Na véspera da aposentadoria, volante destaca relação com o
torcedor azul e se declara: 'Parece que joguei dez anos aqui'

Vinícius Dias

O garoto de origem humilde, criado no bairro Restinga, em Porto Alegre, ganhou o mundo. Paulo César Tinga é a prova de que, como diz a canção de Legião Urbana, quem acredita sempre alcança. Em 18 anos de carreira, ele conquistou títulos e o respeito de torcedores no Brasil e no exterior. Mas é hora de deixar o palco. Ou melhor, de pendurar as chuteiras. As últimas frases como profissional, em exclusiva ao Blog Toque Di Letra, são de agradecimento em azul e branco: a dirigentes, ex-companheiros e, em especial, aos cruzeirenses.


"O torcedor foi o mais importante da caminhada, dos três anos. Desde os momentos difíceis, em 2012, eles sempre tiveram respeito, carinho. Minha relação com o Cruzeiro foi de tanta proximidade que parece que joguei dez anos no clube. Então, só tenho a agradecer", destaca. Nem poderia ser diferente. Dos dois títulos brasileiros, inéditos na carreira do volante, que chegou a Minas Gerais aos 34 anos, à luta contra o racismo, após o triste episódio no Peru, Tinga e os cruzeirenses caminharam lado a lado, com a certeza de que o Sol voltaria no amanhã.

Volante em ação pelo clube estrelado
(Site Oficial do Cruzeiro/Divulgação)

Nesta quinta-feira, o volante coloca um ponto final na história que talvez nem a mais perfeita aritmética consiga explicar. "A minha passagem pelo Cruzeiro me satisfez no futebol. Esse é o maior reconhecimento que eu posso dar ao torcedor", afirma, depois de recusar ofertas do exterior. Na Toca da Raposa, foram 65 jogos e dois gols. Os números são simples detalhe diante das alegrias que teve. "Agradeço a Deus todos os dias por ter tido a honra de vestir a camisa do Cruzeiro, de ter sido escolhido para jogar em um clube com tantas conquistas".

Futuro no futebol

Uma vez aposentado e de volta a Porto Alegre, ele já tem alguns planos traçados, embora tente evitar as projeções. "Sempre projeto aquilo que é real na minha vida, entendeu? O que é real para mim, hoje, é terminar o contrato agora, continuar fazendo meu curso (de gestão no esporte), já tenho viagem para a Alemanha agora em maio", pontua. Por lá, Tinga vai acompanhar as decisões da Liga dos Campeões da Uefa e da Copa da Alemanha, na qual o Borussia Dortmund, equipe que defendeu de 2006 a 2010, tem presença confirmada.

Tinga faz curso de gestão no esporte
(Créditos: Arquivo Pessoal/Paulo César Tinga)

Apontado como um dos principais líderes do elenco celeste nos últimos anos, o gaúcho descarta uma transição imediata dos gramados para os bastidores. "Até porque hoje não estou preparado para isso. Posso estar preparado de dentro para fora, na questão de conhecer campo, vestiário, mas estudar nunca é demais", diz, sem descartar a possibilidade de, no futuro, assumir uma função executiva no próprio Cruzeiro. "Me conhecem como pessoa, como caráter e sabem se sou capacitado ou não. O mais importante é estar preparado... Na vida, quando a gente se prepara, não tem surpresas", acrescenta.

Momento de calma

Mesmo sem atuar nesta temporada, Tinga acompanhou de perto, no dia a dia, boa parte do processo de remontagem do grupo estrelado. Na visão dele, o momento requer calma. "Praticamente 70% do grupo foi mudado. Mudaram jogadores, dirigentes, foram muitas mudanças. O trabalho está sendo dentro das expectativas devido às mudanças e, principalmente, às saídas de jogadores que sabiam o jeito de trabalhar. Leva um tempo até esses se adaptarem. É normal".

Atleta ao lado da presidente Dilma
(Créditos: planalto.gov.br/Divulgação)

Quis o doce destino que o volante aparecesse pela última vez na lista de relacionados em agosto passado, justamente no duelo contra o Grêmio, equipe onde tudo começou. No dia seguinte, uma lesão durante o treino abreviou a sua presença nos gramados. Na história, que ganhou páginas heroicas e imortais a partir de 2012, ficam os bons momentos. E o muito obrigado. "O clube não é o diretor, não são os jogadores. Isso muda. O clube é o torcedor. Quem foi cruzeirense ontem, é hoje e será amanhã. A minha relação com o torcedor sempre foi boa. Mostra que a relação com o clube foi maravilhosa".

Apesar do aumento na arrecadação, despesas com o elenco
campeão saltaram na comparação com temporada anterior

Vinícius Dias

Em reunião na noite da última quinta-feira, o Conselho Deliberativo do Cruzeiro aprovou o balanço financeiro referente à temporada passada. A prestação de contas confirmou cenários antecipados pelo Blog Toque Di Letra ao longo dos últimos meses, como receita total superior a R$ 220 milhões e o aumento dos gastos com futebol. O clube celeste concluiu o exercício de 2014 com déficit de cerca de R$ 38,7 milhões - quase 70% superior em relação ao de 2013.


As receitas estreladas tiveram aumento de 18,7% na comparação com o ano anterior, fechando em R$ 223,1 milhões - que significaram R$ 203,1 milhões líquidos. O valor foi impulsionado, especialmente, por bilheteria e premiações. Conforme o Blog registrou em dezembro, o Cruzeiro foi o clube brasileiro que mais arrecadou com premiações em 2014. A Raposa faturou cerca de R$ 25,5 milhões por dois títulos, um vice e a participação na Copa Libertadores.

(Créditos: Anísio Ciscotto/Arquivo Pessoal)

No caminho inverso, os custos diretos com atividade esportiva profissional cresceram cerca de 23%, chegando a R$ 193,4 milhões. Destaque para o item gastos com pessoal, que inclui as despesas com a folha salarial. Na comparação com o ano do tricampeonato nacional, houve um aumento de quase 40%, no ritmo do investimento crescente no futebol, símbolo da chamada 'era Mattos'.

Projeções para o balanço de 2015

As demonstrações não incluem as negociações de Éverton Ribeiro, Lucas Silva e Ricardo Goulart, cujos valores aparecerão no balanço de 2015. Na contramão da arrecadação com vendas, a conta de patrocínios e royalties será impactada pelo período sem parceiro master. A julgar pela base do último acordo, o clube deixou de faturar R$ 4,5 milhões no quadrimestre. Em termos de gastos com pessoal, de fevereiro e abril, o clube arcou com uma folha salarial superior à do último ano.

A terceira e última chance!

Vinícius Dias

Na melhor chance do jogo, aos 32' da etapa inicial, Patric tabelou com Dátolo, que passou para Luan servir Carlos. Quase na pequena área, o atacante alvinegro cabeceou, mas parou em excelente defesa do goleiro Rodrigo. A partida concentrada no meio-campo e marcada pela falta de oportunidades refletiu o sucesso da proposta tática da Caldense sob o comando de Léo Condé: atenção na marcação e, com a bola nos pés, a tarefa de propôr o jogo.


Diante de quase 54 mil pagantes, o maior público deste ano no futebol nacional, o Atlético acumulou 60% de posse de bola, mas chutou ao gol uma vez a menos que a Caldense - nove contra dez finalizações. O zero a zero no Mineirão passou por outra boa exibição do quarteto defensivo da Veterana, com menção para o lateral-esquerdo Rafael Estevam, vice-líder em desarmes no jogo e atleta da Veterana que mais acertou passes, de acordo com o Footstats.

Carlos cabeceia para defesa de Rodrigo
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Invicta, líder da fase de classificação e sem sofrer gols há oito partidas, a equipe de Poços de Caldas está a um empate de fazer história e festejar o seu segundo título Mineiro - seria a primeira conquista invicta de um clube do interior na fase profissional do torneio estadual, que teve início no ano de 1933. Ao alvinegro da capital, depois de uma derrota e um empate, apenas a vitória interessa no terceiro confronto do ano com a Caldense, agendado para Varginha.

A conquista atleticana passa por furar a defesa da Caldense.
Ou melhor: por fazer em 90 minutos o que não fez em 180'.

Uma semifinal em 55 minutos

Vinícius Dias

Aos 40' da etapa final, Edcarlos ergue o pé e acerta o rosto de Leandro Damião. Distante do lance, Heber Roberto Lopes deixa de assinalar falta clara e que, provavelmente, significaria a expulsão do zagueiro. A seguir, Guilherme coloca a bola na cabeça de Lucas Pratto, que assinala o gol da classificação alvinegra. A justificativa cruzeirense passa pelo intervalo de dois minutos. A réplica atleticana cita Rafael Clauss. Mas há jogo além dos erros de arbitragem. E há 55 minutos cruciais, divididos entre o Horto e o Gigante da Pampulha.


Até a falha coletiva que deu a Guilherme tempo e espaço para projetar a jogada do primeiro gol atleticano, o Cruzeiro era melhor em campo. Com boa marcação e apostando na transição rápida, o time de Marcelo Oliveira controlou as ações desde os 11' da etapa inicial, quando abriu o placar. O melhor momento do rival veio nos 25 minutos seguintes à expulsão de Fabiano - justa, diga-se. Com mais posse de bola, chegou a ameaçar com Luan, antes de Pratto decretar a virada.

Léo e Pratto: protagonistas da semifinal
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Há sete dias, na Arena Independência, foi o atleticano quem questionou a não expulsão do cruzeirense Léo. Superior na maior parte do primeiro tempo, o time de Levir Culpi vencia até a belíssima jogada individual de Arrascaeta. A partida esquentou depois do empate, e Leonardo Silva foi expulso. A Raposa chegou a ter mais posse de bola na meia-hora de 11 contra dez, mas, hesitando entre buscar a vitória e resguardar o empate, não conseguiu torná-la efetiva.

A história das semifinais passa pelos apitos de Heber e Clauss.
Mas também pela diferença de atitude nos 55 minutos cruciais.

Devota de São Victor, Helena destaca paixão à primeira vista
pelo Atlético e comenta relação: 'perdendo ou ganhando', diz

Vinícius Dias

A paixão pelo Atlético está registrada em um espaço reservado na estante da sala. Naquele cantinho, Helena Vieira da Silva, de 80 anos, reúne itens dos mais diversos tamanhos, desde escudos a lembranças do clube. A coleção ainda tem a caderneta datada de 1980, com autógrafos de ídolos como Reinaldo, Procópio Cardozo e Luizinho, pôsteres de títulos recentes da equipe e uma camisa oficial utilizada na temporada 2013, presente do ex-jogador Marques Abreu. "Perdendo ou ganhando, eu vou ser sempre atleticana", afirma a itabiritense.


Aficionada por futebol, Helena conheceu, ainda criança, a rivalidade local entre União e Itabirense, clubes nos quais atuou o ponta Telê Santana. "Nos anos 1950, era tipo Atlético e Cruzeiro. Na minha casa, todos torciam pelo União", destaca. A paixão pelo alvinegro de Belo Horizonte, com ares de casamento duradouro, foi um caso de amor à primeira vista, por volta dos 15 anos. "Naquela época, ainda não tinha TV. Liguei o rádio e, por acaso, estava sendo transmitido um jogo do Galo. Decidi ouvir e, a partir dali, me tornei fanática", relembra.

Helena exibe jornal da década de 1980
(Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

Mais de 60 anos se passaram. Dona Helena ficou viúva. Aos nove filhos, somaram-se 20 netos e 11 bisnetos. No cabelo, o tom grisalho ganhou o lugar dos fios castanhos, registrados em uma fotografia ao lado do ídolo Palhinha, que ilustrou matéria da edição 15.141 do Estado de Minas, cujo exemplar é conservado como uma joia. O que não mudou foi a relação da torcedora com o time do coração. Afinal, como sustenta o hino alvinegro, "uma vez, até morrer".

Momentos marcantes

No período, a itabiritense vivenciou grandes emoções em preto e branco: viu o clube ser campeão brasileiro em 1971, conquistar duas edições da Conmebol, uma Copa do Brasil e, em especial, a Copa Libertadores em 2013. "Foi o título mais marcante para mim. Fiquei muito entusiasmada", ressalta. Durante a campanha vitoriosa, como milhares de atleticanos, ela tornou-se devota de São Victor.

'Cantinho do Galo' na estante de casa
(Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

No entanto, no decorrer das seis décadas, a fanática torcedora também acompanhou de perto momentos difíceis do clube, como o rebaixamento para a Série B, em 2005. "Foi a situação mais triste. Porque, além de eu ficar triste, os meus filhos atleticanos também ficaram. Eu senti muito por eles", revela Helena.

Sonho de ir ao estádio

Para ela, as partidas do Atlético têm um significado especial. "Fico muito nervosa. Às vezes, nem termino de ver (o jogo pela televisão). Quando é pelo rádio, prefiro nem ouvir", fala. A torcedora, que costuma festejar as vitórias ao ritmo do hino do clube, revela o sonho de ir ao Independência. "Não tive oportunidade, mas ainda vou", afirma, com a convicção de quem várias vezes repetiu o refrão 'eu acredito'.

Torcedora veste a camisa há 60 anos
(Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

Quando o assunto é a partida entre Cruzeiro e Atlético, marcada para o próximo domingo, no Mineirão, dona Helena vê uma família dividida. No clássico de casa, seis dos nove filhos são atleticanos. Outros três torcem pelo time celeste, por influência do pai, já falecido. "Levo na boa", diz. No que depender da torcida dela, a maioria terá bons motivos para festejar após o apito final. 

Nascido em Volta Redonda, Emerson superou barreiras para
cultivar paixão pela Raposa, que hoje se mistura à profissão

Vinícius Dias

Os traços firmes capazes de unir em um painel histórico craques das mais diversas gerações, como Sorín, Tostão, Dirceu Lopes, Fábio, Alex e Raul Plassmann, estão estampados nos centros de treinamento da Raposa, na sede administrativa e também no Mineirão. As artes de Emerson Carvalho de Souza, mais conhecido como Camaleão, são sucesso absoluto entre a China Azul. Há 12 anos, a vida profissional do desenhista caminha lado a lado com a paixão pelo Cruzeiro.


Premiado no segmento artístico pelos trabalhos com caricaturas, histórias em quadrinhos, animações e ilustrações dos mais diversos tipos, o artista revela que o futebol entrou em sua rotina produtiva por meio do clube do coração. "Tenho muito prazer em contribuir para a divulgação do Cruzeiro por meio da minha arte", acrescenta.

Painel foi atualizado após o tetra nacional
(Créditos: Camaleão Caricaturas/Arquivo Pessoal)

Um dos trabalhos mais reconhecidos de Camaleão é o 'painel do tetra'. A arte consiste, na prática, na atualização de um trabalho anterior, que fora elaborado antes de o clube alcançar os títulos brasileiros de 2013 e 2014. Na nova versão, finalizada em dezembro último, foram incluídos o goleiro Fábio e os troféus do tri e do tetra. "Fiquei muito feliz pela repercussão, mas te confesso que já imaginava que iria fazer sucesso, afinal lá só tem craques", diz o desenhista.

Obstáculos superados

Natural de Volta Redonda, na Região Sul do Rio de Janeiro, Emerson teve de enfrentar a distância, a escassa cobertura sobre o futebol mineiro nos jornais e a maioria atleticana da família para torcer pelo Cruzeiro. "Um dia, ainda menino, um tio chegou com camisas (do Atlético) para mim e meus irmãos. Quando recebi, disse que não queria aquela e, para não precisar vestir, saí para rua", recorda. "Meses depois, vim de férias para Minas. Em uma festa, o único cruzeirense da família na época me presenteou com o manto azul. Felicidade total", acrescenta.

Camaleão ao lado de Éverton Ribeiro
(Créditos: Emerson Souza/Arquivo Pessoal)

O desenhista inauguraria, anos depois, a relação profissional com o clube. Os primeiros trabalhos, produzidos em 2003, foram caricaturas de ídolos históricos. "Depois a coisa deu uma esfriada. (Porém) quando o Marcone (Barbosa) assumiu o marketing, ele me ligou convidando para fazermos alguns trabalhos", observa. Desde então, além dos tradicionais painéis, Camaleão assinou ilustrações para a revista do clube, materiais infantis distribuídos em visitas do Raposão e imagens para o hall de entrada do marketing, na sede.

Mercado cruzeirense

O sucesso e a boa aceitação das artes entre os torcedores cruzeirenses valeram a abertura de um novo mercado para o artista de 44 anos, que atualmente reside em Belo Horizonte. "O que acontece muito são pessoas apaixonadas pelo Cruzeiro me encomendarem caricaturas que envolvam a paixão delas pelo clube", afirma.

Decoração em evento oficial do clube
(Créditos: Emerson Souza/Arquivo Pessoal)

Quando o assunto é o painel oficial, ele convive com perguntas sobre as ausências de lendários como Dida e Marcelo Ramos. "O critério foi colocar aqueles que levantaram taças. Depois foi definido que atletas com mais de 300 partidas pelo Cruzeiro também entrariam", justifica, revelando que já prepara um novo painel. "Em breve dou notícias. Ninguém será esquecido (risos)", afirma, com a certeza de que novas conquistas significarão mais alegrias e mais trabalho.

As primeiras certezas...

Vinícius Dias

Os dois principais clubes mineiros iniciaram a última semana com muitas dúvidas e a esperança de que a sequência decisiva entre quarta/quinta e domingo trouxesse as primeiras certezas. Primeiro, o Cruzeiro venceu o frágil Mineros e assumiu a liderança do grupo 3 da Copa Libertadores. Na quinta, o Atlético confirmou o renascimento na competição com o triunfo contra o Santa Fé. Ontem, empate por 1 a 1. Se manteve o confronto indefinido, por outro lado trouxe algumas respostas.


Afirmou, por exemplo, a importância de Willians para o time celeste. Se o estereótipo trata de um jogador violento e de passe ruim, o quadro, em campo, é muito diferente. Segundo o Footstats, o volante acertou 27 dos 30 passes tentados ante o Mineros e foi o segundo melhor passador da partida desse domingo: 36 acertos em 38 tentativas. No duelo, cometeu apenas uma falta e sofreu quatro.

Arrascaeta, com a bola, no Horto
(Créditos: Footstats/Reprodução)

O camisa 5 ainda iniciou a jogada do belo gol marcado por De Arrascaeta, mais um ponto positivo da semana decisiva. Não apenas pelos dois gols assinalados, mas sobretudo pela movimentação no Independência. Caindo pelas laterais do gramado - ao contrário das partidas anteriores, em que havia atuado mais centralizado -, o uruguaio fugiu da forte marcação do rival e fez sua melhor exibição com a camisa azul.

Dupla decisiva

A sequência também foi fundamental para ressaltar o acerto alvinegro ao renovar com Guilherme. Na quinta-feira, o meia-atacante precisou de 15 minutos em campo para balançar as redes contra o colombiano Santa Fé. Ontem, atuou durante os 90 minutos, flutuou entre a terceira e a quarta linhas do 4-2-3-1 de Levir Culpi e, com espaço e tempo para pensar, foi decisivo no lance do gol.

Carlos, com a bola, no clássico
(Créditos: Footstats/Reprodução)

Mais uma vez, o último toque antes da explosão nas arquibancadas foi do garoto Carlos. A explicação do bom momento passa pelo posicionamento do camisa 11 no clássico. Cumprindo função menos tática - como ponta, controlando as subidas do lateral adversário - e atuando mais próximo da área, como em seus melhores dias na base alvinegra, o atacante voltou a ser carrasco do rival.

Outra vez, a semana começa com clima de decisão em Minas.
E com a expectativa pelo clássico e, claro, por mais certezas.

Chegou a hora da verdade!

Douglas Zimmer

Salve, China Azul!

Estando em débito com seu torcedor, o Cruzeiro entrou pressionado em campo na última quarta-feira para enfrentar o Mineros, da Venezuela, em duelo válido pela 4ª rodada da primeira fase da Libertadores da América. Quando digo pressionado, me refiro nem tanto aos resultados, mas, sim, ao desempenho.


Embora tenha permanecido invicto até o último domingo, quando acabou derrotado pelo Tombense, em casa, o time estrelado tinha feito poucos jogos bons e conquistado poucas vitórias tranquilas. Em se tratando de Mineirão, o panorama era ainda pior. O time vinha tendo dificuldades para encaixar o futebol e usar o fator casa a seu favor.

Equipe ainda não emplacou no Mineirão
(Créditos: Washington Alves/Light Press)

Enquanto a cobrança por melhores apresentações começava a se tornar assunto cada vez mais frequente entre os cruzeirenses, o time dependia apenas de si para chegar às oitavas de final do torneio sul-americano e à final do Mineiro. O primeiro passo: voltar a jogar bem em seus domínios e manter a liderança do grupo 3 da Libertadores.

Missão cumprida em BH

O dever foi cumprido na quarta-feira. A Raposa entrou com uma vontade muito maior do que a vista nos jogos anteriores e não tardou a abrir e ampliar o placar. Com um belo gol - apesar de impedido - de bicicleta do meia De Arrascaeta e outro de Damião fazendo o que sabe de melhor, o Cruzeiro fez 2 a 0 com menos de 20 minutos de partida. Depois disso, apesar do placar já lacunoso, continuou atacando e tendo as melhores oportunidades de gol.

De Arrascaeta brilhou na quarta-feira
(Créditos: Gualter Naves/Light Press)

Durante todo o jogo, foram da equipe as chances mais claras, as jogadas mais bem trabalhadas e os pênaltis não assinalados pelo senhor juiz. Na segunda etapa, ainda houve tempo para que Henrique anotasse o terceiro tento e decretasse de vez a vitória e a liderança celeste.

Clássico: a hora do teste

Muito além dos três pontos e da posição privilegiada que o triunfo deu ao time de Marcelo Oliveira, o jogo foi muito importante tendo em vista que neste fim de semana teremos a primeira partida da semifinal do estadual, diante de ninguém menos do que o Atlético, que também se recuperou - fora de casa, diga-se. É um baita de um teste para o time que ainda não conseguiu convencer sua torcida de que, após perder boa parte de seus titulares, pode alçar voos ousados neste ano.

Marcelo Oliveira: à espera do encaixe
(Créditos: Gualter Naves/Light Press)

Não sei como o time vai se comportar neste jogo tão importante, mas, no que tange à escalação, não vejo motivos para alterar o onze inicial que tivemos diante do Mineros. A entrada de Willians conferiu uma dinâmica completamente diferente ao meio-campo azul e, por meio de Willian, De Arrascaeta e Alisson, Leandro Damião foi bastante acionado e foi perigo constante ao gol adversário.

Então, é isso. Teremos uma sequência de jogos de respeito, que servirá para avaliar o real potencial do Cruzeiro versão 2015.

Força, Cruzeiro!

Dia de tira-teima no Horto

Ricardo Diniz

Neste domingo, o Atlético receberá o Cruzeiro no caldeirão do Horto para um clássico, digamos, antecipado. Os dois maiores favoritos ao título se desligaram demais do Mineiro, deram chance para o azar e vão se cruzar antes da final, que voltará a ter um representante do interior depois de cinco temporadas. O Galo vai a campo visando ampliar a série invicta de nove partidas diante do rival, iniciada em 2013.


Depois de um início de temporada difícil, o time se acertou e renasceu na Libertadores, com duas vitórias ante o Santa Fé, da Colômbia. Na última delas, na quinta-feira, Carlos e Guilherme, que fez sua estreia neste ano, marcaram para o Atlético. A boa atuação não diminuiu as dúvidas para o clássico desta tarde. O recém-chegado Thiago Ribeiro, por exemplo, pode estrear. Leandro Donizete, expulso na última rodada, é desfalque. Lucas Pratto e Luan são dúvidas.

Atlético venceu e convenceu na quinta
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

O atacante argentino, por sinal, pode fazer sua estreia em clássicos - na fase de classificação, ele desfalcou o time no empate com o Cruzeiro e na derrota para o América. Em clima de mistério, e diante da necessidade de conciliar o calendário da Copa Libertadores e as semifinais do estadual, o técnico Levir Culpi deve revelar a escalação a poucos minutos do início da partida no Horto.

Diz o ditado, caiu no Horto, tá morto!

Sem calendário no segundo semestre do ano passado, equipe
antecipou o planejamento; vaga na Série D é meta cumprida

Vinícius Dias

No pé e na raça, como afirma a letra do hino criado há mais de quatro décadas, a Caldense fechou a primeira fase do Campeonato Mineiro no topo da tabela, com 25 pontos. Dona da melhor defesa do estadual, com apenas quatro gols sofridos em 11 jogos, a Veterana realizou a segunda melhor campanha de um time do interior desde 2004, quando foi adotado o atual sistema de disputa. A fim de desvendar o sucesso da equipe de Poços de Caldas, o Blog Toque Di Letra conversou com dirigentes e membros da comissão técnica alviverde.


Uma das razões dos ótimos números é o planejamento antecipado. Sem calendário no segundo semestre de 2014, a Caldense iniciou mais cedo a preparação para o Mineiro de 2015. Ainda em novembro, por exemplo, foi confirmado o retorno do técnico Léo Condé, que havia comandado o time no estadual passado. "Ele havia feito um trabalho muito bom, e nossa prioridade sempre foi tê-lo de volta. No futebol, todos dizem que técnico tem que ter trabalho em médio e longo prazo. Também pensamos desta maneira", destaca o vice-presidente Franco Martins.

Vista aérea do CT Ninho dos Periquitos
(Créditos: Site Oficial da Caldense/Divulgação)

A pré-temporada, iniciada em 1º de dezembro, foi realizada no CT Ninho dos Periquitos, em Poços. Com área de 28 mil metros quadrados, o local abriga dois campos, academia, salas de fisiologia e de fisioterapia. "Enfim, tudo que o jogador precisa para desenvolver um bom trabalho", observa Alex Joaquim, gerente de futebol do clube. Na retomada das atividades, Condé encontrou um elenco formado por uma mescla entre atletas que retornaram à equipe, caso do avante Luiz Eduardo, e caras novas, como Yuri, meia ex-Atlético, e o goleiro Rodrigo.

Entrosamento mantido

O camisa 1, por sinal, reencontrou na Veterana o comandante e quatro companheiros da campanha que levou o Tupi à fase quartas de final do Brasileiro da Série C em 2014. "Conseguimos trazer de volta nove atletas que tinham disputado o Mineiro no ano passado. A linha defensiva, com exceção do Rodrigo, é a linha titular do último ano, com André, Marcelo, Plínio e Rafael Estevam. Com a defesa arrumada, nós fomos ajustando o meio-campo e o ataque", analisa Léo Condé.

Léo Condé: peça-chave da Veterana
(Créditos: Marketing Caldense/Divulgação)

Os detalhes da formação do elenco resultaram em rápido entrosamento. Entre a segunda quinzena de dezembro e o mês de janeiro, o clube fez cinco jogos-treino, com três triunfos, um empate e apenas um revés. Na sequência, somou sete vitórias e quatro empates na primeira fase do estadual. "Nosso planejamento era fazer um bom Campeonato Mineiro para ter o calendário de 2015 cheio. Todos acreditaram nesse nosso projeto e se viram capazes para isso", fala o vice-presidente Franco Martins, satisfeito com os resultados alcançados.

Regularidade em campo

Neste sábado, às 16h, a Caldense enfrenta o Tombense, em Tombos. O jogo de volta será no Ronaldão, na próxima semana. Líder da primeira fase, o time de Poços de Caldas joga por dois empates ou combinação vitória e derrota com mesmo saldo de gols. O sonho do bicampeonato estadual é alimentado pela regularidade: a Veterana somou 77,7% dos pontos que disputou como mandante, e registrou um aproveitamento semelhante na condição de visitante: 73,3%.

Caldense surpreendeu trio da capital
(Créditos: Marketing Caldense/Divulgação)

O bom desempenho foi confirmado mesmo diante dos favoritos América, Atlético e Cruzeiro. "A receita é ter muita atenção na marcação. Não pode descuidar um segundo, porque são jogadores de extrema qualidade, e, quando tiver a posse de bola, buscar jogar, dar preocupação para esses adversários", conta Léo Condé. O técnico cita o exemplo do duelo com o Galo, no qual conquistou três pontos. "Lá em Poços, a gente conseguiu fazer uma marcação forte, um pouco mais à frente, mais alta, e tiramos a bola do Atlético".

Os planos para a Série D

Com vaga garantida na Série D, a Caldense terá pela frente um cenário diferente do vivenciado em 2014, quando foi a campo pela última vez no mês de abril. "A gente almeja conseguir uma classificação para a Série C. Vamos tentar manter a base do time que está disputando o estadual", afirma o gerente Alex Joaquim. Visando à competição, a diretoria planeja selar novas parcerias e ampliar as receitas, atualmente baseadas em cotas de TV e patrocínios pontuais.

O clássico das incertezas

Vinícius Dias

O clássico prematuro na semifinal do Campeonato Mineiro coloca frente a frente dois clubes em um cenário marcado mais por dúvidas do que por certezas. De um lado, o Cruzeiro conquistou apenas sete dos 18 pontos disputados no Mineirão na temporada e, apesar da insistência de Marcelo Oliveira no 4-2-3-1, ainda não existe como equipe. Do outro, o Atlético amargou três derrotas entre a 4ª e 11ª rodadas do estadual e busca se recuperar do mau início na Libertadores.


O clube da Toca da Raposa fez sua segunda pior campanha desde 2004, ano em que foi adotado o atual sistema de disputa. Havia rendido menos apenas em 2006, quando somou os mesmos 24 pontos, porém terminou com 14 gols de saldo. Com três derrotas, o time alvinegro teve o quinto pior desempenho em 12 anos. Contabilizando os dois reveses pela Copa Libertadores, o clube tem, ao lado do São Paulo, o pior início de ano entre as 11 principais equipes da Série A.

Clássico em um cenário de incertezas
(Créditos: Washington Alves/Light Press)

O clássico, que já teve início nos bastidores com o impasse de datas, se desenha como um divisor de águas para Atlético e Cruzeiro. Menos pelo contraste entre vitória e derrota - eliminação e classificação -, mais pelas respostas que trará. Para um Atlético que chega a ter 65% de posse de bola, mas ainda assim é dominado pelo Boa Esporte. E para um Cruzeiro que finaliza ao gol adversário 25 vezes em 90 minutos, mas sai de campo derrotado pelo Tombense.

O clássico começa com dúvidas. E deve terminar com certezas.
Melhor para quem puder saboreá-las em meio ao clima da final.