15 datas: Mineiro deve retomar formato de 2017

Vinícius Dias
Publicada em 29/10/2019, às 10h50

A menos que haja uma improvável reviravolta nos bastidores, a proposta da TV de disputa em dois turnos, a exemplo do Carioca, não sairá do papel no estadual de Minas Gerais. Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, a tendência é de o arbitral desta terça-feira defina a retomada do formato adotado entre as temporadas de 2011 e 2017.


Representantes dos clubes do interior se reuniram nessa segunda-feira na tentativa de articular uma alternativa conjunta, mas não houve consenso. Com isso, após duas edições com quartas de final e oito equipes nos mata-matas, o Mineiro voltará a ter apenas os quatro primeiros avançando à fase final, o que significará a redução de 16 para 15 datas.

Cruzeiro foi bi no formato de 2018 e 2019
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Uma das possibilidades discutidas foi o rebaixamento de apenas uma equipe em 2020. Neste cenário, a edição seguinte teria 13 participantes, com 12 partidas por clube e mandos igualitários na primeira fase. Atualmente, com 11, metade joga seis em casa e a outra metade joga seis fora. O rateio das cotas de TV, já negociadas até 2021, no entanto, foi entrave.

Voto decisivo do Boa Esporte

Em meio às divergências, a sinalização é de que o Boa Esporte, que tem voto 9 no sistema de pesos adotado no arbitral, acompanhará Cruzeiro, Atlético e América pela retomada do formato. Sem o clube de Varginha, o bloco do interior ficaria isolado, alcançando no máximo 36 votos, enquanto o quarteto somará 42, suficientes para a aprovação da mudança.

Cruzeiro perde coordenador de mídias digitais

Vinícius Dias
Publicada em 25/10/2019, às 9h

Se dentro de campo as vitórias sobre São Paulo e Corinthians amenizaram a pressão sobre o elenco comandado por Abel Braga, fora dele o Cruzeiro continua a viver dias agitados. Além das divergências políticas, o organograma administrativo teve mais uma baixa nesta semana. Leonardo Bastos solicitou o desligamento do cargo de coordenador de mídias digitais, que havia assumido em 2 de janeiro, data do aniversário celeste.

Jornalista assumiu cargo em janeiro
(Créditos: Arquivo Pessoal/Leonardo Bastos)

Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, embora tenha evitado entrar em detalhes, o jornalista revelou nos bastidores que a saída foi motivada pela não adaptação à cultura corporativa do clube. "A vida é assim, cheia de ciclos, se a minha recomeçou aos 40, recomeçou a todo vapor. Chegou a hora de encarar mais um desafio", destacou na carta de despedida, fazendo questão de ressaltar que é "cruzeirense desde nascença".

Ações marcantes nos dez meses

No Cruzeiro, o então coordenador de mídias digitais teve participação destacada em ações marcantes como o corredor de troféus preparado para receber a seleção da Argentina na Toca da Raposa II durante a Copa América, em julho, e na criação da websérie O Jogo da Minha Vida, sucesso no canal do clube celeste no Youtube. Agora, Leonardo Bastos assumirá um cargo na AngloGold Ashanti, mineradora de ouro sul-africana.

'Alertei desde o início', diz ex-dirigente do Cruzeiro

Vinícius Dias
Publicada em 24/10/2019, às 10h50

Depois da confirmação de Zezé Perrella como novo gestor do departamento de futebol, o Cruzeiro definiu nos últimos dias a nomeação de Guilherme Cruz para o posto de secretário-geral do clube. O ex-superintendente da base sucederá Fernando Torquetti Júnior, que se desligou da função em março, em meio à perda de autonomia do cargo e ao acirramento do desgaste com a cúpula celeste e com o grupo político de situação.


Sete meses após a saída discreta, o ex-secretário revelou ao Blog Toque Di Letra ter alertado a diretoria sobre questões como a previsão estatutária de perda de mandato dos associados conselheiros e natos em caso de contratação como empregado do clube, hoje uma das principais bandeiras da oposição nos bastidores. "Os problemas enfrentados por esta administração foram alertados desde o início", assegurou.

Torquetti ao lado do presidente Wagner
(Créditos: Arquivo Pessoal/Fernando Torquetti)

De acordo com o empresário, inicialmente a ideia era se afastar ainda no segundo semestre de 2018. "Pedi para sair em setembro, mas o Itair me pediu para ficar. Daí adiante, eu só ia à sede uma vez por semana. Em março, já estava muito desgastado e me afastei em definitivo", detalhou Torquetti, cujas atribuições incluíam a atualização do regulamento geral do clube, não concluída em meio às divergências no Barro Preto.

Recuo da situação em eleição

A saída do cargo, hierarquicamente superior até mesmo às vice-presidências, mas ofuscado no dia a dia pela hoje extinta diretoria-geral, ratificou o acirramento do desgaste com a situação. Em 2017, Torquetti chegou a lançar candidatura à presidência do Conselho diante da sinalização de apoio de Wagner Pires de Sá. O grupo, no entanto, acabou recuando em prol da chapa única encabeçada por Zezé Perrella, seu histórico opositor.

Vamos, Cruzeiro! Tão combatido, jamais vencido!

Douglas Zimmer*
Publicada em 22/10/2019, às 16h10

Salve, China Azul!

A luta, mais do que nunca, continua, amigo leitor. Depois de duas vitórias seguidas e contra adversários dificílimos, que brigam pelas posições mais nobres na tabela de classificação, o Cruzeiro deu seus passos mais firmes até aqui na corrida para deixar a zona mais temida do futebol brasileiro. Entretanto, como vínhamos cometendo erros atrás de erros, ainda não dependemos apenas de nossos esforços para colocar os pés fora do lamaçal que é a zona do rebaixamento.


Nessas horas precisamos nos apegar a tudo aquilo que nos remeta ao objetivo tão sonhado. Se por um lado as duas vitórias ainda não trazem o alívio que gostaríamos, pelo menos dão indícios fortíssimos de que o grupo está no caminho certo, de que a química time-torcedor pode voltar a funcionar e de que a confiança está de volta. Ainda não foi possível ver uma mudança drástica no que tange ao comportamento tático e técnico dos jogadores. Mas, como eu vinha falando nas rodas de discussão, a hora é de ganhar de qualquer jeito, nem que seja sem querer, para só aí recuperar um pouco do fôlego e criar novo ânimo para seguir em frente.

Ederson foi heroi celeste contra o Timão
(Créditos: Daniel Vorley/Light Press/Cruzeiro E.C.)

De maneira alguma é hora de começar a olhar os confrontos que nos restam e fazer projeções. Não podemos dar nenhum jogo por vencido, muito menos por perdido. Se algum dos amigos fez esse estressante exercício nos últimos tempos, dificilmente colocou na conta os seis pontos conquistados nas duas últimas rodadas. Precisamos nos unir e pensar jogo a jogo. Enfrentar o próximo adversário como se fosse ele o divisor de águas. Por mais clichê e superficial que isso possa parecer, temos uma final já no próximo sábado. Sem olhar camisa, sem olhar posição na tabela, deixando de lado histórico do confronto, possíveis bons ou maus sinais.

Em crise, sim! Mas aqui é Cruzeiro!

Confesso que o ambiente tóxico e nocivo que foi criado no Cruzeiro contaminou demais minha autoestima e, há algumas rodadas, eu dava o rebaixamento como inevitável. Partidas absolutamente horríveis; um clima de desespero quase palpável entre os jogadores e exalando da torcida; pontos e mais pontos deixados pelo caminho de forma dolorida e, algumas vezes, vergonhosa; uma crise política sem precedentes que parecia engolir o clube como um buraco negro que se abria sob nossos pés. Não tenho a pretensão de dizer que dois resultados positivos exorcizarão todas estas mazelas, mas é o começo daquilo que pode se tornar nossa salvação.

Na quarta, Raposa bateu o São Paulo
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Se nós não lutarmos até o fim com todas as nossas forças para salvar o Cruzeiro Esporte Clube, ninguém o fará em nosso lugar. Essa guerra está longe de terminar. Não teremos um fim de semana sequer, uma noite de quarta-feira que seja, de paz enquanto não tivermos a certeza absoluta e matemática de que conseguimos içar o maior de Minas deste poço que parecia sem fim no Campeonato Brasileiro. Estejam preparados para muita luta, mas, acima de tudo, estejam preparados para vencer.

Força, Cruzeiro!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!

A ascensão de Perrella e o xeque em Wagner

Vinícius Dias
Publicada em 18/10/2019, às 11h55

Da retirada da candidatura nas eleições presidenciais de 2017, quatro meses antes de ver o correligionário Sérgio Rodrigues sair derrotado, à volta ao dia a dia da Toca da Raposa II, Zezé Perrella teve, nas últimas semanas, meteórica ascensão no xadrez político do Cruzeiro. Mais do que acumular a presidência do Conselho Deliberativo e a gestão do futebol, que ganha independência no organograma, o ex-senador emplacou três aliados no Conselho Gestor que passará a responder pela parte administrativa.


Na avaliação de lideranças ouvidas pelo Blog Toque Di Letra, além da ascensão de Perrella, encabeçando o departamento mais importante do clube, a reconfiguração administrativa representa um xeque em Wagner Pires de Sá. Já enfraquecido pelas saídas do diretor-geral Sérgio Nonato e do vice de futebol Itair Machado, dois de seus principais aliados desde a campanha eleitoral de 2017, o presidente perde ainda mais autonomia na nova formatação, comparada ao parlamentarismo inglês.

Zezé já é cotado para o pleito de 2020
(Créditos: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.)

O Conselho Gestor reúne três nomes indicados pelo grupo de Wagner e outros três ligados à ala Perrella. Nos bastidores, o diagnóstico em relação às articulações indica ainda um isolamento do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares. Por outro lado, ressalta a afirmação política de Giovanni Baroni, um dos líderes da corrente Pró-Cruzeiro Transparente e cotado para suceder Zezé na presidência do Conselho Deliberativo a partir de 2021, e a manutenção do prestígio dos irmãos José Francisco e Hermínio Lemos.

Eleições do centenário em pauta

Diante da composição alinhavada nessa quinta-feira, a tendência é de que Wagner abra mão de tentar a reeleição. Nos primeiros movimentos visando à sucessão, importantes alas já têm defendido no Barro Preto a candidatura do próprio Perrella, que, inicialmente, descarta a participação no pleito. Um dos trunfos para convencê-lo seria a garantia de aporte do empresário Pedro Lourenço, cujo filho agora trabalhará ao lado do ex-senador e é apontado como potencial vice de futebol em uma futura gestão.

Discursos de mais e futebol de menos no Galo

Alisson Millo*
Publicada em 16/10/2019, às 14h

A semana começou com um massacre. Em plena Arena Independência, o Galo levou 4x1 do Grêmio. Com a derrota vexatória, Rodrigo Santana foi demitido e, no dia seguinte, Vagner Mancini foi contratado. Aqui sempre faço um esforço para me conter e manter o bom senso, mas parece que está faltando bom senso a todos que gerem o Clube Atlético Mineiro.


O presidente sumiu. Desde o início de seu mandato, declarou que não falava de futebol e que o responsável por esse assunto seria o então diretor Alexandre Gallo. Essa carta branca dada custou muito caro em termos financeiros e em termos de montagem de time e elenco, com peças ruins que estão aí até hoje e que têm contrato pelos próximos anos. Sucessor de Gallo, Rui Costa goza de igual liberdade, mas parece sofrer das mesmas limitações de análise de seu antecessor.

Diretor alvinegro ainda não convenceu
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Por falar em Rui Costa, após a saída de Santana, ele foi para a entrevista coletiva pós-jogo. Apesar da boa oratória e das palavras bonitas, suas falas pouco disseram e, quando significaram alguma coisa, jogaram luz sobre um problema muito grave: a desorganização que hoje toma conta da instituição. Não exatamente com essas palavras, mas ele disse que o novo treinador do Atlético seria quem topasse vir, sem um plano claro, sem um perfil estabelecido, sem uma ideia planejada. Ou seja, seria o que desse.

O que deu foi Vagner Mancini. Para o treinador, provavelmente a mensagem não foi essa, mas o que deu a entender foi que ele era o que tinha. O problema é que 'o que tem' nunca pode servir. 'O que tem' nunca vai ser o suficiente para o Atlético. Esse pensamento raso e vazio custa o pouco dinheiro do clube, custa a sanidade do torcedor, afasta a Massa do estádio e leva à descrença em um futuro melhor.

A temporada começa agora?

Ainda sobre a coletiva de Rui Costa, ele disse que, agora, cada jogo terá importância transcendental para o Atlético. Aqui nem vou entrar no uso equivocado da palavra. O objetivo é analisar o contexto e, principalmente, o conteúdo escondido atrás dessa palavra difícil. Agora, e apenas agora, os jogos passam a ser de suma importância? Essa é a visão de quem comanda o Atlético. Todo o primeiro turno? Não valia de nada. Sul-Americana? Segunda divisão da Libertadores. Copa Libertadores no início da temporada? Deboche da cara do torcedor, só pode!

Os jogos não podem valer só a partir de outubro, quando a água já está batendo no pescoço. As competições oficiais começam em janeiro. Para time e diretoria com mentalidade campeã, a 'importância transcendental' começa no estadual. Um clube da grandeza do Atlético tem o dever de encarar com seriedade todas as competições e competir em pé de igualdade em todas elas. Ganhar é circunstancial, mas demonstrar raça e hombridade é requisito mínimo para vestir essa camisa. E se planejar decentemente é requisito básico para comandar essa instituição.

Atlético perdeu por 4 a 1 para o Grêmio
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Mas me diga, torcedor: qual futuro você projeta para o Atlético? Não é daqui muito tempo, é para 2020. Hoje, todos os clubes já estão - ou deveriam estar - pensando na próxima temporada. Hoje, metade de outubro, o Galo anunciou um treinador novo, com contrato apenas até dezembro. Rui Costa afirmou que o clube não trabalha com a possibilidade de disputar a Série B no ano que vem, apesar da queda vertiginosa e de contar com o 'rei dos rebaixamentos' na área técnica. Vamos pensar positivo, vai que não cai mesmo. É com Mancini que nós vamos em 2020? Não é pensar pequeno demais? Se não for com ele, por que não trouxe desde já o nome ideal?

As perguntas parecem não ter resposta. E não adiantam palavras difíceis utilizadas em contextos errados. O que adianta é fazer o trabalho bem feito, contratar jogadores capazes de agregar ao elenco e fazer o Atlético crescer. O fato de o atual diretor parecer superior ao antecessor apenas no discurso é preocupante. O fato de o presidente insistir no erro sem perceber o rumo que o barco está tomando é indicativo de tempos tenebrosos à frente. Vamos pegar firme na crença de que tem muito time pior, porque, se formos depender apenas do que o nosso vem jogando, o prognóstico é terrível.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

Vicintin cogita volta ao Cruzeiro como investidor

Vinícius Dias
Publicada em 11/10/2019, às 12h50

De vice-presidente de futebol do Cruzeiro na conquista do pentacampeonato da Copa do Brasil, em 2017, a excluído do Conselho Deliberativo em eleição anulada pela Justiça há menos de duas semanas, Bruno Vicintin tem acompanhado de forma discreta a dramática situação vivida pelo clube celeste no Campeonato Brasileiro. Nesta sexta-feira, no entanto, o ex-dirigente quebrou o silêncio em contato com o Blog Toque Di Letra.

Ex-vice pode retornar ao clube celeste
(Créditos: Washington Alves/Light Press)

A dez dias da reunião extraordinária convocada pelo presidente do Conselho Deliberativo, Zezé Perrella, para votar o afastamento do presidente Wagner Pires de Sá e de seus vices, Vicintin se mostrou disposto a voltar a contribuir com o clube, cogitando até mesmo a possibilidade de atuar como investidor. Confira, abaixo, os principais trechos do depoimento do empresário, que atualmente encabeça o fundo Dunkirk Esportes.

Possível retorno à Raposa

"Minha história de vida dentro do Cruzeiro mostra que eu posso acertar ou errar, mas nunca me misturo nem por um dia em uma gestão aonde eu jamais acreditei nos princípios morais de quem lidera esse grupo. O Cruzeiro sempre pode contar comigo, seja na condição de um conselheiro, seja ajudando ou até como investidor, desde que o clube volte a ser administrado por pessoas sérias e que amem o Cruzeiro como: o Pedro Lourenço, o Aquiles Diniz, o Emílio Brandi, o Gustavo Gatti e outros".

Em silêncio nos bastidores

"Este momento não é de dar entrevistas, aparecer, muito menos tumultuar ainda mais o clube. O momento é de dar paz e tentar a união dos verdadeiros cruzeirenses, em relação aos jogadores é dar total apoio para evitar os estragos que podem vir por um rebaixamento. Após eliminada está ameaça que tanto aflige a torcida, aí sim será o momento de discutir o futuro. Temos, todos os que querem bem ao Cruzeiro, uma obrigação, trabalhar para tirar o clube desse momento delicado".

Mineiro: TV quer grupos e dois turnos em 2020

Vinícius Dias
Publicada em 08/10/2019, às 11h20

Depois da volta das quartas de final em 2018, o Campeonato Mineiro pode ter nova alteração no formato para a próxima temporada. Nos bastidores, a expectativa é de que a detentora dos direitos de transmissão formalize no arbitral, agendado para o próximo dia 29, a proposta de disputa em dois turnos, semelhante à adotada no Carioca. A fórmula esboçada teria pelo menos 17 datas, uma a mais do que as 16 reservadas pela CBF no calendário oficial para 2020, divulgado na última semana.

Mineiro pode ter novo formato em 2020
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

A intenção da TV é padronizar o formato dos estaduais de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, considerados as três principais alternativas ao Paulistão na grade até abril. Com isso, os 12 clubes do módulo I seriam divididos em dois grupos de seis, enfrentando equipes do próprio grupo no primeiro turno e adversários do outro grupo no segundo turno. Ao fim de turno e returno seriam disputadas semifinais e finais em jogo único. Os campeões dos dois turnos fariam a decisão em ida e volta.

Batalha entre interior e capital

Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, diante do sistema de pesos do arbitral - de 12 a 1, do atual campeão ao vice do último módulo II, respectivamente -, a mudança do formato dependerá de adesão maciça do interior, a exemplo do que ocorreu na aprovação da volta das quartas de finais, em 2017. Cruzeiro, Atlético e América, que somam 33 votos contra 45 do interior, inicialmente se opõem a mais um aumento no número de datas. O Mineiro distribuirá cerca de R$ 40 milhões em cotas em 2020.

Nosso Galo é gigante e não pode se apequenar

Alisson Millo*
Publicada em 05/10/2019, às 17h15

Que o Atlético anda ladeira abaixo você já sabe. Os culpados a serem apontados vão ser os mesmos de sempre. Derrotas? Viraram rotina. Falar de falhas individuais, cometidas por jogadores limitados, se tornou repetitivo. Apontar as carências do elenco é algo que boa parte da crônica esportiva faz desde 2015/2016, e elas são sempre as mesmas. Então hoje vamos tomar um caminho diferente. Em vez de listar os erros - daria para perder horas nessa tarefa -, o objetivo desta humilde crônica será tentar apontar soluções.

Técnico, comissão e dirigentes são muito bem pagos para isso. Eu não! Mas isso não impede que eu tente, até porque os responsáveis andam falhando na missão. E não vou apontar peças, não sei os detalhes da situação financeira do Atlético, muito menos as tratativas de negociações com os atletas que poderão vir e sair.

Um primeiro passo seria fazer inovações táticas. O famigerado 4-1-4-1 se prova ineficaz desde Roger Machado, ainda mais agora diante da disponibilidade de um volante-volante para ficar na cabeça de área. Um esquema com três zagueiros, com dois ou três atacantes, uma aberração como o 2-7-2 que Thiago Motta adota nas categorias de base do Paris Saint Germain, seria um exemplo de inovação radical.

Galo Doido: pé na porta e vida nova
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Particularmente, me agrada um 3-4-3. Essa preferência vem antes mesmo de Antonio Conte fazer sucesso mundial no Chelsea com o esquema. Mas essa é a minha ideia de futebol, não quer dizer que seja o único caminho. O importante é sair da mesmice e oferecer variações ao elenco, pensando sempre nas características dos principais jogadores.

Por falar em principais jogadores, os grandes nomes do elenco do Atlético, hoje, têm mais de 30 anos. Fazer essa renovação precisa ser prioridade. Não é se livrar de todos os medalhões, de todos os 'velhos'. É fundamental mesclar experiência e juventude, aliando tudo isso à qualidade. Pense em Bernard e Ronaldinho em 2013. Ou em Réver e Igor Rabello na zaga neste ano. Essa dinâmica precisa estar presente em todo o time.

Mudanças também fora de campo

O Atlético tem o melhor CT do Brasil e uma das mais conceituadas categorias de base do país. Agregar jovens e dar espaço para eles em suas posições de origem é uma boa solução caseira para problemas perenes, com custos menores do que ir ao mercado buscar um grande nome e arriscar um fracasso que vai custar bastante.

Subir atletas passa também por uma mudança fora de campo. Precisamos fazer nosso mea culpa e diminuir um pouco as críticas aos jogadores recém-promovidos. Vamos ter calma antes de decretar o fracasso desses jovens, de falar que eles não servem para o Atlético depois de uma ou duas atuações. Dar apoio a jogadores como Cleiton, Bruninho e Alerrandro até que eles se adaptem de vez ao futebol profissional pode ser o diferencial para eles. E, consequentemente, para o Galo.

Time não tem vencido nem convencido
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

É preciso mudar também a atuação da diretoria. Não posso afirmar porque não estou lá para ver, mas a impressão que tenho é de que o pulso é frágil e de que as cobranças são bem mais leves do que o necessário. Estando com pagamentos e premiações em dia, a base para cobrar é mais sólida, e esse trabalho precisa ser feito. Não é tratar nada como obrigação, mas, sim, cobrar uma melhora na postura e no desempenho, que, consequentemente, vai levar à conquista dos objetivos.

Ainda na diretoria, uma crítica às contratações. O Atlético conta com um departamento específico para analisar desempenhos, com dados de jogadores do mundo inteiro, de qualquer liga. Consultar esse setor na hora de buscar reforços tende a evitar que o pouco dinheiro seja gasto com atletas que vão apenas compor banco. Agora, se esse setor tiver sido contatado e aprovado os últimos nomes que chegaram, talvez uma reformulação no staff também precise estar nos planos.

Nenhuma dessas atitudes dará retorno imediato. Mudanças drásticas levam tempo para serem assimiladas e se tornarem efetivas. Mas quanto antes esse trabalho começar, antes o resultado vai se tornar satisfatório. Neste ano, vamos em busca dos 45 pontos para passar menos perrengue, mas se contentar com isso para temporadas seguintes é apequenar um clube gigante como é o nosso. Afinal, enquanto tudo for feito da mesma forma, os resultados serão, infelizmente, iguais.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!