Engenheiro de
telecomunicações, de 40 anos, se surpreendeu com a
rivalidade no país: 'o futebol aqui é praticamente uma religião', diz
Vinícius Dias
"A
família é grande e tem torcedores dos três principais clubes de Belo Horizonte.
Cada um estava tentando me puxar para o seu lado. Eu não estava entendendo
nada, mas os cruzeirenses me pareciam mais felizes", recorda Vitalii Afanasiev.
Em meio a uma disputa entre os familiares da esposa, à época namorada, o clube
celeste ganhou o coração do ucraniano. "Com o tempo, me convenço de que
fiz a escolha certa. Me identifico muito com a filosofia: queremos ver o time
jogar bola, ganhar jogando feio não é suficiente", comenta ao Blog Toque Di Letra.
Engenheiro
de telecomunicações, o terceiro personagem da série especial 'Nos caminhos da
paixão' é natural da província de Donetsk, no Leste da Ucrânia. Aficionado por
futebol desde a infância, quando jogava na rua, se surpreendeu ao chegar ao
Brasil. "O jeito de torcer é totalmente diferente. Aqui é muito mais do
que paixão, é praticamente uma religião. Quase não temos rivalidade lá. Quando
o Shakhtar conquistou a Copa da Uefa (2009), todo o país ficou orgulhoso, algo
impensável no Brasil", diz.
Vitalii ao lado da esposa e de Pyatov (Créditos: Arquivo Pessoal/Vitalii Afanisiev) |
Curiosamente,
no último ano, o Shakhtar fez parte de um dos capítulos da paixão de Vitalii
pela Raposa. "Qual a probabilidade de os meus dois times, de continentes
diferentes, jogarem na cidade em que eu morava e nada tinha a ver com os
dois?", pontua o torcedor, de 31 anos, que residia em Brasília antes de se
mudar para a capital mineira. "Estava há muito tempo sem ver o Shakhtar e
com saudade de ver o bicampeão Cruzeiro. Bati um papo com o goleiro Pyatov e
até ganhei uma camisa".
Namorada de coração dividido
Ele
chegou ao Brasil no fim de 2008. "Antes, só ouvia a minha namorada falar
do Cruzeiro. Fiquei sabendo que o coração dela não era só meu e já havia um
grande clube morando nele. Não gostei disso na época", brinca. Passados
oito anos, garante já ter convertido os familiares que vivem na Europa.
"No início, acharam a ideia um pouco exótica. Agora, também são
cruzeirenses. Meu sobrinho Illya, de oito anos, é o torcedor mais fanático. Vou
trazê-lo ao Mineirão um dia", promete.
Illya, de oito anos, torce pelo Cruzeiro (Créditos: Arquivo Pessoal/Vitalii Afanasiev) |
Acostumado
à realidade da terra natal, com rivalidades menos intensas, Vitalii conheceu o
Mineirão em dia de jogo do arquirrival. "Curiosamente, a primeira partida
à qual assisti foi Atlético x Botafogo. Estava de férias no Brasil e queria ir
ao estádio. Não haveria nenhum jogo do Cruzeiro naqueles dias. Meio sem querer,
minha namorada me levou na torcida do Botafogo", revela. "O Atlético
acabou eliminado (Copa Sul-Americana de 2008, ao que tudo indica). Foi
lindo", afirma, adaptado ao dérbi.
Feijão tropeiro, bife e ovo frito
Meses
depois, já morando no Brasil, o ucraniano viveu o lado oposto: viu o time
celeste, também no Gigante da Pampulha, ficar com o vice da Copa Libertadores.
Ainda assim, ele leva na esportiva. "Tive a sorte de assistir à final no
Mineirão antigo, com direito a churrasco no estacionamento, feijão tropeiro com
bife e ovo frito por cima", elenca. "É uma sensação única, a energia
é incrível. Por pouco não levamos a taça, mas futebol é isso. O melhor nem
sempre ganha".
Vitalii nasceu na cidade de Ienakievo (Créditos: Arquivo Pessoal/Vitalii Afanasiev) |
Exigente,
Vitalii afirma ainda não ter ídolos relacionados ao Cruzeiro. "Não basta
jogar bem, gostar do clube. É preciso algo mais. A boa notícia é que vejo
alguns candidatos". Descontente com o desempenho, define este ano como
sabático. "O grande problema foi a quantidade de apostas feitas nos últimos
dois anos", explica. Apesar disso, crê que a situação melhorará na próxima
temporada: desde que cheguem reforços pontuais ao clube que, agora, também mora
no coração dele.
bacana! cruzeirão cabuloso
ResponderExcluirCara inteligente,escolheu o Cruzeiro,Maior e Melhor de Minas.
ResponderExcluirManeiro e já mineiro.
ResponderExcluirNão escolheu time pequeno que tá 45 anos na seca...
Escolheu certo, o cruzeiro e' mesmo um time de rapazes alegres.
ResponderExcluirFalou tudo, Cruzeirense é mais feliz, ganha mais títulos, nunca foi rebaixado..
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