Alisson
Millo*
Publicada em 22/11/2019, às 11h25
De empate em empate, de tropeço alheio em tropeço alheio, de fracasso em fracasso, de algum jeito, o Atlético vai se salvando. Na conta milagrosa dos 45 pontos, a matemática joga a favor, muito mais do que o próprio time. No planejamento para o próximo ano, a tabela joga muito mais a favor que a diretoria. Na realidade de hoje, os infortúnios de outros são os nossos melhores amigos. Há quem se contente, ache engraçado e bata palma. Há outros que ainda tentam dar um voto de confiança.
Publicada em 22/11/2019, às 11h25
De empate em empate, de tropeço alheio em tropeço alheio, de fracasso em fracasso, de algum jeito, o Atlético vai se salvando. Na conta milagrosa dos 45 pontos, a matemática joga a favor, muito mais do que o próprio time. No planejamento para o próximo ano, a tabela joga muito mais a favor que a diretoria. Na realidade de hoje, os infortúnios de outros são os nossos melhores amigos. Há quem se contente, ache engraçado e bata palma. Há outros que ainda tentam dar um voto de confiança.
LEIA MAIS: Discursos de mais e futebol de menos no Galo
Longe
de mim querer pautar milhões de atleticanos, mas me parece apequenar demais a
instituição torcer apenas para que os outros se deem mal, especialmente quando
a gente não está tão bem assim. O Atlético depende apenas de si para sobreviver
graças a um início surpreendentemente positivo. Hoje, nem o discurso de 'só não
cai porque tem gente pior' se aplica mais. Nosso futebol é um dos piores, senão
o pior entre as 20 equipes da Série A e, muito possivelmente, entre algumas da
B.
Time não tem vencido nem convencido (Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG) |
No
último sábado, muita gente torceu contra e pediu para facilitar para o
Fluminense e prejudicar o rival. Vamos abrir bem nossos olhos e avaliar melhor
a situação em que nos encontramos. O Atlético não pode, de forma alguma,
cogitar entregar uma partida, ainda mais frente a um concorrente direto na luta
contra o rebaixamento. E ao colocar a mãozinha na consciência você vai ver que
esse time aí não precisa fazer um pingo de força para jogar mal e deixar o
adversário dominar a partida.
Entre imaturidade e
irresponsabilidade
O
Atlético tem remontado aos tempos mais obscuros. Um amontoado de experientes
que não chamam a responsabilidade e se escoram em garotos que estão longe de
estarem prontos para ser solução, mas que são os que mostram alma suficiente
para vestir essa camisa. Contra o Goiás, Marquinhos e Bruninho salvaram. Contra
o Fluminense, de novo Marquinhos foi decisivo. Na ausência de Victor, Cleiton
tomou conta do gol. Guga, embora irregular, é superior a Patric. Se não
estivesse no DM, Alerrandro possivelmente seria titular, visto a escassez de
gols dos centroavantes.
Base é boa notícia em meio a fracassos (Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG) |
Lindo,
maravilhoso. Os jovens estão ocupando lugar de destaque, o que era cobrado há
muito tempo. Mas vale recair apenas neles? A responsabilidade maior deveria
recair sobre os medalhões, mas muitos deles já são tratados como carta fora do
baralho, escancarando os problemas de gestão e planejamento. Elias
provavelmente sairá. Ricardo Oliveira tem sido nulo quando entra em campo.
Cazares, eternamente tratado como joia, perdeu a cadeira cativa no time
titular. Léo Silva deve se aposentar. Os maiores salários do elenco são
incógnitas ou dispensáveis.
O treinador
chegou outro dia e só tem contrato até dezembro. Presidente e diretor de
futebol pouco explicam. O barco afundando, os marujos não têm força para remar,
o capitão não sabe o que faz e os donos do barco há muito tempo largaram para
lá. Se não fossem os mais novos se matando para tampar buraco e jogar água
fora, talvez o Atlético hoje estivesse na Série B. A 'base que não revela
ninguém' é a salvação do clube.
Se
não é o cenário ideal, que sirva de lição adiante. Não se faz um time com
estrelas de brilho fosco. É preciso espaço para que os jovens se desenvolvam e
assumam o protagonismo quando realmente estiverem prontos. Enquanto a
preferência for por renomados que não produzem, empates e fracassos alheios
serão tudo que teremos para comemorar.
*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!