Na véspera da aposentadoria, volante destaca relação com o
torcedor azul e se declara: 'Parece que joguei dez anos aqui'

Vinícius Dias

O garoto de origem humilde, criado no bairro Restinga, em Porto Alegre, ganhou o mundo. Paulo César Tinga é a prova de que, como diz a canção de Legião Urbana, quem acredita sempre alcança. Em 18 anos de carreira, ele conquistou títulos e o respeito de torcedores no Brasil e no exterior. Mas é hora de deixar o palco. Ou melhor, de pendurar as chuteiras. As últimas frases como profissional, em exclusiva ao Blog Toque Di Letra, são de agradecimento em azul e branco: a dirigentes, ex-companheiros e, em especial, aos cruzeirenses.


"O torcedor foi o mais importante da caminhada, dos três anos. Desde os momentos difíceis, em 2012, eles sempre tiveram respeito, carinho. Minha relação com o Cruzeiro foi de tanta proximidade que parece que joguei dez anos no clube. Então, só tenho a agradecer", destaca. Nem poderia ser diferente. Dos dois títulos brasileiros, inéditos na carreira do volante, que chegou a Minas Gerais aos 34 anos, à luta contra o racismo, após o triste episódio no Peru, Tinga e os cruzeirenses caminharam lado a lado, com a certeza de que o Sol voltaria no amanhã.

Volante em ação pelo clube estrelado
(Site Oficial do Cruzeiro/Divulgação)

Nesta quinta-feira, o volante coloca um ponto final na história que talvez nem a mais perfeita aritmética consiga explicar. "A minha passagem pelo Cruzeiro me satisfez no futebol. Esse é o maior reconhecimento que eu posso dar ao torcedor", afirma, depois de recusar ofertas do exterior. Na Toca da Raposa, foram 65 jogos e dois gols. Os números são simples detalhe diante das alegrias que teve. "Agradeço a Deus todos os dias por ter tido a honra de vestir a camisa do Cruzeiro, de ter sido escolhido para jogar em um clube com tantas conquistas".

Futuro no futebol

Uma vez aposentado e de volta a Porto Alegre, ele já tem alguns planos traçados, embora tente evitar as projeções. "Sempre projeto aquilo que é real na minha vida, entendeu? O que é real para mim, hoje, é terminar o contrato agora, continuar fazendo meu curso (de gestão no esporte), já tenho viagem para a Alemanha agora em maio", pontua. Por lá, Tinga vai acompanhar as decisões da Liga dos Campeões da Uefa e da Copa da Alemanha, na qual o Borussia Dortmund, equipe que defendeu de 2006 a 2010, tem presença confirmada.

Tinga faz curso de gestão no esporte
(Créditos: Arquivo Pessoal/Paulo César Tinga)

Apontado como um dos principais líderes do elenco celeste nos últimos anos, o gaúcho descarta uma transição imediata dos gramados para os bastidores. "Até porque hoje não estou preparado para isso. Posso estar preparado de dentro para fora, na questão de conhecer campo, vestiário, mas estudar nunca é demais", diz, sem descartar a possibilidade de, no futuro, assumir uma função executiva no próprio Cruzeiro. "Me conhecem como pessoa, como caráter e sabem se sou capacitado ou não. O mais importante é estar preparado... Na vida, quando a gente se prepara, não tem surpresas", acrescenta.

Momento de calma

Mesmo sem atuar nesta temporada, Tinga acompanhou de perto, no dia a dia, boa parte do processo de remontagem do grupo estrelado. Na visão dele, o momento requer calma. "Praticamente 70% do grupo foi mudado. Mudaram jogadores, dirigentes, foram muitas mudanças. O trabalho está sendo dentro das expectativas devido às mudanças e, principalmente, às saídas de jogadores que sabiam o jeito de trabalhar. Leva um tempo até esses se adaptarem. É normal".

Atleta ao lado da presidente Dilma
(Créditos: planalto.gov.br/Divulgação)

Quis o doce destino que o volante aparecesse pela última vez na lista de relacionados em agosto passado, justamente no duelo contra o Grêmio, equipe onde tudo começou. No dia seguinte, uma lesão durante o treino abreviou a sua presença nos gramados. Na história, que ganhou páginas heroicas e imortais a partir de 2012, ficam os bons momentos. E o muito obrigado. "O clube não é o diretor, não são os jogadores. Isso muda. O clube é o torcedor. Quem foi cruzeirense ontem, é hoje e será amanhã. A minha relação com o torcedor sempre foi boa. Mostra que a relação com o clube foi maravilhosa".

5 comentários:

  1. Tinga, nós, cruzeirenses, tivemos a honra e o privilégio de termos você como nosso jogador nesses últimos anos. Você nos deu muita alegria. Você ë um excelente jogador e um excelente caráter. Parabéns pelos exemplos dados dentro e fora de campo. Muita sorte na sua próxima empreitada. Você jamais sairá da nossa memória e do nosso coração. Muito obrigado. Abraços. Nilton Penha

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  2. Valeu tinga por reconhecer o que o cruzeiro fez por vc são poucos que reconhecem o valor de um clube na sua carreira

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  3. Infelizmente, vivemos em um país que educa mal, tão mal que nem os torcedores do Cruzeiro conseguem entender que o papel que Tinga tem no Cruzeiro vai muito, mas muito além das quatro linhas. Se eu fosse o Gilvan, já faria um acerto com ele agora. Estude e volte. Seu cargo já está garantido. Ele pode não ter sido um Lucas Silva dentro de campo mas provavelmente é mais do que Fábio ou Mattos fora dele. Boa sorte Tinga. Que vc seja sempre abençoado com o que tem de melhor e espero sinceramente que vc volte para nós. O #FechadoComOTinga está mais atual do que nunca!!!

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  4. Tinga, parabéns pelo exemplo positivo de atleta e homem!
    Sentiremos saudades guerreiro, siga com fé!

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