Scuro e o projeto do Cruzeiro

Vinícius Dias

Na manhã de sexta-feira, o Red Bull Brasil postou nota em seu site oficial afirmando que havia perdido um craque, que daria asas à Série A. Alguns minutos depois, o vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Bruno Vicintin, deu as boas vindas a Thiago Scuro. A escolha do novo diretor de futebol, apresentado há pouco na Toca II, foi um acerto celeste em um ano de erros. Menos pelo jogo de palavras, mais pelo projeto que representa: a gestão empresarial do futebol.


"O Cruzeiro é uma das maiores empresas de Minas. A parte administrativa do clube tem de ser profissional. Esse é o futuro do futebol". Foram as palavras de Vicintin, ao Blog, na véspera do anúncio. Em outros termos, significaria a retomada do modelo de exportação, projetando superávit - registrado pela última vez em 2010? "Cada empresa tem o seu objetivo principal. Nem todas têm como objetivo maior o lucro. O do Cruzeiro é ganhar títulos", respondeu o vice de futebol.

Gilvan na apresentação de Scuro
(Créditos: Washington Alves/Light Press)

Quando Isaías Tinoco foi anunciado, em julho, havia um cargo vago e a intenção de ocupá-lo. Agora, há mais: uma proposta a ser colocada em prática. Os planos passam por maximizar os resultados da base, formar atletas para aproveitar, não para negociar, e por iniciativa criteriosa no mercado. Scuro chega a BH com a marca de projetos bem sucedidos em longo prazo, resultados na base, domínio de cinco idiomas e disposto a aproveitar a grande chance.

Se o Red Bull lamenta a saída, a Raposa comemora a chegada.
Em um mercado carente de ideias, Thiago Scuro é boa aposta.

Kalil e o recado da Sul-Minas-Rio

Vinícius Dias

Na segunda quinzena de maio, o tom nos bastidores do futebol brasileiro era de ruptura. Os principais campeonatos estaduais haviam terminado há menos de duas semanas, e as cúpulas de Flamengo, Fluminense, Coritiba, Atlético/PR e Cruzeiro mostravam-se descontentes. Publiquei que entre a divergência política e a ruptura definitiva havia um longo caminho. E mais: que o retorno da Copa Sul-Minas ao calendário era uma alternativa muito bem vista pelos dirigentes.


Após quatro meses, com Atlético/MG, Grêmio e Internacional, o grito por mudanças fica cada vez mais forte. No grupo, incluindo os catarinenses, estão 12 dos 20 clubes da Série A. Com união entre os clubes e futebol feito por - e para - eles, o caminho parece mais curto. Com a certeza de que o torneio é comercialmente viável, a discussão, por ora, é política. Há planos de diálogo com a CBF, mas quase consenso de que, a despeito do resultado, o torneio sairá do papel.

Kalil: novo CEO da Liga Sul-Minas-Rio
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Nesse cenário, a escolha do arrojado Alexandre Kalil para o posto de CEO da Liga Sul-Minas-Rio soa, a princípio, como decisão acertada. Menos do ponto de vista da gestão - por seu perfil centralizador e pouco adepto ao marketing, por exemplo -, mais sob a ótica da implantação da Liga, o que sugere prazo de validade. A expectativa é de que, a exemplo da postura nos dois mandatos à frente do Atlético, o dirigente 'compre a briga'. No caso, em prol da Liga.

A nomeação de Alexandre Kalil foi um recado claro dos clubes.
A barreira política é, hoje, o principal desafio. E haverá guerra.

Cruzeiro: gigante pelo próprio povo!

Alexandre Oliveira

De quatro em quatro anos, o povo vai às urnas para escolher um novo presidente. Seja bom ou ruim, o candidato que tiver mais votos vence a eleição e assume o cargo. Traduzindo: o povo decide, o povo escolhe e o povo manda no país.


Incorporando essa lógica ao mundo da bola, consideramos como 'time do povo' aquele que detém a maior parcela do apoio desse povo. E você já deve saber de que estou falando. Isso mesmo, do time que foi campeão brasileiro nas últimas duas temporadas, com sobras, mas, em 2015, tem decepcionado em campo.

Torcida celeste festeja no Mineirão
(Créditos: Fred Magno/Light Press)

Porém, podemos dizer que essa maré ruim confirma, por linhas tortas, o porquê de o Cruzeiro ser considerado o time do povo. Os números e o apoio dos torcedores nas arquibancadas, no presente e no passado, não me deixam mentir.

Clássico das torcidas: a pesquisa Pluri Stochos, de 2013, uma das mais abrangentes divulgadas recentemente, apontou o Cruzeiro como clube da preferência de 3,8% dos brasileiros, em sexto lugar. O Atlético figurou na nona posição, com 2,6%. A vantagem azul é superior à margem de erro, fixada em 0,68%. No Sudeste, a superioridade é mais expressiva: quarto mais popular, o Cruzeiro tem 8,5% da preferência, contra 5,6% do rival, que é o sexto colocado.

Multidão comemora o tri na Praça Sete
(Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

Mais uma vitória do celeste sobre o rival fora de campo.

Média campeã: a Raposa teve a melhor média de público da Série A em 2013 - 28.911 pagantes por partida - e na temporada passada - 29.678 pagantes por partida.

Nos gramados, a equipe celeste voou baixo nos últimos dois anos. Nas arquibancadas, a torcida acompanhou o ritmo do time e, mesmo em um contexto de baixa ocupação dos principais estádios brasileiros, acumulou recordes. E títulos.

Recordes em casa: quatro dos cinco maiores públicos da 'era Mineirão' foram registrados em jogos de mando do Cruzeiro.

Mundial de 1976: 113 mil no Mineirão
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Arquivo)

22/06/1997 - Cruzeiro 1x0 Villa Nova - Mineiro - 132.834 pessoas
04/05/1969 - Cruzeiro 1x0 Atlético - Mineiro - 123.351 pessoas
09/10/1977 - Cruzeiro 3x1 Atlético - Mineiro - 122.534 pessoas
21/12/1976 - Cruzeiro 0x0 Bayern - Mundial - 113.715 pessoas

Dirão que, após a reforma, o Mineirão teve a capacidade diminuída e, por isso, os rivais não terão a chance de bater os recordes celestes. Simples: por que não bateram entre 1997 e 2010?

Novo Mineirão: o Cruzeiro é dono dos dois maiores públicos registrados em jogos entre clubes após a reforma do estádio.

Festa pelo tetra nacional em 2014
(Créditos: Gualter Naves/Light Press)

10/11/2013 - Cruzeiro 3x0 Grêmio - Brasileiro - 56.864 pagantes
23/11/2014 - Cruzeiro 2x1 Goiás - Brasileiro - 56.769 pagantes

Mesmo sem o sonhado tri da Libertadores, o Cruzeiro conseguiu lotar o novo Mineirão. Em 2013, o jogo contra o Grêmio foi uma verdadeira final para o time de Marcelo Oliveira. Em 2014, o duelo com o Goiás coroou a brilhante campanha da equipe azul.

Nas boas... e nas más: apesar da instabilidade na temporada, a Raposa tem a sexta melhor média de público do Brasil, considerando equipes das Séries A, B e C: mais de 21 mil pagantes por jogo.

Apoio mesmo em momentos difíceis
(Créditos: Fred Magno/Light Press)

Talvez esse seja o dado que mais reforce a alcunha de time do povo. A campanha celeste é uma das piores do clube na era dos pontos corridos, mas, ainda assim, o torcedor tem comparecido ao Mineirão. Os números contrariam a afirmação feita por Luxemburgo - deixou a Toca com 36,8% de aproveitamento - de que a torcida celeste apoia apenas quando o time "está voando".

A ascensão de Bruno Vicintin ao posto de vice de futebol renovou o elo entre diretoria e China Azul - o que se refletiu em média de quase 35 mil nos três últimos duelos. Espero que o clube mantenha a parceria com o torcedor e o atraia ao Gigante da Pampulha para apoiar a equipe. Afinal, a voz do povo é a voz de Deus, diz o ditado. E o time do povo tem a cor azul, assim como o céu de BH.

Treze é Galo! E quatro também...

Alisson Millo

Quatro. Guardem bem esse número, que é chave do texto. Tudo começou em 2014, com uma virada histórica diante do Corinthians, por 4 a 1, que marcou a ida à semifinal da Copa do Brasil. Pela frente, o Flamengo, que venceu o duelo de ida por 2 a 0, e, na volta, ainda abriu o placar. Restava ao Atlético marcar quatro gols. Em grande noite de Dátolo, o Galo virou, fazendo o raio cair duas vezes no mesmo lugar.


Duas semanas depois daquele triunfo, o adversário era o mesmo - desta vez, pelo Campeonato Brasileiro. E quis o destino que o raio caísse pela terceira vez: 4 a 0 para o alvinegro. No domingo passado, depois de dez meses, roteiro repetido e, novamente, o Flamengo caiu diante do Atlético. Outro 4 a 1, em novo jogo de gala de Dátolo, que participou dos quatro gols. O raio caiu, pois, pela quarta vez.

Atlético faz quatro gols: cena repetida
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Se, em 2014, o Galo conquistou o título da Copa do Brasil derrotando Corinthians e Flamengo, neste ano o foco é o Brasileirão. E a ordem se inverteu, mas o objetivo é o mesmo: ser campeão. E o possível - ainda distante, mas enfim - título seria o quarto de Levir Culpi em sua quarta passagem pelo clube. Talvez seja mera coincidência, mas como no futebol nem sempre o óbvio é óbvio, não custa acreditar. Aliás, o torcedor parece ter se recordado do verbo que tantas vezes embalou o time nos últimos dois anos. Acreditar!

É permitido sonhar

Em novembro, o Corinthians virá ao Horto para o confronto direto. Desta vez, não precisa fazer quatro, Galo. Aliás, o tradicional 'meio a zero' será suficiente para garantir que o Atlético se aproxime do atual líder. Porém, considerando que o raio vem caindo tantas vezes no mesmo lugar, não é demais sonhar com mais quatro gols.

Entre o presente e a eternidade

Vinícius Dias

Ronaldinho Gaúcho já havia encantado Porto Alegre e Paris e conquistado uma Copa do Mundo quando chegou ao Barcelona disposto a provar que era, sim, possível ir além. Com a camisa do time catalão, foi campeão da Liga dos Campeões, bi espanhol e da Supercopa da Espanha e duas vezes eleito o melhor do mundo. As 81 assistências e os 110 gols anotados em cinco temporadas fizeram do tempo mero detalhe. Em junho de 2008, ao deixar a Espanha, R10 já era eterno.


Um mês depois, desembarcou em Milão. A passagem de quase três anos e raros brilharecos antecedeu o retorno ao Brasil. No Flamengo, 16 meses, um título carioca e rescisão por meio de liminar. A pergunta, em junho de 2012, era se Ronaldinho ainda valia a pena. A resposta quase consensual era não. Único a dizer sim, Kalil foi também o único a acertar: 88 jogos, 28 gols, 32 assistências, peça-chave na conquista da Copa Libertadores, em 2013, com a camisa do Atlético.

Ronaldinho: a magia ficou no passado
(Créditos: Bruno Haddad/Fluminense F.C.)

Na temporada passada, menos participativo, o meia entrou em campo 18 vezes, anotou apenas dois gols e deu cinco assistências. O casamento se desfez, e o México foi seu ponto de parada, por quase um ano, antes do novo retorno à terra natal. R10, mais talento e menos atleta, confirma a curva descendente no Fluminense: sete exibições, nenhum gol, nenhuma assistência. No último jogo, há dois dias, 30 minutos em campo e raros toques na bola em Campinas.

Eterno, R10 continua a tratar o futebol como presente.
Mas, em campo, a magia e o brilho ficaram no passado.

Evolução, ainda que tardia!

Douglas Zimmer

Salve, China Azul!

O torcedor estrelado vive um mix de emoções. Desde que Mano Menezes assumiu o comando técnico, as esperanças de ver o Cruzeiro em situação melhor na tabela de classificação ressurgiram. No entanto, os resultados não têm vieram conforme o esperado. Nas duas últimas partidas, ambas como mandante, dois empates frustrantes que fizeram com que o time continuasse na 'zona da confusão'.


Contra o Atlético, o torcedor foi ao Mineirão e empurrou a equipe durante os 90 minutos, mas viu a vitória escapar entre os dedos no fim do jogo, com o gol de empate marcado pelo alvinegro e com o pênalti perdido por Willian. A atuação da equipe, apesar disso, havia sido razoavelmente boa, dando sinais de que, enfim, havia superado os momentos turbulentos de outrora.

Willian: protagonista do clássico
(Créditos: Fred Magno/Light Press)

Diante do Vasco, mesmo saindo atrás no placar, o time buscou a virada - cenário extremamente raro em 2015 - e se manteve em vantagem até os minutos finais da segunda etapa. O novo empate tardio foi um banho de água fria nas pretensões do time e da torcida. O sentimento que fica é de que basta um pouco mais de concentração para deixar, automaticamente, essa região incômoda. Será mesmo?

Confrontos diretos

De que o time vem jogando melhor, não tenho dúvidas. O tempo que foi perdido em tentativas desastrosas foi crucial para colocar o Cruzeiro no olho do furacão e o que resta é trabalhar para que, com a volta do bom futebol, os resultados acabem aparecendo e possamos planejar um 2016 melhor. E, para isso, o Cruzeiro sacode a poeira e vai até Santa Catarina neste domingo enfrentar a Chapecoense.

China Azul dá show nas arquibancadas
(Créditos: Washington Alves/Light Press)

O cruzeirense se vê na aflição por um resultado positivo, sabendo que o time aparenta estar mais coeso, apesar de ter conquistado somente dois dos últimos nove pontos disputados. Amanhã, a disputa será contra um rival direto. Aliás, a sequência que está por vir é de suma importância, já que depois do time de Chapecó, a Raposa recebe o Coritiba, que também quer se afastar da parte de baixo da tabela.

Especialista lista fatores que influenciam desempenho nos 15
últimos minutos; Corinthians lidera e Vasco é último na faixa

Vinícius Dias

No domingo, Carlos balançou as redes de Fábio aos 43' da etapa final e igualou o marcador do dérbi entre Cruzeiro e Atlético. Na quarta-feira, foi André quem anotou a um minuto do fim para empatar o confronto entre Joinville e Sport. Rodada a rodada, os clubes da Série A têm confirmado uma velha máxima: o jogo só acaba quando o juiz apita. De acordo com dados do Footstats, considerando que os duelos sejam divididos em seis intervalos de 15 minutos, a faixa iniciada aos 30' da etapa final é a mais decisiva: 134 gols, ou seja, 22,7% do total.


Mais do que fruto da sorte ou da falta dela, o desempenho nos minutos finais é resultado de, pelo menos, três quesitos: capacidades psicológica e de resistência e tempo de recuperação física. "Provavelmente, as equipes que conseguem evitar ou fazer esses gols têm atletas bem treinados no quesito resistência de velocidade. O atleta que tem essa capacidade bem desenvolvida consegue realizar as ações técnicas e táticas com eficiência, mesmo no final das partidas", explica Leandro do Carmo, especialista em treinamento esportivo, ao Blog Toque Di Letra.

Cristaldo: herói diante do Fluminense
(Créditos: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)

"Outro motivo, que, inclusive, temos estudado muito, está relacionado à capacidade psicológica. O jogador não tem de tentar para conseguir, mas tentar até conseguir. A mentalidade da equipe influencia o modo com os atletas agem", destaca, citando ainda o intervalo de recuperação entre os jogos. "Não há fórmula para se acelerar a recuperação. Então, quem tem um dia a mais de descanso, por exemplo, se recupera mais rápido e tem melhor desempenho no confronto seguinte. Esse detalhe é comprovado cientificamente. Não há discussão".

Liderança corintiana

Atual líder da competição, o Corinthians é o time com melhor desempenho nos 15 minutos finais. O clube paulista marcou nove gols e sofreu apenas dois, alcançando pontos decisivos nos últimos instantes. Curiosamente, o Vasco, que atualmente é o lanterna do torneio, tem o pior retrospecto. O gol anotado por Rafael Silva contra o Cruzeiro, na última quarta-feira, aos 35 minutos da etapa final, foi o terceiro. O cruzmaltino, por outro lado, sofreu dez e perdeu vários pontos.

Carlos fez gol decisivo no clássico
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Na disputa entre mineiros, o Atlético leva vantagem sobre o Cruzeiro. O time estrelado, que perdeu quatro pontos em razão de gols sofridos nos minutos finais nas duas últimas rodadas, é o sexto pior da Série A neste quesito: sofreu seis gols e marcou quatro, de acordo com o Footstats. O alvinegro é o quinto clube que melhor aproveita os 15 minutos finais dos jogos, com oito gols marcados e seis sofridos.

Melhores desempenhos:

1º) Corinthians - 9 gols pró / 2 gols contra / saldo: 7
2º) Grêmio - 10 gols pró / 5 gols contra / saldo: 5
3º) Sport Recife - 10 gols pró / 7 gols contra / saldo: 3
4º) Avaí - 11 gols pró / 9 gols contra / saldo: 2

Piores desempenhos:

17º) Joinville - 3 gols pró / 5 gols contra / saldo: -2
18º) Ponte Preta - 6 gols pró / 9 gols contra / saldo: -3
19º) Goiás - 6 gols pró / 12 gols contra / saldo: - 6
20º) Vasco - 3 gols pró / 10 gols contra / saldo: -7

A quarta-feira da decepção

Vinícius Dias

Depois do clássico de copo meio vazio no domingo passado, no Mineirão, Atlético e Cruzeiro voltaram a decepcionar no Campeonato Brasileiro. Os clubes não tiveram motivos para comemorar na noite dessa quarta-feira. Em quatro dias, apenas um ponto somado em seis disputados. Com os resultados, se não ficaram mais distantes, também não conseguiram se aproximar de seus objetivos.


O time alvinegro, que enfrentou o Santos na Vila Belmiro, não somente desperdiçou a oportunidade de encostar no líder Corinthians - derrotado pela primeira vez nas últimas 18 rodadas -, mas também saiu de campo goleado: 4 a 0. A pior derrota desde a chegada de Victor, camisa 1 que completou ontem 200 jogos pela equipe. Para piorar, Lucas Pratto, peça- chave em um a cada três gols, em média, continua mal. Nos últimos três jogos, apenas uma finalização certa e nenhum gol. 

Gabriel: nome do jogo na vitória santista
(Créditos: Ricardo Saibun/Flickr/Santos F.C.)

Do lado azul, empate com sabor de derrota em jogo cheio de alternativas contra o lanterna Vasco. Rafael Silva abriu o placar para o cruzmanltino, Willian e Alisson, com belos gols, viraram para a Raposa, mas Rafael Silva voltou a marcar no fim - contando com falha de Fábio. Em dois jogos, o Cruzeiro reuniu mais de 65 mil pessoas no Mineirão e evoluiu. Mais em campo, com Willian renascendo, do que na tabela. Com dois pontos em seis, segue próximo do temido Z4.

Em casa, Raposa empatou com lanterna
(Créditos: Washington Alves/Light Press)

Com a ajuda do rival Internacional - responsável pela quarta derrota do Corinthians no campeonato -, o grande vencedor da rodada, por ora, é o Grêmio. Entre os times do G4 que atuaram na noite de ontem, foi o único que saiu de campo com os três pontos.

Clássico de copo meio vazio

Vinícius Dias

O melhor clássico da temporada, com direito a show nas arquibancadas e emoção durante os 90 minutos, terminou com um ponto para cada lado e sensação de incerteza no Mineirão. Afinal, o copo com água até a metade acabou meio cheio? Ou meio vazio?


Para Willian, o copo que parecia cheio após o gol marcado aos 37 minutos da etapa inicial, se tornou meio vazio depois do pênalti desperdiçado nos acréscimos do segundo tempo. Roteiro oposto ao de Victor, que viu seu copo, inicialmente vazio em razão da falha no gol cruzeirense, meio cheio após defender o pênalti cobrado por Willian aos 46' da etapa final. Quase- vilão e quase-herói.

Victor e Willian: protagonistas do jogo
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Do lado azul, em duas semanas, Mano esboça a formação de um time, o que Luxemburgo não conseguiu em três meses. E o copo, cheio por se manter à frente do placar mesmo no 11 contra 10 por 40 minutos e mais desgastado que o adversário - o Cruzeiro jogou no Rio, na quinta, quase 24 horas depois de o Atlético atuar em BH -, pareceu meio vazio com as chances perdidas e o empate sofrido no fim.

Papéis invertidos

Do lado atleticano, o copo vazio pela apresentação abaixo da média, com direito a falha de Victor e a repertório pobre - 60% de posse de bola, na prática, significaram 36 bolas alçadas em direção à área do rival, enquanto Pratto, pouco acionado, deu um único chute a gol - se tornou meio cheio pelo ponto conquistado e por mais um pênalti defendido por Victor nos minutos finais da partida.

No calor do clássico, dúvida. Hoje, certeza de copo meio vazio.
O Galo ficou mais longe do líder. A Raposa segue perto do Z4.

Equilíbrio: a marca do clássico

Vinícius Dias

Com expectativa de ótimo público, Cruzeiro e Atlético entram em campo neste domingo, no Mineirão, para o último clássico da temporada. Será o 53º embate entre os rivais mineiros disputado no estádio na história do Campeonato Brasileiro. Marcado pelo equilíbrio, o retrospecto registra 18 vitórias atleticanas, 17 triunfos estrelados e 17 empates. Em número de gols, empate: cada uma das equipes balançou as redes do cinquentenário Gigante da Pampulha 64 vezes.

Cruzeiro e Atlético em campo no Mineirão
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

O estádio foi palco de clássicos válidos por 37 das 50 edições do torneio disputadas depois de sua inauguração. O primeiro confronto - válido pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, que, há cinco anos, foi oficializado como Campeonato Brasileiro - ocorreu em 05 de março de 1967. O triunfo do Cruzeiro, por 4 a 0, marca a maior goleada registrada nos 52 duelos. Na partida mais recente, disputada em setembro do ano passado, o Atlético levou a melhor: 3 a 2.

'DNA italiano' no Cruzeiro

A nomeação de Bruno Vicintin, ex-superintendente da base, para o cargo de vice de futebol do Cruzeiro foi recebida com entusiasmo pela bancada italiana do Conselho. Há cerca de 20 anos, o departamento de futebol do clube celeste, que ostentou a alcunha de Palestra Itália até 1942, não era comandado por um ítalo-brasileiro. O sobrenome Vicintin é resultante de uma adaptação do italiano Visentin, tradicional na região do Vêneto, que integra a porção nordeste da Itália.

Entre presente e passado

Em campo, o vice-líder Atlético vence e convence. Fora dele, Levir Culpi, tratado como peça-chave nas ascensões dos antes descartáveis Giovanni Augusto e Patric, é quase unanimidade. Apesar disso, o futuro do técnico alvinegro, que tem contrato com o clube até dezembro, está em aberto. Levir Culpi desperta o interesse de times japoneses. Enquanto isso, nos bastidores, o Atlético continua monitorando a situação de Cuca, hoje no Shandong Luneng, da China.

Uma disputa, três candidatos

Vinícius Dias

Na Arena Corinthians, cerca de 30 mil pagantes assistiram ao melhor jogo da noite dessa quarta-feira, que abriu a 24ª rodada do Brasileirão. De um lado, o sólido Corinthians, com o DNA vencedor do técnico Tite. Do outro, um Grêmio inovador, líder do campeonato no quesito tática e muito bem comandado por Roger. Em comum, além do futebol eficiente, os diversos desfalques: Marcelo Grohe, Erazo, Maicon e Luan, do lado tricolor; Fágner, Gil e Elias, do lado corintiano.


No duelo de xadrez, com o time da casa atacando pelo meio e o visitante pelas laterais, 1 a 1. Mesmo sem Elias, o Corinthians fechou a sequência Fluminense-Palmeiras-Grêmio com cinco pontos, contra um do turno - o pior desempenho da equipe em uma série de três jogos. Nas últimas 16 partidas, o time somou pelo menos um ponto. Do lado gaúcho, a chama acesa passa pelos confrontos diretos: sete pontos em nove nos embates com os paulistas e com o vice-líder Atlético.

Luan festeja gol na vitória do Atlético
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Atlético que, sem susto nem brilho, derrotou o Avaí e confirmou o bom momento: 12 pontos somados nas últimas cinco rodadas, contra 11 do Corinthians, nove do Grêmio. O destaque negativo foi o público do Horto: 10.388 pagantes, o pior do clube na competição. Menos pela produção da equipe em campo, mais pelos caminhos do discurso adotado nos últimos dias. Afinal, quantos consumidores planejam investir em um produto cuja legitimidade é colocada em xeque?

Em busca de um time

O Palmeiras, no papel, tem um dos melhores elencos do país. Na prática, chegou em setembro sem um time titular definido. Oswaldo de Oliveira foi demitido em junho com um aproveitamento de 62,4% - com o bônus do estadual. Marcelo Oliveira tem 50,9% atualmente. Depois de 25 reforços anunciados, restam várias dúvidas. Afinal, qual é a dupla de zaga titular? Qual é o papel de Cleiton Xavier na equipe? Qual é a real condição do tão badalado atacante Lucas Barrios?

Em entrevista ao Blog Toque Di Letra, vice de futebol celeste
antecipa perfil de reforços para 2016: 'Jogadores para resolver'

Vinícius Dias

Na tarde de segunda-feira, dia 31 de agosto, o celular de Bruno Vicintin toca. Do outro lado da linha, o presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, primeiro o comunica das demissões de Vanderlei Luxemburgo e Isaías Tinoco. Depois, o convida para a função de vice de futebol. E ouve um sim. "O ponto decisivo, e que não me fez nem pestanejar, foi que eu não poderia deixar o Cruzeiro no momento em que estava. Eu queria dar exemplo, mostrar que nem tudo estava perdido", afirmou o novo homem forte do futebol celeste.


Passada a agitação dos primeiros dias, cujo roteiro incluiu contratação de Mano Menezes; ida a Campinas, onde a Raposa encarou a Ponte Preta, na quarta-feira; e coletivas no CT estrelado, Vicintin concedeu uma entrevista exclusiva ao Blog Toque Di Letra na sexta-feira passada. Em pauta, o bicampeonato nacional, a instabilidade da equipe na atual temporada e os planos para a sequência. "Minha preocupação é plantar coisas boas agora para colher lá na frente", destacou.

Bruno Vicintin celebra o tri em 2013
(Créditos: Arquivo Pessoal/Bruno Vicintin)

Minutos após assumir a função, o novo vice de futebol teve a missão de apresentar Uillian Correia. 18º reforço desta temporada, o volante terá de superar uma barreira: dos 16 atletas contratados no primeiro semestre, apenas quatro - Leandro Damião, De Arrascaeta, Willians e Paulo André - atuaram em pelo menos 50% das partidas do ano. Embora tenha evitado entrar em detalhes, Vicintin avaliou o cenário. "Ninguém acerta 100% das contratações. É óbvio que, se o Cruzeiro tivesse acertado, não estaria na situação em que está. Mas eu estava na base, então eu prefiro não falar, não comentar".

Diálogo base-profissional

Quando o assunto é a transição da categoria júnior para o profissional, o ex-superintendente da base vibra com os resultados. "O ano de transição não é para o atleta jogar muito, é para ele se aclimatar no profissional. Os quatro que subiram estão no caminho certo e dando resultados. Judivan, para mim, é fora de série e, junto com o Gabriel Jesus, era destaque da seleção sub-20. O Bruno Edgar tem um futuro imenso. Marcos Vinícius foi uma contratação da base, subiu e vem jogando. Allano foi titular contra a Ponte Preta", enumerou.

Dirigente ao lado de Judivan e Alisson
(Créditos: Arquivo Pessoal/Bruno Vicintin)

Perguntado sobre o modelo de gestão adotado nos dois últimos anos - o clube foi bicampeão nacional, mas fechou os dois exercícios com déficit -, Bruno fez questão de ressaltar o aspecto positivo. "O presidente do Boca Juniors que foi campeão do mundo dizia que 'ser campeão custa caro'. O Cruzeiro fez um esforço de caixa para ganhar os títulos brasileiros. Esses dois títulos, ninguém tira... As duas faixas estão aqui na parede", disse, confirmando o contraponto. "Agora, claro que a conta vem. E temos de pagar a conta das alegrias que tivemos".

'Jogadores para resolver'

Com a janela de transferências fechada e caras novas a estrear, o foco da diretoria celeste se volta para o tempo presente. "O projeto para 2016 é, primeiro, com calma, sair dessa posição em que estamos no Brasileiro. E, conseguindo ter tempo para trabalhar, nós vamos conversar com o Mano (Menezes)", afirmou. "Minha ideia é ter uma base (formada por atletas) da base, e buscar jogadores para resolver, não jogadores que sejam caros e não deem retorno em campo", completou Vicintin.

Aliança com Mattos entre 2012 e 2014
(Créditos: Arquivo Pessoal/Bruno Vicintin)

Chave no sucesso recente da base, ele não pretende se afastar da Toca I. "Eu sou vice-presidente de futebol. A base também joga futebol (risos). Claro que o meu tempo é reduzido, mas tudo na vida é equipe. A minha preocupação agora é em formar uma equipe de profissionais capacitados para administrar um clube da grandeza do Cruzeiro. Modéstia à parte, a base está bem organizada, tem diversas promessas e um dos melhores diretores de base do Brasil, que é o Klauss Câmara. Continuamos com a meta de subir, no mínimo, três por ano".

Perfil interativo no Twitter

Apontado nos bastidores como possível presidenciável no pleito de 2017, Bruno Vicintin é um dos conselheiros mais populares entre os torcedores, com 23 mil seguidores no Twitter. Perfil interativo que, segundo ele, será mantido mesmo após a ascensão no quadro diretor. "Sempre falava duas palavras para os jogadores da base que subiam: trabalho e humildade. A falta de humildade arruína as pessoas", disse, afirmando que o tradicional sorteio de ingressos voltará a ocorrer nas próximas rodadas. "Para esse jogo (diante do Figueirense), não fiz porque estava em uma semana no 'olho do furacão'".

Aqui é Galo, ainda acreditamos!

Alisson Millo

Começa mais uma semana de clássico, e o Atlético, que bateu o Vasco em pleno Maracanã, vê o Corinthians um pouco mais perto após o empate no dérbi contra o Palmeiras. Condolências ao time cruzmaltino à parte, o Galo somou todos os pontos disputados contra equipes cariocas, seja no Rio, em Minas ou em Brasília, e já 'acionou um advogado' para ser proclamado campeão carioca de 2015.


Enfim, falando sério, a campanha alvinegra neste Campeonato Brasileiro é muito boa. 45 pontos em 23 partidas e 70% de aproveitamento em casa. Encarando o Avaí, no Independência, e a seguir o Cruzeiro, no Mineirão, o Atlético tem ótima chance de não deixar o líder Corinthians se distanciar e torce por uma combinação de resultados para que a diferença volte a cair nos próximos sete dias.

Pratto: símbolo da esperança alvinegra
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Ainda que o jogo com o rival seja no Mineirão, com maioria de torcedores cruzeirenses, o retrospecto recente mostra que o Galo tem boas chances de sair com os três pontos. É o melhor visitante da Série A, com 60% de aproveitamento e, como já afirmaram alguns jogadores, o cinquentenário Gigante da Pampulha é o 'salão de festas' do time. O lado celeste ganhou sangue novo com a troca de treinador, mas o Atlético precisa se impor e mostrar que realmente almeja o título.

Vencer, vencer, vencer

Contudo, seguindo a cartilha já decorada pelos jogadores, é um jogo de cada vez, e o Avaí vem primeiro. Que venha, então... encare a massa no Horto e seja mais um a cair e morrer. Equipe que deseja ser campeã não pode deixar escapar pontos em casa, ainda mais diante de um time que está no Z4. Nosso ideal são duas vitórias em uma semana para ganhar moral, não deixando o líder abrir. Como bom torcedor do Atlético, não dá para deixar de acreditar.