A dois anos da Copa, número de estrangeiros em equipes da
Série A bateu recorde; argentinos e atacantes são cobiçados
Vinícius
Dias
A
caminho de organizar a próxima Copa do Mundo, em 2014, o Brasil tem dado
indícios de que se tornou porto seguro para os atletas estrangeiros. Após a queda
no último ano, o contingente de gringos atuando em clubes da Série A
registrou aumento de quase 30% em 2012. São estrelas como Seedorf, Forlán,
Montillo e D´Alessandro. No acumulado das últimas cinco temporadas, totalizaram
134. É o que apontou um levantamento realizado pelo Blog Toque Di Letra.
Após queda, número recorde em 2012 (Arte: Vinícius Dias/Toque Di Letra) |
Embora
esteja desde 1988 no mercado do futebol, o empresário Roberto
Tibúrcio mostra-se surpreso com as movimentações. "Particularmente, eu
esperava que fôssemos viver isso daqui a uns 20 anos. Porém, o país deu uma
crescida econômica meteórica, que fez com que os bons jogadores quisessem
retornar. Outro fator foi a luta pelos direitos de televisão, que fez com que
as cotas aumentassem", analisa.
No
período, o Atlético/MG e os rivais Grêmio e Inter lideraram o ranking
das equipes importadoras: 12 atletas cada. No topo da disputa entre estados,
empate: São Paulo e Rio de Janeiro receberam 34 estrangeiros cada. Vêm na
sequência Rio Grande do Sul, que, motivado pela proximidade com os
principais países do Mercosul, importou 24, e Minas Gerais, com 23.
Homens-gol: o sonho dos brasileiros (Arte: Vinícius Dias/Toque Di Letra) |
Na
opinião de Leonardo Bertozzi, jornalista dos canais ESPN, a motivação para a
contratação em massa de sul-americanos por equipes brasileiras é econômica.
"A questão é, sobretudo, financeira e explica até a trajetória brasileira
na (Taça) Libertadores. O Campeonato Brasileiro hoje é superior tecnicamente
aos pares sul-americanos, muito em função desse poder de investimento das
equipes", analisa.
COBIÇADOS - Os atacantes são o principal artigo
tipo importação. 32% dos negócios fechados nos últimos cinco temporadas
envolveram avantes gringos. Logo a seguir, aparecem os armadores, que
representaram 29%. Os goleiros, produto de menor cobiça no exterior,
significaram apenas 6% do montante de transferências.
Argentinos lideram as 'importações' (Arte: Vinícius Dias/Toque Di Letra) |
Na
disputa entre países, os argentinos venceram com enorme vantagem. Em média, um
a cada três gringos que chega ao Brasil nasceu no país de ídolos como Diego
Maradona e Messi. Colômbia, Paraguai, Uruguai e Chile completam o top 5 da
lista e, somados, responderam por 45% do total de estrangeiros em solo brasileiro.
Jogo de marketing?
Apenas
em 2012, foram 19 as investidas de equipes da série A em atletas que jamais
haviam atuado em terras tupiniquins. Quinze deles, todavia, já haviam marcado
presença nas seleções de seus respectivos países. Para Bertozzi, o futebol
brasileiro se transformou num atrativo. "O Brasil vai se consolidando como
um destino viável à estrelas internacionais, ainda que fora do auge", diz.
Porém,
o comentarista faz um alerta. "Muitas vezes ainda se contrata pela grife.
É preciso que (os clubes) compreendam em que momento estão os jogadores
procurados", diz. E questiona a vinda do chinês Chen Zhizhao, que ainda
não atuou pelo Corinthians. "Sem acréscimo técnico, não vejo sentido no
golpe de marketing... Que repercussão terá o Corinthians com um chinês no
elenco, se ele não é capaz de entrar em campo", questiona Leonardo Bertozzi.
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