A vitória do Galo maduro, forte e vingador

Alisson Millo*

Quando o time está em baixa, um discurso inspirado e uma torcida inflamada, às vezes, são o que os jogadores precisam para dar a volta por cima. Pior para o São Paulo, que acabou sem a liderança. Deram o azar de pegar o Atlético pós-monólogo de Ricardo Oliveira e com a Massa a plenos pulmões na Arena Independência. Com uma disposição poucas vezes vistas no ano, o Galo lutou, se fechou, deu chutão e finalmente voltou a vencer.


O placar magro trouxe algumas críticas ao setor ofensivo e à postura do time. Afinal, o melhor ataque do Brasileirão marcou só um gol e tomou pressão o jogo inteiro. Mas saiu com os três pontos. No primeiro turno, no Morumbi, jogo controlado, dois gols marcados fora de casa, domínio por quase 90 minutos, mas apenas um empatezinho na bagagem. No fim das contas, o jogo de quarta-feira valeu infinitamente mais que o de maio.

Ricardo Oliveira: líder e decisivo
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Defender não é pecado. O legado deixado por Cuca, além da Libertadores e da mudança de patamar, é o famigerado estilo 'Galo Doido'. Se jogar para o ataque, fazer um monte de gols, mas se expor lá atrás, é uma tática linda aos olhos, mas arriscada e precisa ser eliminada, pelo menos por enquanto, no Atlético. Nosso meio para frente não é mais Ronaldinho, Bernard, Diego Tardelli e Jô. Esse protótipo de 4-2-4 foi lindo, nos rendeu títulos, mas as peças são diferentes. Bem como as cobranças devem ser.

Janela de reforços e surpresas

Problema crônico, o sistema defensivo, enfim, vem se solidificando. Léo Silva ainda joga em alto nível mesmo perto dos 40. Iago Maidana teve um crescimento absurdo de produção - provavelmente porque a dupla dele não é mais Felipe Santana, como no início do ano. Emerson é um grande ganho técnico comparado a seu reserva. Adilson é um dos melhores primeiro volantes do Brasil - e pensar que queriam trocá-lo com o Santos por Copete -, e Zé Welison é uma das melhores surpresas recentes.

Atlético bateu o São Paulo no Horto
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Diante do São Paulo, sob pressão, todos eles foram muito exigidos e se destacaram, assim como Victor e Luan. Em um passado não muito distante, o Atlético sofria tanta pressão como na quarta-feira. A diferença é que o time sucumbia. Ter defensores como referências não é problema. Ruim mesmo é precisar dos seus defensores e eles entregarem gols e pontos importantes. E não é uma crítica a A ou B, até porque faltaria espaço para tantos exemplos. É mais um sinal de, tomara, mudança de atitude.

Mais maturidade e consciência

O Galo, enfim, pareceu um time maduro. Consciente de suas limitações, da qualidade do adversário e soube se adequar às diversidades. Se lá na frente foi econômico nos gols, jogou por uma bola e ela veio. Poderia ser um placar mais elástico, se não fosse as oportunidades perdidas. Para não passar sem corneta, vamos melhorar o aproveitamento aí, galera!

Massa atleticana fez a festa na 4ª
(Créditos: Pedro Souza/Atlético-MG)

Mas a postura é o exemplo que fica. Quantas vezes um jogador ruim tecnicamente foi perdoado pela Massa por dar a vida pelo Galo? Aliar a raça com a qualidade técnica é o segredo para se tornar ídolo no Atlético e o último jogo mostrou que no elenco têm alguns candidatos, basta manter esse padrão. Apoio da arquibancada não vai faltar.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

2 comentários:

  1. Mantendo o esquema com dois marcadores no meio, o time fica menos exposto. Agora é preciso caprichar mais nos contra ataques e jogadas de bola parada.

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