Vinícius Dias
Da coletiva pós-eliminação na Libertadores,
sublinhando a importância de "olhar para frente" quando questionado sobre o
Campeonato Brasileiro, à despedida na tarde seguinte, citando pedido de
demissão que teria sido feito há 20 dias, a saída de Diego Aguirre do comando
do Atlético deixou várias perguntas sem respostas. Em meio a incógnitas, a
equação aponta uma certeza renovada rodada a rodada: a fragilidade dos laços
que unem técnicos e clubes no futebol brasileiro.
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Apenas nos primeiros cinco meses de
temporada, os clubes da Série A já realizaram dez trocas de técnico. Além do
alvinegro mineiro, Figueirense, Fluminense, Palmeiras, Atlético/PR, Santa Cruz,
Sport, Cruzeiro e a Ponte Preta - por duas vezes - se renderam à ciranda. Em um
mercado em que normalmente a convicção depende de resultados e se aposta em
nomes, não em projetos, a troca deixou de ser um recurso de exceção para se
transformar em regra pós-reveses.
Aguirre se despede: 10ª troca na elite (Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG) |
Mas, na prática, qual a eficácia da
regra? Fugindo do clichê, o histórico do Campeonato Brasileiro dos pontos
corridos e da regularidade rascunha o longo prazo como atalho para o sucesso.
Nesses 13 anos, somente três campeões trocaram o treinador no percurso da
competição. Desde 2003, nenhum clube brasileiro conquistou o nacional e a
Libertadores no mesmo ano. Nove dos campeões nacionais tiveram de superar
fracassos em seus estaduais rumo ao título.
A regra dos campeões
Os exemplos são diversos e bons.
Muricy Ramalho levou o São Paulo ao tricampeonato entre 2006 e 2008 reunindo
forças depois de três quedas consecutivas na Libertadores no Paulista. Em 2011,
o Corinthians caiu na pré-Libertadores e foi vice estadual, mas manteve Tite para
conquistar o nacional. No ano seguinte, o Fluminense de Abel Braga caiu em casa
nas quartas de final da Libertadores e, a seguir, festejou o Brasileirão. Mesmo
roteiro do Cruzeiro, em 2014, com Marcelo Oliveira.
Trocar de técnico ao sabor dos
resultados é a regra nacional.
Mas o Brasileirão, quase sempre, vem
coroando as exceções.
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