A morte do clássico raiz e a missão azul

Alexandre Oliveira*

Depois de dois anos, o Cruzeiro volta a disputar a decisão do Campeonato Mineiro contra o Atlético. A primeira partida será neste domingo, no Mineirão. Afinal, o que esperar do time celeste no confronto no Gigante da Pampulha? Diz o ditado que o clássico começa uma semana antes e só termina uma semana depois. No caso dessa final, o Cruzeiro larga atrás, não apenas pela vantagem conquistada pelo rival na primeira fase, mas também pela falta de diálogo nos bastidores.

Nos últimos anos, se tornaram recorrentes os embates entre a diretoria celeste - colecionando insucessos - e a tão questionada Federação Mineira de Futebol. Dessa vez, o imbróglio envolvendo a divisão de torcidas pode impedir que os cruzeirenses estejam presentes no segundo jogo, que deve acontecer na Arena Independência, por escolha do Atlético. Em tempos em que tanto se fala de união entre os clubes por um futebol melhor, vemos o futebol mineiro caminhar na contramão e os clássicos com duas torcidas ficarem no passado após a recusa da proposta do Cruzeiro.

Independência deve ser o palco da final
(Créditos: Juliana Flister/Light Press/Cruzeiro)

Resta torcer para que os pedidos da diretoria celeste junto ao Ministério Público surtam efeito, e a Polícia Militar permita a presença de torcedores celestes na finalíssima. Encerrando o assunto bastidores, na última terça-feira, o Atlético teve uma vitória na queda de braço jurídica com a decisão do TJD/MG de liberar o atacante Fred para disputar os dois jogos.

Bom trabalho de Mano Menezes

Mas a verdade é que o campeonato se resolve dentro das quatro linhas, e é aí que o Cruzeiro realmente precisa mostrar a sua força. Temos uma defesa bastante aguerrida, um meio-campo talentoso e um ataque de qualidade. Mano Menezes vem fazendo um bom trabalho e conseguindo aquele tão sonhado equilíbrio, característica indispensável para uma equipe que deseja ser vencedora.

Com Mano Menezes, equipe vive boa fase
(Créditos: Marcello Zambrana/Light Press/Cruzeiro)

Hoje, a característica do Cruzeiro é deixar o adversário jogar. Foi assim no último clássico, foi assim contra o São Paulo e, pior, até contra o América. Passamos por todos? Sim. Mas, pelo elenco que temos, ainda é possível apresentar muito mais. Com a dúvida em relação ao meio-campo neste domingo, aumenta a responsabilidade de Arrascaeta na articulação das jogadas da equipe.

Arrascaeta: decisivo em clássicos

O uruguaio, que costuma fazer dos clássicos o palco principal de seus espetáculos, está confirmado. Vamos torcer para que, mais uma vez, ele deixe sua marca neste domingo. Robinho e Thiago Neves chegaram a participar de treinamentos nos últimos dias e podem aparecer como boas surpresas para ajudar o Cruzeiro nessa reta final de Mineiro.

Uruguaio decidiu clássico em fevereiro
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Toda essa inflamação nos bastidores deve servir de combustível extra não só para o elenco, mas também para o torcedor celeste empurrar os jogadores até o último minuto dessa primeira partida. Mas, acima de tudo, que a disputa fique apenas dentro de campo e tenhamos um clássico de paz nas arquibancadas do Gigante da Pampulha.

*Jornalista. Jogador no fim de semana, torcedor todo dia.
Titular do pagode e camisa 12 da seção Fala, Cruzeirense!

Quando tá valendo, tá valendo, Galo!

Alisson Millo*

Vitória contra o Libertad, por 2 a 0, na Arena Independência. Em qualquer semana, esse seria o destaque. Mas, com um clássico pela frente, a chave tem que estar completamente virada e nem se pode falar em Libertadores por enquanto. Foco total nos primeiros 90 minutos da decisão para encaminhar a conquista do estadual e quebrar um tabu pequeno, mas bastante incômodo.


Perder clássico nunca é bom e, há dois anos, o Galo vem tendo retrospecto ruim contra o rival. Mesmo com um time superior, em teoria, os resultados não vieram e esse é o momento perfeito para mudar isso. O Cruzeiro vai a campo desfalcado, o Atlético terá time completo, inclusive com Marlone, que foi tão bem diante da URT. Como diz o ditado, "quando tá valendo, tá valendo" e nada vale mais do que ser campeão.

No 4-2-3-1, Atlético chegou à decisão
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Nas mãos de Roger, o Atlético finalmente parece um time. No 4-2-3-1, o meio-campo mostrou solidez na marcação e a estrela de Rafael Carioca voltou a brilhar. Vale lembrar que, há pouco tempo, o camisa 5 era considerado o melhor volante do Brasil, ídolo da torcida e cotado para a seleção. Se no início do ano ele pareceu apático, agora retomou o bom futebol ao lado de Elias, com liberdade para sair para o jogo, sua melhor característica. Tudo isso não poderia vir em melhor hora.

Alternativas para o clássico

Outro que pode ser decisivo na decisão é Maicosuel. Recuperado de lesão, o Mago tem sido o ponto de equilíbrio ofensivo. Voluntarioso e com muita habilidade, tem uma virtude única no elenco: partir para cima e buscar o drible. Por isso, pode ser mortal em um lance individual ou puxando um contra-ataque. A exemplo de Cazares, a quem o banco de reservas parece ter feito bem. O camisa 10 vem entrando bem nas partidas e é o líder de assistências nesta temporada. Um talismã para os clássicos? A torcida atleticana espera que sim.

Camisa 9 estará em campo no clássico
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Se o óbvio para vencer qualquer jogo é fazer mais gols do que levar, o Galo tem os melhores nomes possíveis para as duas tarefas. Com média superior a um gol por jogo, Fred vive grande fase, possivelmente a melhor de sua carreira. Liberado pelo TJD/MG, o camisa 9 carrega consigo as expectativas alvinegras. Lá atrás, não um mero mortal, mas sim um santo: nas mãos abençoadas de São Victor recai a fé da massa. Vale lembrar que, se não sofrer gols em nenhum dos dois jogos, o Atlético será campeão. Nessa hora, um grande goleiro é mais do que importante.

Dizem por aí que clássico não se joga, se ganha. Espero que o time dê um grande passo neste domingo para que, daqui a duas semanas, Léo Silva levante mais um troféu.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
Goleiro titular e atual capitão da seção Fala, Atleticano!

Sem revelar nomes, presidente do alviverde confirma a busca por
reforços; colombiano não entra em campo desde outubro de 2016

Vinícius Dias

Sem compromissos oficiais até o dia 12 de maio, quando fará a estreia na Série B contra o Náutico, em Pernambuco, o América se prepara dentro e fora de campo para a disputa da competição nacional. Em busca de reforços, a cúpula alviverde trata o setor ofensivo como prioridade. Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, uma das opções em pauta é o colombiano Stiven Mendoza, que pertence ao Corinthians. Nos bastidores, no entanto, a negociação é considerada difícil.


O principal entrave é o fato de que, mesmo não sendo utilizado pelo técnico Fábio Carille, o atacante se mostra reticente em deixar o alvinegro, tendo inclusive recusado propostas de clubes da Série A. Curiosamente, Mendoza não entra em campo desde outubro de 2016, ainda durante o empréstimo ao New York City, dos Estados Unidos. Contratado pelo Corinthians em dezembro de 2014, o colombiano, de 24 anos, balançou as redes apenas três vezes em 31 partidas disputadas.

Mendoza: 31 jogos, três gols no Timão
(Créditos: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)

Procurado na noite dessa quinta-feira, o presidente Alencar da Silveira Júnior confirmou a busca por reforços para o elenco, mas evitou entrar em detalhes sobre possíveis nomes. "O América está conversando com vários jogadores. Na hora certa, vamos apresentar", destacou, sinalizando que as negociações são conduzidas por Ricardo Drubscky. A reportagem tentou contato com o diretor de futebol, mas não teve sucesso.

Opções para o setor ofensivo

Atualmente, o elenco alviverde conta com seis atacantes: Hugo Almeida - artilheiro do clube na temporada, com quatro gols -, Felipe Amorim, Marion e os pratas da casa Rubens, Mike e Pilar.

100% de rivalidade, zero diálogo

Vinícius Dias

Dias antes de a bola rolar, como de costume, a final do Campeonato Mineiro já começou nos bastidores. Das entrevistas coletivas às salas de reuniões, passando pelas redes sociais, a rivalidade acirrada transforma perguntas e respostas em embates que vão do nada a lugar nenhum. Embora a proposta de clássicos com duas torcidas em proporções iguais seja ótima, remetendo ao imaginário das cidades paradoxalmente divididas por futebol e unidas em torno de uma partida, a recusa faz parte. E é fundamental dar espaço ao debate sobre direitos nesse cenário.


Preterir o Mineirão e se rejeitar a dividir os assentos com o clube visitante é um direito do Atlético. Como, a princípio, o Cruzeiro tem direito a 10% da carga onde quer que seja disputado o segundo jogo. Ultrapassando o desacerto entre as diretorias, o argumento para a torcida única é a falta de segurança, ainda que o histórico aponte a Arena Independência como palco de 20 partidas de Libertadores - incluindo uma semifinal com torcedores do Newell's Old Boys nas arquibancadas - e de grandes duelos válidos por Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro.

Mineirão dividido: jogo da Primeira Liga
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Pensar em segurança, um direito dos cidadãos, é pensar no estádio de futebol como ponto de chegada antes de a bola rolar e como ponto de partida depois do apito final. Relembrando a análise publicada em 18 de fevereiro - antes de os clubes cariocas se unirem e vencerem a batalha por duas torcidas em seus clássicos -, a caneta que tem o poder de afastar do estádio até o torcedor de bem do time visitante não impede que o malfeitor aja. Seja no metrô, nas ruas ou nos ônibus.

Hoje, a pauta é a proporção dos ingressos na partida de volta.
Mas a decisão começa com 100% de rivalidade e zero diálogo.

No balanço, clube alviverde registrou superávit pela primeira vez
na década; verba de transmissão e imagem superou R$ 46 milhões

Vinícius Dias

Dentro de campo, o América foi da euforia pela conquista do Campeonato Mineiro depois de 15 anos à decepção com o rebaixamento à Série B. Fora dele, no entanto, 2016 foi uma temporada marcada por números positivos. Impulsionado pelas receitas de transmissão e imagem, o clube teve faturamento recorde e, pela primeira vez na década, encerrou o exercício com superávit: R$ 9,5 milhões. O bom momento financeiro vivido pelo alviverde resultou na diminuição das dívidas.


De acordo com números apresentados ao Blog Toque Di Letra pelo Conselho de Administração - considerando os itens credores internos - partes relacionadas e empréstimos e financiamentos -, as dívidas foram reduzidas em quase 49,7% na comparação com 2015. O percentual equivale a cerca de R$ 17,3 milhões: no balanço financeiro de 2016, a soma caiu de R$ 34,8 milhões para R$ 17,5 milhões.

Balanço foi aprovado na segunda-feira
(Créditos: América FC/Twitter/Divulgação)

"A redução do endividamento projeta mais recursos para o futebol em médio prazo e permite a disponibilização de linhas de crédito para investimentos futuros, como o Planeta América, no qual o clube aportou R$ 3,5 milhões em 2016, adquirindo mais uma área anexa ao CT Lanna Drummond", analisa Glauco Xavier, cientista contábil e membro do Conselho de Administração. "A redução nos empréstimos correspondeu quase à totalidade das despesas administrativas, tributárias e financeiras no ano", completa.

Receitas e despesas em 2016

Na comparação com 2015, o balanço financeiro aprovado na última segunda-feira apontou crescimento de quase 103% na receita bruta do América, concluindo 2016 em R$ 59,5 milhões. As quatro principais fontes foram transmissão e imagem - R$ 46 milhões -; patrocínios, publicidade, luva e marketing - R$ 4,2 milhões -; bilheteria - R$ 2,4 milhões -; e transferências de atletas - R$ 1,6 milhão.

(Créditos: América FC/Reprodução)

Os custos operacionais do clube também tiveram crescimento: 65%, totalizando R$ 31,9 milhões. A conta inclui valores desembolsados com salários de atletas e comissão técnica, direitos de imagem, premiações, entre outros. Em relatório, a administração detalhou que 93% do total foi gasto com o futebol profissional, 6% com a base e 1% com o futebol feminino, campeão mineiro em 2016.

Líder e vice-líder do grupo C, respectivamente, Cruzeiro e Atlético
podem se reencontrar nas quartas de final; duelo teria mando azul

Vinícius Dias

O último classificado aos mata-matas da Copa da Primeira Liga será definido nesta quarta-feira, na partida entre Fluminense e Brasil de Pelotas, em Los Larios. O vencedor será o segundo representante do grupo A, ao lado do Internacional, que tem a primeira colocação garantida. Nos outros grupos, as situações já estão definidas: avançaram os líderes Flamengo, Cruzeiro e Londrina, além dos vice-líderes Grêmio, Atlético/MG e Paraná.


Curiosamente, os rivais mineiros podem voltar a se enfrentar nas quartas de final, agendadas para os dias 29 e 30 de agosto. Em jogo válido pela 1ª rodada do grupo C, em fevereiro, a Raposa venceu o Galo por 1 a 0. Na próxima fase, o regulamento prevê cruzamentos entre primeiros e segundos colocados. Os confrontos, em partida única, serão definidos por sorteio e disputados com mando da equipe de melhor campanha.

Rivais duelaram na 1ª fase do torneio
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Com possibilidade de clássicos estendida a gaúchos, paranaenses e cariocas, caso o Fluminense se classifique, a reta final da Copa da Primeira Liga também terá repercussão financeira. Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, cada um dos classificados às quartas de final receberá premiação de cerca de R$ 200 mil. O campeão, além dos valores embolsados na primeira fase, acumulará quase R$ 3 milhões nos mata-matas.

Convocações e novas inscrições

Com partidas entre agosto e outubro, aproveitando as pausas no calendário para Eliminatórias, a reta final da competição deve ser marcada por desfalques em razão de convocações para seleções. Por outro lado, os clubes poderão inscrever atletas em qualquer fase - a data limite definida no regulamento o último dia útil antes da decisão, ou seja, 06 de outubro -, sendo permitidas transferências entre os participantes.

Futebol em forma de espetáculo

Vinícius Dias

De um lado, Bale, Benzema e Cristiano Ronaldo. Do outro, Messi e Luis Suárez - suspenso, Neymar foi desfalque. De todos, a expectativa de um grande clássico, confirmada em campo pelos comandados de Zidane e Luis Enrique. Com muita intensidade, Real Madrid e Barcelona fizeram o melhor jogo do ano, decidido apenas no minuto final, quando Messi concretizou o último ato de seu show particular e colocou o time blaugrana na liderança do Campeonato Espanhol, a cinco rodadas do fim.


Diante de um Santiago Bernabéu lotado, o Real Madrid começou melhor, pressionando a saída de bola e buscando a definição rápida no campo de ataque. O Barcelona usava a posse de bola como arma para frear o ímpeto merengue. Casemiro abriu o placar aos 28', após jogada iniciada por Marcelo. O Barcelona, que crescia à medida que Messi aparecia, chegou ao empate cinco minutos depois: troca de passes pela direita e bola para o argentino, que superou dois defensores antes de finalizar.

Vitória no clássico e festa no vestiário
(Créditos: Carles Aleñá/Instagram/Reprodução)

A etapa final foi ainda mais movimentada: grandes defesas de Navas e Ter Stegen, emoção até o apito final. Em belíssima finalização, Rakitic decretou a virada aos 28 minutos, três antes da expulsão de Sérgio Ramos. Piqué teve grande chance para marcar o terceiro, perdeu e viu o Real Madrid, mesmo sem o capitão, chegar ao empate aos 40': cruzamento de Marcelo e gol de James. Ainda faltava Messi: sete contra cinco no contra-ataque, assistência de Jordi Alba e gol no minuto final.

Cinco gols, várias alternativas e placar aberto até o minuto final.
A Espanha teve mais um dia de futebol em forma de espetáculo.

O trunfo do América e a missão da URT

Vinícius Dias

No Mineirão, o Atlético abriu o placar com Rafael Moura, teve várias chances, desperdiçou e viu Marques empatar para a URT. Na Arena Independência, Messias colocou o América em vantagem, mas Thiago Neves marcou para o Cruzeiro logo depois. Os empates por 1 a 1 mantiveram a vantagem de Atlético e Cruzeiro, mas também os sonhos de URT e América, que terão 90 minutos para transformá-los em realidade neste domingo.


Atual campeão, o Coelho entrará em campo no Mineirão com o objetivo de dar mais um passo na busca pelo bi. Se o campo aponta que o time de Enderson Moreira ainda tem lacunas, o retrospecto serve como trunfo: desde 2004, quando o estadual passou a contar com primeira fase seguida de mata-mata, o América chegou à decisão duas vezes - em 2012 e 2016 -, superando justamente o Cruzeiro nas semifinais.

América e URT lutam por vaga na decisão
(Créditos: Carlos Cruz/América FC/URT/Divulgação)

Na Arena Independência, a missão da URT é, acima de tudo, reescrever a história: no atual formato do Campeonato Mineiro, o Atlético jamais foi eliminado por uma equipe do interior nas semifinais. Prestes a completar 78 anos, o Trovão Azul sonha em disputar a final pela primeira vez. A incógnita para o bom time comandado por Rodrigo Santana é como aliar a necessidade de vencer à de dar menos chances ao adversário.

Desde 2004, Atlético e Cruzeiro duelaram em sete das 13 decisões estaduais. No período, não houve nenhuma disputa de título sem a presença de pelo menos um deles. Em 2017, a história passa por América e URT.

Depois de seis exercícios deficitários, Cruzeiro prevê superávit neste
ano; receita bruta com futebol profissional é orçada em R$ 381,9 mi

Vinícius Dias

Depois de seis exercícios deficitários, o Cruzeiro prevê fechar 2017 com superávit de R$ 28,7 milhões. O orçamento para esta temporada foi apresentado aos membros do Conselho do clube na noite da última segunda-feira, em reunião que marcou a aprovação do balanço financeiro de 2016. Conforme o Blog Toque Di Letra antecipou, a receita operacional bruta com o futebol profissional foi orçada em R$ 381,9 milhões, projetando os repasses referentes a direitos econômicos e federativos de atletas por cessões, vendas e empréstimos como principal fonte: R$ 125 milhões.


A alta expectativa de arrecadação com negociações até o fim de 2017 foi assunto nos bastidores da reunião entre conselheiros. Um dos nomes mais citados foi o de Arrascaeta: no dia, circulou a informação de que o Cruzeiro recusou, na última janela, uma oferta de cerca de € 15 milhões do mercado europeu pelo jogador. O diretor de comunicação Guilherme Mendes ressaltou que o clube tem recebido propostas pelo camisa 10 constantemente, mas evitou dar detalhes, procedimento de praxe da diretoria celeste em relação a negociações não efetivadas.

Arrascaeta: alvo do futebol europeu
(Créditos: Washington Alves/Cruzeiro)

De acordo com dados registrados no último balanço tendo o dia 31 de dezembro de 2016 como referência, o Cruzeiro detém fatia minoritária dos direitos econômicos de Arrascaeta: 30%. Entre os principais nomes do elenco, apenas quatro estão 100% ligados ao clube celeste: Fábio, Rafael, Ariel Cabral e Rafael Sóbis. No caso de Dedé, por exemplo, sequer há participação nos direitos econômicos - no entanto, a Raposa tem direito a um percentual em eventual venda, situação antecipada em 2015.

Time em busca de títulos no ano

Sem comentar números, o departamento de futebol se posicionou sobre o planejamento dos trabalhos até o fim da temporada. "O Cruzeiro buscará cumprir as metas estabelecidas pela área financeira com responsabilidade e a seriedade que sempre marcaram a nossa conduta, mas também mantendo como prioridade a competitividade que nossos times precisam manter para alcançar todos os títulos que disputamos", destacou, nesta quinta-feira, por meio do departamento de comunicação.

Diretoria assegura equipe competitiva
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Em relação a despesas com o futebol profissional, o orçamento prevê, entre outras, custo de R$ 58 milhões com operações de venda e aquisição de atletas. Conforme apurou a reportagem, logo abaixo dos repasses referentes a direitos de atletas, as principais fontes de receitas projetadas são: direitos de transmissão - R$ 100,9 milhões -, luvas - R$ 64 milhões -, patrocínio e marketing - R$ 27,7 milhões. A expectativa quanto a programa de sócios e bilheteria, somados, é de R$ 41,6 milhões.

Uma quarta-feira, nove verdades

Vinícius Dias

1) Derrotado pelo São Paulo, no Mineirão, por 2 a 1, o Cruzeiro perdeu a invencibilidade em 2017, mas garantiu vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil. Desde 1993, foi o sexto mata-mata em que a Raposa eliminou o tricolor. O time paulista levou a melhor apenas duas vezes.

2) Autor do segundo gol na vitória por 2 a 0, na ida, Hudson também teve papel decisivo no jogo dessa quarta-feira, que selou a classificação do Cruzeiro. Emprestado à Raposa pelo São Paulo, o volante liderou o quesito desarmes: segundo o Footstats, foram sete intervenções.

3) Em sete dias, Thiago Neves teve tês atuações decisivas com a camisa celeste. Nos duelos com o São Paulo, o meia somou um gol, uma assistência e a cobrança da falta que originou o gol contra de Pratto. O camisa 30 também balançou as redes no clássico contra o América.

4) Embora tenha sido eliminado, o São Paulo fez jus à proposta de Rogério Ceni e teve mais posse de bola no Morumbi e no Mineirão. O grande trunfo do Cruzeiro no jogo de ida, que garantiu a vantagem, foi não deixar o tricolor transformar o domínio das estatísticas em gols.

Thiago Neves marcou o gol celeste
(Créditos: Washington Alves/Cruzeiro)

5) Em noite pouco inspirada, o Atlético perdeu para o Libertad, por 1 a 0, em Assunção. A partida foi a nona como visitante contra equipes paraguaias. O retrospecto indica uma vitória, quatro empates e quatro derrotas. Em BH, são quatro vitórias e cinco empates em nove jogos.

6) O resultado no estádio Nicolás Leoz marcou o sexto tropeço alvinegro em dez jogos como visitante nesta temporada. Como mandante, o Atlético tem oito partidas e 100% de aproveitamento. Fora de casa, o time conquistou 46,7% dos pontos disputados.

7) Goleador da Copa Libertadores, Fred deixou o campo sem balançar as redes nessa quarta-feira. Foi apenas a quarta vez neste ano em que o atacante passou em branco. Com 16 tentos em 14 partidas, o camisa 9 lidera a artilharia entre os jogadores da Série A.

8) Mesmo derrotado, o Atlético não abriu mão de uma de suas principais características: a posse de bola. Na era Roger Machado, a equipe foi superada no quesito apenas uma vez: contra o Tombense, em jogo pela 2ª rodada do Campeonato Mineiro. 

Fred passou em branco em Assunção
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

9) Até o fim de maio, Atlético e Cruzeiro podem se enfrentar mais quatro vezes. Isso acontecerá se ambos se classificarem à decisão do estadual e, nesta quinta-feira, o sorteio colocá-los como adversários nas oitavas de final da Copa do Brasil - o Galo está no pote 1, a Raposa no 2.

A força do Cruzeiro e as lições do passado

Alexandre Oliveira*

O torcedor celeste que sonhou com um chocolate para cima do Coelho nesse domingo de Páscoa pode começar a semana tranquilo - apesar do empate. O verdadeiro chocolate já tinha vindo na quinta-feira, naquele 2 a 0 para cima do São Paulo, em pleno Morumbi. O resultado, em confronto válido pela quarta fase da Copa do Brasil e que, fisicamente, exigiu bastante do time, pode ser considerado uma verdadeira goleada.


Contra o América, Mano Menezes colocou em campo muitos dos jogadores que atuaram no meio de semana. Talvez por isso o time tenha sentido o desgaste físico do jogo contra o tricolor. É claro que é preciso manter o ritmo e a vontade em ambas as competições, mas um jogo contra o São Paulo, rival de tantas decisões ao longo da história, acaba exigindo um esforço físico e mental muito maior. Não só por se tratar de uma competição mais importante, mas também por ser um grande concorrente direto em todas as competições que a Raposa disputa.

No Morumbi, equipe celeste abriu 2 a 0
(Créditos: Marcello Zambrana/Light Press/Cruzeiro)

O torcedor estrelado vive lua de mel com a equipe, mas é preciso permanecer alerta e vigilante, já que abril é um mês de decisões que vão definir os caminhos e os objetivos do clube no segundo semestre. Que os erros de um passado nem tão distante sirvam de sobreaviso para o experiente time de Mano. No último ano, por exemplo, o Cruzeiro foi eliminado pelo América nas semifinais do estadual. A equipe, claramente, vivia um momento bem distinto do atual, mesmo assim é preciso manter o foco se pretende voltar a disputar a decisão.

Da euforia à decepção em 2015

Os primeiros 90 minutos do confronto entre São Paulo e Cruzeiro me fizeram recordar o embate contra o River Plate, na Libertadores de 2015. Naquela oportunidade, Marquinhos decretou a vitória celeste, em pleno Monumental de Nuñez, por 1 a 0. O resultado também foi considerado uma goleada, levando em conta a dificuldade de se enfrentar uma equipe como o River e a grande pressão da torcida argentina em Buenos Aires.

Marquinhos: herói ante o River em 2015
(Créditos: Anibal Greco/Light Press/Cruzeiro)

No entanto, na partida de volta, vimos um Cruzeiro apático, que se deixou levar por uma equipe que se tornaria a campeã da América naquela temporada. Na época, o resultado desastroso - 3 a 0 para os Millionarios, no Mineirão - custou o cargo do treinador Marcelo Oliveira, que acabou sendo demitido dias depois.

Que sirva de lição e que os comandados de Mano estejam preparados para fazer desse mês de abril um mês celeste. Agora, mais do que nunca, as vitórias e os bons resultados passam a ser prioridade. Não há mais espaço para erros no Cruzeiro. É preciso colocar o coração na ponta da chuteira a cada dividida e trabalhar duro para, depois, colher os frutos em meio a conquistas e classificações.

*Jornalista. Jogador no fim de semana, torcedor todo dia.
Titular do pagode e camisa 12 da seção Fala, Cruzeirense!

Balanço de 2016 apontou déficit de 29,3 milhões, com queda de 34%
nas receitas; para 2017, expectativa do clube celeste é de superávit

Vinícius Dias

Em reunião nessa segunda-feira, o Conselho Deliberativo do Cruzeiro aprovou o balanço financeiro referente à temporada passada. A prestação de contas apontou déficit de R$ 29,3 milhões no exercício, cenário antecipado no último domingo. Na comparação com 2015, as receitas operacionais do clube celeste apresentaram uma queda superior a 34%, fechando o ano de 2016 em R$ 238,3 milhões. O Blog Toque Di Letra revela números do balanço, que deve ser divulgado oficialmente ainda neste mês.


A variação negativa foi puxada pela queda nas receitas com direitos e econômicos e cessões temporárias - totalizaram R$ 28,4 milhões, valor quase cinco vezes menor do que o do exercício anterior - e na arrecadação com bilheterias e premiação - fecharam em R$ 31,3 milhões, apenas 72% do alcançado em 2015. De acordo com as demonstrações aprovadas pelo Conselho Deliberativo, publicidades de transmissões de TV representaram a principal fonte de renda em 2016: R$ 130,9 milhões.

Em 2016, clube teve queda nas receitas
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Na comparação com 2015, os custos com atividade desportiva profissional caíram mais de 36%, fechando em R$ 193 milhões. Os itens gastos com futebol - queda de quase 90%, totalizando R$ 10,2 milhões - e gastos com pessoal - atingiram R$ 149,2 milhões, valor 16% menor - apresentaram as maiores variações.

Em relatório assinado pelo presidente Gilvan de Pinho Tavares, a diretoria justifica as dificuldades de caixa enumerando ausência de recursos gerados pela participação em competições internacionais, não venda de jogadores, desclassificação nas semifinais da Copa do Brasil e queda de receita com bilheteria e sócios de futebol.

Previsão de superávit em 2017

Conforme a reportagem apurou, também nessa segunda-feira, o clube apresentou aos conselheiros o orçamento para 2017. A expectativa é de superávit de R$ 28,7 milhões. Na projeção de receita operacional bruta de R$ 381,9 milhões com o futebol profissional, as principais fontes citadas são direitos de transmissão - R$ 100,9 milhões - e repasses referentes a direitos econômicos ou federativos - R$ 125 milhões. O custo com aquisições de atletas foi orçado em R$ 58 milhões.

Proposta x entrega: debate no Atlético

Vinícius Dias

Na última quinta-feira, o Atlético perdia até os 26 minutos da etapa final, quando Fred desviou a finalização de Rafael Carioca e balançou as redes de Carlos Arias. O camisa 9 ainda teve tempo para marcar mais três vezes e transformar o confronto contra o Sport Boys - limitado, mas bem organizado em campo e até superior em alguns momentos - em goleada. Os pedidos de raça ouvidos quando o alvinegro estava em desvantagem, mas já guerreava mais do que procurava alternativas, deram lugar à comemoração após a virada na Arena Independência.


Nesse domingo, o Atlético abriu o marcador logo aos 21 minutos, mas, em meio a várias oportunidades desperdiçadas, viu a URT chegar ao empate aos 4' do segundo tempo. A ausência de Fred tende a reforçar o debate sobre a existência de duas versões do time: uma que tem o camisa 9 e funciona, outra que não venceu nenhuma partida sem ele neste ano. Pesando resultados e desempenho, no entanto, o que se vê é a distância entre os conceitos de Roger Machado e o que o time executa. Com ou sem o artilheiro da temporada entre os jogadores da Série A.

Atlético: 1 a 1 com a URT no Mineirão
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

A marcação, que o atual treinador tenta sistematizar, diferentemente dos antecessores, ainda apresenta falhas. A construção ofensiva baseada em triangulações, marca dos tempos de Grêmio, continua esbarrando na falta de aproximação e nas tentativas de solução rápida a partir de cruzamentos, comuns nos últimos anos. Entre quinta-feira e domingo, foram 73 contra 33 dos adversários, com índice de erro superior a 70%, segundo o Footstats. É natural esperar que os investimentos tenham retorno, mas é fundamental que a análise ultrapasse os resultados.

Presente, Fred resolve, mas o Atlético é o mesmo das ausências:
Um time que ainda entrega pouco do que o comandante propõe.