Vinícius Dias
Publicada em 04/05/2020, às 10h
Publicada em 04/05/2020, às 10h
Do desprezo à 'gripezinha', em março, quando já eram mais de 900 os casos confirmados, à defesa do retorno do futebol enquanto o Brasil, no top 10 do ranking mundial, já ultrapassa sete mil mortes por coronavírus entre mais de 101 mil casos, a insensatez presidencial avança rumo ao esporte. Mais do que isso: em meio à realidade paralela, o mau exemplo, que deveria ser contestado, ganha eco sorrateiramente. Afinal, com o silêncio de uns e o apoio de tantos, temos nos transformado no país do 'e daí?'.
E daí
que, mesmo sem torcedores nos estádios, a volta dos estaduais imporá uma
rotina cruel a vários trabalhadores e a cidades sem a mínima estrutura? E daí
que há dirigente que defenda o pedido de demissão como solução para atletas que
não quiserem entrar em campo? E daí que, entre comprovar que se curou e
ratificar que jamais foi infectado, o líder do Executivo prefira fabricar
inimigos e posar como vítima? E daí que estava errado quem disse que o Brasil
não era para amadores?
Bolsonaro participa de premiação da CBF (Créditos: Lucas Figueiredo/CBF) |
Criticar
a insensatez de hoje não é apoiar o passado nem concordar com o
discurso de que não se faria Copa do Mundo com hospitais. Mas silenciar é ceder
à tosca marcha do pensamento único, é olhar para a bola e esquecer o jogo. Por
que o futebol voltará primeiro no Brasil do que na Holanda, que tem menos casos
e mortes? O que justifica a pressa quando até Olimpíadas foram adiadas? Por
que vender como urgência pelo pão o que, na verdade, é apenas mais uma
tentativa de oferecer circo ao povo?
Pregar
a volta de futebol em meio a sete mil mortes é cruel.
O
Brasil, na insensatez diária, valida o mau exemplo: e daí?
Concordo
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