Cruzeiro finalista coroa estratégia de Mano

Vinícius Dias

Da intermediária defensiva, Thiago Neves acha Lucas Silva, que passa para Barcos infiltrar, superar o goleiro Weverton e finalizar para as redes aos 26 minutos do primeiro tempo: 1 a 0 para o Cruzeiro, que já havia vencido na ida, explodindo o Mineirão. O Palmeiras ainda chegou ao empate aos 4' da etapa final, com Felipe Melo testando para as redes o escanteio cobrado por Dudu, mas a quarta-feira terminou com festa celeste - e troca de socos dentro de campo. O atual campeão volta à final, garantindo pelo menos mais R$ 20 milhões e coroando a estratégia de Mano Menezes.


Sem Edilson e Arrascaeta, o treinador desenhou o time com Rafinha pela direita, dando suporte ao improvisado Romero, Robinho centralizado e Thiago Neves pela esquerda. Nos primeiros 25 minutos, o Palmeiras apareceu mais no ataque, mas os espaços oferecidos pelo lado esquerdo da Raposa induziam o alviverde a não acionar Dudu, isolado do lado direito. Ainda na etapa inicial, Felipão mexeu no xadrez invertendo o camisa 7. Mano respondeu com Rafinha na esquerda, espaço inicialmente ocupado por Thiago Neves, que apareceu na direita para iniciar a jogada do gol.

Thiago Neves e Barcos: protagonistas
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

O time paulista voltou para a etapa final com Deyverson no lugar de Borja e o venezuelano Guerra substituindo Bruno Henrique. Com linhas mais avançadas, o Palmeiras chegou ao empate, mas oferecia campo ao Cruzeiro, que passou a aproveitar após as entradas de Bruno Silva e Sassá nas vagas de Thiago Neves e Barcos, respectivamente. No roteiro, mais pressão na saída de bola, contra-ataques - como o desperdiçado por Robinho, que não finalizou nem tocou aos 21' - e pelo menos duas intervenções do goleiro Weverton - na cabeçada de Dedé e na finalização de Egídio.

Semifinalista em 2016, campeão em 2017, finalista em 2018.
O Cruzeiro, ao estilo Mano, outra vez supera o rico Palmeiras.

Atlético: raiz, nutella e respeito ao próximo

Alisson Millo*

Quando criança, sempre ouvi do meu pai histórias sobre o boicote sofrido pelo Atlético ao longo dos anos 1980, principalmente contra o Flamengo. Essa história provavelmente você já viu e ouviu um milhão de vezes também. A teoria dele, fora o fato de o Flamengo ser o queridinho da mídia nacional, era uma espécie de censura principalmente ao centroavante Reinaldo e sua simbólica comemoração em homenagem aos Panteras Negras. Um time de massa que tinha em seu craque uma pessoa política e socialmente engajada não devia ser muito bem visto à época.


O motivo dessa breve aulinha de história pessoal é para tratar de um assunto triste que aconteceu no clássico do último domingo. Na falta de futebol, porque foi um 0 a 0 de doer as vistas, a polêmica tomou a mídia. Passada uma semana, você já deve ter visto o famigerado vídeo do cântico entoado por parte da torcida alvinegra e, caso não tenha se indignado, cabe uma reflexão sobre alguns conceitos.

Torcida dominou a pauta pós-clássico
(Créditos: Pedro Souza/Atlético-MG)

Quando Alexandre Kalil lançou a camisa rosa, em 2010, a polêmica tomou conta. Uma simples cor causou um alvoroço que dividiu a própria torcida e se tornou motivo de zoação do rival. Simplesmente por ser rosa. Como se uma cor, seja ela qual for, dissesse alguma coisa sobre a personalidade de alguém, de um clube, de uma instituição.

De mau gosto a piadas infundadas

Até hoje, um ponto de 'provocação' de alguns cruzeirenses é o ex-volante Richarlyson. Jogador limitado tecnicamente, é verdade, muito útil taticamente e com a raça que falta em muitas peças do atual elenco, mas questionado e motivo de piadas pelo excesso de curiosidade sobre o extracampo. Mais recentemente, o Cruzeiro fez uma apresentação de balé no lançamento de seu uniforme e, novamente, uma simples apresentação artística virou combustível para zoações infundadas e de mau gosto.

Atlético empatou com rival por 0 a 0
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Querer tripudiar de uma questão muito séria da sociedade não é provocação. Estádio de futebol não é um espaço alheio ao mundo. Enquanto um grupo 'brinca' que A ou B - e aqui não cabe distinção política nem ideológica - vai matar outra pessoa pelo time que ela torce, um homossexual é realmente morto apenas por ser homossexual. Atleticano ser morto por cruzeirense apenas por torcer pelo Galo é inaceitável. Cruzeirense ser morto por atleticano só por torcer pelo rival é absurdo. Uma torcida inteira ser morta por supostamente ter outra opção sexual não é engraçado.

Racismo, homofobia e indignação

Da mesma forma que a indignação em casos de racismo é geral, com homofobia também deveria ser. Quando o Grêmio foi punido por torcedores terem chamado o goleiro Aranha de 'macaco', a decisão foi aprovada de forma unânime. Caso o Atlético seja punido por esse episódio lamentável de domingo, justiça seja feita, será merecido também. Se por isso o futebol virou nutella, talvez o raiz não fosse tão bom assim.

Galo perdeu boas chances no dérbi
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Enquanto o mundo evolui, o futebol parece regredir. Em todos os âmbitos. A qualidade técnica piora a cada campeonato. Jogadores já com idade avançada são os destaques do Brasileirão porque os mais novos são limitados ou sem compromisso. Trazendo para a realidade do Atlético, você já deve ter associado alguns nomes a cada um desses adjetivos. As federações são, em sua maioria, patéticas. E a mentalidade de algumas pessoas parece ter ficado presa em um tempo em que corrupção não era investigada, evolução social e ideológica era inimaginável e desqualificar goleiro adversário simplesmente por usar um uniforme colorido era cabível.

A técnica do futebol não é a mesma. Velocidade e tática muito menos. Passou da hora de a cabeça acompanhar. Disputa só em campo.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

Boca Juniors x Cruzeiro: mais do que futebol

Vinícius Dias

É possível falar de futebol e do Cruzeiro superior por 15 minutos, trocando passes e freando o ímpeto do Boca Juniors, que cresceu a seguir, mas parava na marcação celeste até o passe de Pérez achar Zárate cara a cara com Fábio. Thiago Neves perdeu grande chance e Rafinha viu Barrios evitar o empate em cima da linha. Tudo antes de a péssima arbitragem de Éber Aquino se tornar protagonista. Vermelho absurdo para Dedé, em La Bomboneira, minutos antes de Perez marcar o segundo dos xeneizes.


É obrigatório analisar o contexto do erro do paraguaio: Dedé sobe para disputar a bola, se choca involuntariamente com o goleiro Andrada e é expulso após a consulta ao VAR - que pode e vai se transformar em atalho para minimizar falhas desde que utilizado da forma correta. Tão absurdo quanto River Plate e o próprio Boca Juniors terem escalado atletas irregulares durante a mesma Copa Libertadores e somente o Santos ser punido e, com a derrota por 3 a 0, decretada a horas da partida de volta, eliminado.

Zagueiro Dedé: expulsão absurda
(Créditos: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.)

É recomendável recordar o voto do presidente da CBF, Coronel Nunes, na candidatura do Marrocos para sediar a Copa do Mundo de 2026, contrariando o bloco pró-Estados Unidos, Canadá e México formado na Conmebol e reacendendo justamente o debate sobre os critérios de distribuição de vagas na Copa Libertadores. Como é recomendável não esquecer a recente eleição da CBF, sem candidatura de oposição e com 17 dos 20 clubes da elite - entre eles o Cruzeiro - apoiando a tão criticada situação.

Um estádio místico, duas das maiores equipes do continente.
Mas falar da quarta-feira é falar de bem mais do que futebol.

Aécio e Granata miram voto dos cruzeirenses

Vinícius Dias

Se dentro de campo o Cruzeiro concentra as atenções nos preparativos para o confronto de ida das quartas de final da Libertadores contra o Boca Juniors, na noite desta quarta-feira, em La Bombonera, fora dele a campanha eleitoral tem movimentado os bastidores do clube. O foco é o voto - e o apoio - dos torcedores cruzeirenses de Minas Gerais.

Conselheiro e vice disputam Câmara
(Créditos: Aécio Neves/Reprodução)

No primeiro capítulo, nessa terça-feira, as torcidas organizadas Máfia Azul e Cachazeiros se manifestaram em apoio à candidatura de Aécio Neves (PSDB). Conselheiro nato do Cruzeiro, o senador concorre a uma vaga na Câmara dos Deputados tendo como principal apoiador no clube o também senador Zezé Perrella, atual presidente do Conselho Deliberativo.

Vice se manifesta em rede social

Nesta quarta-feira, o vice-presidente Ronaldo Granata (Podemos), também candidato a federal, usou o Instagram para pedir o apoio dos cruzeirenses e, embora sem citar nomes, afirmar que "nas fases boas aparecem candidatos se intitulando candidato das torcidas". O dirigente já havia divulgado no início do mês vídeo com mensagem do presidente Wagner Pires.

Clássico: reservas do Cruzeiro quebram escrita

Vinícius Dias

O empate por 0 a 0 entre o time reserva do Cruzeiro - reforçado pelo meia Thiago Neves a partir dos 20 minutos do segundo tempo - e os titulares do Atlético, nesse domingo, no Mineirão, quebrou uma escrita de 16 temporadas do clássico mineiro. Desde 2003, quando foi adotado o sistema de pontos corridos no Campeonato Brasileiro, os arquirrivais jamais haviam pontuado sem colocar seus principais jogadores em campo.

LEIA MAIS: Atlético x Cruzeiro: paixão chegará ao cinema

O primeiro revés com reservas no principal clássico mineiro remonta a 2009: três dias antes da final da Libertadores contra o Estudiantes, Adilson Batista optou por poupar os titulares e viu a Raposa perder por 3 a 0 no primeiro turno da Série A. Em 2013, foi a vez do Galo de Cuca: quatro dias depois de conquistar o título das Américas, o alvinegro enfrentou o Cruzeiro com time alternativo e perdeu por 4 a 1, de virada, no Mineirão.

Raposa e Galo empataram por 0 a 0
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

O clube celeste voltou a escalar reservas em 2014, de olho nas quartas de final da Libertadores: Marcelo Oliveira, entretanto, viu o futuro bicampeão Cruzeiro ser derrotado por 2 a 1, de virada, na Arena Independência. Roteiro semelhante ao do primeiro turno desta edição, quando Mano Menezes poupou seus principais jogadores para o duelo com o Racing e viu o time comandado por Thiago Larghi levar a melhor: 1 a 0, no Horto.

Times reservas no clássico  - desde 2003:

12/07/2009 - Cruzeiro 0x3 Atlético - Mineirão
28/07/2013 - Cruzeiro 4x1 Atlético - Mineirão
11/05/2014 - Atlético 2x1 Cruzeiro - Arena Independência
19/05/2018 - Atlético 1x0 Cruzeiro - Arena Independência
16/09/2018 - Cruzeiro 0x0 Atlético - Mineirão

Cruzeiro de olho no clássico e cabeça no Boca

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

Embora o torcedor sempre queira mais, é preciso estar ciente do contexto e dos problemas que o planejamento e o sucesso trazem ao clube. O Cruzeiro de 2018 vive um daqueles momentos 'complicados' que todo time gostaria de ter de enfrentar. Com o título estadual devidamente guardado na sala de troféus, vivíssimo em duas grandes competições e mantendo-se em posição razoável em outra, é chegada a hora de saber que, talvez, sacrifícios precisem ser feitos para alcançar os resultados desejados.


Apesar de ter um grupo qualificado, a Raposa chega a um ponto crucial da temporada, em que é preciso ter muita calma na hora de definir quem vai a campo nas próximas partidas. Particularmente, nunca fui fã dos chamados times reservas, alternativos, de transição, ou seja lá como você queira chamar a escalação que conta com poucos ou nenhum titular absoluto, alguns reservas imediatos e vários atletas que precisam de rodagem ou ritmo de jogo. Porém, estando envolvido em verdadeiras batalhas pela sobrevivência tanto na Copa do Brasil como na Libertadores, creio que nosso amigo Mano Menezes se verá obrigado a lançar mão dessa estratégia.

Raposa saiu à frente na Copa do Brasil
(Créditos: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.)

Muito além do evidente desgaste físico que tantas competições em tão pouco espaço de tempo produzem, há fatores como concentração, medo de lesões e pouco apelo por parte da torcida. No caso do clássico de domingo, tenho certeza de que o último não será problema. A torcida certamente comparecerá e apoiará o time do início ao fim. Mas, convenhamos, deve ser muito difícil pensar em partidas de um campeonato de pontos corridos no qual, na melhor das hipóteses, brigaremos por vaga no G4, sabendo que dali a quatro dias o adversário será o Boca Juniors, em plena La Bombonera em busca de uma vaga nas semifinais da principal competição do ano.

Um olho no dia 19, outro no dia 26

Sei que estamos falando de atletas profissionais, mas, antes de tudo, são seres humanos. Eu, se pudesse, pularia de uma vez para o dia 19, depois para o dia 26 e assim por diante. Claro que na hora do jogo estarei ligado, com o único e exclusivo intuito de vencer nossos adversários. Mas o restante está voltado para objetivos muito maiores, que exigem 100% de dedicação. Nessas horas, seria excelente se tivéssemos à disposição uma quantidade suficiente de jogadores para não nos preocuparmos com quem vai a campo. Mas isso é praticamente utopia. Por mais que você se planeje, contrate, invista, sempre surgirão obstáculos impedindo que se torne realidade.

Cruzeiro aguarda semi da Libertadores
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Convenhamos que o Cruzeiro não investiu tanto assim e nem se planejou tanto, mas, por exemplo, dois dos nossos centroavantes estão fora de ação há muito tempo e estamos nos virando - bem, até - sem eles. Somem-se a isso as suspensões e convocações e teremos um cenário bastante propício para que o famigerado time alternativo deixe de ser opção e se torne necessidade. Então, já que 'alternativar' é preciso, torço para que quem for a campo aproveite a oportunidade. Temos muitas peças que podem ser de enorme utilidade se tiverem todo o seu potencial explorado.

Não é demérito nenhum ser lembrado somente nessas horas. Futebol é coletivo e há jogos que são vencidos também pelo trabalho daqueles que não estão em campo. Aquela velha máxima de que 'em time que está ganhando não se mexe' pode muito bem ser aplicada ao Cruzeiro. O time dos mata-matas está ganhando: que não se mexa. O time do Campeonato Brasileiro nem tanto: que sejam feitas as devidas alterações, desde que não interfira no outro. Tenho certeza de que Mano Menezes saberá conduzir o restante de nossa temporada com competência e segurança.

Força, Cruzeiro!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!

Projeto de mestrado do atleticano Lobo Mauro prevê curta sobre
a paixão feminina no clássico de BH; meta é expandir para longa

Vinícius Dias

Dribles, grandes lances, ídolos e golaços que fazem explodir as arquibancadas do Mineirão e da Arena Independência. E também o coração de milhares de torcedoras. É justamente o olhar das mulheres que são apaixonadas e vestem o alvinegro do Atlético e o azul celeste do Cruzeiro o mote do projeto #NãoTemPedigree, lançado nessa quinta-feira pelo cineasta Mauro Reis, mais conhecido como Lobo Mauro. A data coincide com a expectativa por mais um capítulo do principal clássico de Minas Gerais.


"Pretendo filmar imagens das torcedoras atleticanas e cruzeirenses na arquibancada e nos bares durante os jogos. Sobre essas imagens, usarei a voz de atleticanas e cruzeirenses contando casos vivenciados por elas próprias, sejam engraçados, tristes, inusitados, enfim, que demonstrem o amor dessas mulheres pelo Cruzeiro ou pelo Galo. Além de, claro, sobre a grande rivalidade dos clubes", revela ao Blog Toque Di Letra o cineasta, que cursa mestrado em criação e produção de conteúdos digitais na UFRJ.

Curta-metragem exalta paixão por rivais
(Créditos: Arquivo Pessoal/Lobo Mauro)

Autor de três curta-metragens sobre futebol, entre eles Quando se sonha tão grande, a realidade aprende e As crônicas de Riascos, que abriram a trilogia baseada na conquista do Atlético na Copa Libertadores de 2013, Lobo Mauro planeja lançar no Youtube em janeiro de 2019 o curta Nossa torcida, primeiro produto do projeto #NãoTemPedigree. "Estou ainda captando e buscando as torcedoras dos dois clubes que queiram ser entrevistadas para que eu possa colher o som dessas suas histórias", detalha.

As métricas de engajamento serão utilizadas na dissertação de mestrado, que o carioca defenderá entre março e abril do próximo ano. "A proposta e aposta é de que, com o lançamento do curta, a narrativa seja expandida futuramente em outras obras, como o longa-metragem que já tem até nome - Minha tristeza -, uma HQ Eletrônica, entre outros. Sempre com a proposta temática do universo #NãoTemPedigree: o mundo na visão de mulheres apaixonadas pelo Galo ou pelo Cruzeiro", antecipa.

Confira o trailer do curta Nossa torcida:

A vitória e o passo gigante do melhor Cruzeiro

Vinícius Dias

Borja recebe na área, supera os zagueiros e finaliza para defesa monumental de Fábio aos quatro minutos. No lance seguinte, Robinho tabela com Thiago Neves em contra-ataque pela direita e encontra Barcos bem posicionado para completar para as redes de Weverton. 1 a 0 para a Raposa diante do Palmeiras, fora de casa, em uma síntese do time de Mano Menezes: organização defensiva, camisa 1 como protagonista e contra-ataques de manual para construir o resultado. Vitória do melhor Cruzeiro, que sai à frente na terceira semifinal consecutiva de Copa do Brasil.


O duelo dessa quarta-feira começou com o Verdão tentando aproveitar a velocidade do setor ofensivo e explorando as laterais. Até os 15', após Borja parar em Fábio e o time celeste abrir o marcador, Moisés arriscou por cima do gol, Dudu venceu Edilson no mano a mano e finalizou com perigo, Willian acertou o travessão. Com a linha de marcação organizada, no entanto, o Cruzeiro minimizava o perigo e limitava a força palmeirense. E quase fez o segundo gol, com Thiago Neves encontrando o uruguaio Arrascaeta, que chutou abafado pelo goleiro Weverton aos 41 minutos.

Barcos marca gol da vitória celeste
(Créditos: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.)

Na etapa final, Felipão sacou o amarelado Thiago Santos e acionou Lucas Lima. A intenção era aumentar o poder de criação, recuando Bruno Henrique. O Palmeiras passou a ficar ainda mais com a bola, mas precisou de 18' para finalizar pela primeira vez. O time mineiro suportou bem mesmo após a exagerada expulsão de Edilson, minutos antes da polêmica do jogo: a falta de Edu Dracena sobre Fábio na disputa pelo alto - o lance deixa dúvidas, mas Wagner Reway, em noite ruim, apita antes de a bola entrar, portanto não há gol anulado nem havia possibilidade de uso do VAR.

Primeira vitória na Arena, quarta seguida fora em mata-mata.
O melhor Cruzeiro dá um passo gigantesco na Copa do Brasil.

Dedé: mineiro titular na seleção após 49 jogos

Vinícius Dias

A presença do zagueiro Dedé, do Cruzeiro, entre os titulares da seleção brasileira na goleada por 5 a 0 sobre El Salvador, em amistoso disputado nessa terça-feira, nos Estados Unidos, marcou o fim de um longo hiato. Desde a vitória por 4 a 0 diante do Japão, em outubro de 2014, em Cingapura, a equipe principal não contava com um jogador de clube mineiro no onze inicial em datas Fifa ou competições internacionais.

Dedé em ação durante o amistoso
(Créditos: Lucas Figueiredo/CBF)

Naquele duelo, o atacante Diego Tardelli, convocado por Dunga enquanto defendia o Atlético, permaneceu em campo por 65 minutos e deu assistência para um dos quatro gols assinalados por Neymar. Em janeiro de 2017, já com Tite no comando, Robinho, também como jogador do clube alvinegro, chegou a marcar presença no time titular contra a Colômbia, no Jogo da Amizade, disputado fora de data Fifa, no entanto.

Depois de quase quatro anos

Nessa terça-feira, 49 jogos depois de Japão 0x4 Brasil, Dedé vestiu a camisa 3 e fez dupla de zaga com Marquinhos, do PSG, na primeira etapa do amistoso - na volta do intervalo, o ex-corintiano Felipe, que atualmente defende o Porto, o substituiu. A partida contra El Salvador foi a 11ª do zagueiro pela seleção desde setembro de 2011. O cruzeirense, que esteve na lista de suplentes para a última Copa, tem um gol com a canarinha.

A vitória do Galo maduro, forte e vingador

Alisson Millo*

Quando o time está em baixa, um discurso inspirado e uma torcida inflamada, às vezes, são o que os jogadores precisam para dar a volta por cima. Pior para o São Paulo, que acabou sem a liderança. Deram o azar de pegar o Atlético pós-monólogo de Ricardo Oliveira e com a Massa a plenos pulmões na Arena Independência. Com uma disposição poucas vezes vistas no ano, o Galo lutou, se fechou, deu chutão e finalmente voltou a vencer.


O placar magro trouxe algumas críticas ao setor ofensivo e à postura do time. Afinal, o melhor ataque do Brasileirão marcou só um gol e tomou pressão o jogo inteiro. Mas saiu com os três pontos. No primeiro turno, no Morumbi, jogo controlado, dois gols marcados fora de casa, domínio por quase 90 minutos, mas apenas um empatezinho na bagagem. No fim das contas, o jogo de quarta-feira valeu infinitamente mais que o de maio.

Ricardo Oliveira: líder e decisivo
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Defender não é pecado. O legado deixado por Cuca, além da Libertadores e da mudança de patamar, é o famigerado estilo 'Galo Doido'. Se jogar para o ataque, fazer um monte de gols, mas se expor lá atrás, é uma tática linda aos olhos, mas arriscada e precisa ser eliminada, pelo menos por enquanto, no Atlético. Nosso meio para frente não é mais Ronaldinho, Bernard, Diego Tardelli e Jô. Esse protótipo de 4-2-4 foi lindo, nos rendeu títulos, mas as peças são diferentes. Bem como as cobranças devem ser.

Janela de reforços e surpresas

Problema crônico, o sistema defensivo, enfim, vem se solidificando. Léo Silva ainda joga em alto nível mesmo perto dos 40. Iago Maidana teve um crescimento absurdo de produção - provavelmente porque a dupla dele não é mais Felipe Santana, como no início do ano. Emerson é um grande ganho técnico comparado a seu reserva. Adilson é um dos melhores primeiro volantes do Brasil - e pensar que queriam trocá-lo com o Santos por Copete -, e Zé Welison é uma das melhores surpresas recentes.

Atlético bateu o São Paulo no Horto
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Diante do São Paulo, sob pressão, todos eles foram muito exigidos e se destacaram, assim como Victor e Luan. Em um passado não muito distante, o Atlético sofria tanta pressão como na quarta-feira. A diferença é que o time sucumbia. Ter defensores como referências não é problema. Ruim mesmo é precisar dos seus defensores e eles entregarem gols e pontos importantes. E não é uma crítica a A ou B, até porque faltaria espaço para tantos exemplos. É mais um sinal de, tomara, mudança de atitude.

Mais maturidade e consciência

O Galo, enfim, pareceu um time maduro. Consciente de suas limitações, da qualidade do adversário e soube se adequar às diversidades. Se lá na frente foi econômico nos gols, jogou por uma bola e ela veio. Poderia ser um placar mais elástico, se não fosse as oportunidades perdidas. Para não passar sem corneta, vamos melhorar o aproveitamento aí, galera!

Massa atleticana fez a festa na 4ª
(Créditos: Pedro Souza/Atlético-MG)

Mas a postura é o exemplo que fica. Quantas vezes um jogador ruim tecnicamente foi perdoado pela Massa por dar a vida pelo Galo? Aliar a raça com a qualidade técnica é o segredo para se tornar ídolo no Atlético e o último jogo mostrou que no elenco têm alguns candidatos, basta manter esse padrão. Apoio da arquibancada não vai faltar.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

Do Galo FA aos EUA: uma paixão de pai e filho

Alexandre Oliveira*

Agosto passou deixando a marca do pai, pessoa especial que ensina ainda no berço como se constrói uma verdadeira amizade. O caso de Renato e do filho Pedro não é diferente. Coach e running back fazem uma parceria dentro e fora de campo. E a paixão pelo futebol americano nasceu praticamente na mesma hora. "Um belo dia, meu filho que, na época, tinha 14 anos me disse que gostaria de participar de uma seletiva para jogar futebol americano. Até então eu não conhecia o esporte, porém comecei a acompanhá-lo nos treinos e, dessa forma, passei a conhecer a filosofia do futebol americano", revela Renato Moreno, um dos treinadores do Galo FA.


Pedro Moreno e Renato Moreno conquistaram o Minas Bowl 2018 com o Galo FA em cima do América Locomotiva. Pedro foi um dos destaques da equipe na campanha vitoriosa no Campeonato Mineiro, somando oito touchdowns no torneio. Para ele, ter o pai ao lado no decorrer dos jogos foi especial. "Ganhar um título é sempre um momento único para a vida de qualquer atleta e poder dividir momentos como esse com meu pai torna tudo mais importante para mim", destaca ao Blog Toque Di Letra.

Renato lado a lado com o filho Pedro
(Créditos: Arquivo Pessoal/Pedro Moreno)

Antes da vitória, no entanto, pai e filho experimentaram o sabor da derrota. "Em 2016, meu filho e eu estávamos nas arquibancadas torcendo pelo então BH Eagles, nosso time, na final do Minas Bowl. Naquele jogo, dominamos o placar nos três primeiros quartos, mas acabamos levando a virada, e o Minas Locomotiva sagrou-se campeão. Lembro dele chorando pela vitória que tanto queríamos e acabou não vindo. Como a vida dá voltas, no ano seguinte, nós dois não estávamos mais na arquibancada, mas sim em campo. Ele como RB e eu como coach. Choramos juntos no fim do jogo novamente, mas, dessa vez, com o troféu na mão!", lembra Renato.

Cobrança extra ao filho do técnico

Ter o pai ao lado nos treinamentos, de acordo com Pedro, tornou a cobrança ainda maior. Nada de moleza para o filho do treinador. "Mesmo tendo meu pai como colega de trabalho, ele não me aliviou em momento nenhum e isso só me ajudou. Nós sabíamos como separar o trabalho da família e levávamos a sério tudo o que fazíamos. Ter uma pessoa próxima fez com que tivéssemos conversas mais profundas sobre meu desempenho e atitudes, ajudando a me tornar um atleta bem melhor", explica.

Pedro foi campeão pelo Galo FA
(Créditos: Pedro Souza/Atlético-MG)

Pedro Moreno completou 18 anos no último dia 27 e, hoje, não integra mais o elenco do Galo FA. Morando nos Estados Unidos, o running back defende o HPCA - High Point Christian Academy - e mantém o sonho de jogar futebol americano por uma grande universidade estadunidense. "O esporte abriu as portas para mim, como, por exemplo, estudar e jogar internacionalmente. Meu próximo objetivo é ter um bom desempenho nas aulas e dentro de campo para conseguir jogar em faculdades aqui nos EUA".

Mais perto do sonho, longe do pai

Apesar de estar longe do filho, Renato se sente realizado ao vê-lo trilhar seu sonho em outro país. "O melhor para ele é estar feliz, praticando o esporte que ama, estudando em um local onde os valores nos quais eu acredito são os pilares para a consolidação da pessoa na qual ele se transformou. Sinto-me realizado e feliz por meio da felicidade dele", garante.

Hoje, running back atua nos EUA
(Créditos: Pedro Souza/Atlético-MG)

O futebol americano é um esporte que exige bastante do atleta física e psicologicamente. Por isso, a cabeça precisa estar funcionando perfeitamente para garantir a harmonia do time. E nada como ter o pai como aliado. "Muitas vezes, vamos além do que pensávamos que poderíamos ir. E esse desgaste emocional e físico faz com que muitos atletas desistam ou percam a cabeça. Meu pai sempre foi um pilar, me auxiliando a manter-me forte e a lidar com os momentos difíceis", exalta Pedro Moreno.

Mesmo a milhares de quilômetros de distância, ele e o pai mantêm a velha sintonia entre treinador e jogador. Diversos ensinamentos, cobranças e puxões de orelha que irão render, além de bons frutos, várias jardas percorridas e, por que não, touchdowns.

*Jornalista. Fã de Futebol Americano. Siga: @alexolivertos.

Cruzeiro fecha parceria para monitorar atletas

Vinícius Dias

O Cruzeiro acertou, nos últimos dias, uma parceria com o portal Rede do Futebol. Com isso, o clube celeste agora conta com um banco de dados com mais de 300 mil jogadores do Brasil e do exterior cadastrados. Conforme o Blog Toque Di Letra apurou, os serviços serão utilizados pelo setor de análise de desempenho, coordenado por Rafael Vieira. A empresa gaúcha é referência no segmento desde 2014.

Thiago Neves festeja título mineiro
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Por meio da plataforma, é possível monitorar as movimentações nas janelas de transferências, gerar relatórios e avaliar estatísticas referentes à performance dos jogadores selecionados. O sistema inclui informações detalhadas sobre os contratos e registros dos atletas no Boletim Informativo Diário - BID. Entre os clientes do Rede do Futebol na elite estão Corinthians, Grêmio, Internacional, Palmeiras e São Paulo.

Mecanismo de solidariedade

A empresa também conta com um software - inicialmente, fora do pacote contratado pela Raposa - que potencializa as receitas advindas do mecanismo de solidariedade da Fifa. A ferramenta automatiza o processo de identificação de transferências de jogadores formados pelos clubes. Até o fim desta temporada, o Rede do Futebol deve lançar uma versão atualizada do portal, que incluirá várias funcionalidades novas.

Pelo tri e pelo hexa: o Cruzeiro que sabe sofrer

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

Na vida, precisamos saber gerenciar os sentimentos que permeiam nosso dia a dia. Entre todas nossas reações aos fatores externos, acredito que duas coisas sejam fundamentais para que tenhamos uma vida equilibrada e que progrida em todos os fatores: saber amar e saber sofrer. Saber amar é entregar ao próximo aquilo que temos de melhor. É identificar no outro alguma necessidade e dar algo de si para que essa lacuna seja preenchida. Por outro lado, saber sofrer é a capacidade de, diante de situações complexas, delicadas, tristes, enfim, negativas, conseguir absorver algum ensinamento, por menor que seja, para que, com ele, nos tornemos seres humanos melhores ou mais preparados para o futuro. E, nos tornando melhores, a tendência é de que sejamos ainda melhores no amor. Ou seja, é um ciclo que precisa ser considerado com carinho por todos.


Mas o que isso tem a ver com o Cruzeiro? Tudo. O clube estrelado inicia setembro vivo nas duas competições de mata-matas, depois de jogos alucinantes e uma belíssima carga de sofrimento, devidamente dosada e ministrada no time e no torcedor. É fato que a Raposa e todos que fazem parte de seu universo vêm aprendendo, ano a ano, a fina arte de saber sofrer. No bom sentido, claro. A vida do cruzeirense é marcada mais por momentos felizes do que por angústias. No entanto, nas horas difíceis, em que o imponderável ameaça dar as caras, a sorte não colabora, quando a bola mais fácil do ano não entra, torcida e time têm demonstrado frieza e coragem para absorver o sofrimento e transformá-lo em força.

Sonho do tri da América segue vivo
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Nas duas últimas disputas eliminatórias, passamos por um turbilhão de sensações: da euforia à preocupação, ao temor de perder uma vaga quase certa, até finalmente podermos sentir o alívio pelo confronto vencido. Nos dois casos, com todo o respeito aos adversários, o sofrimento foi, até certo ponto, desnecessário. Com duas vitórias nos duelos de ida na casa dos rivais, voltamos para Belo Horizonte com a incumbência de manter o ritmo, impor nosso jogo e garantir a vaga com tranquilidade. Não foi assim que aconteceu. Contra o Santos, uma disputa que ia se encaminhando calma e tranquila só acabou depois que o drama dos pênaltis nos foi favorável.

Com paciência e a classificação

Pela Libertadores, após o magnífico 2 a 0 diante de um Maracanã lotado, mais uma vez estivemos perto de colocar a classificação para a fase seguinte em risco. Em primeiro lugar, o excelente placar conquistado no Rio de Janeiro poderia ter sido ainda melhor, se não fossem as chances claríssimas desperdiçadas no fim da partida, quando o rubro-negro buscava um gol desesperadamente. No jogo de volta, outra vez a falta de pontaria no ataque acabou dando um gás inesperado aos cariocas, que venceram o jogo, mas não levaram a vaga. O lado bom disso tudo é que, em ambos os casos, em nenhum momento o time e a torcida perderam a cabeça.

Raposa agora encara o Boca Juniors
(Créditos: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.)

Mesmo sabendo que as coisas poderiam ocorrer de forma mais tranquila, é visível que os placares dos jogos de volta não refletiram a produção e a disposição da equipe. E essa tranquilidade para não entrar em colapso foi fundamental para sair vitorioso. Soubemos sofrer! Soubemos aguentar duas noites não muito boas, mas que, no fim, foram de alívio e de fazer planos para continuar em busca de títulos. Que estes dois exemplos tão recentes nos sirvam de lição. O futebol, na maioria das vezes, não tolera erros. O Cruzeiro vem acertando mais do que errando, é verdade, mas é preciso ter muito cuidado para que não aceitemos com naturalidade as falhas em confrontos que tendem a ficar cada vez mais difíceis.

Estamos aprendendo a sofrer, sim. Mas não nos esqueçamos de amar. Saber amar continua sendo muito mais agradável e não maltrata tanto assim nossos corações. Rumo ao tri e ao hexa.

Força, Cruzeiro!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!