Campeão Mineiro em 1964, itabiritense
recorda trajetória
no Siderúrgica, de Sabará, e a partida em que
saudou Pelé
Vinícius Dias
Arrastando
os chinelos, de barba por fazer e sorriso no rosto, ele atende a porta de casa. Silvestre Martins Fernandes, de 79 anos, foi goleador do Campeonato
Mineiro em 1958 e campeão seis anos depois pelo Esporte Clube Siderúrgica, de Sabará. Segundo Anita, única namorada, com quem o ex-meia-direita se casou e teve quatro filhos, ele dorme cedo, não fuma nem bebe. "É um exemplo de honestidade, de amor aos seus
filhos e à esposa. Sempre foi ótimo pai", destaca.
"Ele
precisava trabalhar, levantar cedo, depois ir para o treino". A fala da
companheira de longa data afirma a árdua rotina do atleta. Em meio às
objeções, ele alcançou o título mais notável da carreira aos 31 anos. "A
conquista do estadual em 1964 foi muito difícil. Contamos com a sorte para
superar (por 3 a 1) o América, que, naquela época, tinha ótimos
jogadores", recorda.
Titular na Seleção Mineira, em 1965 (Créditos: Arquivo Pessoal/Silvestre Martins) |
O
mais célebre capítulo da história, porém, só seria escrito um ano depois, no Mineirão.
Em 05 de setembro de 1965, o avante foi titular da Seleção Mineira no embate
inaugural do palco, diante do River Plate/ARG. Um dia depois de marcar, no
treino apronto, o primeiro gol não oficial do Gigante da Pampulha. Gol que
lhe rendeu placa entregue por Gil César, engenheiro construtor do estádio.
Silvestre cumprimenta Pelé (Créditos: Arquivo Pessoal/Silvestre) |
Se as
lembranças são diversas, uma delas é tratada com carinho singular. É o encontro
com o 'Rei Pelé'. Era o quinto dia do mês de abril de 1961. "Foi minha
maior emoção. Eu tive a honra e o prazer de cumprimentar o Pelé", lembra
Silvestre. No confronto com o Peixe, o itabiritense vestiu a oito do Atlético e se recorda, com detalhes, das palavras de Pelé a um santista. "Marque esse camisa 8. Ele sabe jogar". O brilho dos olhos, nem a derrota por 3 a 1 lhe tirou. Para um saudosista
Silvestre, foi a partida mais marcante de toda sua carreira. E, ainda hoje, traz à tona memórias.
PAIXÃO - É amor antigo, sentimento
instantâneo. Logo aos 17 anos, enquanto trabalhava na fábrica de tecidos,
Silvestre conquistou a garota Anita, de 15, funcionária da fiação. Dois anos
após, ele foi para o Rio. A convite do conterrâneo Telê Santana, profissional
no Fluminense, jogaria nos juvenis do clube. Porém, enganou-se quem imaginou que a distância enfraqueceria a paixão.
"O
amor me motivava a enviar cartas para ele lá. Tinha um senhor na fábrica que levava-as ao correio. O namoro era escondido do meu pai", afirma Anita. Das emoções, ele não se esquece. "Os recados falavam de saudades. Eu
estava longe, ela trabalhando. Uma vez, cheguei a chorar", lembra. Amor que motivou a recusa de uma proposta do São Paulo e o retorno a casa.
A caráter, Silvestre exalta carreira (Créditos: Vinícius Dias/Toque Di Letra) |
Mas o sonho de se profissionalizar seguiu vivo. As portas do Siderúrgica foram abertas. O sucesso em Sabará trouxe uma oferta do Cruzeiro, clube da paixão do artilheiro, de pronto rejeitada. Silvestre foi decidido. Ouviu os pedidos da
mãe e permaneceu em Sabará. Confessa não ter se arrependido.
"Jogava
no Siderúrgica e, ao mesmo tempo, eu trabalhava. Quem fez a proposta foi o
Felício Brandi (presidente celeste entre 1961 e 1982). Na época, ele ofereceu
massas alimentícias e uma casinha com alpendre, no bairro Floresta. Mas preferi seguir as recomendações da minha mãe. Ela havia falado que eu teria
que arrumar emprego. No Cruzeiro, ficaria por conta do futebol. Não me arrependi", conta. "Fiquei no clube em que fiz muitas amizades",
encerra.
Artilheiro da alegria...
Silvestre,
que acredita ter marcado mais de 50 gols durante sua carreira profissional,
ainda arrancou centenas de sorrisos dos telespectadores da cidade. No início
dos anos 2000, ele se tornou 'artilheiro da alegria'. Foi contador de piadas,
com outros dez colegas, na atração humorística O Barracão - Nós Somos da Farra, exibida diariamente, à tarde,
pela TVI, emissora de Itabirito.
Muito bom o resgate dos craques mineiros que fizeram história, e que nunca devem ser esquecidos. Parabéns e obrigado ao grande Silvestre!
ResponderExcluirSilvestre , gente muito boa que tive a oportunidade de conhecer . Parabéns pela matéria e parabéns ao Silvestre !
ResponderExcluirParabéns Silvestre! Em 1964, aos 6 anos, junto a meu pai Célio Leite, tive a honra de ver o Silvestre jogar em Sabará, pelo campeonato mineiro.
ResponderExcluirÓtimas lembranças que ficaram para sempre.