A volta de Levir: o 'burro' precisará de sorte

Alisson Millo*

Caiu o 'estagiário' no Atlético. Sem cacife para deixar os medalhões de lado, na reserva, Thiago Larghi foi vítima das próprias convicções e incoerências. Para o lugar dele retornou o ídolo, aquele que nem deveria ter saído, o burro com sorte. Sai o aprendiz, entra o cascudo Levir Culpi. O cara com a experiência necessária para apagar o princípio de incêndio antes que ele se alastre e transforme em cinzas o planejamento da temporada inteira, que, convenhamos, já não foi nada excepcional.


Na primeira partida sob o comando de Levir Culpi, faltaram a tradicional burrice e, principalmente, a tradicional sorte. Fabio Santos perdeu pênalti, Luan se tornou o melhor camisa 10 do Fluminense e os três pontos bateram, literalmente, na trave. O resultado disso: várias críticas a Luan, que até sábado era ídolo, inquestionável e intocável. "Quem dera o Atlético tivesse outros Luan's no elenco", diziam alguns.

Técnico reestreou no Galo com revés
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Sem defender o jogador - não sou pago para tal nem sou tão fã assim dele. Mas o caso é semelhante ao do goleiro Victor há algum tempo, quando caiu em desgraça por supostamente estar usando o crédito de 'santo' enquanto se transformava em um goleiro comum. Quando a fase é boa, medianos se tornam gênios. Quando a fase é ruim, gênios se tornam imprestáveis. Luan não é gênio, nunca foi. Mas sempre demonstrou uma entrega bem maior do que muitos craques em potencial no Atlético.

Erro de Luan, gol do Fluminense

Claro, o próprio não se ajuda muito. Ao longo deste ano, foram várias entrevistas desnecessárias, que soaram quase como um esforço para se queimar. Mal sabia ele que só precisava errar um passe e ficar ajoelhado enquanto vê o time tomar o gol. Mas, particularmente, não acredito que essa seja a intenção dele. Talvez o status de ídolo tenha tirado o foco, subido à cabeça, e é nessas horas que um treinador cascudo entra em ação: consertar a cabeça de um bom jogador que vem em má fase.

Luan falhou no lance do gol tricolor
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Por falar em Levir, há algum tempo Rafael Carioca era a base e o coração do meio-campo do treinador. A crítica sobre ele era que ele não dava carrinho. Agora recai sobre Luan o estigma de 'ele só dá carrinho'. Talvez um Luan Carioca fosse o maior jogador de todos os tempos do Atlético. Mas, falando sério, uma birrinha infantil fez com que Rafael Carioca fosse embora e o Atlético ficasse sem um de seus melhores meio-campistas. Não é o caso de fazer o mesmo com Luan. Críticas são bem-vindas e necessárias, mas não a ponto de querer afastar um nome sabidamente importante.

Ainda bem que nosso novo comandante tem muita sorte. O antigo era cheio de certezas, vingou, mas acabou sucumbindo diante delas. Para dar um rumo novo para o Atlético, Levir vai precisar de muito trabalho. E muita sorte também. Para lidar com um elenco limitado, com uma direção sem habilidade e com uma torcida muito exaltada.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
@amillo01 no Twitter, capitão da seção Fala, Atleticano!

2 comentários:

  1. O clube atlético mineiro realmente deveria investir nesse Luan Carioca, vejo futuro aí

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  2. Luan corre pelo Elias e ainda cobre a lateral. Fica difícil de ser o mesmo que antes se dedicava somente a atacar.

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