Vinícius Dias
Manhã
de segunda-feira, três dias após a bela cerimônia de abertura das Olimpíadas.
Na fila do supermercado, a vários quilômetros das arenas do Rio de Janeiro, ouço algo do tipo: "começou no sábado, o Brasil não tem nenhuma
medalha de ouro ainda. Que vergonha". A afirmação, típica de um público que
exige resultados ao sabor do achismo, está longe de ser retrato fiel da
participação dos atletas brasileiros nesses primeiros dias de competição. Mais
um exemplo de que, no dia a dia do esporte, nem tudo que é ouro reluz na
prática.
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É
fato que se esperava mais do futebol masculino e do judô inicialmente, por
exemplo. Mas o retrospecto do fim de semana inclui medalha no tiro - prata de
Felipe Wu, que até 2015 treinava na garagem de casa - 96 anos depois e melhor
resultado da história da esgrima, com Guilherme Toldo e Nathalie Moellhausen
top oito. Hugo Calderano - disputa oitavas hoje - já igualou o melhor desempenho
do Brasil no tênis de mesa; no ciclismo de estrada, o sétimo lugar de Flávia Oliveira
foi o melhor da história, bem como o quinto de Rosane dos Santos no levantamento de
peso.
Felipe Wu: prata que vale ouro no tiro (Créditos: Danilo Borges/Brasil2016.gov.br) |
Antes
de tudo, competir é trabalhar por superação dos limites do próprio corpo,
entrar nas arenas e quadras em busca do melhor desempenho da carreira. Até o
momento, são dois dias e meio de derrotas inesperadas e que inevitavelmente
doem, mas também de não ouros com performances douradas. Uma medalha em
modalidade lembrada somente de quatro em quatro anos, resultados históricos
vindos de atletas que há uma semana eram quase anônimos. No país em que o longo
prazo é, quase sempre, a próxima competição.
Na
versão do tradicional ditado, nem tudo que reluz é ouro.
No esporte,
nem todo esforço de ouro reluz para o público.
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