Vinícius Dias
Desde o fatídico revés contra a Alemanha, a expressão '7 a 1 foi
pouco' se tornou clichê nas redes sociais. Fato é que 365 dias se passaram e
quase nada mudou na arcaica estrutura do futebol tupiniquim. Pelo menos sete
motivos comprovam que a derrota, rotulada por Felipão como apagão, se acentua
no dia a dia.
1) Volta de Dunga - A competência demonstrada
pelos números foi o argumento da CBF para sacramentar o retorno do técnico à
seleção, no último ano. Entre 2006 e 2010, Dunga somou 76,7% de aproveitamento,
mas fracassou na Copa. Na segunda passagem, soma 12 vitórias em 14 jogos e 88%
de aproveitamento. Mas a decepção na Copa América prova que o time que vence -
especialmente em partidas amistosas - continua longe de convencer.
Dunga vence, mas ainda não convence (Créditos: CBF TV/Ao Vivo/Reprodução) |
2) Seleção sub-20 - Numa quarta-feira, dia 29
de abril, Alexandre Gallo convocou 26 jogadores para a disputa do Mundial da
categoria, na Nova Zelândia. Dez dias depois, o comandante foi demitido do
cargo. O então técnico do time júnior do Atlético/MG, Rogério Micale, foi
anunciado no dia 09 de maio e teve de desenhar a seleção com as peças
convocadas pelo antecessor. O título não veio!
3) Falta de paciência - Se a liderança no ranking
da Fifa faz parte do passado, o primeiro lugar no ranking de países que mais demitem
treinadores é o presente. A média de permanência é de 15 jogos, segundo pesquisa
feita pelo jornal El Economista em
parceria com a Mxsports. À época, o
líder mundial de demissões entre clubes era o Fluminense - com 41 técnicos a partir
de 2002. Com as saídas de Cristóvão Borges e Ricardo Drubscky, esse número
chegou a 43.
Vexame no Mineirão completa um ano (Créditos: Jefferson Bernardes/Vipcomm) |
4) Farra temporária -
Nos cinco primeiros meses do ano, os estaduais movimentam o calendário e
acirram as rivalidades. Na sequência, diversas equipes encerram as atividades.
De acordo com levantamento feito pelo Bom Senso FC, a maioria dos clubes
brasileiros disputa, em média, 17 partidas por ano - as equipes de elite fazem
até 85 jogos. No segundo semestre, cerca de 16 mil atletas ficam desempregados.
5) Comando da CBF - No dia 27 de maio, o ex-presidente
da entidade e chefe do comitê organizador da Copa, José Maria Marin, foi preso
sob a suspeita de corrupção. Curiosamente, em 27 de junho, a seleção dirigida
por Dunga, contratado ainda na gestão de Marin, protagonizou mais um vexame na
Copa América e foi eliminada, de forma prematura, diante do rival Paraguai.
Tardelli trocou o Atlético pela China (Créditos: Rafael Ribeiro/CBF/Divulgação) |
6) Mercados periféricos -
Craque
da Série A em 2013 e 2014, Éverton Ribeiro trocou o Cruzeiro pelos Emirados
Árabes. Diego Tardelli abriu mão da idolatria no Atlético para atuar na China.
Caminho que também fez o meia Ricardo Goulart e deve fazer Robinho. Kaká deixou
a Europa e hoje joga nos EUA. À exceção de Neymar, os brasileiros são
coadjuvantes na Europa - e protagonistas em mercados periféricos.
7) Falta de camisas nove -
Em seus
momentos marcantes, a seleção nacional teve centroavantes artilheiros como
Coutinho, Careca, Romário e Ronaldo. Na Copa de 2014, o titular Fred marcou
apenas um gol em seis jogos. Jô, seu reserva imediato, ficou sem balançar as
redes entre abril de 2014 e maio deste ano. Tardelli, que passou em branco na
Copa América, marcou apenas três gols em 14 jogos na China.
País que vive da filosofia de resultados. Jornalistas que criticam a troca de técnicos mas que os próprios admitem que os clubes devem demiti-los. E dizem, tem que demitir. O poder da imprensa esportiva, em todos os veículos, que precisam fabricar notícias e criam problemas, as vezes, onde não tem. Não acho Dunga um técnico para a seleção mas passou da hora de a imprensa entender o papel que tem e o que pode fazer para ajudar a mudar a filosofia no país. É engraçado ver o mesmo jornalista que critica o Dunga, com a filosofia de resultados, criticar o técnico do time de coração quando o mesmo sofre com a posição na tabela. Acompanhe o trabalho do Mauro e veja por si mesmo.
ResponderExcluir