Se tem algo que é falado frequentemente
pela imprensa e pela torcida, e que eu não entendo, não concordo e acho que
precisa ser revisto urgentemente pelos clubes, especialmente os brasileiros, é
o tal do padrão de jogo. Vira e mexe alguém aparecem para criticar quem não tem
e/ou enaltecer quem já o conquistou. Afinal, ter um padrão de jogo é,
necessariamente, algo bom?
Pois eu acho que, até certo ponto, sim.
Um elenco estar sincronizado com seu treinador e esse conjunto todo saber do
que é capaz, conhecer bem cada peça entre si e possuir uma linha de raciocínio
em comum é importantíssimo. Mas em contrapartida, o poder de improvisação, o
elemento surpresa, a reinvenção constante do estilo de jogar, por exemplo, são
tão importantes, ou mais, do que se ter uma tática bem definida, das que
facilitam muito o trabalho de qualquer comentarista esportivo.
Muitas vezes nos deparamos com times que
caem na armadilha de se apoiar em uma tática e não ter material humano e
psicológico no banco de reservas capaz de ser acionado para reverter uma
situação adversa ou segurar um placar que lhe é favorável. O Cruzeiro, de uns
anos para cá, pode ser tomado como um claro exemplo disso.
Lembro que muitos reclamavam que o time
do Roth não tinha padrão de jogo. Os jogadores pegavam a bola e não sabiam o
que fazer com ela. Discordo. Eles pegavam a bola e procuravam Montillo. Esse
era o padrão de jogo. Era um padrão pífio e falho, mas era um padrão. E esse é o erro de muitos e muitos times mundo afora. Achar a saída mais fácil,
sobrecarregando o jogador mais técnico ou mais habilidoso e esperando que ele
resolva a parada sempre.
Marcelo Oliveira já demonstrou, por mais
de uma vez, que está trabalhando duro para conhecer cada peça que tem à disposição.
O Cruzeiro segue em busca de um, dois, três, quatro, cinco padrões de jogo. É
como se o treinador virasse uma chave e o time passasse a se comportar de outra
maneira, respeitando uma orientação e sabendo o que precisa ser feito para
conseguir ou para manter o resultado. Boa parte da "culpa" é da variedade e da
qualidade do grupo que o treinador tem nas mãos.
Seguimos em busca de um time que possa
se desconstruir e se reinventar dentro do curto espaço de um jogo de futebol.
Sem desespero, sem bumba-meu-boi, sem a famosa tática de atacar em massa e
defender em bando.
Força, Cruzeiro!
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