Afogado na falta de convicção, Galo perde o ano

Vinícius Dias
Publicada em 27/02/2020, às 10h50

Dia 26 de fevereiro. São apenas 38 dias de futebol na 2020, dez jogos, quatro vitórias, e o Atlético, com uma das maiores folhas salariais do Brasil e superado apenas pelo Flamengo no investimento em reforços, já acumula duas eliminações. Diante do Unión Santa Fe, 18º colocado do Campeonato Argentino, na Copa Sul-Americana. E para o limitado Afogados, da Série D, na Copa do Brasil. Início e fim constrangedor de trabalho de Dudamel, perdido em meio à falta de convicção de uma gestão desastrosa.


Da coletiva pós-derrota para a Caldense à opção por três zagueiros em Pernambuco - ainda que o objetivo fosse ganhar amplitude e explorar a força ofensiva de Guga e Arana -, Dudamel esbarrou na dificuldade de compreender as peculiaridades do cenário em que estava. Mas também no despreparo de quem trata como grande reforço quem até ontem era idoso e demite quem há uma semana era intocável. Se hoje a série de demissões parece justificável, a dúvida é sobre por que cada um deles chegou ao Atlético.

Dudamel: duas eliminações em seis dias
(Créditos: Bruno Cantini/Agência Galo/Atlético)

Afirmar que o clube tem sentido o peso da obrigação de conquistar o Mineiro não é desrespeitar os adversários. É entender a realidade de um Cruzeiro em reconstrução, o orçamento modesto do América e as sérias limitações dos clubes do interior. Como afirmar que Dudamel vai embora sem compreender o futebol brasileiro não é xenofobia. Afinal, a realidade é que o treinador vinha mal não por ser venezuelano. Mas pelo desconhecimento acentuado pela falta da retaguarda necessária a um recém-chegado ao país.

O time dos 76 jogos em 2019 fará, no máximo, 57 em 2020.
Afogado na falta de convicção, o Atlético perde a temporada.

O Galo de Dudamel: mais dúvidas que certezas

Alisson Millo*
Publicada em 20/02/2020, às 10h20

Começou o carnaval! Ainda que não oficialmente, os bloquinhos já tomam as ruas e o clima é de folia em todo o Brasil. Ah, não é para falar disso? É para falar do Atlético? Preciso mesmo? Nem gosto de carnaval, mas a verdade é que prefiro mil vezes fazer uma crônica positiva sobre ele a ter que remoer esse time horroroso. Mas ok, vamos lá.


A crônica é essa. O time é horroroso. Você se empolgou com o início do trabalho? Bem-vindo ao clube. Já perdeu a paciência? Junte-se aos bons.

Qual a parte positiva deste começo de temporada? Depois de um pesado exercício de me manter positivo com alguma coisa: Michael. Ele não é o melhor goleiro do mundo, mas não tem culpa nos péssimos resultados obtidos. Fica nisso. Com muita boa vontade.

Time de Dudamel ainda não convenceu
(Créditos: Bruno Cantini/Agência Galo/Atlético)

Da meta para frente não tem encaixe nenhum e temos colecionado fracassos. Diga-me, sinceramente: você acredita na virada nesta quinta-feira? Se sua resposta foi sim, me responda outra pergunta. Você assistiu aos jogos deste ano? Se mais uma vez você respondeu sim, parabéns, você é um otimista incorrigível e eu admito que te invejo um pouco.

Até isso esse time tem conseguido: matar a crença do torcedor. E não me tome como referência, porque sou pessimista e corneteiro. Tome o sentimento dos atleticanos após as atuações sofríveis que temos visto.

Até quando será início de temporada? Até quando o discurso será de blindagem? Até quando teremos que aturar jogadores limitados vestindo a camisa do Galo sem o mínimo de paixão pelo clube? Até quando o torcedor, o maior patrimônio do Atlético, será desrespeitado sem que os dirigentes tomem atitudes? O texto teve muito mais perguntas que respostas. Afinal, hoje o time gera muito mais dúvidas que certezas.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

Camisa 10 argentino é oferecido ao Cruzeiro

Vinícius Dias
Publicada em 17/02/2020, às 10h15

Mesmo após o rebaixamento à Série B, o Cruzeiro segue em alta no mercado sul-americano. À espera do boliviano Marcelo Moreno, o clube celeste avalia a possibilidade de realizar uma investida para contar com o meia Nicolás Oroz, de 25 anos. Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, o nome do argentino, que pertence ao Racing, foi oferecido nos últimos dias ao Conselho Gestor. O Vasco foi outro clube contatado pelos emissários.

Oroz defendeu a La U no ano passado
(Créditos: Club Universidad de Chile/Divulgação)

Campeão argentino em 2014 pelo clube de Avellaneda, com o qual tem vínculo até junho de 2021, Oroz deve ser novamente emprestado após a passagem pela Universidad de Chile. A oferta ao Cruzeiro é de empréstimo até o fim da temporada, com moldes semelhantes aos acertados em 2019 com a La U, que desembolsou cerca de € 150 mil para contar com o canhoto, autor de quatro gols e três assistências em 26 jogos.

Vexame e frustrações: o pré-carnaval atleticano

Alisson Millo*
Publicada em 11/02/2020, às 10h20

Na chegada de Dudamel eu fiz meu dever de casa. Fui atrás, vi o que poderíamos esperar, dissertei sobre minhas expectativas. Hoje, passado quase um mês, as projeções já foram completamente quebradas e meu prognóstico parece ter sido bastante otimista. Mea culpa.


Está no texto: a perspectiva era de um time defensivo, que jogaria sem a bola, buscando o contra-ataque. O Atlético é, em teoria, um time defensivo, com três volantes, mas isso fica apenas no papel. Na prática, temos muita posse de bola. Mas é só isso mesmo. É uma troca de passes inofensiva, o time não cria, não oferece perigo, não pressiona, não cresce diante de adversários menores e é incapaz de superar retrancas, o que ficou evidente diante do Coimbra e do Tupynambás. Contra a URT foi por pouco.

Os atributos defensivos também são negados pela nossa própria defesa. Apesar de um meio-campo teoricamente pegador, a zaga está completamente exposta, e bola aérea é sempre uma dor de cabeça. Contra o Unión Santa Fe, na Sul-Americana, ficou escancarada a fragilidade do time em termos de desarme e marcação. Uma equipe pouco expressiva no futebol argentino massacrou o Atlético e já praticamente nos eliminou da competição que era tida como a mais importante da temporada.

Atlético perdeu por 3 a 0 na Argentina
(Créditos: Bruno Cantini/Agência Galo/Atlético)

Nesta semana teremos outro adversário de menos expressão. Apesar de tradicional no futebol nordestino, o Campinense não está à altura da grandeza do Galo. E é justamente aí que a preocupação cresce. Em 2020, qual foi o grande adversário que esse elenco enfrentou? Exatamente, nenhum! Zero também é o número de partidas convincentes até aqui. E, embora estejamos no início de temporada, já tivemos o primeiro vexame.

O saldo, na segunda semana de fevereiro, já é negativo. Ninguém ainda rendeu o esperado. Ninguém ainda chamou a responsabilidade. Enquanto ficamos ao aguardo das contratações prometidas, uma parte importante deste ano já foi perdida. Se o treinador largou a seleção venezuelana por falta de profissionalismo pode ser que ele não dure muito por essas bandas, porque a imagem de amadorismo está bem latente. A tal injeção de ânimo esperada com Dudamel deve ter sido perdida por aí.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

Tá, tá, tá chegando a hora da Sul-Americana

Alisson Millo*
Publicada em 06/02/2020, às 11h10

Começa hoje a Copa Sul-Americana para o Atlético. A primeira grande decisão da temporada se aproxima com mais dúvidas que certezas. Se o time titular de Dudamel parece bem definido, com uma espécie de 4-3-3/4-1-4-1, algumas indefinições pairam sobre o desempenho em campo. E o tempo para que os jogos comecem a valer de verdade está se esgotando. Antes que me cobrem, sim, o estadual vale e nós somos favoritos, mas Sula é mata-mata, não tem como recuperar pontos.


Quem será nosso goleiro? Cleiton se foi, Victor ainda não atuou em 2020 e Michael ainda não conquistou a Massa. E não é uma cobrança sobre ele, é só uma constatação de que o goleiro pouco atuou no time profissional e ainda não enfrentou nenhum adversário de peso. Outra indefinição no gol é se virá ou não outro nome para disputar posição. Vanderlei, ex-Santos, foi procurado, mas não veio. Rafael, do rival, e Santos, do ex-xará paranaense, estão na pauta, mas não são negociações simples.

Nas laterais, Mailton e Fábio Santos saem na frente, pelo menos enquanto Guga e Arana não têm condições de jogo. Na direita, o jovem contratado junto ao Operário/PR mostrou bons préstimos ofensivos. Na esquerda, Fábio Santos é mais do mesmo, mas seu suplente não fez muito para conquistar a vaga de titular também. Além deles, Patric. E é isso mesmo.

A zaga vai de Réver e Gabriel. O capita segue prestigiado e o camisa 30 volta com moral do empréstimo ao Botafogo, onde foi muito bem. Pior para Igor Rabello, que perde a posição entre os titulares, mesmo sendo, na minha humilde opinião, o melhor dos três. Maidana está aí também, e acho que isso é o mais positivo que eu tenho a falar dele no momento.

Atlético inicia caminhada na Argentina
(Créditos: Bruno Cantini/Agência Galo/Atlético)

Talvez a maior surpresa desse começo de temporada seja Zé Welison. O 'Pai Véio' conquistou sua vaga sendo o cão de guarda na cabeça de área, função que cumpre bem. Sair para o jogo não é a dele, mas ele tem a companhia de dois jogadores que fazem isso muito bem: Jair e Allan são os motorzinhos do meio-campo. Eles compõem a marcação, chegam ao ataque e até criam, uma vez que o time não tem um camisa 10 de ofício.

Quem mais se aproxima disso é Hyoran. Na falta de Cazares - chegaremos a ele em breve -, o ex-Palmeiras é o meia com mais característica de armação, mesmo atuando pelas beiradas. A outra ponta tem Edinho e Marquinhos, com aparente vantagem para o ex-Fortaleza, mas nossa prata da casa não deixa a desejar. Muito pelo contrário. Se Edinho pode oferecer mais variações táticas, Marquinhos significa mais qualidade e entrega.

A análise do ataque será tão extensa quanto a qualidade dos centroavantes que cá estão e os gols que eles têm marcado.

O time ainda carece de reforços, entrosamento e confirmações. Cazares ia, não foi, treinou separado, pode ser reintegrado, ainda pode ir, está inscrito na Sul-Americana, ninguém sabe, ninguém viu. Para o lugar dele, ou para disputar posição, ou para definitivamente colocá-lo no banco, o Atlético tenta Soteldo, um dos principais jogadores do Brasil em 2019. Eu quase disse 'um dos maiores', mas seria de mal gosto, acredito.

Tardelli e o presidente quase bateram boca, se reaproximaram, ele pode vir, já tem sido tratado como cereja do bolo, como foi em 2013, mas sete anos se passaram e ele vem de uma temporada em baixa no Grêmio. Outro atacante nos planos da diretoria é o venezuelano Savarino. Confesso que não o conheço, mas é indicação de Dudamel e homem de confiança do professor, então me resta concordar com a possível contratação.

O presida falou em dois a três reforços muito bons em breve. Poderiam já ter chegado, mas há pontos a comemorar. Pelo menos a mentalidade mudou. Passou a fase de trazer a sobra. Hoje, vamos ao mercado brigar por bons nomes. Talvez - assim esperamos - os maus tempos fiquem para trás. Está na hora de voltarmos ao topo. Passou já! Hoje começa mais uma oportunidade. Tá, tá, tá chegando a hora da Sul-Americana.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

Cruzeiro mais que dobra gastos com intermediários

Vinícius Dias
Publicada em 04/02/2020, às 11h55

Mesmo em crise financeira, o Cruzeiro ampliou os gastos com intermediações. Conforme a versão atualizada do balanço financeiro de 2018, à qual o Blog Toque Di Letra teve acesso, as comissões a intermediários de negociações somaram R$ 25,4 milhões no primeiro ano da era Wagner Pires de Sá. Na comparação com os R$ 11,1 milhões pagos em 2017, último ano da gestão Gilvan de Pinho Tavares, o crescimento foi de 127,9%.

Intermediações custaram R$ 25 mi em 2018
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

O documento, refeito pela atual administração, também aponta aumento dos débitos com empréstimos e financiamentos, que totalizaram R$ 97,1 milhões em 2018: acréscimo de 185% em relação aos R$ 33,9 milhões contraídos em 2017. O clube celeste recorreu em 2018 aos bancos BMG (R$ 33,6 milhões), Santander (R$ 3 milhões) e Mercantil do Brasil (R$ 12,8 milhões), além do Polo Fundo de Investimentos (R$ 47,5 milhões).

Juros somaram R$ 14,7 milhões

Com taxas variando entre 1,39% e 2,67% ao mês, os juros sobre os empréstimos representaram mais de R$ 14,7 milhões no balanço financeiro de 2018. Os valores contraídos junto ao Polo Fundo de Investimentos foram contratados mediante antecipação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2019 a 2022. Inscrito em dívida ativa, o Cruzeiro lidera o ranking de débitos com a União, ultrapassando R$ 261,6 milhões.

Cruzeiro lidera ranking de dívidas com a União

Vinícius Dias
Publicada em 03/02/2020, às 9h50

Tentando se reconstruir após o inédito rebaixamento, o Cruzeiro lidera o ranking de dívidas com a União entre os clubes das séries A e B. O levantamento foi realizado pelo Blog Toque Di Letra com base no aplicativo Dívida Aberta, recém-lançado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Os débitos do clube celeste ultrapassam R$ 261,6 milhões - R$ 253,5 milhões em tributos e R$ 8,1 milhões no campo previdenciário.


Os valores equivalem a 31,8% da dívida total dos clubes das duas principais divisões do futebol brasileiro: R$ 822,2 milhões. Com pendências superiores a R$ 150,4 milhões, o Guarani ocupa a segunda colocação do ranking. Clube da Série A em pior situação com a União, o Vasco aparece em terceiro: mais de R$ 87,6 milhões em débitos. Os rivais pernambucanos Náutico - R$ 78,8 milhões - e Sport - R$ 62,1 milhões - fecham o top 5.

Raposa deve mais de R$ 261 mi à União
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Em meio a cifras milionárias, Fortaleza - R$ 54,6 mil -, Atlético/GO - R$ 49,5 mil - e Vitória - R$ 1,1 mil - têm as menores dívidas listadas. 15 clubes estão 'zerados' no sistema: Athletico/PR, Atlético, Bragantino, Ceará, Flamengo, Goiás, Grêmio, Internacional, Santos e outros seis da Série B. De acordo com a Fazenda Nacional, débitos parcelados, garantidos ou com exigibilidade suspensa pela Justiça não são apresentados na consulta.

Ranking de dívidas com a União - top 10:

1º) Cruzeiro - R$ 261.651.485,59
2º) Guarani - R$ 150.488.696,37
3º) Vasco - R$ 87.664.267,45
4º) Náutico - R$ 78.807.530,38
5º) Sport - R$ 62.184.637,29
6º) Corinthians - R$ 32.089.642,85
7º) Figueirense - R$ 29.951.797,45
8º) Botafogo/RJ - R$ 23.837.056,28
9º) Fluminense - R$ 23.265.290,10
10º) Paraná - R$ 13.636.263,62
20º) América - R$ 246.079,38