Vinícius Dias
Publicada em 27/09/2019, às 11h45
Dia 11 de agosto: referendado pelos líderes do elenco, Rogério Ceni é anunciado como substituto de Mano Menezes no Cruzeiro. Dia 26 de setembro: o treinador é demitido com a chancela de um vestiário que tem produzido mais notícias do que futebol. Porque, há pouco mais de um mês, Ceni chegava como solução: futebol ofensivo e a alardeada mudança. Desejada até afetar a ética seletiva de quem queria mudança sem precisar mudar. Conquanto o início de trabalho, embora tímido diante da vencedora história do clube celeste, indicasse um caminho.
Publicada em 27/09/2019, às 11h45
Dia 11 de agosto: referendado pelos líderes do elenco, Rogério Ceni é anunciado como substituto de Mano Menezes no Cruzeiro. Dia 26 de setembro: o treinador é demitido com a chancela de um vestiário que tem produzido mais notícias do que futebol. Porque, há pouco mais de um mês, Ceni chegava como solução: futebol ofensivo e a alardeada mudança. Desejada até afetar a ética seletiva de quem queria mudança sem precisar mudar. Conquanto o início de trabalho, embora tímido diante da vencedora história do clube celeste, indicasse um caminho.
No mundo paralelo da Toca da Raposa II, o
treinador apoiado no desembarque no aeroporto é demitido minutos depois pelo
dirigente absolutamente questionado pelo torcedor, em defesa de peças cada vez
menos necessárias dentro e fora das quatro linhas. No mundo paralelo em que
ninguém tem autoridade, todos querem mandar e a diretoria tenta emplacar à
beira do campo um escudo capaz de afastar os holofotes e a certeza de que o "patrimônio de oito milhões", tão exaltado pelo Cruzeiro após as pesquisas de torcidas,
jamais teve voz e vez no dia a dia.
Ceni: oito jogos e demissão na Toca II (Créditos: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.) |
Tão contraditório quanto constatar a
impotência da maioria é, justamente, pensar que, na lógica ilógica do futebol, os
desprezados são aqueles que amam seus clubes. A ponto de apoiar quem passa dois
anos lesionado, no departamento médico, simplesmente por vestir a mesma camisa.
De apoiar quem se desmotiva e deseja sair, mas permanece ao receber aumento
salarial. E de tratar como ídolo quem já se declarou e disse estar em casa ao
defender o rival. Afinal, a verdade nua, crua e dolorosa é que a
minoria que tem voz e vez quer tão somente ser amada.
É o Cruzeiro, Ceni, mas realmente falta brilhos
nos olhos.
É o Cruzeiro, Ceni, mas tem envergonhado o
cruzeirense.