Zagueiro registrou passagem pela Toca da Raposa entre 2006
e 2007; tricolor investiu R$ 22 milhões em acordo com Porto

Vinícius Dias

A permanência do zagueiro Maicon no São Paulo - selada nessa terça-feira por R$ 22 milhões, conforme apuração da ESPN - vai gerar receita para o Cruzeiro. Segundo cálculos do portal Rede do Futebol, o clube celeste tem direito a cerca de 0,75% do valor. A arrecadação, na faixa de R$ 165 mil, provém do mecanismo de solidariedade da Fifa, devido à passagem do jogador pela Toca entre 2006 e 2007.


Considerado um dos principais clubes formadores do futebol brasileiro, o Cruzeiro já havia faturado neste ano em negócios envolvendo o zagueiro Gil, o volante Ramires e o meia-atacante Guilherme, que agora defende o Corinthians. Conforme o Blog Toque Di Letra destacou em fevereiro, os valores superaram R$ 2,1 milhões.

Maicon confirmou permanência ontem
(Créditos: São Paulo F.C./Reprodução)

De acordo com o mecanismo de solidariedade instituído pela Fifa, 5% do montante das transferências internacionais cabe aos clubes pelos quais o jogador atuou entre 12 e 23 anos.

Sistema de cálculo dos percentuais:

Temporada do 12º aniversário - 0,25% do valor da transação
Temporada do 13º aniversário - 0,25% do valor da transação
Temporada do 14º aniversário - 0,25% do valor da transação
Temporada do 15º aniversário - 0,25% do valor da transação
Temporada do 16º aniversário - 0,5% do valor da transação
Temporada do 17º aniversário - 0,5% do valor da transação
Temporada do 18º aniversário - 0,5% do valor da transação
Temporada do 19º aniversário - 0,5% do valor da transação
Temporada do 20º aniversário - 0,5% do valor da transação
Temporada do 21º aniversário - 0,5% do valor da transação
Temporada do 22º aniversário - 0,5% do valor da transação
Temporada do 23º aniversário - 0,5% do valor da transação

Joia do Grêmio em alta no mercado

Vinícius Dias

Artilheiro gremista no Campeonato Brasileiro, com cinco gols, o atacante Luan está em alta no mercado internacional. Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, um clube inglês tem monitorado o desempenho do atleta e enviou um emissário ao Rio Grande do Sul recentemente. Com aporte de investidores, o clube estuda a possibilidade de apresentar uma oferta de £ 16 milhões, cerca de R$ 71 milhões, ao Grêmio.

Luan em ação durante a Libertadores
(Créditos: Lucas Uebel/Flickr/Grêmio FBPA)

Caso decidam formalizar a oferta, os ingleses esperam definir ainda nesta janela de transferências - aberta até 31 de agosto no país - a situação do atleta, de 23 anos, cotado para a seleção olímpica. O principal entrave é a postura do Grêmio. Dono de 70% dos direitos econômicos, o tricolor dos pampas fixou no contrato de Luan, assinado até setembro de 2018, uma multa rescisória de € 60 milhões.

Investida por Lucas Pratto

Essa investida teria moldes semelhantes aos de outra realizada na última temporada e que teve como alvo o argentino Lucas Pratto, do Atlético. À época, uma proposta de € 10 milhões foi recusada pela cúpula alvinegra. Conforme o Blog noticiou na ocasião, o Liverpool aparecia como possível destino caso o negócio fosse concluído.

Agora, ninguém segura o Galo!

Alisson Millo*

Obrigado, Clint Dempsey e Gyasi Zardes! Talvez esses nomes não sejam familiares aos torcedores atleticanos, mas a verdade é que os dois foram fundamentais para essa ascensão do Galo no Campeonato Brasileiro. Nas quartas de final da Copa America Centenário, ambos foram responsáveis pelos gols dos Estados Unidos, eliminando o Equador e determinando os retornos de Erazo e Cazares ao Atlético. E como essa dupla equatoriana estava fazendo falta.


Começando pelo começo, Erazo deu solidez à defesa que vinha falhando. Edcarlos, Tiago e Gabriel não conseguiram substituir nosso 'zaguerazo' à altura e a situação ficou pior após a lesão de Léo Silva. Falhas constantes prejudicaram muito a equipe, principalmente no duelo contra o Sport, que terminou em 4 a 4 após o Atlético abrir 4 a 2 na Ilha do Retiro. Com os titulares de volta, apenas um gol sofrido em três jogos: um alento para o time que chegou a ter a pior defesa da Série A.

Robinho comemora gol ante o América
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Mais à frente, no meio-campo, a falta de criação ficava nítida. A deficiência no passe prejudicou o ataque, que pouco marcou e não conseguia tirar o Atlético da zona de rebaixamento. Mas, hoje, a situação é diferente. Juan Cazares é o armador clássico que tanto fez falta e, agora, está disponível novamente. E haja melhora: três vitórias seguidas e seis gols marcados - dois dele -, fora as chances não convertidas.

Obrigado, também, Ruidíaz!

Aproveitando essa onda de agradecimentos, é impossível não citar a mão direita de Raúl Ruidíaz, autor do gol que eliminou o Brasil da mesma Copa América, antecipando a volta de Douglas Santos. Com isso, acabaram as improvisações e a lateral teve um salto de qualidade. Com o elenco quase todo disponível, a ascensão é inevitável. Que o Z4, que já ficou para trás, não volte mais. Nossa briga é por título, e que o Botafogo seja a próxima vítima. Agora, ninguém segura o Galo!

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
Goleiro titular e atual capitão da seção Fala, Atleticano!

Galo na Veia em ritmo acelerado

Vinícius Dias

Os investimentos feitos pela diretoria atleticana no elenco, que neste ano ganhou reforços como o meia-atacante Cazares e os atacantes Robinho e Fred, têm se traduzido em fidelização do torcedor. De acordo com dados disponibilizados no site Histórico Futebol Melhor, o programa de sócios Galo na Veia contabiliza cerca de 14,7 mil adesões neste semestre - além disso, abril foi o melhor mês da história.

Robinho exibe cartão na apresentação
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Com média superior a 40 filiações por dia na atual temporada, o Atlético aparece em terceiro lugar no ranking de clubes brasileiros que mais registraram associações no período - superado apenas por São Paulo, cujo programa teve 27,7 mil adesões, e Coritiba, que ingressou em maio no Movimento por um Futebol Melhor e, com isso, teve a base de 17,7 mil sócios contabilizada no mês.

Mais de 60% da meta concluída

Lançado em maio de 2012 pelo ex-presidente Alexandre Kalil, o programa atleticano é o oitavo do Brasil em número de filiados, com 62.790 membros, tendo ultrapassado o flamenguista nos últimos meses. Nos bastidores, a expectativa é de que a marca de 100 mil sócios-torcedores seja alcançada até o fim de 2017.

Com vagas para estrangeiros ocupadas, clube fará alterações
em elenco; Cruzeiro tem interesse em Nilmar, que pode sair

Vinícius Dias*

Mesmo em alta no Al-Nasr, com 18 gols marcados em 39 jogos na última temporada, Nilmar pode deixar os Emirados Árabes. Com suas três vagas para atletas estrangeiros ocupadas neste momento, o clube planeja fazer mudanças no elenco. Esse cenário pode facilitar a saída do avante, de 31 anos, cuja situação tem sido monitorada por pelo menos cinco clubes do futebol brasileiro. Entre os interessados estão Fluminense, Corinthians e, também, o Cruzeiro.


Os primeiros contatos entre a cúpula celeste, atleta e staff ocorreram na última semana, no interior do Paraná, antes dos acertos com os também atacantes Ramón Ábila e Rafael Sóbis. Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, entretanto, as condições iniciais sinalizadas pelo Cruzeiro ficaram aquém das expectativas. Caso a saída do Al-Nasr seja confirmada, Nilmar pretende assinar com um novo clube por dois anos, com salário cerca de 30% superior ao sinalizado.

Nilmar deixou o Inter no último ano
(Créditos: Alexandre Lops/Internacional)

Oficialmente, a Raposa evita dar detalhes sobre situações de mercado. De acordo com apuração da reportagem, a oficialização de dois nomes para o ataque nesta semana não significa que Nilmar esteja descartado, embora, naturalmente, o setor tenha deixado de ser prioridade.

Representantes em silêncio

O Blog tentou contato com o ex-volante Magrão, representante do clube dos Emirados na compra de Nilmar junto ao Inter. As ligações não foram atendidas, mas a caixa postal em duas tentativas apresentou mensagens em árabe, indicando a presença na região. Curiosamente, Nilmar é o único brasileiro no elenco do Al-Nasr. Ismael Calegário, representante do atleta, também não atendeu às ligações.

*Com colaboração de Rafael Morientes

Ademir Fonseca: da URT à Arábia

Vinícius Dias

Campeão mineiro do interior à frente da URT, de Patos de Minas, Ademir Fonseca já definiu seu próximo desafio. Na Arábia Saudita há dois dias, o treinador será apresentado oficialmente, neste sábado, pelo Al-Shoulla. A comissão técnica do time de Al-Kharj contará com mais dois brasileiros: o auxiliar será Winnicius Marquezine, também ex-URT, e Marcus Ferreira vai comandar a preparação física.

Técnico durante a passagem pela URT
(Créditos: Arquivo Pessoal/Ademir Fonseca)

Campeão paulista pelo Ituano em 2002, o treinador vê a chegada ao time árabe como sonho realizado. "Queria entrar nesse mercado aqui há muito tempo", disse o mineiro ao Blog, pontuando o aspecto financeiro. Ademir Fonseca, que no primeiro semestre de 2010 chegou a encaminhar acordo com a Federação Saudita para dirigir a seleção do país, desta vez acertou contrato por dez meses com o Al-Shoalah.

Itabiritense jogou no Atlético de 1958 a 1966, marcando 49
gols no estádio; já no Rio, Nilson indicou Dadá a dirigentes

Vinícius Dias

"Eu fecho os olhos e ainda ouço a torcida do Atlético gritando meu nome, gritando gol, principalmente no Horto". Desde que Nilson Cardoso fez seu último jogo pelo alvinegro, já se passaram cinco décadas. As recordações do ex-centroavante, que completa 77 anos nesta sexta-feira, entretanto, estão intactas. A exemplo da história construída no clube: 11º artilheiro, com 125 gols marcados entre as temporadas de 1958 e 1966, e jogador que mais vezes balançou as redes a serviço do Atlético no Independência em todos os tempos: 49 gols.


Destaque da geração pós-Telê em Itabirito, Cardoso teve passagens por divisões de base de Itabirense Esporte Clube e União Sport Club antes de realizar um período de testes no Flamengo. Na equipe carioca, apesar do bom desempenho, a experiência foi curta. "Fiquei lá por mais de um mês. Mas a saudade apertou e vim embora", lembra. De volta, um susto com a camisa do União: o centroavante fraturou um dos braços durante partida realizada na cidade de Itabira.

Assinatura de contrato com o Atlético
(Créditos: Arquivo Pessoal/Nilson Cardoso)

Ano novo, chance no Atlético. O dia jamais será esquecido: "17 de janeiro de 1958", revela ao Blog Toque Di Letra. Nem mesmo o fato de ter que atuar com chuteiras maiores do que seus pés impediu que ele brilhasse. "Após o treino, saí carregado pela torcida, que estava ansiosa. O Kafunga precisou dizer que eu já tinha assinado o contrato", comenta Nilson. Na verdade, a assinatura ocorreu na manhã seguinte, diante da mãe e de um irmão mais velho dele.

Jornada dupla, gols e lesão

O centroavante, que conciliava os treinos com a rotina de frentista em um posto de gasolina na Cidade Industrial à época, teve destaque na fase de preparação para o estadual. Em abril, fez seu primeiro gol pelo Atlético na goleada, por 8 a 0, sobre a Seleção de João Monlevade. Em junho, outros seis contra Santos e Corinthians. "Tenho na memória que vários times se interessaram por mim nessa boa fase. Eu fiquei, mas depois machuquei o joelho em um jogo do Campeonato Mineiro", afirma.

Nilson, no Horto, diante do América
(Créditos: Arquivo Pessoal/Nilson Cardoso)

Os gols diante dos rivais paulistas, somado a outro ante o Villa Nova, em amistoso em abril de 1958, foram os primeiros capítulos da relação com o Independência. Até a despedida, em 1966, Nilson fez 49 gols no Horto - Gérson e Ubaldo, com 39, e recentemente Jô, com 27, foram alguns dos que mais se aproximaram. "Fico super alegre", diz. Embora ache difícil, ele não se incomoda com a possibilidade de, um dia, ver o recorde quebrado. "Sou atleticano e, eles fazendo gols, estou feliz".

No Rio, amizade com Dadá

A saída de BH aconteceu em julho de 1966, dias antes do acordo com o Siderúrgica. Em Sabará, atuou até o fim do Mineiro daquele ano, quando chegou ao Campo Grande. No Rio, além de gols, fez amizade com Dario José, de 20 anos. Um ano depois, graças à indicação de Nilson a cartolas alvinegros, a promessa ganharia a chance de se tornar majestade no time mineiro. "Se sou o 'Rei Dadá' hoje, tenho que agradecer muito ao Nilson", disse o carioca em entrevista ao Blog anteriormente.

Itabiritense comemora 77 anos hoje
(Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

Cardoso, que viveu o auge entre 1960 e 1962, marcando 74 gols, deixou os gramados aos 28 anos. "Não me arrependo (da aposentadoria). Fiquei perto da família, isso foi muito gratificante", afirma. Do sofá de casa, em Itabirito, ele assiste às partidas, provando que a paixão pelo Atlético não esmoreceu. E ainda há tempo para fazer planos. "Com certeza, eu sonho com uma homenagem no Horto", revela.

Futuro de Sóbis segue indefinido

Da Redação*

Embora houvesse nos bastidores a expectativa de resolução até ontem, a situação do atacante Rafael Sóbis já começa a ganhar clima de novela. Em coletiva à imprensa mexicana nesta quarta-feira, o presidente do Tigres, Alejandro Rodríguez, afirmou que as negociações seguem indefinidas. "A questão envolve três partes, e todas elas devem estar satisfeitas. Nesse momento, não está assim".


No México, a informação é de que a oferta inicial da Raposa atingiu US$ 3 milhões, valor inferior à cláusula rescisória de US$ 8 milhões. Oficialmente, no entanto, Rodríguez evitou dar detalhes. "Não há urgência, nem saímos oferecendo o jogador. Eles estão interessados e precisam cumprir certas condições mínimas", afirmou. As tratativas são intermediadas pelo agente do brasileiro, Jorge Machado.

Atleta na academia em Riviera Maya
(Créditos: Tigres UANL/Divulgação)

Ao ser questionado sobre uma possível data limite para a conclusão das negociações por Rafael Sóbis, que segue realizando a pré-temporada em Riviera Maya, o presidente da equipe mexicana se esquivou. "A janela de registros no Brasil acaba se abrir e, aqui, temos até 31 de agosto para repor uma possível saída", assinalou.

Confira o áudio da entrevista:



*Com áudio e colaboração de Javier Alonso

Ídolo cruzeirense vê cenário nacional em atraso, critica CBF e
revela expectativa em Tite: 'Que vá além do cargo de técnico'

Vinícius Dias

422 gols e 356 assistências em 1035 partidas. A contagem, interrompida em dezembro de 2014, poderia ter ido além. Alex recebeu um convite do Cruzeiro para disputar a Copa Libertadores ano passado, por exemplo. A decisão, contudo, já havia sido tomada. "Viver futebol é desgastante e já não tinha mais paciência para isso", revela. Seis meses após pendurar as chuteiras, o curitibano estreou como comentarista na ESPN Brasil. "Estou apenas falando de futebol e não tenho a mínima vontade de fazer alguém mudar de ideia ou concordar comigo", garante.

Alex: dos gramados para a tela da TV
(Créditos: Gualter Naves/Light Press)

Com a classe habitual, Alex aborda diversos assuntos nesta entrevista ao Blog Toque Di Letra. Da chegada de Tite à seleção à expectativa quanto aos rumos da Primeira Liga, passando pelas Olimpíadas de 2000. Quando perguntado sobre a preparação do técnico brasileiro, é convicto. "Criamos uma linha de treinadores que estudavam pouco e motivavam muito". Hoje espectador, revela um sonho. "Tenho apenas uma vontade enorme de ver nosso futebol melhor organizado, melhor jogado e principalmente melhor dividido em todos os gêneros".

Você integra, desde o ano passado, a equipe de comentaristas dos canais ESPN. Como tem avaliado a experiência? Qual é a principal dificuldade no momento de analisar atuações de atletas que eram, até outro dia, seus companheiros ou adversários?

Não tenho problema nenhum. A experiência tem sido muito boa. Ver futebol sem o envolvimento que tinha está sendo ótimo. Meu compromisso é muito simples: analisar aquilo que estou vendo e sinto a necessidade de falar. Falar a respeito de alguém que foi ou é meu amigo, ex-companheiro, ex-adversário, para mim, é igual a falar de um desconhecido. Estou apenas falando de futebol e não tenho a mínima vontade de fazer alguém mudar de ideia ou concordar comigo.

Futebol cada um enxerga como quer. Envolve sua educação, seus princípios e, muitas vezes, sua paixão. Depois de tantos anos no futebol, não tenho mais a paixão de arquibancada. Tenho apenas uma vontade enorme de ver nosso futebol melhor organizado, melhor jogado e principalmente melhor dividido em todos os gêneros.

Ao longo da história, profissionais como Dida, Rivaldo, Zico e, até mesmo, Pelé retomaram as carreiras após períodos de inatividade. Você chegou a receber um convite do Cruzeiro, por exemplo, para disputar a Libertadores do ano passado. Desde a despedida diante do Bahia, em 2014, você cogitou rever a aposentadoria em algum momento? Por quê?

Quando resolvi parar, eu pensei muito antes de anunciar. Ponderei várias situações. Uma delas, e a principal, era saber o que fazer pós-carreira. Viver futebol é desgastante e já não tinha mais paciência para isso. Fisicamente estava desgastado, mas mentalmente estava mais. Queria viver o dia a dia da minha família, fazer as coisas junto dos meus filhos. E isso tem sido fantástico e enriquecedor para mim. Outra coisa que queria muito era ver futebol sem a responsabilidade de três pontos, sem a cobrança de me preparar para jogar.

Queria ver de longe e começar a juntar o que penso do esporte sem esse envolvimento que muitas vezes nos cega. Hoje, converso com dirigentes, treinadores, jogadores, jornalistas, torcedores, e vou fazendo um apanhado junto com aquilo que vivi sendo jogador de futebol. Confesso que está sendo ótimo. Estou conseguindo ter uma visão ótima e sigo aprendendo. Então, em momento algum consigo me ver em campo. Minha exceção é apenas em alguns lances de falta em que fico imaginando o que aquele batedor irá fazer. Se estou com meu filho, falo para ele o que eu tentaria fazer naquele momento, mas isso dura segundos e acaba.

O chileno Pellegrini foi bem no Manchester City. Argentinos, Diego Simeone e Pochettino comandam Atlético de Madrid e Tottenham, respectivamente. Sampaoli acertou há pouco com o Sevilla. Não há treinadores brasileiros nas principais ligas da Europa, enquanto os estrangeiros têm ganhado espaço por aqui. O treinador brasileiro, hoje, é mal preparado?

É! Primeiro, porque criamos uma linha de treinadores que estudavam pouco e motivavam muito. O Brasil é o único país do mundo em que o treinador faz vídeo com as famílias, namorada, esposa, amigos para criar um ambiente que o levará à vitória. Sempre ouvimos dirigentes, jornalistas e torcedores dizendo que precisamos de um treinador que dê um choque nessa equipe. O treinador que falava baixo e era educado era visto com uma pessoa mole, de caráter fraco para comandar um grupo de jogadores de futebol. Hoje se encaminha para uma mudança.

Até mesmo porque a sociedade mudou, o futebol também mudou muito e, com isso, nossos treinadores também mudarão. Frases feitas e repetidas durante décadas valem pouco hoje. Conhecimentos adquiridos na prática e também na teoria serão cada vez mais valorizados. Situações que antes não olhávamos, como gerenciamento de pessoas, parte técnica, tática e conhecimento de relações humanas terão que andar cada vez mais juntas para o treinador de futebol. Tornou-se um cargo muito grande, além do que imaginávamos há 20 anos.

À época do acordo entre Cruzeiro e Paulo Bento, você disse estar curioso com a chegada do português ao Brasil, especialmente pela forma diferente como os europeus veem o futebol. Passado pouco mais de um mês, qual é sua impressão inicial sobre o trabalho e a postura do treinador?

O início é péssimo e a bola está nas mãos da diretoria. Dar continuidade e esperar os resultados aparecerem ou fazer o que nossa cultura manda. É muito difícil para o Paulo pegar o trabalho pela metade. Na Europa, está acostumado a conhecer a mentalidade do clube, a expectativa dos torcedores, seu grupo de jogadores, o perfil desses jogadores, a logística de treinamentos e viagens. Ele pegou tudo isso no meio do caminho e ainda deve estar vivendo as diferenças de dia a dia, sobre o qual não podemos opinar, porque não sabemos como estão as coisas dentro da Toca da Raposa.

Em dezembro último, você foi um dos signatários de manifesto por renúncia de Marco Polo Del Nero e mudanças na estrutura da CBF. Tite, que também assinou aquele documento, assumirá o comando da seleção, ainda na era Del Nero. Em sua visão, até que ponto a chegada do treinador, multicampeão pelo Corinthians, é um indício de mudança?

Não vejo indício nenhum. Tite é o nome certo depois de dois anos de atraso. Desde Luxemburgo, em 1998, não temos um treinador na seleção com tanto apelo popular. Mas só aconteceu isso porque tivemos uma participação ruim na Copa América. Em momento algum a CBF mostra intenção de modificar algo. Mais uma vez temos a chamada de responsabilidade de podermos alterar nosso rumo. Espero que o Tite vá além do cargo de técnico. Que ele possa se posicionar como alguém que abra os caminhos para mudarmos para um caminho melhor para o nosso futebol.

A seleção olímpica de 2000 tinha nomes como o zagueiro Lúcio, o lateral Fábio Aurélio e, no meio-campo, você e Ronaldinho Gaúcho. Luxemburgo optou por abrir mão dos três jogadores acima dos 23 anos. Essa decisão pesou na campanha decepcionante? Quanto ao Rio 2016, vê Neymar, aos 24 anos, pronto para ser a referência na busca pelo sonhado ouro?

O que mais pesou em 2000 foi a falta de preparação para os jogos. Fizemos um pré-olímpico fantástico em janeiro. Os Jogos Olímpicos começaram em setembro. De janeiro a setembro, nosso grupo se encontrou apenas uma vez. Fizemos dois jogos contra o Chile, um lá no Chile e outro em Florianópolis. A CBF não deu a importância devida à competição e, quando lá chegamos, o Luxemburgo estava sendo envolvido em várias acusações. Se lembrarmos, ele acabou em uma CPI. Fizemos uma competição muito abaixo do esperado.

Para o Rio 2016, não tenho dúvidas de que o Neymar está preparado para ser nosso referencial técnico. Está jogando em um grande nível e acredito que com um desejo enorme de poder mostrar junto dos seus companheiros o melhor futebol possível. Acredito que temos totais condições de quebrarmos esse tabu e alcançarmos o tão desejado ouro olímpico.

A Primeira Liga teve início neste ano como um torneio associado à proposta de ter os clubes como protagonistas do debate. Qual é a sua perspectiva em relação a esse movimento e à ideia de ser criar uma liga nacional de clubes?

Minha perspectiva é que tenha a segunda edição, melhor organizada e se aprimorando a cada ano. A primeira coisa que queria ver melhorada é a divisão de cotas de TV em igualdade. Independente de história, de número de títulos, números de torcedores e outras situações. Igual para todas as equipes. Uma depende da outra para o sucesso da competição e, aí, se coloca prêmio pela colocação. Por meritocracia, quem chegar à frente leva as vantagens por ter alcançado o objetivo final.

Em meio à eclosão de debates sobre o futebol nacional pós-7 a 1, costuma passar batido o aspecto formação. Como você vê, hoje, a relação dos clubes brasileiros com os atletas na base em relação à técnica, tática e à preparação do cidadão?

A formação é a parte mais importante. Os torcedores têm que começar a olhar para a categoria de 14 anos e saber quais valores estão sendo passados ali. Isso é de fundamental importância para aqueles que atingirão a equipe principal e também para aqueles que não chegarem, a maioria. É importante, também, porque se gasta muito dinheiro nesse período e poucos contabilizam depois. Outros fatores são: quem são esses treinadores-educadores? Como ensinam? O que ensinam? Que objetivos os clubes têm? Título ou trabalho de formação? São questões relevantes que os torcedores podem e devem fiscalizar. O treinador do sub-15 tem que ser valorizado e fiscalizado tanto quanto o do time principal.

Temos que, aos poucos, eliminar a promiscuidade existente na base do futebol brasileiro. Isso passa pelo governo brasileiro, com uma alteração na Lei Pelé, deixando essa relação mais equilibrada entre clube e atleta para que a figura do empresário diminua cada vez mais. É um caminho longo, mas tem que ser iniciado em algum momento. E esse momento era julho de 2014, mas será agora. Estamos atrasados mais uma vez, mas temos que começar por algum lugar. Espero que o Edu Gaspar e o Tite possam, de alguma forma, provocar esse início de mudança de pensamento e que comecemos a implantar uma filosofia em nosso futebol.

Douglas Santos, Clayton e Alisson são cotados para a seleção
brasileira, enquanto Romero aparece em pré-lista argentina

Vinícius Dias

O talento dos alvinegros Douglas Santos e Clayton e dos celestes Lucas Romero e Alisson, jogadores sub-23, pode resultar em 'dores de cabeça' para os treinadores Marcelo Oliveira e Paulo Bento no segundo semestre. Com idade olímpica, os quatro são cotados para a disputa do torneio de futebol masculino nos Jogos do Rio. Somando a fase de preparação e as partidas previstas na competição, o período longe dos respectivos clubes pode superar um mês.


Reserva na Copa América, Douglas Santos é nome quase certo na equipe olímpica. A preparação sob o comando de Rogério Micale terá início em 18 de julho, data de Atlético x Coritiba pela 15ª rodada da Série A. O lateral ainda perderia outros quatro duelos - Palmeiras, Santa Cruz, São Paulo e Chapecoense - até o fim da primeira fase. Caso o país vá à decisão, seria desfalque por mais duas rodadas - ante Santos e Atlético/PR. O cenário é idêntico ao da possível convocação de Clayton.

Ex-Atlético, Micale treinará time olímpico
(Créditos: Rafael Ribeiro/CBF/Divulgação)

Do lado cruzeirense, Lucas Romero está na pré-lista do técnico argentino Gerardo Martino, enquanto Alisson vive expectativa de ser convocado. Os meio-campistas, a princípio, perderiam o jogo de volta da Copa do Brasil, diante do Vitória, em 20 de julho, além de quatro partidas do Brasileiro - Sport, Santos, Internacional e Corinthians. A chegada das seleções à fase final do torneio olímpico ainda poderia afastá-los de mais duas rodadas - contra Coritiba e Figueirense.

Reposições em pauta

Ciente da valorização e da provável ausência de Douglas Santos, a cúpula atleticana se antecipou e acertou a contratação de Fábio Santos, ex-Cruz Azul, do México. Com a chance de perder dois titulares do meio-campo, o Cruzeiro monitora o mercado e, no caso de convocações, há possibilidade de o clube buscar opções visando recompor o setor. As listas finais serão divulgadas até 14 de julho.

A cartada celeste por Rafael Sóbis

Vinícius Dias*

A expectativa, nos bastidores, é de que o Tigres responda hoje à oferta feita pelo Cruzeiro para ter Rafael Sóbis. Por meio do diretor Miguel Ángel Garza, o clube mexicano confirmou, nessa segunda-feira, a existência de um documento oficial da Raposa. Com o atacante interessado em voltar a atuar no Brasil, o acordo financeiro entre os dois clubes é apontado como último entrave para o anúncio.

Sóbis em ação na pré-temporada
(Créditos: Tigres UANL/Divulgação)

A cláusula rescisória de Sóbis está fixada em US$ 8 milhões. No México, a informação é de que a oferta inicial do Cruzeiro contempla US$ 3 milhões, cerca de R$ 10 milhões - um terço do valor, conforme o Blog apurou, já poderia ser pago de imediato. O Tigres, a princípio, planeja receber US$ 4 milhões para liberá-lo. O fato de o clube se abrir ao diálogo, porém, é tido como sinal positivo.

*Com colaboração de Javier Alonso

Em entrevista à imprensa local, Miguel Ángel Garza destacou
oferta do Cruzeiro e indicou possibilidade de saída do atleta

Da Redação*

Com Rafael Sóbis na delegação, o elenco do Tigres viajou na noite desse domingo para a pré-temporada em Riviera Maya. A alta cúpula do clube, contudo, segue em Monterrey e tem entre as prioridades a definição da situação do atacante, que está nos planos do Cruzeiro. Nesta segunda-feira, Miguel Ángel Garza, diretor esportivo do clube mexicano, atendeu à imprensa em Monterrey.

Rafael Sóbis viaja em pré-temporada
(Créditos: Tigres UANL/Twitter/Divulgação)

Garza, embora tenha evitado citar valores, assinalou que a definição deve ocorrer até amanhã e sinalizou a possibilidade de o clube buscar reforços para o ataque caso a venda de Sóbis seja definida. Confira, a seguir, os principais pontos e o áudio da entrevista.

Interesse do Cruzeiro

"O Cruzeiro nos apresentou uma proposta por escrito e, agora, estamos analisando. Esperamos dar uma resposta durante este dia (segunda-feira) ou amanhã".

Avaliação da diretoria

"O que temos dito é que o clube é somente uma parte. É preciso falar também com o jogador e, se o Cruzeiro cumprir as expectativas dele e do clube, temos que levar em conta".

Diálogo Tigres e Sóbis

"Não houve consulta (da cúpula do Tigres) ao jogador. Ele se encontra na pré-temporada e temos tratado com o agente dele".

Negociações em curso

"A possibilidade de saída sempre existiu para todos os jogadores quando há algo bom para todas as partes. Neste caso do Rafael Sóbis, temos um documento oficial do Brasil".



*Com áudio e colaboração de Javier Alonso

Elenco do Tigres embarcará para pré-temporada em Riviera
Maya neste domingo, mas alta cúpula seguirá em Monterrey

Vinícius Dias*

O tom de indefinição quanto ao futuro de Rafael Sóbis deve chegar ao fim nas próximas horas. Membros do staff do atacante, os agentes Jorge e Kauê Machado chegaram ao México no início da noite dessa sexta-feira e têm uma reunião com o presidente do Tigres, atual clube do brasileiro, na agenda. A pauta é a possível saída do camisa 9, tendo como destino Belo Horizonte. Entre Sóbis e Cruzeiro, há tratativas alinhavadas há cerca de três semanas.


O grande entrave para um desfecho positivo é a postura dos mexicanos. Em boa situação econômica, o clube rejeitou recentemente investidas do mercado europeu por nomes como Javier Aquino, Jürgen Damm e André-Pierre Gignac. Ciente da resistência, o Cruzeiro sinalizou a possibilidade de fazer um investimento para agilizar os trâmites, desembolsando já neste momento uma parcela de US$ 1 milhão, correspondente a quase R$ 3,5 milhões na cotação atual.

Atacante deixou o Fluminense em 2015
(Créditos: Nelson Perez/Flickr/Fluminense F.C.)

A pressa celeste, em razão da abertura da janela internacional na próxima segunda-feira, se ajusta ao cronograma traçado pelo clube mexicano. Na noite deste domingo, o elenco vai embarcar para Riviera Maya, cenário da pré-temporada de 15 dias. Rafael Sóbis está entre os listados a princípio, mas sequer viajará em caso de acordo. Caso as tratativas ultrapassem o domingo, contudo, a sequência não será prejudicada, uma vez que a alta cúpula do Tigres seguirá em Monterrey no período.

Histórico do jogador

Bicampeão da Copa Libertadores pelo Inter, em 2006 e 2010, e campeão brasileiro pelo Fluminense, em 2012, Rafael Sóbis assinou com o clube do México no fim de 2014. Com contrato até dezembro de 2017, o atacante entrou em campo 70 vezes, marcando 22 gols.

*Com colaboração de Alexandre Ernst e Javier Alonso