Alexandre Oliveira
De
quatro em quatro anos, o povo vai às urnas para escolher um novo presidente.
Seja bom ou ruim, o candidato que tiver mais votos vence a eleição e assume o
cargo. Traduzindo: o povo decide, o povo escolhe e o povo manda no país.
Incorporando
essa lógica ao mundo da bola, consideramos como 'time do povo' aquele que detém a
maior parcela do apoio desse povo. E você já deve saber de que estou falando.
Isso mesmo, do time que foi campeão brasileiro nas últimas duas temporadas, com
sobras, mas, em 2015, tem decepcionado em campo.
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Torcida celeste festeja no Mineirão (Créditos: Fred Magno/Light Press) |
Porém,
podemos dizer que essa maré ruim confirma, por linhas tortas, o porquê de o
Cruzeiro ser considerado o time do povo. Os números e o apoio dos torcedores
nas arquibancadas, no presente e no passado, não me deixam mentir.
Clássico das torcidas: a pesquisa Pluri Stochos, de 2013, uma das mais abrangentes divulgadas recentemente, apontou o Cruzeiro como clube da preferência de 3,8% dos
brasileiros, em sexto lugar. O Atlético figurou na nona posição, com 2,6%. A
vantagem azul é superior à margem de erro, fixada em 0,68%. No Sudeste, a
superioridade é mais expressiva: quarto mais popular, o Cruzeiro tem 8,5% da
preferência, contra 5,6% do rival, que é o sexto colocado.
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Multidão comemora o tri na Praça Sete (Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra) |
Mais
uma vitória do celeste sobre o rival fora de campo.
Média campeã: a Raposa teve a melhor média de
público da Série A em 2013 - 28.911 pagantes por partida - e na temporada
passada - 29.678 pagantes por partida.
Nos
gramados, a equipe celeste voou baixo nos últimos dois anos. Nas arquibancadas,
a torcida acompanhou o ritmo do time e, mesmo em um contexto de baixa ocupação
dos principais estádios brasileiros, acumulou recordes. E títulos.
Recordes em casa: quatro dos cinco maiores públicos da
'era Mineirão' foram registrados em jogos de mando do Cruzeiro.
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Mundial de 1976: 113 mil no Mineirão (Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Arquivo) |
22/06/1997
- Cruzeiro 1x0 Villa Nova - Mineiro - 132.834 pessoas
04/05/1969
- Cruzeiro 1x0 Atlético - Mineiro - 123.351 pessoas
09/10/1977
- Cruzeiro 3x1 Atlético - Mineiro - 122.534 pessoas
21/12/1976
- Cruzeiro 0x0 Bayern - Mundial - 113.715 pessoas
Dirão
que, após a reforma, o Mineirão teve a capacidade diminuída e, por isso, os
rivais não terão a chance de bater os recordes celestes. Simples: por que não
bateram entre 1997 e 2010?
Novo Mineirão: o Cruzeiro é dono dos dois maiores
públicos registrados em jogos entre clubes após a reforma do estádio.
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Festa pelo tetra nacional em 2014 (Créditos: Gualter Naves/Light Press) |
10/11/2013
- Cruzeiro 3x0 Grêmio - Brasileiro - 56.864 pagantes
23/11/2014
- Cruzeiro 2x1 Goiás - Brasileiro - 56.769 pagantes
Mesmo
sem o sonhado tri da Libertadores, o Cruzeiro conseguiu lotar o novo Mineirão.
Em 2013, o jogo contra o Grêmio foi uma verdadeira final para o time de Marcelo
Oliveira. Em 2014, o duelo com o Goiás coroou a brilhante campanha da equipe
azul.
Nas boas... e nas más: apesar da instabilidade na temporada,
a Raposa tem a sexta melhor média de público do Brasil, considerando equipes
das Séries A, B e C: mais de 21 mil pagantes por jogo.
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Apoio mesmo em momentos difíceis (Créditos: Fred Magno/Light Press) |
Talvez
esse seja o dado que mais reforce a alcunha de time do povo. A campanha celeste
é uma das piores do clube na era dos pontos corridos, mas, ainda assim, o
torcedor tem comparecido ao Mineirão. Os números contrariam a afirmação feita
por Luxemburgo - deixou a Toca com 36,8% de aproveitamento - de que a torcida
celeste apoia apenas quando o time "está voando".
A
ascensão de Bruno Vicintin ao posto de vice de futebol renovou o elo entre
diretoria e China Azul - o que se refletiu em média de quase 35 mil nos três
últimos duelos. Espero que o clube mantenha a parceria com o torcedor e o
atraia ao Gigante da Pampulha para apoiar a equipe. Afinal, a voz do povo é a
voz de Deus, diz o ditado. E o time do povo tem a cor azul, assim como o céu de
BH.