Nosso Galo é gigante e não pode se apequenar

Alisson Millo*
Publicada em 05/10/2019, às 17h15

Que o Atlético anda ladeira abaixo você já sabe. Os culpados a serem apontados vão ser os mesmos de sempre. Derrotas? Viraram rotina. Falar de falhas individuais, cometidas por jogadores limitados, se tornou repetitivo. Apontar as carências do elenco é algo que boa parte da crônica esportiva faz desde 2015/2016, e elas são sempre as mesmas. Então hoje vamos tomar um caminho diferente. Em vez de listar os erros - daria para perder horas nessa tarefa -, o objetivo desta humilde crônica será tentar apontar soluções.

Técnico, comissão e dirigentes são muito bem pagos para isso. Eu não! Mas isso não impede que eu tente, até porque os responsáveis andam falhando na missão. E não vou apontar peças, não sei os detalhes da situação financeira do Atlético, muito menos as tratativas de negociações com os atletas que poderão vir e sair.

Um primeiro passo seria fazer inovações táticas. O famigerado 4-1-4-1 se prova ineficaz desde Roger Machado, ainda mais agora diante da disponibilidade de um volante-volante para ficar na cabeça de área. Um esquema com três zagueiros, com dois ou três atacantes, uma aberração como o 2-7-2 que Thiago Motta adota nas categorias de base do Paris Saint Germain, seria um exemplo de inovação radical.

Galo Doido: pé na porta e vida nova
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Particularmente, me agrada um 3-4-3. Essa preferência vem antes mesmo de Antonio Conte fazer sucesso mundial no Chelsea com o esquema. Mas essa é a minha ideia de futebol, não quer dizer que seja o único caminho. O importante é sair da mesmice e oferecer variações ao elenco, pensando sempre nas características dos principais jogadores.

Por falar em principais jogadores, os grandes nomes do elenco do Atlético, hoje, têm mais de 30 anos. Fazer essa renovação precisa ser prioridade. Não é se livrar de todos os medalhões, de todos os 'velhos'. É fundamental mesclar experiência e juventude, aliando tudo isso à qualidade. Pense em Bernard e Ronaldinho em 2013. Ou em Réver e Igor Rabello na zaga neste ano. Essa dinâmica precisa estar presente em todo o time.

Mudanças também fora de campo

O Atlético tem o melhor CT do Brasil e uma das mais conceituadas categorias de base do país. Agregar jovens e dar espaço para eles em suas posições de origem é uma boa solução caseira para problemas perenes, com custos menores do que ir ao mercado buscar um grande nome e arriscar um fracasso que vai custar bastante.

Subir atletas passa também por uma mudança fora de campo. Precisamos fazer nosso mea culpa e diminuir um pouco as críticas aos jogadores recém-promovidos. Vamos ter calma antes de decretar o fracasso desses jovens, de falar que eles não servem para o Atlético depois de uma ou duas atuações. Dar apoio a jogadores como Cleiton, Bruninho e Alerrandro até que eles se adaptem de vez ao futebol profissional pode ser o diferencial para eles. E, consequentemente, para o Galo.

Time não tem vencido nem convencido
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

É preciso mudar também a atuação da diretoria. Não posso afirmar porque não estou lá para ver, mas a impressão que tenho é de que o pulso é frágil e de que as cobranças são bem mais leves do que o necessário. Estando com pagamentos e premiações em dia, a base para cobrar é mais sólida, e esse trabalho precisa ser feito. Não é tratar nada como obrigação, mas, sim, cobrar uma melhora na postura e no desempenho, que, consequentemente, vai levar à conquista dos objetivos.

Ainda na diretoria, uma crítica às contratações. O Atlético conta com um departamento específico para analisar desempenhos, com dados de jogadores do mundo inteiro, de qualquer liga. Consultar esse setor na hora de buscar reforços tende a evitar que o pouco dinheiro seja gasto com atletas que vão apenas compor banco. Agora, se esse setor tiver sido contatado e aprovado os últimos nomes que chegaram, talvez uma reformulação no staff também precise estar nos planos.

Nenhuma dessas atitudes dará retorno imediato. Mudanças drásticas levam tempo para serem assimiladas e se tornarem efetivas. Mas quanto antes esse trabalho começar, antes o resultado vai se tornar satisfatório. Neste ano, vamos em busca dos 45 pontos para passar menos perrengue, mas se contentar com isso para temporadas seguintes é apequenar um clube gigante como é o nosso. Afinal, enquanto tudo for feito da mesma forma, os resultados serão, infelizmente, iguais.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

Um comentário:

  1. Concordo sobre as categorias de base , devemos apostar nela , e ter paciência com os jovens . Agora sobre tática de jogo , discordo , com bons jogadores a tática é secundária .

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