Aqui é o Cruzeiro! E o ano ainda não acabou!

Douglas Zimmer*
Publicada em 22/08/2019, às 15h05

Salve, China Azul!

Em primeiro lugar, vamos deixar três coisas claras: Mano Menezes não é mais treinador do Cruzeiro, Rogério Ceni não fará milagres e o ano celeste ainda não acabou. Semanas muito turbulentas e com muitos golpes duros na torcida antecederam a importantíssima vitória conquistada no último domingo contra o atual líder do Campeonato Brasileiro. Um triunfo que vale muito mais do que os protocolares três pontos. Adicione ao lucro na tabela de classificação algumas doses de confiança, esperança e alegria.


Quando digo que é bom que o torcedor tenha claro que Mano não comanda mais a equipe posso soar rancoroso. Não é essa a questão. O caso é que será muito mais saudável para todos que lutam pelo bem da Raposa que não se façam comparações de trabalho, estilo de jogo, sucessos e fracassos entre quem saiu e quem está chegando. Mano escreveu seu nome na história do clube de maneira indelével e saiu da Toca da Raposa II pela porta da frente. A situação, como ele mesmo afirmou, se tornou insustentável devido ao baixo desempenho recente. Vida que segue. Meu muito obrigado pelos serviços prestados, meu eterno respeito, mas o ciclo acabou.

Thiago Neves e Fred brilharam no duelo
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Confesso que jamais imaginei que veria este cidadão trajando nossas cores e defendendo nosso clube. Mas, enfim, são coisas do futebol. É inegável que RC foi um exemplo de atleta e um colecionador de títulos. Sua carreira como treinador ainda não é extensa o suficiente para que possamos fazer projeções em longo prazo, mas a primeira impressão que eu tive é de um profissional que conhece muito bem o ambiente onde está, que domina aquilo que fala e que sabe o material humano que tem em mãos.

Estreia com o pé direito de Ceni

O jogo de domingo, apesar de atípico pelos mais variados fatores, foi uma benção para a torcida que estava com saudades de ver o time dominando o adversário, propondo o jogo, trocando passes e procurando o gol desde o começo da partida. A expulsão do zagueiro adversário logo no primeiro lance teve papel fundamental na construção do resultado, mas, de forma isolada, não necessariamente se transforma em vantagem. Gostei muito da postura do estreante da tarde, que não demorou muito a movimentar suas peças e instalar definitivamente nosso time no campo do Santos.

Novo treinador começou com vitória
(Créditos: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.)

A vitória conquistada diante de um Mineirão que recebeu belo público pode mudar a situação da equipe não só na tabela de classificação como também no conceito dos adversários daqui para frente. Vão olhar o Cruzeiro com outros olhos. Há não muito tempo nem o próprio torcedor celeste parecia acreditar na equipe. Com o início desse novo ciclo, é bom que ninguém duvide. Ainda temos quase quatro meses pela frente e em um par de semanas teremos uma decisão que, até semana passada, parecia perdida. Fique esperto, amigo leitor: o ano do Cruzeiro ainda não acabou. Temos muito o que trabalhar, progredir, torcer e, quem sabe, conquistar.

Força, Cruzeiro!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!

Rogério Ceni supera primeiro teste no Cruzeiro

Vinícius Dias
Publicada em 16/08/2019, às 10h55

Foram dois estaduais, duas Copas do Brasil e mais de três anos com Mano Menezes no comando, enquanto o treino comandado nessa quinta-feira, na Toca da Raposa II, foi apenas o terceiro de Rogério Ceni, que estreará oficialmente no domingo. Mas, nos bastidores, o clima é de otimismo. A avaliação é de que, em meio a uma das maiores crises institucionais da história do Cruzeiro, incluindo afastamento de dirigente e atrasos salariais, o novo treinador já superou seu primeiro teste: o vestiário.

Ceni teve recepção positiva na Toca
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Conselheiros, agentes com bom trânsito no clube e, principalmente, atletas ouvidos pelo Blog Toque Di Letra exaltaram os primeiros dias de Ceni. Um dos pontos mais elogiados, na comparação com a postura de pouca abertura de Mano Menezes, é a busca pela proximidade com o grupo. "Na apresentação, ele disse: 'eu sou um cara que dentro de campo cobra, xinga, mas fora de campo somos parceiros'. É importante para o jogador sentir isso", revelou um integrante do elenco profissional.

Embora a declaração de Fred após a eliminação na Libertadores tenha sido interpretada como indício de má relação entre a antiga comissão técnica e os atletas, a negativa é unânime. Nos bastidores, o diagnóstico é de que havia, sim, um desgaste de ideias, o que chegou a fazer com que fosse cogitada a queda durante a pausa para a Copa América. A opção por Ceni, referendada pelas lideranças do elenco, passa pela promessa de novo ciclo, com futebol ofensivo, mas deu seu primeiro passo no vestiário.

Por que Ceni, e não Dorival ou Abel no Cruzeiro?

Vinícius Dias
Publicada em 13/08/2019, às 11h15

Rogério Ceni é o novo treinador do Cruzeiro. Contratação anunciada quatro dias após a queda de Mano Menezes. Que, pelo menos na avaliação de parte da cúpula celeste, já deveria ter ocorrido na pausa para a Copa América - curiosamente, a insatisfação cresceu depois da derrota para o Fortaleza, à época comandado por Ceni. Naquele momento, no entanto, pesou a expectativa, encabeçada pelo diretor de futebol, de que o gaúcho desse novos rumos à equipe durante os 29 dias sem jogos.

Ceni no desembarque em Belo Horizonte
(Créditos: Alisson Guimarães/Cruzeiro E.C.)

Mas, desde então, o Cruzeiro acompanhava com mais atenção o trabalho do ex-goleiro do São Paulo. É essa a explicação para que Dorival Júnior, nome mais citado por conselheiros desde que Mano Menezes entregou o cargo pela primeira vez, após a derrota para o Atlético, tenha recebido apenas uma sondagem sobre a possibilidade de retornar à Toca da Raposa II. E para que Abel Braga, também apoiado por alas influentes do Conselho, sequer tenha sido contatado pela diretoria estrelada.

A sinalização de que Dorival Júnior exigiria contrato pelo menos até o fim da próxima temporada foi a senha para que o clube ratificasse a preferência por Rogério Ceni. Nos bastidores, o entendimento é de que, mais do que de nomes, a ruptura deveria ser de estilos: Rogério Ceni promete o futebol ofensivo que, embora vitorioso, Mano Menezes não entregou. O novo treinador chega vislumbrando o hepta da Copa do Brasil e tendo a promessa de autonomia para ajustar o elenco à sua filosofia.

Caiu no Horto! Novo semestre, velho freguês

Alisson Millo*
Publicada em 07/08/2019, às 13h35

A pausa para a Copa América foi um pouco mais longa do que o esperado, mas cá estamos. Muita coisa aconteceu nesse meio tempo, então vamos recapitular rapidamente. Brasil campeão, contratações, eliminação, golaço do Patricão, classificação e clássico com vitória do Galão. Tudo rimando. Teria eu me descoberto poeta nesse tempo? Bem capaz!


Mas o foco não é o redator, e sim o time pelo qual todos nós temos o prazer de torcer. O Atlético vem alternando bons e maus momentos desde a volta, e nem precisamos analisar um espectro muito grande de jogos. Peguemos o empate contra o Fortaleza, por exemplo: um primeiro tempo de manual e um segundo tempo digno de épocas obscuras.

Vina decidiu dérbi contra o Cruzeiro
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Ou peguemos as três partidas contra o Cruzeiro. A ida da Copa do Brasil foi uma tragédia. Na volta, um jogo equilibrado. E no último domingo, pelo Campeonato Brasileiro, domínio completo do Atlético com direito a uma das melhores atuações recentes desse elenco.

Gols, dancinhas e ascensão alvinegra

Diante do bom desempenho no último clássico contra o velho freguês e das boas atuações contra o Botafogo - sim, o Galo jogou bem duas partidas seguidas diante do alvinegro carioca -, nada mais justo do que focar os pontos positivos.

O destaque dessa segunda metade do ano é Vina. Com seu penteado questionável e as dancinhas ensaiadas com Guga, o meia vem fazendo gols e regulando bem o setor ofensivo do time. Se tiver passinho todo jogo, sinal de que tem gol todo jogo, então eu nunca reclamei. Esse entrosamento reforça o time e o elenco, que ainda possui carências, mas se fortaleceu.

Jair tem se destacado no alvinegro
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Quem também vem forte é o volante Jair. O camisa 88 cresceu absurdamente jogando solo na cabeça de área e vive momento iluminado. Com a boa fase de Jair, os reflexos são sentidos em todo o setor defensivo do Atlético. Réver e Igor Rabello estão passando toda aquela segurança que nós não víamos desde a dupla formada por Léo Silva e Jemerson.

De promessa a substituto de Victor

Bom para Cleiton. O goleirão pegou a bronca de substituir Victor - que não estava em boa fase - e tem se saído bem. Depois de apenas dois gols sofridos nos últimos cinco jogos, muitos já defendem a manutenção da titularidade mesmo após a volta do camisa 1. Nunca neguei a idolatria que tenho pelo santo atleticano, mas interromper o bom momento do garoto não parece justo. E chamo de garoto sem me conformar muito com o fato de que ele é mais novo que eu. É, estou ficando velho.

Atlético, de Patric, vive grande fase
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

De pontos negativos, a aposentadoria precoce de Adilson e a fase tenebrosa vivida por Luan. Sobre o agora auxiliar, nada futebolístico, apenas os votos de muita saúde para o profissional e vida longa no staff atleticano. Sobre o 'Menino Maluquinho', o símbolo de raça e vibração do time virou um poço de má vontade que precisa se explicar. A história dele no Galo é muito bonita e vitoriosa, mas o que entra em campo é o futebol, o presente.

Torcemos para que esse banco prolongado faça bem e que ele volte pronto para nos ajudar na sequência da temporada, que ainda vai ser bem longa. Estamos bem no Brasileiro e temos totais condições de ir muito longe na Sul-Americana. Apoio da torcida nunca vai faltar, ainda mais se esse bom momento continuar. Levantar um caneco neste ano pode ser realidade. Vamos todos juntos rumo aos títulos para sair dessa escassez.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

Mano e o Cruzeiro que naufraga: até quando?

Vinícius Dias
Publicada em 05/08/2019, às 12h15

É provável que o discurso oficial, apesar de cada vez mais tímido, tente se apegar à classificação às semifinais da Copa do Brasil depois de ser amplamente dominado pelo Atlético no confronto de volta e à eliminação nos pênaltis na Libertadores diante do atual campeão para justificar o péssimo momento do Cruzeiro. Mas, quando há zero resultado e ainda menos desempenho, é preciso entender que o copo praticamente vazio não tem água até a metade. Muito menos está meio cheio.

Time de Mano convence cada vez menos
(Créditos: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.)

Apenas uma vitória nas últimas 17 partidas. Oito reveses - incluindo o desse domingo, o segundo para o Atlético, único time que o Cruzeiro conseguiu superar no período. Há sete jogos sem marcar gols. Há dez sem vencer e na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. É verdade que o elenco perdeu Raniel, Lucas Silva e Lucas Romero, o ótimo volante que Mano Menezes transformou em lateral-direito mediano. Mas, mais do que isso, perdeu padrão de jogo em meio a escolhas ruins.

Há cada vez menos justificativas para a permanência de Mano Menezes no comando. Não pelo questionamento esdrúxulo de Fred, que não marca desde abril, após a eliminação diante do River Plate, mas pelo que a equipe não tem entregado em campo. Ou melhor, parece haver uma: com o presidente que prometeu título mundial em 2019 cada vez mais distante dos microfones, o vice de futebol com poderes de presidente afastado e a aposta no treinador como escudo, quem tomará qualquer decisão?