O calendário brasileiro e a produção de crises

Vinícius Dias

Ótima cabeçada de Manoel defendida pelo goleiro Omar aos 11 minutos. Nova intervenção, aos 44', após finalização de Romero. E o sábado terminou com cruzeirenses - minoria, é verdade - questionando o empate ante a Caldense. Da diferença financeira à falta de criatividade do time de Mano Menezes, diversos argumentos, quase sempre sem tocar o principal: o calendário produtor de crises. Porque o que já era ruim ficou ainda pior e alguns clubes chegarão a cinco jogos ainda em janeiro, mês de pré-temporada, que já era pequena e ficou ainda menor. Com todos aceitando.


A partida em Poços de Caldas opôs equipes com abismo de 1300% nas cotas, mas também em estágios distintos: a Caldense foi a primeira a iniciar a pré-temporada, ainda em 17 de novembro, enquanto Cruzeiro e Atlético - que levou time alternativo à Florida Cup e reserva à estreia diante do Boa Esporte, em prol da preparação - se aprontavam para a 36ª rodada do Campeonato Brasileiro. Paradoxalmente, no círculo vicioso do futebol nacional, os clubes do interior são beneficiados no início dos estaduais justamente por não terem o que mais desejam: um calendário de 12 meses.

Time celeste empatou com a Caldense
(Créditos: Vagner Silva/Light Press/Cruzeiro)

Na Itália, a Juventus estreou na temporada 71 dias após seu último jogo em 2016/2017, como o Chelsea, na Inglaterra. Na Espanha, o Barcelona teve 78 dias. Na França, mesmo abaixo da média, o PSG aguardou 63. No Brasil em que o intervalo para Atlético e Cruzeiro foi de apenas 45 dias, 70% da elite já tropeçou em 2018. Bahia e Botafogo já receberam vaias, o São Paulo vive um início de crise. E os estaduais, importantes, mas carentes de revisão, seguem intactos no xadrez político que mantém a confederação cujo presidente sequer viaja ao exterior para buscar bons exemplos.

É correto o torcedor querer que seu time vença todos os jogos.
Errado é o calendário do Brasil: um enorme produtor de crises.

Um comentário:

  1. É isto ai Vinícius, continue com este ótimo trabalho. Esta mania horrorosa do torcedor deixar a passionalidade falar mais alto q a cabeça é q insere crises sem sentido nos clubes!

    ResponderExcluir