Cruzeiro, Flamengo e o calendário da distorção

Vinícius Dias

Renato Gaúcho fechou o domingo afirmando que "quem muito quer, nada tem" e "uma hora a conta, no futebol, chega também", após a goleada do time reserva do Grêmio sobre o Vitória, em Porto Alegre, por 4 a 0. Dia que Mano Menezes abriu repetindo apenas três titulares da escalação do Cruzeiro que havia vencido o mesmo Flamengo, por 2 a 0, pelas oitavas de final da Libertadores - e perdeu por 1 a 0, quatro dias depois, pelo Campeonato Brasileiro. Porque vivemos o calendário da distorção.


De janeiro a abril, tomando Minas Gerais como exemplo, foram 82 dias reservados quase exclusivamente para os 16 jogos do estadual. Tempo demais para, quase sempre, se chegar ao mesmo resultado: dos últimos dez, Atlético e Cruzeiro venceram nove. Quando, enfim, o Brasileiro começou, 12 rodadas em 61 dias - intervalo inferior ao do estadual -, pausa para a Copa do Mundo e mais 26 partidas em 138 dias. Com Libertadores e Copa do Brasil chegando, simultaneamente, às fases decisivas.

Flamengo bateu a Raposa no domingo
(Créditos: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.)

A opção por mata-matas e curto prazo é óbvia no Brasil que valoriza mais resultados do que processos. Se o quarta-domingo-quarta significa menos qualidade no jogo, diante da pré-temporada de 14 dias, se aposta no risco - a premiação milionária da Copa do Brasil, o simbolismo e as consequências da conquista da Libertadores - pela possibilidade de lucro iminente. Mesmo quando o sucesso tem preço, como abrir mão do início da temporada seguinte ou da competição mais importante do país.

Dois times em um, Campeonato Brasileiro em terceiro plano.
A realidade no país do mata-mata e do calendário distorcido.

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