Itabiritense jogou no Atlético de 1958 a 1966, marcando 49
gols no estádio; já no Rio, Nilson indicou Dadá a dirigentes

Vinícius Dias

"Eu fecho os olhos e ainda ouço a torcida do Atlético gritando meu nome, gritando gol, principalmente no Horto". Desde que Nilson Cardoso fez seu último jogo pelo alvinegro, já se passaram cinco décadas. As recordações do ex-centroavante, que completa 77 anos nesta sexta-feira, entretanto, estão intactas. A exemplo da história construída no clube: 11º artilheiro, com 125 gols marcados entre as temporadas de 1958 e 1966, e jogador que mais vezes balançou as redes a serviço do Atlético no Independência em todos os tempos: 49 gols.


Destaque da geração pós-Telê em Itabirito, Cardoso teve passagens por divisões de base de Itabirense Esporte Clube e União Sport Club antes de realizar um período de testes no Flamengo. Na equipe carioca, apesar do bom desempenho, a experiência foi curta. "Fiquei lá por mais de um mês. Mas a saudade apertou e vim embora", lembra. De volta, um susto com a camisa do União: o centroavante fraturou um dos braços durante partida realizada na cidade de Itabira.

Assinatura de contrato com o Atlético
(Créditos: Arquivo Pessoal/Nilson Cardoso)

Ano novo, chance no Atlético. O dia jamais será esquecido: "17 de janeiro de 1958", revela ao Blog Toque Di Letra. Nem mesmo o fato de ter que atuar com chuteiras maiores do que seus pés impediu que ele brilhasse. "Após o treino, saí carregado pela torcida, que estava ansiosa. O Kafunga precisou dizer que eu já tinha assinado o contrato", comenta Nilson. Na verdade, a assinatura ocorreu na manhã seguinte, diante da mãe e de um irmão mais velho dele.

Jornada dupla, gols e lesão

O centroavante, que conciliava os treinos com a rotina de frentista em um posto de gasolina na Cidade Industrial à época, teve destaque na fase de preparação para o estadual. Em abril, fez seu primeiro gol pelo Atlético na goleada, por 8 a 0, sobre a Seleção de João Monlevade. Em junho, outros seis contra Santos e Corinthians. "Tenho na memória que vários times se interessaram por mim nessa boa fase. Eu fiquei, mas depois machuquei o joelho em um jogo do Campeonato Mineiro", afirma.

Nilson, no Horto, diante do América
(Créditos: Arquivo Pessoal/Nilson Cardoso)

Os gols diante dos rivais paulistas, somado a outro ante o Villa Nova, em amistoso em abril de 1958, foram os primeiros capítulos da relação com o Independência. Até a despedida, em 1966, Nilson fez 49 gols no Horto - Gérson e Ubaldo, com 39, e recentemente Jô, com 27, foram alguns dos que mais se aproximaram. "Fico super alegre", diz. Embora ache difícil, ele não se incomoda com a possibilidade de, um dia, ver o recorde quebrado. "Sou atleticano e, eles fazendo gols, estou feliz".

No Rio, amizade com Dadá

A saída de BH aconteceu em julho de 1966, dias antes do acordo com o Siderúrgica. Em Sabará, atuou até o fim do Mineiro daquele ano, quando chegou ao Campo Grande. No Rio, além de gols, fez amizade com Dario José, de 20 anos. Um ano depois, graças à indicação de Nilson a cartolas alvinegros, a promessa ganharia a chance de se tornar majestade no time mineiro. "Se sou o 'Rei Dadá' hoje, tenho que agradecer muito ao Nilson", disse o carioca em entrevista ao Blog anteriormente.

Itabiritense comemora 77 anos hoje
(Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

Cardoso, que viveu o auge entre 1960 e 1962, marcando 74 gols, deixou os gramados aos 28 anos. "Não me arrependo (da aposentadoria). Fiquei perto da família, isso foi muito gratificante", afirma. Do sofá de casa, em Itabirito, ele assiste às partidas, provando que a paixão pelo Atlético não esmoreceu. E ainda há tempo para fazer planos. "Com certeza, eu sonho com uma homenagem no Horto", revela.

2 comentários:

  1. INFELIZMENTE MINAS NÃO VALORIZA A PRATA DA CASA. DESTE MAL ME QUEIXO. RONALDINHO POR JOGAR NO ATLÉTICO SE TORNOU CIDADÃO DE BH, HOMENAGEM FEITA PELA CÂMARA MUNICIPA.SOU DE ABAETÉ E FUI CRIADA EM BH, SOU A PRIMEIRA MULHER ÁRBITRO DE FUTEBOL NO MUNDO E O SEGUNDO APITO DE OURO NO BRASIL PRÊMIO FIFA, E BH NUNCA SE PREOCUPOU EM ME HOMENAGEAR. FUI HOMENAGEADA PELO MUSEU DO FUTEBOL DE SÃO PAULO E TAMBÉM EM PORTO ALEGRE, MAS MINAS GERAIS NUNCA ME DEU MEU LUGAR.

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