Alisson Millo*
Falar
em navegar em águas calmas com o Atlético parece uma realidade bem paralela.
Mas, neste momento, todo o elenco se encontra em uma situação
surpreendentemente confortável. A liderança do estadual jogando com time
reserva a maioria dos jogos e, na Libertadores, os titulares deram um passo
enorme para a classificação para a fase de grupos. O empate no clássico, a
derrota para o Tombense e o sufoco desnecessário contra o Danubio parecem tempos
distantes. Falando assim, parece que está tudo lindo e maravilhoso, mas alguns
pontos devem ser ponderados.
Primeiro,
a insistência em peças que não dão retorno proporcional ao prestígio com o comandante.
Essa frase certamente será associada a Patric - eu sei, não precisa fingir -,
mas a lateral-direita não é o maior dos problemas. No meio-campo, temos um
volante que não marca e, no ataque, um ponta que não dribla nem finaliza. Elias
e Chará, de quem tanto se espera pelas altas cifras envolvidas, têm sido
figuras discretas enquanto outros nomes pedem passagem. Guga e José Welison já
são moralmente titulares, mas Levir Culpi preza pela sequência dos 11
escolhidos, então nos resta confiar.
Luan e Réver: firmeza na Libertadores (Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG) |
Contra
o Defensor, tivemos mais uma prova de que devemos acreditar no instinto de
Levir. Seja burrice ou sorte, praticamente definiu a classificação.
Praticamente porque futebol é futebol. Contra o Danubio, estava tudo ótimo,
veio um pênalti bobo, depois uma paulada da intermediária e instaurou-se o
caos. Tudo por causa de uma postura altamente defensiva, que precisa ser
evitada na próxima quarta. O Horto cheio será o combustível, mas todo cuidado é
pouco. Na ida, por um momento, o Galo sofreu um ligeiro sufoco, que só não foi
maior pelas limitações do adversário.
Chance para reservas no Mineiro
O
time também tem tido apagões no estadual, mas o baixo nível permite vitórias
sem maiores sustos. De qualquer forma, é um ótimo laboratório para testar peças
e dar ritmo de jogo aos reservas, o que tem sido feito. Alerrandro finalmente
desencantou no profissional e fica a expectativa de que, com confiança, ele se
torne o jogador que prometeu na base. Alessandro Vinícius subiu e é outro nome
para ficar de olho para o futuro. Lá atrás, o goleiro Cleiton foi bem quando
exigido. O Mineiro também permite ver que Nathan, Leandrinho, Hulk e,
surpreendentemente, Bruninho não devem vingar no Atlético. Lucas Cândido, por
falta de opção, segue jogando.
Cazares tem sido destaque em 2019 (Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG) |
Com o
Atlético avançando para a fase de grupos da Libertadores, o time alternativo
deve seguir ganhando minutos de jogo. Chance para Vinícius e Maicon Bolt se
encaixarem e brigarem por posição entre os titulares. Chance também de
desfrutarmos um pouco mais do excelente zagueiro e da lenda viva que é Leonardo
Silva, que, mesmo beirando os 40 anos, continua sendo a melhor opção que temos
no elenco. Uma pena que a idade chega até para jogadores tão icônicos quanto
nosso capita.
Sobre
a lista da Conmebol de inscrições irregulares, meus 20 centavos. O Defensor
cogita acionar os tribunais para reverter o resultado, tal como fez com o
Barcelona/EQU. Com 21 clubes, sendo vários brasileiros, a culpa claramente não
pode recair sobre os clubes. A falta de organização não pode ser descontada em
quem faz o futebol ser a atração que é. É de se notar também a presença de
Santos, Corinthians e São Paulo na lista. Uma prova de que há regras demais,
muitas vezes mal feitas e mal cumpridas. Fica aqui nossa torcida para que não
saiamos prejudicados.
*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!