Atleta é o sexto latino
contratado pela Raposa na temporada
e, tal como Arrascaeta,
desembarca no Brasil como promessa
Tiago de Melo
Há
três semanas, o Cruzeiro confirmou a contratação do jovem atacante uruguaio
Gonzalo Latorre. O jogador, desconhecido no Brasil, não é um camisa 9
clássico. Atua pelos lados do campo e tem passagens por todas as seleções de
base do país desde seus 14 anos. Visto como um atleta com potencial no Uruguai,
pouco atuou nos times profissionais de Peñarol, onde foi revelado, e Atenas,
clube que defendia antes do acordo com o atual campeão brasileiro.
LEIA MAIS: Especialistas traçam perfil de Ariel Cabral
Deste
modo, é impossível projetar onde um jogador com esse perfil pode chegar. É um
talento de 19 anos, ainda muito verde e inexperiente. Mas, pelo que foi
noticiado, a Raposa pretende aproveitá-lo por um tempo nas categorias de base,
o que parece um grande acerto. Latorre, assim, teria tempo para se desenvolver
sem a pressão de atuar no time principal, se acostumando ao futebol brasileiro
e ao país em si.
Latorre: atacante de seleção na Raposa (Créditos: Associação Uruguaia Futebol/Reprodução) |
Ou
seja, o Cruzeiro contratou um jogador sobre o qual pouco se sabe e que tem um
futuro imprevisível. Por coincidência, o agente de Latorre é o mesmo do meia De Arrascaeta: o ex-atacante da seleção uruguaia Daniel Fonseca. Apesar das
circunstâncias, me parece um bom negócio. Explico por que nas próximas linhas.
Economia sul-americana
Depois
de algumas temporadas gastando fortunas por jogadores muitas vezes comuns, as
equipes brasileiras notaram que precisavam 'cortar na própria carne'. O próprio
Cruzeiro é um exemplo. Teve muito sucesso ao contratar diversos atletas e
conquistar o Campeonato Brasileiro por dois anos consecutivos, porém também se
endividou. E a hora de reduzir as despesas chegou.
Moreno: artilheiro estrelado em 2014 (Créditos: Gualter Naves/Light Press) |
Uma
alternativa que muitos clubes buscaram explorar foi o mercado sul-americano,
com jogadores que, nos seus países, recebem salários muito inferiores aos pagos
por aqui. Contudo, casos de grande sucesso, como Lucas Pratto ou Paolo Guerrero, são exceções. Na maior parte dos casos, os jogadores vindos do
exterior decepcionaram ou simplesmente não se adaptaram ou não tiveram tempo
para tal.
Duas alternativas latinas
O
motivo é simples: a maioria dos atletas realmente bons do continente está na
Europa. De fato é possível, a partir de um cuidadoso trabalho de observação,
garimpar bons reforços, como os citados, na América do Sul. Mas não se pode
acreditar que isso acontecerá sempre. Portanto, é mais simples explorar duas
alternativas.
Na quarta, Cruzeiro apresentou Cabral (Créditos: Pedro Vilela/Light Press) |
A
primeira é contratar jogadores de boa qualidade técnica, mas que não sejam
protagonistas. Atletas desse perfil são abundantes na região e, em geral, têm
salários baixos para os padrões brasileiros. A Argentina é um exemplo: é
difícil achar uma equipe do país sem chilenos, uruguaios ou paraguaios. A
maioria não é craque e jamais será, mas cumpre bem sua função por salários
abaixo do padrão nacional.
Investimentos em jovens
Outra
é apostar em jovens valores. Exatamente a opção do Cruzeiro. De Arrascaeta não
deixa de ser um exemplo, com trajetória semelhante à de Latorre, embora mais
perto de estar pronto. Atualmente, ainda não é o protagonista que a equipe
necessita, mas vai se aprimorar, ambientar ao país e será convocado para a
Celeste Olímpica com frequência. Ou seja, é razoável esperar que venha a ser
algo mais perto de um protagonista e tenha mercado de revenda para o exterior.
De Arrascaeta: jovem veste a 10 azul (Créditos: Washington Alves/Light Press) |
Latorre
é mais verde do que o compatriota. Pode, inclusive, se revelar um fracasso.
Isso, só o futuro dirá. Mas, no momento, é uma aposta muito válida. As seleções
de base uruguaias fazem bons trabalhos e produzem valores muito interessantes e
seus jogadores são observados com muito carinho pelo técnico da seleção
principal. Em suma, Latorre é uma aposta muito justificável para o futuro.
Muito interessante a matéria. Boa análise.
ResponderExcluirSó de vir pelo Vicintin já é o suficiente do que se viesse pelos três patetas.. Ele não costuma dar tiro n'agua
ResponderExcluirEu li quando contrataram o Arrascaeta, que parte do negócio era contratar o Latorre também, acho que já tava contratado tem tempo
ResponderExcluirVale lembrar que o cruzeiro já tentou esse tipo de jogador outras vezes, como o Fidel Martinez, mais recentemente. Mesmo ainda não tendo nenhum gringo que vingou, acho a aposta muito válida. Vale lembrar quando o zezé perrela teve a oportunidade de contratar um então atacante paraguaio de 17 para 18 com um pouco a mais de investimento. Não contratou, Roque Santa Cruz, virou e foi parar até no Bayern de Munich
ResponderExcluirDentão,Fidel Martinez não deu certo por ter tido um problema com o Dimas Fonseca,na epoca diretor de futebol que tinha sido diretor da base,voce fala do Zeze com o Santa Cruz,muito pior fez o Alvimar que teve o Falcão Garcia oferecido de graça e disse que ele nunca seria jogador de qualidade pra vestir a camisa do Cruzeiro
ResponderExcluir