Alisson Millo*
Mais
uma crônica. Mais uma corneta. Eu juro que gostaria de abrir esse texto
comemorando um título, uma grande vitória, falando da boa fase do time. Mas a
verdade é que o Atlético, em 2017, passou longe das alegrias de tempos
recentes, mas que, olhando o cenário atual, parecem tão distantes.
A
agrura da vez é o revés diante do Vitória, que chegou ao Horto no Z4. Até o bom
samaritano Atlético aparecer e, de muito bom grado, ceder três pontos. Por
sinal, o Leão da Boa Terra conquistou dois triunfos contra o Galo neste
Brasileirão, jogando melhor em ambos, mesmo com um time inferior e com vários
dispensados pelos mineiros. Fato é que, dentro de casa, o papelão anda sendo enorme,
também deixando pontos importantes para Bahia, Sport e Vasco.
Três clubes que estão brigando, junto com o Atlético, vale ressaltar, na
parte de baixo da tabela.
Atlético faz campanha ruim em casa (Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG) |
Mas
tudo certo. O problema era Roger Machado. Ele se foi, vieram Rogério Micale,
46% de aproveitamento e duas eliminações. Claro que futebol não é apenas
números e, friamente, a maioria das vitórias do antecessor veio no estadual e
na fase de grupos da Libertadores. Mas a culpa, de fato, era só dele? Micale
não convenceu e foi praticamente demitido pela própria torcida no último jogo.
Para vir Oswaldo de Oliveira? Voltando às porcentagens, ele conquistou menos de
36% dos pontos por Sport e Corinthians em 2016. E estava no mercado quando
Micale foi contratado. Se é o mais indicado, por que não veio antes? Ajude-me a
te ajudar, Nepomuceno.
Lição vinda do eterno presidente
Uma
coisa que Alexandre Kalil aprendeu a duras penas é que times não são feitos de
nomes. Depois que Diego Souza - camisa 1 por ser a grande contratação, lembram?
-, Daniel Carvalho, André e mais alguns que evito tentar recordar deram
muito errado, o eterno presidente mudou os rumos. Ouvindo os conselhos de
Eduardo Maluf, a barca deu lugar às contratações pontuais, pratas da casa
ganharam espaço e o Atlético foi para frente. Hoje, a impressão é de que
Nepomuceno vive os mesmos erros de Kalil, mas sem ter Maluf para aconselhá-lo.
Oswaldo de Oliveira e a nova comissão (Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG) |
Estão
aí várias estrelas que, juntas, não formaram uma constelação e que têm o brilho
bem fosco, quase apagado. Marcos Rocha longe dos seus melhores momentos; Elias
vive de lampejos alternando entre volante e meia, sem posição definida nem bom
futebol; Robinho não é nem sombra do que foi ano passado; Fred já nem deve se
lembrar da última vez que marcou um gol. Os nomes que eram para resolver sequer têm sido bons coadjuvantes. Cazares, o craque do time, aquele que usa a
camisa 10 que já foi de Ronaldinho, jogador de seleção, pouco cria e, mesmo
longe de polêmicas, não consegue ser o cara. Muito investimento e pouco
futebol.
Gostaria
de falar que já era para planejar 2018 para que o fiasco não se repita, mas
ainda não. Falta evitar o fiasco maior. O fantasma do rebaixamento está bem
perto e o cuidado tem que ser mais do que redobrado. Fantasma não bate à porta. Ele atravessa e pega quem tiver menos atento. A luta contra o Z4 está
acirrada, e o sonho da Libertadores no ano que vem parece sonho mesmo por ora.
Se for para salvar a temporada, vença a Copa da Primeira Liga, que é muito
palpável. Se não for para salvar, pelo menos não chute o balde e estrague tudo.
Se não for pedir muito, claro.
*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
Goleiro titular e atual capitão da seção Fala, Atleticano!