Vinícius Dias
Publicada em 20/05/2020, às 11h05
Publicada em 20/05/2020, às 11h05
Dezembro de 2016: contratado por empréstimo junto ao Al-Wahda, dos Emirados Árabes, por US$ 500 mil, o volante Denílson se despede do Cruzeiro com apenas cinco partidas disputadas. Maio de 2020: em meio à pandemia do coronavírus, cinco meses após o trágico rebaixamento, o torcedor celeste acorda com a notícia de que o clube iniciará a Série B com seis pontos negativos em razão do não pagamento. Notícia que explica o passado, o presente e deixa interrogações sobre o futuro.
Porque
a receita líquida de R$ 329,1 milhões em 2017, último ano da era Gilvan, não
foi suficiente para quitar a dívida gerada na temporada anterior. Porque os R$
373,5 milhões arrecadados em 2018 não foram bastantes para que a gestão Wagner
Pires de Sá fizesse jus à promessa de austeridade. Porque o Conselho Gestor,
administrativamente brilhante, sempre tateou no futebol. Mas principalmente
porque nesta quinta-feira o Cruzeiro elegerá seu novo presidente, que em
dezembro já poderá ser ex, sem que uma efetiva democratização do clube entre em
pauta.
Às vésperas do centenário, Cruzeiro vive crise (Créditos: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.) |
No
pior momento da quase centenária história apresentada às glórias pelos ídolos Raul, Tostão e Dirceu Lopes e relegada ao vexame pela administração passada,
menos de 500 decidirão em nome de mais de oito milhões. Gente que sequer é
sócio do futebol dará as cartas, enquanto aos mais de 54 mil cruzeirenses que
se associaram e contribuem mensalmente restará, no máximo, torcer e sofrer,
verbo que os últimos meses transformaram em regra. No silêncio, sem voz nem
vez. Como ontem, como hoje e, muito provavelmente, como também será após a eleição.
Em
meio à crise, fala-se mais em eleição do que em solução.
No
marketing, do povo. No mundo real, um clube de poucos.