Nos últimos dias, Blog ouviu fontes para detalhar dura rotina
dos portadores de necessidades especiais nos estádios do país

Vinícius Dias

O apito trila e a bola rola no gramado. Enquanto isso, nas arquibancadas, uma luta tão paradoxal quanto silenciosa é travada por personagens que costumam se sentir quase invisíveis, mas pretendem, justamente, ver. De um lado, os torcedores portadores de necessidades especiais. De outro, 'barreiras humanas' que insistem em ficar de pé, tirando-lhes a visão do gramado. Esse é o capítulo final de uma narrativa que alia desrespeito às vagas nos estacionamentos, transporte público deficitário, elevadores de menos e escadas de mais.


O Blog Toque Di Letra ouviu três torcedores, de realidades e limitações distintas, para traçar um panorama da luta por acessibilidade nos palcos onde surgem alguns dos principais talentos da bola. No diagnóstico dos estádios, sejam de grandes cidades, do interior ou, mesmo, de Copa do Mundo, as barreiras se misturam à esperança. "Não queremos privilégios, queremos igualdade", diz o mineiro Ronaldo Buhr. O pernambucano Ronald Capita revela: "às vezes, me sinto (como vilão) ao relatar os casos que eu sofro ou já presenciei".

Capita auxiliado no acesso ao estádio
(Créditos: Arquivo Pessoal/Ronald Capita)

Capita, de 16 anos, mora em São Paulo. Portador da síndrome de Marfan, que afeta, entre outros, o sistema esquelético e os olhos, ele é colaborador do Torcedores.com e ícone da cruzada pela acessibilidade. "Você vai aos estádios e sempre sofre", pontua. Entre os entraves, visão ofuscada por quem fica na frente, difícil acesso às arquibancadas e uma negativa cruel. "Crianças são diferentes de cadeirantes". Foi o que ouviu de um fiscal, em fevereiro, após a tentativa de entrar em campo ao lado dos atletas de um clube do interior paulista.

Batalha em Minas Gerais

Na visão de Ronaldo Buhr, de 47 anos, a 'elitização' afastou as pessoas deficientes dos estádios. Membro da EficiGalo, torcida pioneira no país, o advogado exalta a intervenção do Atlético junto à administração da Arena Independência. "(Agora, utilizamos um) setor onde há acesso mais fácil e melhor visibilidade". Mas cita entrave no programa de sócios: a categoria prata limita a compra de um bilhete por cartão. "No caso da pessoa com deficiência, é complicado. Pois, geralmente, precisa de acompanhante", diz Buhr, que é paraplégico e usa cadeira de rodas.

Ronaldo ao lado de amigos no Horto
(Créditos: Arquivo Pessoal/Ronaldo Buhr)

Criador da torcida Cruzeiro Eficiente, o triplégico Leônidas Bisneto, de 27 anos, também enfrenta barreiras. O estudante destaca o apoio do clube, que lhe permite acessar o Mineirão pelo portão D - no qual há área para cadeirantes -, embora adquira bilhetes para o portão C. "Deixa separados lugares para mim e meu acompanhante", fala. Apesar disso, cita entraves em dias de grandes duelos: vagas especiais de estacionamento ocupadas pelo público geral, eventual impossibilidade de usar elevador (portão D) e visibilidade prejudicada por torcedores de pé.

Para Leônidas, não conseguir vaga no estacionamento representa esforço extra. Além de ter de deixar o carro longe do estádio, o torcedor precisa percorrer um caminho alternativo - em roxo na arte abaixo - mais extenso do que o habitual - em cinza.

'É um direito do cidadão'

A acessibilidade dos torcedores portadores de deficiência ou que tenham mobilidade reduzida é garantida pela Lei Federal 10.671/2003, conhecida como Estatuto do Torcedor. "É um direito do cidadão. Deve ser garantida pelo Estado, pelo clube e por todos os envolvidos no evento esportivo", avalia Louis Dolabela Irrthum, especialista em direito desportivo. A lei diz ainda que cabe ao responsável pela competição e ao mandante do duelo solicitar ao poder público meio de transporte para condução de idosos, crianças e portadores de deficiência - exceto em estádios com capacidade inferior a 10 mil pessoas.

Possíveis percursos de Leônidas no Mineirão
(Arte: Site Oficial do Cruzeiro/Montagem: Blog)

De acordo com Dolabela, membro da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB/MG, o acesso aos eventos esportivos também deve atender à Lei Federal 10.098/2000, que estabelece critérios básicos para promoção da acessibilidade. "O torcedor que se sentir violado deve buscar o Ministério Público, o Procon e solicitar que sejam apuradas infrações. A preservação dos direitos dos portadores de necessidades especiais deve partir deles próprios, ou seja, devem exigir do poder público o cumprimento das leis vigentes", observa.

Com a palavra, os clubes

Por meio do gerente do Sócio do Futebol, Bernardo Mota, o Cruzeiro disse ao Blog que garante a acessibilidade em jogos como mandante, listando acessos especiais, rampas e cadeiras específicas, além de orientações por meio de mapas, placas e orientadores de público. Quanto aos entraves no estacionamento e arquibancadas indicados por Leônidas, salientou que os espaços reservados aos portadores de necessidades especiais devem ser respeitados. Em relação ao elevador, afirmou que faria solicitação à Minas Arena, mas citou que o acesso via rampa existe e funciona.

Leônidas ao lado da mãe no Mineirão
(Créditos: Cristiane Mattos/Reprodução)

Via assessoria, o Atlético afirmou que, em jogos como mandante, observa as normas de proteção à pessoa com deficiência previstas no Estatuto de Defesa do Torcedor e outras legislações correlatas, desde a compra do ingresso até o momento de acesso e permanência nos estádios. O clube também destacou que trabalha em conjunto com as administradoras dos estádios, "fiscalizando o cumprimento das normas e colaborando com o implemento das melhores condições de conforto e de segurança para o torcedor".

Quanto à citação de Ronaldo, o clube informou que o programa de sócios tem regulamento próprio, ao qual o torcedor adere no ato de filiação. A categoria prata prevê, entre outros benefícios, a possibilidade de adquirir um ingresso por partida - regra igualitária para todos os torcedores. Por isso, os acompanhantes que pretendam desfrutar dos benefícios devem, naturalmente, aderir ao Galo na Veia.

A estrutura dos estádios

Em contato com o Blog, Helber Gurgel Carneiro, gerente operacional da Arena Independência, detalhou que o estádio possui todos os mecanismos de acesso de torcedores, inclusive portadores de necessidades especiais, contando com elevadores, rampas, vagas de estacionamento, banheiros, caixas e bares adaptados. O posto médico possui cadeiras de rodas para atendimentos de emergência.

Faixa da EficiGalo no 'velho' Mineirão
(Créditos: Arquivo Pessoal/Ronaldo Buhr)

Via assessoria de imprensa, a Minas Arena detalhou que o Mineirão possui 41 banheiros adaptados para pessoas com deficiência; 81 assentos para cadeirantes, 465 para pessoas com mobilidade reduzida, 74 para pessoas com obesidade - de um total de 62.140 lugares -; e ainda oito elevadores adaptados. No estacionamento, há 73 vagas destinadas a idosos e 52 a pessoas com deficiência. Por jogo, estão disponíveis de oito a 12 cadeiras de rodas com os orientadores de público - cerca de 20% deles trabalham diretamente com esse público.

Em relação aos questionamentos de Leônidas, afirmou que há verificação constante do estacionamento e considerou "falta de educação" o público geral ocupar vagas reservadas. Quanto ao portão D, conforme a Minas Arena, é realizado revezamento entre elevador e rampa, por questões de segurança, mas elevadores funcionam em todos os duelos. Em relação à falta de visibilidade, vê como "falta de sensibilidade" de alguns torcedores que ocupam área destinada a pessoas com deficiência e informou que faz campanhas educativas de diversas formas.

Luxa em xeque no Cruzeiro

Vinícius Dias

Se o retorno de Vanderlei Luxemburgo ao Cruzeiro, mesmo amparado no passado de títulos, dividiu opiniões, a avaliação sobre o atual momento é quase unânime nos bastidores estrelados: o desempenho da equipe, que fechou a 20ª rodada a um ponto da zona de rebaixamento, segue muito distante do ideal. Em 17 jogos, foram seis triunfos, três empates e oito derrotas. Nesse período, o time deixou o gramado sem balançar as redes adversárias nove vezes.


O suficiente para que alguns dos principais aliados de Gilvan sugiram ao presidente celeste a demissão do técnico. Conforme o Blog apurou, entre os argumentos citados estão a falta de poder de reação no decorrer dos jogos - das nove vezes em que saiu atrás no placar, perdeu oito - e as poucas chances dadas a alguns dos principais nomes contratados nesta temporada, casos dos jovens meias De Arrascaeta e Gabriel Xavier e do experiente volante Willians.

Técnico soma seis vitórias em 17 jogos
(Créditos: Anderson Stevens/Light Press)

Embora não fale abertamente sobre o tema, Gilvan crê que 82 dias - 17 desses, ocupados com partidas, e o restante divido entre concentrações, treinos e viagens - é um prazo curto para avaliação do trabalho. Mas tem contra si o próprio discurso. Há cinco rodadas, após o revés para o São Paulo, o mandatário argumentou que as 'coisas melhorariam' em agosto. Mas, na prática, esse é o pior mês de Luxa na volta à Toca, com apenas 27,7% de aproveitamento.

No dicionário do futebol, paciência rima com resultados.
Para a Raposa, agosto tem mais sete dias e dois jogos.

Click - Mil e uma lembranças

Vinícius Dias

Retorno às origens em clima de futebol. Foi esse o sentimento vivenciado pelo atleticano Frederico Paco, em 2013, durante o Mundial de Clubes. Na ocasião, o músico belorizontino, de 23 anos, teve a chance de conhecer o Marrocos, terra natal de seu pai. Nem mesmo a surpreendente derrota do time do coração para o anfitrião Raja Casablanca, por 3 a 1, minimizou as lembranças da viagem que propiciou o encontro com a própria história e o reforço dos laços familiares.

(Créditos: Arquivo Pessoal/Frederico Paco)

"O Mundial teve um significado muito especial para mim, além de qualquer outro atleticano. Vários conhecidos meus voltaram decepcionados, tristes. Eu voltei muito satisfeito com esse retorno às raízes. Foi uma chance de conhecer parte significativa da minha família", conta o atleticano. À época, em solo marroquino, Paco produziu dois especiais para o Blog, narrando detalhes da viagem e da estadia no país.

(Créditos: Arquivo Pessoal/Frederico Paco)

O músico, que viajou ao lado do pai e da namorada, elege três momentos inesquecíveis que viveu em território africano. "O quão calorosos foram os marroquinos, os torcedores do Raja, felizes o tempo inteiro. O encontro com a família, numa vila de aproximadamente 300 pessoas, no interior do Marrocos. Por último, o fato de a gente ter atravessado o país de carro, conhecendo-o por dentro, mesmo, pela estrada". De fato, para Frederico, futebol foi apenas detalhe no Marrocos.

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Entre incertezas, uma certeza

Douglas Zimmer

Findado o primeiro turno do Campeonato Brasileiro, a torcida cruzeirense olha a tabela, avalia o desempenho do time e, no mínimo, se preocupa. A princípio, por mais que tenha sido mal gerido, o processo de remontagem do elenco não sugeria tamanho desconforto nem ao mais pessimista. As mudanças, no entanto, foram se acumulando, os erros se empilhando e a situação atual nada mais é do que um reflexo das decisões da diretoria e, mais recentemente, da comissão técnica.


O Cruzeiro chega ao mês de agosto ainda tendo atleta a estrear e outros que parecem fora de sintonia com os poucos que vêm se saindo bem. O esquema tático, a equipe titular, a proposta de jogo e as variações, por exemplo, continuam completamente nebulosos. A impressão é de que as alterações são feitas ao sabor do acaso. O discurso também tem mudado conforme o andar da carruagem. Bastam três pontos e age-se como se a equipe estivesse na disputa do título.

Fragilidade diante do vasto horizonte
(Créditos: Washington Alves/Light Press)

Bom, em se tratando de estatísticas, a equipe inicia o segundo turno do Brasileirão ocupando a melancólica 14ª colocação, com 22 pontos em 57 disputados - o que representa 38,6% de aproveitamento. Pouco mais da metade do que o Corinthians, líder do torneio, conseguiu até aqui. Neste panorama, a Raposa encontra-se 11 pontos abaixo do grupo dos quatro melhores, o G4, e apenas três pontos acima do grupo dos quatro piores colocados, o desesperador Z4. Em bom popularês, o Cruzeiro está mais pra lá do que pra cá.

Tetra em segundo plano

Em meio a esse cenário nada animador, o time azul estreia na Copa do Brasil, diante do Palmeiras, nesta quarta-feira. Seria uma boa válvula de escape para ampliar as pretensões do clube no ano, já projetando 2016. Seria, pois não vejo no elenco qualidade suficiente para disputar a taça à vera. O próprio Luxemburgo, na entrevista coletiva após o 0 a 0 insosso diante do Inter, no último domingo, já deixou claro que deve priorizar o Campeonato Brasileiro em virtude da perigosa situação em que o time se encontra no momento.

No Brasileiro, Raposa bateu o Verdão
(Créditos: Fred Magno/Light Press)

Enfim, concordo com ele, desde que essa prioridade dada ao Brasileiro se reflita em bons resultados em curto prazo. Um time que vem de um tetra conquistado de maneira maiúscula não pode passar pelas dificuldades que temos enfrentado. Nem mesmo um time desmanchado e descaracterizado como o Cruzeiro de 2015.

Neste contexto da mais pura incerteza, a única certeza que eu tenho é de que o Cruzeiro precisa urgentemente melhorar muito para que a situação não se agrave ainda mais.

Juan Carlos Restrepo tem encaminhado promessas do futebol
da Colômbia para períodos de observação na Toca da Raposa I

Vinícius Dias

Depois de contratar o atacante uruguaio Gonzalo Latorre, de 19 anos, a diretoria do Cruzeiro continua monitorando o mercado sul-americano em busca de reforços para o time sub-20. E quando o assunto é o futebol colombiano, o clube estrelado conta com um aliado de peso: Juan Carlos Restrepo, padrasto e um dos maiores incentivadores do futebol de James Rodríguez, meia do Real Madrid. Atualmente, o empresário investido em talentos do mercado local.


"Ele tem enviado alguns jogadores que considera destaques na Colômbia para serem observados no Cruzeiro", afirmou ao Blog Toque Di Letra o superintendente das categorias de base da Raposa, Bruno Vicintin. Até o momento, no entanto, nenhum indicado foi contratado. "Alguns (atletas) vieram para o Brasil e já retornaram. E tem outro que está vindo agora", acrescentou Vicintin.

Juan Restrepo, à esquerda, na Toca I
(Créditos: Arquivo Pessoal/Bruno Vicintin)

Os primeiros contatos entre o dirigente celeste e o empresário ocorreram por intermédio de Luiz Rocha, representante do volante Lucas Silva, ex- Cruzeiro, que atualmente é companheiro do enteado de Restrepo no time merengue. "O Luiz me procurou dizendo que o 'pai' do James Rodríguez estava investindo em jogadores e queria que o Cruzeiro observasse. Falei que as portas estavam abertas", revelou.

Detalhes da parceria

O superintendente destacou que não há nenhum vínculo formal entre as partes. "Não tem nada oficial. Assim como vários empresários brasileiros indicam jogadores, agora há um colombiano que tem interesse em colocar jogadores no Cruzeiro, pela força da marca, e a gente está observando", disse Bruno. A legislação vigente permite transferências internacionais de atletas a partir de 18 anos.

Contra tudo e contra todos, Galo!

Alisson Millo

Encerrado o primeiro turno do Brasileiro, o Galo é o segundo colocado, a quatro pontos do Corinthians, com direito a reclamação e polêmicas. Mas, deixando de lado a arbitragem, hora de analisar a trajetória alvinegra e as perspectivas para o futuro do time neste ano. Com 19 rodadas, além da Copa do Brasil, a disputar, o time tem de se mostrar cada vez mais forte para não desapontar a torcida, como em 2012.

           
Iniciando pelo setor defensivo, o time titular não tem problemas. Victor, Marcos Rocha, Léo Silva, Douglas Santos e Jemerson, em especial, vêm muito bem: 5ª melhor defesa, com 18 gols sofridos. Méritos também ao lateral-direito Patric, que, embora fora dos planos atualmente, teve bom desempenho quando acionado. No banco, Edcarlos e Tiago já mostraram que são confiáveis. Giovanni é ótimo reserva para Victor. Mas as opções para as laterais, especialmente a esquerda, com Pedro Botelho e Emerson Conceição, deixam a desejar.

Elenco atleticano comemora triunfo
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Rafael Carioca e Leandro Donizete, no meio-campo, são unanimidades. E Josué está sempre pronto para entrar e segurar um placar com toda sua experiência. Do meio para frente, o grupo tem muita qualidade, mas falta quantidade. Se Pratto, Giovanni Augusto e Thiago Ribeiro mantêm ótimos números, os demais ainda precisam mostrar mais - com ressalva a Luan, que volta de lesão, e cobrança extra a Guilherme, que pede titularidade e sequência, mas segue devendo.

Em sintonia com a massa

À exceção das últimas três partidas, o primeiro turno alvinegro foi muito bom. Tal como são as expectativas para a sequência da temporada, em especial para o Brasileirão. Disputar duas competições em alto nível soa improvável para um elenco numericamente limitado, mas jamais pode se desconsiderar os fatores raça e apoio da torcida, sempre decisivos. Nas arquibancadas, a massa tem dado show, lotando Arena Independência e Mineirão e empurrando o time.

Jogo do Atlético no Horto: dia de festa
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Como todo atleticano, torço contra o vento, contra a arbitragem, contra tudo e contra todos, mas jamais deixo de acreditar. Vai pra cima deles, Galo, traz esse Brasileirão na raça e na técnica que você já mostrou que tem. Nunca desista de bicar, bicudo!

Uma Raposa sem fome...

Vinícius Dias

Com futebol pragmático, o Cruzeiro venceu somente uma vez na últimas cinco rodadas da Série A. Quinto pior retrospecto no período, com cinco pontos - superando apenas Vasco, Avaí, Figueirense e Sport - e ataque passando em branco em quatro jogos. Retrato fiel da Raposa, que, após dois títulos nacionais, tem demonstrado pouca fome e se alimentado de erros em sequência, expectativas frustradas e promessas quase sempre não concretizadas.


Entre o tetracampeonato - em novembro passado - e a 14ª colocação na atual edição do Brasileiro, com ameaça latente de rebaixamento, somente dez meses se passaram. Em campo, raros brilharecos, várias decepções: noite vexatória em pleno Mineirão e queda nas quartas de final da Copa Libertadores ante o River Plate; eliminação nas semifinais do Mineiro, após péssima sequência como mandante, incluindo empate contra o Mamoré e derrota para o Tombense.

Clube monitorou Cabral por dois meses
(Créditos: Pedro Vilela/Light Press)

Nos bastidores, entre idas e vindas, sete meses sem diretor de futebol, centralização administrativa e a interminável busca por um meia armador. Some-se a isso a falta de tato na condução de negociações. O argentino Cabral, por exemplo, era monitorado desde junho. Até a apresentação em Belo Horizonte - como meia, embora tenha se destacado como segundo volante -, foram dois meses na folha de pagamentos do Vélez Sarsfield, sem disputar uma partida sequer.

Reveses nos bastidores

Outro capítulo pós-títulos foi a desfiguração do quadro administrativo. A despeito das especificidades das situações de Alexandre Mattos e Valdir Barbosa - a saída do diretor de futebol passa por divergências acerca do planejamento para este ano, enquanto o adeus do segundo concretiza a ideia de 'mudar de ares' -, o clube estrelado ainda perdeu o gerente do Departamento de Negócios Internacionais, Pedro Moreira, e o diretor de marketing, Marcone Barbosa.

Em campo e fora dele, a Raposa demonstra pouca fome.
E os altos voos ficaram no passado. Era esse o projeto?

Atleta anotou 21 gols na temporada, somando passagens por
Mirassol e América; diretoria americana confirma sondagens

Vinícius Dias

Destaque do América na Série B, com oito gols e três assistências em 17 jogos, o atacante Marcelo Toscano tem chamado a atenção de Atlético e Cruzeiro. Segundo o Blog Toque Di Letra apurou, já visando à próxima temporada, as cúpulas de ambos os clubes monitoram o desempenho do camisa 11 do Coelho. Nos bastidores, a previsão é de forte concorrência pelo jogador em 2016.


"Houve muitas sondagens, até do exterior, mas nada oficial", pontuou o gerente de futebol americano, Flávio Lopes. Toscano, de 30 anos, chegou ao Coelho em maio, após marcar 13 vezes pelo Mirassol na Série A-2 do Paulista. A expectativa do clube é de mantê-lo pelo menos até o final do ano. "Nós já conversamos com todo o grupo. O América não vai liberar ninguém", acrescentou Lopes.

Marcelo Toscano em ação pelo América
(Créditos: Carlos Cruz/América FC/Divulgação)

O dirigente ainda revelou que a diretoria alviverde tem mantido conversas com o staff do atacante na tentativa de prorrogar o contrato assinado há três meses. "Nós estamos tentando a renovação. O empresário dele está segurando um pouco, mas, até o fim do ano, ele vai ficar com a gente. Depois, não sabemos", disse. O camisa 11 está vinculado ao time mineiro até o próximo dia 31 de novembro.

'Pagando a multa, ele sai', diz

Uma transferência imediata, embora improvável, não está descartada. "Se pagar a multa, ele vai", afirmou o gerente Flávio Lopes. O valor da multa rescisória, conforme o Blog apurou, é de cerca de € 1,5 milhão. Mesmo inscrito pelo Coelho na Série B, Marcelo Toscano ainda poderia disputar a Série A, uma vez que não atuou pelo Mirassol em torneios nacionais. As inscrições se encerram em 15 de setembro.

Com contrato até abril de 2016, goleiro interessa a clubes da
América do Norte; empresário desmente oferta do Palmeiras

Vinícius Dias

Atleta que mais vezes vestiu a camisa estrelada, com 644 jogos, o goleiro Fábio poderá assinar um pré-contrato com qualquer equipe a partir de 03 de outubro. Pelo menos dois clubes da América do Norte já manifestaram interesse. Mas a intenção do capitão é continuar na Toca II nas próximas temporadas. "O Fábio não pensa em sair (do Cruzeiro)", diz o empresário do camisa 1, João Sérgio, ao Blog Toque Di Letra.


Ele é o responsável por conduzir, ao lado da cúpula celeste, as tratativas visando à renovação do atual contrato, que se encerra em abril de 2016. "Estamos tratando. Fábio tem todo o interesse em permanecer. Se Deus quiser, (vamos renovar)", destaca. O agente projeta um vínculo por mais quatro anos, enquanto a diretoria do Cruzeiro fala em mais dois anos e meio ou três. Detalhe que não deve impedir o acerto. "Isso aí, a gente vai ajustar", minimiza.

Fábio negocia renovação com a Raposa
(Créditos: Juliana Flister/Light Press)

Enquanto as negociações com o Cruzeiro não são finalizadas, equipes de vários países têm se apresentado como candidatas a ter o camisa 1. "De fora (do país), muita gente ligou. Clubes do México, dos Estados Unidos, muita gente quer saber", diz. Questionado sobre uma possível oferta do Palmeiras, João Sérgio nega. "Não estou sabendo. Do Brasil, eu conversei apenas com o Cruzeiro", assegura ao Blog.

'Dinheiro não é prioridade', diz

Na avaliação do empresário, mais do que o poderio financeiro das equipes do exterior, pesa a história construída em Minas. "Ele pensa na alegria de jogar, no clube, na família. Dinheiro não é primeira mão. Tem muita coisa que contabiliza aqui no Cruzeiro", afirma, antes de pontuar. "Agora, ele é um atleta que tem de estar sempre bem remunerado. É o maior ídolo do clube, maior número de jogos. Tem o direito de pensar em uma coisa boa para ele, para a família".

Último triunfo do Arsenal havia sido registrado em 2011; no
sábado, o clube pôs fim à sequência negativa de 27 partidas

Vinícius Dias*

O Arsenal Sport Club, de Santa Luzia, voltou a vencer uma partida oficial depois de 1.413 dias. A vítima foi o Betinense. O embate, válido pela 4ª rodada da Segunda Divisão do Campeonato Mineiro, aconteceu no último sábado, na Arena do Calçado, em Nova Serrana. Com o resultado, o time luziense deixou a lanterna do grupo B.


Os três pontos conquistados fizeram com que, a duas rodadas do fim da primeira fase, o Arsenal superasse o desempenho registrado nas últimas três edições do torneio. Desde a fundação, em junho de 2006, o time de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, alcançou apenas cinco vitórias, sendo uma por W.O.

Em 2013, Arsenal foi derrotado 11 vezes
(Créditos: Rebeca Rezende/Rádio Santa Luzia FM)

Antes desse sábado, o último triunfo conquistado em campo datava de setembro de 2011, em confronto contra o conterrâneo União Luziense. Desde então, o clube havia disputado 27 jogos, com 25 derrotas e dois empates. O clube presidido por Ozias Rodrigues disputa pela sétima vez a Segunda Divisão mineira.

As cinco vitórias do Arsenal:

Arsenal 1x0 Siderúrgica - 09/09/2007
Ideal Ipatinga 1x2 Arsenal - 29/09/2010
Contagem 0x3 Arsenal - W.O - 24/08/2011
União Luziense 0x2 Arsenal - 25/09/2011
Betinense 1x4 Arsenal - 08/08/2015

*Com colaboração de Manula

Atleta é o sexto latino contratado pela Raposa na temporada
e, tal como Arrascaeta, desembarca no Brasil como promessa

Tiago de Melo

Há três semanas, o Cruzeiro confirmou a contratação do jovem atacante uruguaio Gonzalo Latorre. O jogador, desconhecido no Brasil, não é um camisa 9 clássico. Atua pelos lados do campo e tem passagens por todas as seleções de base do país desde seus 14 anos. Visto como um atleta com potencial no Uruguai, pouco atuou nos times profissionais de Peñarol, onde foi revelado, e Atenas, clube que defendia antes do acordo com o atual campeão brasileiro.


Deste modo, é impossível projetar onde um jogador com esse perfil pode chegar. É um talento de 19 anos, ainda muito verde e inexperiente. Mas, pelo que foi noticiado, a Raposa pretende aproveitá-lo por um tempo nas categorias de base, o que parece um grande acerto. Latorre, assim, teria tempo para se desenvolver sem a pressão de atuar no time principal, se acostumando ao futebol brasileiro e ao país em si.

Latorre: atacante de seleção na Raposa
(Créditos: Associação Uruguaia Futebol/Reprodução)

Ou seja, o Cruzeiro contratou um jogador sobre o qual pouco se sabe e que tem um futuro imprevisível. Por coincidência, o agente de Latorre é o mesmo do meia De Arrascaeta: o ex-atacante da seleção uruguaia Daniel Fonseca. Apesar das circunstâncias, me parece um bom negócio. Explico por que nas próximas linhas.

Economia sul-americana

Depois de algumas temporadas gastando fortunas por jogadores muitas vezes comuns, as equipes brasileiras notaram que precisavam 'cortar na própria carne'. O próprio Cruzeiro é um exemplo. Teve muito sucesso ao contratar diversos atletas e conquistar o Campeonato Brasileiro por dois anos consecutivos, porém também se endividou. E a hora de reduzir as despesas chegou.

Moreno: artilheiro estrelado em 2014
(Créditos: Gualter Naves/Light Press)

Uma alternativa que muitos clubes buscaram explorar foi o mercado sul-americano, com jogadores que, nos seus países, recebem salários muito inferiores aos pagos por aqui. Contudo, casos de grande sucesso, como Lucas Pratto ou Paolo Guerrero, são exceções. Na maior parte dos casos, os jogadores vindos do exterior decepcionaram ou simplesmente não se adaptaram ou não tiveram tempo para tal.

Duas alternativas latinas

O motivo é simples: a maioria dos atletas realmente bons do continente está na Europa. De fato é possível, a partir de um cuidadoso trabalho de observação, garimpar bons reforços, como os citados, na América do Sul. Mas não se pode acreditar que isso acontecerá sempre. Portanto, é mais simples explorar duas alternativas.

Na quarta, Cruzeiro apresentou Cabral
(Créditos: Pedro Vilela/Light Press)

A primeira é contratar jogadores de boa qualidade técnica, mas que não sejam protagonistas. Atletas desse perfil são abundantes na região e, em geral, têm salários baixos para os padrões brasileiros. A Argentina é um exemplo: é difícil achar uma equipe do país sem chilenos, uruguaios ou paraguaios. A maioria não é craque e jamais será, mas cumpre bem sua função por salários abaixo do padrão nacional.

Investimentos em jovens

Outra é apostar em jovens valores. Exatamente a opção do Cruzeiro. De Arrascaeta não deixa de ser um exemplo, com trajetória semelhante à de Latorre, embora mais perto de estar pronto. Atualmente, ainda não é o protagonista que a equipe necessita, mas vai se aprimorar, ambientar ao país e será convocado para a Celeste Olímpica com frequência. Ou seja, é razoável esperar que venha a ser algo mais perto de um protagonista e tenha mercado de revenda para o exterior.

De Arrascaeta: jovem veste a 10 azul
(Créditos: Washington Alves/Light Press)

Latorre é mais verde do que o compatriota. Pode, inclusive, se revelar um fracasso. Isso, só o futuro dirá. Mas, no momento, é uma aposta muito válida. As seleções de base uruguaias fazem bons trabalhos e produzem valores muito interessantes e seus jogadores são observados com muito carinho pelo técnico da seleção principal. Em suma, Latorre é uma aposta muito justificável para o futuro.