Otero e Murilo na mira de emissários no Horto

Vinícius Dias

A cerca de um mês da reabertura da janela de transferências para as principais ligas de Europa e Ásia, os clubes dos continentes retomaram os trabalhos de observação no mercado brasileiro. No sábado, por exemplo, representantes do Celtic, atual campeão escocês, e da Gestifute, empresa liderada por Jorge Mendes, agente de Cristiano Ronaldo, assistiram ao clássico entre Atlético e Cruzeiro, na Arena Independência.


O principal alvo era o meia Otero. O Uol Esporte noticiou o interesse de um clube árabe, confirmado pelo Blog Toque Di Letra. Além do venezuelano, no entanto, a reportagem apurou que o nome do zagueiro Murilo esteve na pauta de monitoramento. "No Atlético, foi na parte mais da frente. Do lado do Cruzeiro, da parte defensiva. Eles importam muito jogadores mais novos", ratificou uma fonte ligada aos emissários.

Meia e zagueiro são alvos de estrangeiros
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético/Rafael Ribeiro/Light Press)

Representante da Gestifute na região do Porto, o agente português João Camacho também teve a oportunidade de acompanhar o uruguaio Arrascaeta no Horto. Pré-convocado por Óscar Tabárez para a Copa do Mundo, o camisa 10 é alvo do futebol europeu. Nos bastidores, Jorge Mendes é apontado como intermediário de uma provável transferência, a exemplo do que ocorreu em 2014 com o zagueiro Wallace, atualmente na Lazio.

Escoceses enviaram coordenador

Quem também acompanhou o clássico foi Lee Congerton, coordenador da rede de scouting do Celtic, da Escócia. Antes de chegar ao clube, que disputará a próxima edição da Liga dos Campeões, o galês foi coordenador de scouting do Chelsea por sete anos, diretor técnico do Hamburgo e diretor esportivo do Sunderland. Assim como Camacho, Lee esteve na Arena Independência na companhia do agente brasileiro Giba Brasil.

A vitória do líder Atlético e o foco do Cruzeiro

Vinícius Dias

Troca de passes entre Cazares e Elias, bola chegando a Roger Guedes, dele para Ricardo Oliveira, que escora para o próprio camisa 23, com sorte, completar para as redes em meio à disputa com Manoel. Gol da vitória do Atlético, aos 16 minutos da etapa final, na Arena Independência, diante do time quase reserva do Cruzeiro. 13 pontos em seis rodadas, voltando à liderança do Campeonato Brasileiro após mais de dois anos e nove meses. Enquanto o rival acerta ao focar o duelo com o Racing, nesta terça-feira, valendo o primeiro lugar do grupo 5 da Libertadores.


O clássico começou com o time de Thiago Larghi no habitual 4-2-3-1, tendo Luan, Cazares e Roger Guedes na terceira linha. Do outro lado, Mano Menezes optou por escalar um 4-4-2 com Rafael Sóbis, mais uma vez apagado, e Raniel, que havia sido decisivo na virada sobre o Atlético/PR pela Copa do Brasil, à frente. O alvinegro ultrapassava os 70% de posse de bola, mas faltava profundidade para superar um sistema defensivo bem armado. O Cruzeiro controlava os espaços, mas, sem velocidade na transição, pouco ameaçava o gol defendido por Victor.

Roger Guedes marcou o gol alvinegro
(Créditos: Pedro Souza/Atlético-MG)

O panorama mudou na etapa final. Já com Arrasacaeta na vaga de Rafael Sóbis, em uma tentativa de ganhar intensidade, o Cruzeiro teve Mancuello bem expulso aos dois minutos. Aos 7', Bruno Silva perdeu a chance de abrir o placar, frente a frente com Victor, após boa jogada construída pelo uruguaio. Aos 12', foi a vez de Murilo parar no camisa 1. O time celeste cresceu com dez, mas naturalmente cedia mais espaços. O alvinegro abriu o placar e poderia ter ampliado. Aos 19', finalização de Elias e bela defesa de Fábio. Aos 44', nova intervenção em cabeçada de Otero.

O Cruzeiro acertou ao rodar elenco e focar a Libertadores.
No clássico, vitória justa do Atlético, o líder do Brasileirão.

Alô, Atlético! O clássico é primeira divisão, tá?

Alisson Millo*

Você sabe a semelhança entre Barcelona, Juventus, Bayern, Manchester City e PSG? Todos foram campeões de seus países e conquistaram ou estão para disputar a decisão de uma copa nacional. Não querendo comparar o elenco do Atlético com esses, até porque nossos investimentos - e os dos adversários, diga-se - estão longe desse patamar, mas a mentalidade desses clubes é o que chama a atenção. Enquanto por lá a proposta é ser campeão de tudo quanto seja possível, aqui o desejo é um pouco diferente.


Após as eliminações, Nepomuceno dizia que o próximo título era 'obrigação'. Ouvia e me incomodava com essa palavra. Obrigação é lutar sempre. Neste ano, e possivelmente nos próximos de Sette Câmara, o Brasileirão é tratado com outro termo igualmente incômodo: obsessão. Claro, desde 1971 não ganhamos, batemos na trave várias vezes e isso magoa o atleticano, mas será que essa conquista é tão suprema a ponto de fechar os olhos para as demais? É justa a pressão sobre um elenco que, apesar de ter algumas ótimas peças, foi montado mais para corte de gastos do que conquistas? Certamente, prefiro apoiar jogo a jogo a adotar palavra de ordem.

Sábado é dia de o rival cair no Horto
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Agora, antes que seja colocada em prática a cartilha de xingamentos e bloqueio em redes sociais, vamos falar do que gostam de escutar: Campeonato Brasileiro. Estamos em terceiro, o G4 é realidade, e a liderança só não veio por critérios de desempate. Neste sábado, temos o Cruzeiro e contamos com o poder levanta-defunto de um clássico. Não que o Atlético seja defunto, mas, após duas decepções, um triunfo será bem-vindo. Uma boa sequência até a Copa é fundamental, e o emprego de Larghi está em jogo, já que o presidente espera a pausa no calendário para tomar uma decisão sobre o futuro do ainda treinador interino. Vá entender.

Manual para jog... ganhar o clássico

O clichê de clássico diz que não se joga, se ganha! Então, sábado é sangue no olho, pé na porta e, se for preciso fazer dois gols para valer um, é ir lá e fazer três. Que Otero fique longe de Edilson e faça treinos intensivos com Éder para voltar a ser a ameaça na bola parada que todo o Brasil vende, mas a gente sabe que é um pouco menos. Que Luan volte a ser notícia pela bola, não pelo contrato. Que a defesa dê menos sustos, o ataque fure retrancas, nossos vovôs-garotos tragam experiência, os jovens mostrem fome de vitória para se provarem em clube grande. E que o presidente fique longe dos microfones. Porque agora é primeira divisão. Ou ainda não?

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
Goleiro titular e atual capitão da seção Fala, Atleticano!

O Atlético que poupa demais e joga de menos

Vinícius Dias

Cobrança de Roger Guedes por cima do gol de Jandrei, que já havia defendido a de Ricardo Oliveira. Bruno Pacheco para em Victor, Cazares empata, mas Rafael Thyere decreta a classificação da Chapecoense. 4 a 3 nos pênaltis, na Arena Condá, após 180 minutos de placar zerado e Atlético poupando futebol. Oito dias depois da eliminação na Copa Sul-Americana, com diretoria e comissão técnica optando pelo inexplicável: poupar quase todos os titulares contra o San Lorenzo, em casa, após usá-los na ida.


A partida no Oeste catarinense começou sem grandes chances. O Atlético ameaçou pela primeira vez aos 11 minutos, em falta cobrada por Otero. Aos 21', foi a vez de Ricardo Oliveira tentar de fora da área e parar em Jandrei. Àquela altura, os mineiros tinham mais de 60% de posse de bola, mas, a exemplo do duelo de ida, esbarravam na falta de repertório para superar o bem armado sistema defensivo da Chapecoense. Que levou perigo com Wellington Paulista, em cabeçadas aos 23' e aos 46'.

Galo esbarrou na falta de repertório
(Créditos: Pedro Souza/Atlético-MG)

O time de Thiago Larghi voltou para a etapa final incomodando. Aos quatro minutos, Roger Guedes superou dois marcadores para obrigar Jandrei a fazer boa defesa. Aos cinco, foi Ricardo Oliveira quem quase abriu o placar após escanteio cobrado por Cazares. Aplicados, os donos da casa roubavam a bola, mas tinham dificuldade para colocar em prática o segundo passo da estratégia de Gilson Kleina: atacar com velocidade pelos lados. Canteros acertou o travessão aos 22', mas o placar ficou no quase.

Nos pênaltis, segunda eliminação atleticana em nove dias.
Porque a bola pune quem poupa demais e joga de menos.