Alisson Millo*
Publicada em 06/03/2020, às 11h30
Vem aí o clássico, a chance de redenção do início catastrófico de temporada. Nesse que pode ser o único Atlético x Cruzeiro do ano, entramos mais do que pressionados por uma série de atuações lastimáveis, duas eliminações vergonhosas, que nos tiraram da Sul-Americana e da Copa do Brasil, e em quinto lugar do estadual. Se a primeira fase terminasse hoje, o Clube Atlético Mineiro estaria fora do G4 e teria que disputar o Troféu Independência. Seria a cereja do bolo da vergonha que fizeram na instituição.
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Na
nossa frente está justamente o rival. Vencer o jogo deste sábado coloca o Galo
na zona de classificação do Mineiro e deixa o Cruzeiro nessa situação ingrata.
Pior para eles. Se for o caso, e eu torço muito para que seja, pior para o
colunista do Fala, Cruzeirense! Mas vem cá, convenhamos, é uma situação bem
vexatória para ambos e pior para o Atlético, que já não tem mais o que disputar
nessa primeira metade do ano.
Vamos
tirar um momento para analisar nossa situação. Estamos em março e nosso técnico
estreia só na próxima semana. Olha quanta água já passou por debaixo da ponte.
Antes tivesse passado só debaixo, passou foi por cima da gente e não
conseguimos sair dela. Morremos todos afogados. Não temos diretor de futebol,
estamos a pé de estilo de jogo, as principais chances de título foram por água
abaixo e nos resta torcer por resultados alheios para classificar no estadual.
É, não está sendo nada fácil.
Sampaoli
pode representar uma mudança de postura. Pode significar uma nova atitude.
Pode. Possibilidade. Se vai se concretizar ou não só o tempo será capaz de
dizer, mas o maior problema não está ali, à beira do campo. A vinda dele, a
saída do último treinador e comissão, a demissão de gerente e diretor de
futebol, tudo isso parece mais uma cortina de fumaça, uma tentativa de dar
satisfação para o torcedor e fazer política.
Alvinegro deu vexame na Copa do Brasil (Créditos: Bruno Cantini/Agência Galo/Atlético) |
Lembremos:
2020 é ano de eleições no Atlético e, com certeza, quem lá está quer continuar.
Claro, Dudamel, Marques e Rui Costa têm enorme parcela de culpa nessa situação.
Mas sabe quem também tinha? Alexandre Gallo, Oswaldo de Oliveira, Levir Culpi,
Larghi, Rodrigo Santana. Em comum entre eles, um nome muito forte e que deu
muito poder a todos.
Mas a
verdade é que, mesmo dando muito poder, ele não deu respaldo. Não acreditou no
projeto, não teve convicção para bancar as ideias que ele mesmo traçou. Das
duas uma: ou ele não planejou direito ou ele não sabe planejar. Você
provavelmente já deduziu sobre quem estou falando, mas pretendo evitar
processos, então apenas deduza.
Não
duvido da atleticanidade dele. Inclusive, tenho certeza de que faz tudo de
muito boa vontade, sempre querendo acertar. Mas futebol profissional é muito
complexo para viver de boas intenções. Eu joguei em times de base e tenho
excelente histórico no Football Manager. Você confiaria o Atlético a mim, em
qualquer uma dessas frentes? Não, porque eu não tenho a competência que o
futebol profissional exige. A diferença é que eu reconheço isso e prefiro não
me envolver. Muito ajuda quem não atrapalha.
Queria
estar mais animado nesse pré-clássico. É um jogo gigantesco, que atualmente o
Atlético parece fazer pouca questão de vencer. Fosse a última gestão, o
presidente bradaria, sem êxito, que essa ou aquela competição se tornaria
obrigação. Hoje, só falta convicção mesmo. Mas sobram fracassos, derrotas,
técnicos que deram errado. E sobram desculpas.
*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!
2020 já acabou maisn ano na seca
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