercado. De Arrascaeta deve ser o jogador a fazer a função de Ribeiro conforme for entrando no time, mas, mesmo assim, a dinâmica deve ser outra.

Marcelo: à frente da reformulação azul
(Créditos: Washington Alves/Light Press)

As contratações dão a entender que Marcelo Oliveira deverá ter um time bastante veloz a seu dispor. Mais veloz, acredito, que o de 2013/2014. A garotada da base começa a ter seus nomes bem mais circulados entre os torcedores, resultado das seguidas aparições no time - casos de Judivan, Eurico e Bruno Ramires. Fica ainda a expectativa quanto à contratação de mais um zagueiro, visto que as opções tornaram-se limitadas devido aos problemas com lesões.

Experiência e juventude

No mais, tenho esperança de que a comissão técnica consiga dar corpo a este elenco rapidamente, valendo-se da combinação entre experiência e juventude - e de veteranos e novatos de clube. Em 2013 começamos do zero, o trabalho foi muito bem executado e, por isso, comemoramos dois campeonatos brasileiros seguidos. Agora, começamos de um ponto bem além do zero. Confio na seriedade e no planejamento do Cruzeiro. O raio pode, sim, cair duas vezes no mesmo lugar.

Força, Cruzeiro!

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