Missão tri: rumo a Assunção

Tiago de Melo

Chegou a hora do tudo ou nada para o time celeste. Os comandados de Marcelo Oliveira enfrentam o Cerro Porteño em busca de uma vaga nas quartas de final da Libertadores. O 1 a 1 no jogo do Mineirão obriga os brasileiros a buscarem a vitória, ou ao menos um empate com gols para avançar em busca do sonho continental.


O adversário é páreo duro. Não que o Cerro tenha um grande time. Mas é um adversário difícil, sobretudo quando atua em seu "acanhado" estádio, onde sua torcida costuma fazer a diferença. Apesar de não ter a projeção internacional do Olimpia, os azulgranas possuem uma torcida fanática e numerosa, recrutada principalmente entre as classes populares da capital paraguaia, Assunção. O 'Ciclón del Barrio Obrero' costuma vender caro as derrotas em casa.

Na ida, em Minas, empate por 1 a 1
(Créditos: Gualter Naves/Light Press)

Uma vantagem extra para os paraguaios é o fato de a equipe entrar em campo descansada. Distante do líder Libertad na liga doméstica, o técnico Francisco Arce poupou seus titulares no duelo do último fim de semana. Assim, diferente dos brasileiros, o Cerro Porteño entrará em campo não apenas com sua equipe principal, sem desfalques, mas também com seu elenco descansado.

Difícil, mas possível

Mas, embora respeite o temível rival, o Cruzeiro sabe muito bem que tem boas possibilidades de voltar de Assunção com a vaga nas quartas de final assegurada. O atual campeão brasileiro ainda não conseguiu repetir neste ano o futebol que lhe valeu o título em 2013, mas a base foi mantida e a fortíssima equipe dirigida por Marcelo Oliveira está ciente de que pode (e deve) seguir viva no torneio.

No domingo, empate pelo Brasileiro
(Créditos: Igor Coleho/Light Press)

Nessa terça-feira, jogadores e comissão técnica fizeram um recreativo de reconhecimento do General Pablo Rojas ("La Olla"), acanhado estádio que deve estar lotado para a partida de hoje. A boa notícia foi o retorno de Dagoberto. O atacante treinou normalmente com os companheiros, e vai ficar à disposição de Marcelo Oliveira, embora, a princípio, deva ser opção para o banco.

Cerro Porteño x Cruzeiro:

CERRO: Fernández, Bonet, Ortiz, Cardozo e Alonso; Corujo, Oviedo, Dos Santos e Óscar Romero; Angel Romero e Güiza.

CRUZEIRO: Fábio, Ceará, Dedé, Bruno Rodrigo e Samudio; Henrique e Lucas Silva; Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart e William; Júlio Baptista.

Eu Acredito... mais uma vez!

Alisson Millo

Na noite de domingo, o Atlético enfrenta o Grêmio, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. Se em campo o time não deve sofrer mudanças, fora dele o ambiente mudou. Depois de uma série de resultados negativos, um título perdido para o rival e a derrota (covarde) na Colômbia, Paulo Autuori foi demitido. Para a vaga dele, Levir Culpi. Técnico que volta como saiu: nos braços da torcida alvinegra.


Embora tenha somado apenas três derrotas, Paulo Autuori ficou longe de conquistar a confiança do torcedor. O alto número de empates e triunfos 'magros' diante de times de menor expressão confirmava a rejeição inicial do torcedor alvinegro. A paciência, ao que parece, se esgotou na final do Campeonato Mineiro. Quando, depois de dois empates por 0 a 0, o clube perdeu o título.

Elenco unido por bi da Libertadores
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Se o setor defensivo teve um rendimento melhor do que em 2013, o que levou a uma série de 18 jogos sem derrota, e fez de Otamendi, Leonardo Silva e, principalmente, Victor, destaques, o ataque deixara de funcionar. Contra a Atlético Nacional, na última quarta, por exemplo, foi uma noite inspirada de Victor que impediu que o Atlético deixasse Medellín em pior condição.

Nos braços do povo

O reencontro do novo comandante com a torcida vai ocorrer, justamente, na quinta-feira. No jogo de volta contra o Atlético de Medellín, num Horto 'lotado' e com novo ânimo. Com o apoio do torcedor, e embalado por um bom resultado no duelo com Grêmio, pelo Brasileiro, é possível reverter a vantagem colombiana.

Eu Acredito... mais uma vez!

Um olho no tri, outro no tetra

Douglas Zimmer

Salve, China Azul!

Foco é quase um 'mantra' no futebol moderno. Vira e mexe aparece um jogador ou treinador afirmando que a equipe precisa manter ou mudar o foco conforme o andar da carruagem. No Cruzeiro, o discurso não tem sido diferente nem poderia ser. Com duas competições simultâneas em andamento, é hora da Raposa fazer uso de um dos elencos mais fortes e versáteis do futebol brasileiro.


Marcelo Oliveira tem levado a campo aqueles quem têm condições físicas, psicológicas e técnicas para os próximos compromissos, importantíssimos para o restante da temporada. Depois de empatar por 1x1 com o Cerro Porteño, do Paraguai, no Mineirão, a equipe celeste entrou em campo no domingo para defender o título brasileiro.

Libertadores: 1x1 no duelo de ida
(Créditos: Gualter Naves/Light Press)

Não é segredo pra ninguém que a grande obsessão dos cruzeirenses é a Copa Libertadores da América de 2014, porém um torneio longo como o Campeonato Brasileiro não pode ser abdicado, pensando que 'amanhã ou depois dá para recuperar os pontos'. Foi assim, com um time alternativo, mas muito competitivo, que estreamos com vitória. Três pontos frente ao Bahia, na Fonte Nova.

Três pontos na conta

Observando as escolhas de Marcelo Oliveira, é possível entender algumas opções que ele havia feito durante a disputa do estadual - e o frequente 'rodízio' em algumas posições durante a primeira fase. O entrosamento, mesmo quando o assunto é o time tido como reserva, tem se mostrado razoavelmente afiado. Entre os atletas, é importante ressaltar que muitos foram titulares ou, no mínimo, fundamentais na conquista tri brasileiro na temporada passada.

Cruzeiro: camisa nova no domingo
(Créditos: Pedro Vilela/Light Press)

Na 'terra de todos os Santos', a equipe esteve bem postada na defesa, porém, por problemas no passe de ligação entre meio-campo e ataque, o jogo ganhou contornos dramáticos. Depois de abrir o placar com gol de cabeça de Nilton, o Cruzeiro recuou e chamou o Bahia para seu campo. A abdicação significou o empate, em cobrança de pênalti. O desempate viria apenas no fim do jogo, com mais um gol de cabeça - dessa vez, do livre, leve e solto Marcelo Moreno, que subiu sozinho para mandar para a rede tricolor. Três pontos na conta!

Com força máxima...

Para o jogo contra o São Paulo, histórica 'pedra no sapato' da Raposa, o técnico vai utilizar o que tem de melhor. Isso significa várias alterações no time azul. Os retornos de Dedé, Bruno Rodrigo, Samúdio, Willian, Ricardo Goulart, Júlio Baptista e Éverton Ribeiro são ótimos reforços em um time que se comportou bem na última rodada, mesmo fora de casa. E como a última semana não foi de jogos na agenda do clube, creio que o desgaste físico e, em especial, psicológico, não deve ser problema para o jogo das oitavas de final, no Paraguai.

Superação: receita na Libertadores
(Créditos: Gualter Naves/Light Press)

Domingo, o São Paulo. Quarta-feira, o Cerro. Ambos, jogos importantes, mas onde a adrenalina e o suor devem ser dosados de maneira diferente. Disputa ante um dos cabeças da competição, em Uberlândia; jogo de vida ou morte no La Olla Azulgrana, em Assunção. O time não pode abrir mão do jogo ofensivo e precisa se concentrar nas bolas aéreas ofensivas, que são a alternativa mais eficaz para descomplicar jogos duros, como devem ser os que estão por vir.

Força, Cruzeiro!

Dia do goleiro... dos heróis!

Vinícius Dias

Debaixo das traves, os guardiões da meta! Com as mãos (e por que não, pés), os heróis! Logo beatificados, canonizados pela fé, transformada em paixão pelo torcedor!

Como costumam afirmar os atleticanos, quando Patrício Polic autorizou, e Riascos partiu para a bola, a história do Galo se reencontrou com a sorte, que batizaria os pés de Victor!

Fábio e Victor: heróis, santos... goleiros!
(Montagem: Editoria de Arte/Toque Di Letra)

Ou como registram as páginas heroicas e imortais, a epopeia contada em 555 capítulos. De milagres, do impossível transformado em realidade, das mãos de Fábio!

Parabéns, goleiros! Parabéns, Victor e Fábio!
Em Minas, os heróis! No Brasil, os melhores!

Final infeliz... bom para ambos!

Vinícius Dias

Entre os dias 6 e 7 de abril, o Atlético foi destaque nos principais jornais esportivos mundo afora. A partida de ida da decisão do Mineiro, diante do Cruzeiro, havia ficado em segundo plano. Do ítalo Corriere dello Sport à britânica BBC, o mundo da bola repercutia a tuitada de Alexandre Kalil, às 2h da madrugada. Ronaldinho Gaúcho reeditaria 'parceria' dos tempos de PSG com o francês Anelka.

Recém-saído do WBA, da Inglaterra, o "polêmico" atacante, aos 35 anos, chegaria ao clube alvinegro como mais uma aposta de risco. Sim, era erro assegurar um fracasso na liga que teve Hernane Brocador como goleador no último ano. Tampouco se deveria esperar de Anelka, dono de currículo vasto, mas acostumado à condição de coadjuvante, inclusive durante sua melhor fase - e mais famoso por movimentar milhões em transferências -, alto retorno técnico.

Anelka: de costas para o futebol?
(Créditos: Reprodução/Internet)

Anelka seria mais grife do que bola, e mais marketing do que futebol. Em um equipe que dele esperaria gols e protagonismo. Com Ronaldinho, que ainda sonhava com a Copa do Mundo, em pouco mais de um ano, o Galo teve lances geniais, mídia e a inédita Libertadores. Com um acomodado e caro Nicolas - em visita ao Kuwait, sete dias após o anúncio oficial -, teria mais ônus do que bônus.

Desfecho "infeliz"

A rescisão do acordo, que o atacante diz jamais ter acertado, foi um raro acerto em meio a vários erros. Hoje, Anelka se explica, Kalil responde, e o imbróglio deve parar na Fifa. De fato, não há mocinhos, mas o desfecho parece bom para ambos.

O atacante, com postura de ex-jogador em atividade, se livra de conviver com a expectativa e a pressão do torcedor alvinegro. E o clube deixa de apostar em um atleta que não parecia fazer questão alguma de jogar no atual campeão da América.

Hegemonia em risco?

Tiago de Melo

Terminou a fase de grupos da Copa Libertadores, e o Brasil teve seu pior desempenho desde a edição de 2002. Naquele ano, apenas Grêmio e São Caetano avançaram para os mata-matas. Desta vez, Grêmio, Atlético/MG e Cruzeiro chegaram às oitavas de final, enquanto Flamengo, Atlético/PR e Botafogo ficaram pelo caminho.

O pífio desempenho pode resultar no fim de uma excelente sequência de resultados dos times brasileiros na competição - desde 2004 não ocorre uma final sem a presença de uma das nossas equipes. Naturalmente, um eventual insucesso neste ano não significará que a 'hegemonia' brasileira chegou ao fim. Mas merece reflexão.

Inter, em 2010: início da hegemonia
(Créditos: Lucas Uebel/Vipcomm)

Atlético/PR e Flamengo, a rigor, não tinham um elenco de qualidade para enfrentar a Libertadores. Chegaram ao torneio de modo surpreendente, e muito em função de uma temporada em que várias equipes, como Inter, Corinthians, Fluminense e São Paulo decepcionaram. Times que gastaram muito com atletas decadentes e de qualidade duvidosa. Ou que usaram o aumento das receitas para pagar mais e ter os mesmos jogadores. Essa incompetência administrativa teve como resultado o aumento dos gastos, sem contrapartida em campo.

O trio da esperança...

Após metade dos representantes do Brasil ficar para trás, as chances de sucesso do país estão concentradas em Grêmio, Cruzeiro e Atlético/MG. E nenhuma dos três clubes deverá ter vida fácil nas oitavas. Os adversários estão distantes de serem grandes 'potências', mas tampouco serão rivais fáceis de serem batidos.

Campeão mineiro, Cruzeiro quer o tri
(Créditos: Gualter Naves/Light Press)

Ao Grêmio coube o San Lorenzo, atual campeão argentino. O time trocou de treinador no início deste ano, e o elenco ainda busca se acostumar ao estilo de Edgardo Bauza, bem diferente de seu antecessor, Juan Antonio Pizzi. O novo técnico aposta em mudanças constantes na escalação e no estilo de jogo, o que vem se traduzindo em uma temporada irregular. A equipe mescla jovens promissores, como Villalba e o ótimo Correa, com jogadores mais experientes, como Piatti, Ortigoza e Mercier. O Tricolor é levemente favorito, mas deve ter grande dificuldade para superar o Ciclón de Almagro.

Favoritismo celeste

O favoritismo da Raposa em relação ao Cerro Porteño é um pouco maior, ainda que isso não necessariamente signifique duelos fáceis. O Azulgrana costuma ser muito forte em casa, empurrado pela sua fanática torcida. O elenco mistura atletas experientes, como Güiza, Corujo, Bonet, Mareco e Dos Santos (ex-Grêmio e Atlético/PR), e outros mais jovens, como Óscar Romero, Benítez e Ángel Romero. O treinador é Francisco Arce, ídolo de Grêmio e Palmeiras nos tempos de atleta.

Guilherme: nome do Galo de Autuori
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

No caminho do Atlético/MG aparece o imprevisível Atlético Nacional. Os colombianos se qualificaram após a vitória surpreendente sobre o Newell's Old Boys, em Rosário. O clube atua dentro do clássico estilo colombiano, com muita técnica e movimentação, e uma defesa pouco sólida. Sherman Cárdenas, talentosíssimo meio-campista, é o nome a ser marcado. Caso consiga neutralizar ou, ao menos, minimizar os danos das ações ofensivas do Nacional, o alvinegro será 'franco favorito' para avançar às quartas da Copa Libertadores.

Está chegando a hora...

Alisson Millo

Como diz o velho ditado, tudo como dantes no quartel de Abrantes. Se a decisão entre Atlético e Cruzeiro não é novidade em Minas Gerais, o duelo sem grandes emoções, no último domingo, no Horto, manteve o cenário indefinido. Com o empate, a decisão ficou para o embate desta tarde. Os bons resultados obtidos durante a semana, na Libertadores, servem de motivação para os rivais.


Líder do grupo 4, o Atlético terminou em quarto lugar geral depois do triunfo por 1 a 0, diante do Zamora, da Venezuela. O Cruzeiro conseguiu a tão sonhada classificação após bater o Real Garcilaso, do Peru, por 3 a 0. O clube celeste garantiu, no saldo de gols, a segunda vaga do grupo 5. Nas oitavas, a Raposa vai encarar o paraguaio Cerro Porteño, enquanto o Galo enfrenta o Nacional de Medellín.  

Na partida de ida, empate no Horto
(Créditos: Washington Alves/Light Press)

Mas, dessa vez, o assunto é o Campeonato Mineiro. Mandante na partida desta tarde, o Cruzeiro vai a campo com time completo - e precisa apenas de um empate para ficar com a taça. Do lado atleticano, Marcos Rocha é mais um desfalque. Outra oportunidade para Michel, que, como na Copa Libertadores do ano passado, frente ao Olimpia, volta a ser titular em uma decisão no Mineirão.

Entre jogar e ganhar

Na sexta-feira, o zagueiro Otamendi, um dos destaques do duelo de ida, declarou que 'decisão não se joga, decisão de ganha'. Ninguém se atreve, seja atleticano ou cruzeirense, a discutir com o argentino. O objetivo em jogo é o título. Que pode ser o tri alvinegro e, talvez, a redenção de Paulo Autuori. Ou a conquista invicta do Cruzeiro, coroando trabalho 'impecável' de Marcelo Oliveira.

Rivalidade à flor da pele em campo
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Emoções de sobra, rivalidade além da conta, estádio cheio e uma enorme expectativa sobre os atuais campeões da Libertadores e do Brasil. E se a partida no Horto deixou a desejar, a torcida é para que, hoje, Cruzeiro e Atlético façam um clássico à altura da história.


Dezenas de cruzeirenses se reuniram nesta tarde em encontro
de colecionadores, no bairro Santa Amélia, em Belo Horizonte

Vinícius Dias

De Palestra Itália a Cruzeiro. Do azul estrelado ao branco, registrado nas flâmulas, revistas, camisas. A 2ª edição do encontro de colecionadores de camisas e itens do Cruzeiro reuniu dezenas de cruzeirenses e 93 anos de história na tarde deste sábado. O evento aconteceu no Fanáticos Esporte Bar, no bairro Santa Amélia, em BH.

A menos de 24 horas do confronto contra o Atlético, que pode significar mais uma página heroica e imortal para a história estrelada, os torcedores aproveitaram a oportunidade para, além do tradicional bate-papo, vender, trocar e expor artigos históricos.

1966, 2003, 2013: história do tri celeste
(Créditos: Vinícius Almeida/Reprodução)

Nem mesmo os cerca de 100 km que separam Barão de Cocais de Belo Horizonte impediram o torcedor celeste Vinícius Almeida, de 30 anos, de participar do encontro. "O evento foi muito bem organizado e tudo correu muito bem. Foi a 2ª edição, e pretendemos fazer outras", disse ao Blog Toque Di Letra.

Parte da história...

Para o colecionador, a histórica camisa utilizada pelos atletas da equipe na conquista da Taça Brasil de 1966, diante do Santos, de Pelé, foi um dos destaques da exposição deste sábado. "Foi a que mais despertou minha atenção", acrescentou.

No caminho azul da vitória

Vinícius Dias

A velocidade com que Dagoberto retomou a bola no ataque e tocou para Éverton Ribeiro finalizar em direção à meta do goleiro Pretel, logo aos 20 segundos de jogo, era o retrato de um Cruzeiro avassalador. Com cinco homens no meio-campo e quase sem ameaçar, o Real Garcilaso tirava do time azul estrelado a possibilidade do contra-ataque. A aposta de Marcelo Oliveira, com sucesso, foi na velocidade.


Mayke, pela direita, e Dagoberto, na esquerda, eram as principais válvulas de escape para encarar o meio-campo congestionado. Em noite inspirada, Éverton Ribeiro aproveitava da fragilidade dos laterais peruanos para cair pelos flancos em seus principais momentos. A intensidade ofensiva - com 18 chutes ao gol, contra um do rival - fez de Fábio mero espectador na quarta-feira celeste. Do outro lado, Pretel se esforçava para tentar evitar uma goleada.

Torcida celeste festeja classificação
(Créditos: Gualter Naves/Light Press)

Aos 24 minutos, o Mineirão explodiu pela primeira vez. Depois de avançar pela direita, Mayke encontrou Ricardo Goulart, que completou para o gol. Dois minutos depois, em uma das jogadas mais conhecidas e eficazes do clube estrelado, nasceu o 2º gol, de Bruno Rodrigo, de cabeça. Ainda na etapa inicial, ao melhor estilo centroavante, o 10 Júlio Baptista ampliou o marcador.

Com a bola nos pés!

A Raposa foi para o intervalo com mais de 70% de posse de bola e sem a necessidade de seguir atacando. O placar de 3 a 0 garantia a classificação, independente do placar de Defensor e Universidade de Chile, no Uruguai. Rumo ao vestiário, Júlio Baptista falava em 'transformar em gols o que o time havia sofrido no Peru'.

Júlio Baptista: um dos heróis do jogo
(Créditos: Gualter Naves/Light Press)

Mais que aos peruanos de Huancayo, um recado ao próprio cruzeirense. O racismo sofrido pelo volante Tinga seguia povoando a memória do elenco. Tal como a lembrança da canhota heroica de Elivélton, do atrevimento de Joãozinho ao cobrar falta que cabia a Nelinho. O Cruzeiro havia aprendido ali, de forma bem cruel, que na Libertadores há diferença entre disputar e competir.

Passo para vencer...

As mudanças após o mau início foram o começo do recomeço celeste. Da união de velocidade, técnica e raça, desde a última quinta, em Santiago. A classificação confirmou que, embora não tenha "atropelado", como previu Alexandre Mattos, a equipe aprendeu a competir. Ou seja, deu o primeiro passo para vencer.

Hora de vencer - ou vencer!

Alexandre Oliveira

Nesta noite, contra o Real Garcilaso, o time do Cruzeiro sobe ao gramado do Mineirão para tentar não entrar para a história. Isso mesmo, a equipe celeste nunca foi eliminada na fase de grupos da Copa Libertadores e, se depender da vontade e da força do elenco, não vai ser dessa vez que o Cruzeiro cairá antes dos mata-matas.


Após o (triste) episódio de racismo dos torcedores do Garcilaso contra o volante Tinga, em Huancayo, o clube parece ter se mobilizado e, motivado pelo recado de "vamos atropelar", do diretor de futebol Alexandre Mattos, vai com tudo para cima do time peruano, buscando a classificação para as oitavas de final.

Em Huancayo, vitória do Garcilaso
(Créditos: Cruzeiro E.C./Divulgação)

É importante usar o descontentamento com os peruanos e transformá-lo em raça, força e vontade de vencer. É a melhor maneira de responder a qualquer tipo de "provocação" dos adversários: dentro das quatro linhas. Lembrando ao torcedor que for ao estádio, que rebater as ofensas à Tinga na mesma moeda será repudiável.

Batalha celeste...

Na última quinta-feira, vimos atletas experientes como Fábio, Tinga e até o recém-chegado Samúdio assumirem papel de líderes, transmitindo para os mais novos a importância da vitória contra a Universidad de Chile para as pretensões celestes em 2014. Hoje, pode ser a vez de Júlio Baptista usar sua força (e bagagem) para comandar o ataque cruzeirense em busca da classificação.

Tinga foi vítima de racismo no Peru
(Créditos: Washington Alves/Vipcomm)

Com ataque praticamente definido, com Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart, Dagoberto e Baptista, as únicas mudanças são nas laterais. O promissor Mayke substitui Ceará, e Egídio entra na vaga de Samudio, expulso ante a La U. Para não acontecer como no jogo de ida, no Peru, a defesa celeste, que terá Dedé e Bruno Rodrigo, deve ficar atenta ao camisa 10 do Real Garcilaso, o habilidoso Ramúa.

Má fase peruana

Sem chances de classificação para as oitavas, o Real Garcilaso deve entrar em campo pouco motivado. Até o último final de semana, o time do técnico Freddy Garcia amargava um retrospecto de sete duelos sem vitória, mas conseguiu o triunfo fora de casa contra o Sporting Cristal, por 3 a 0. É importante usar da má fase dos peruanos para tentar golear no Mineirão, tendo em vista que o saldo de gols pode ser fundamental para decidir a classificação da Raposa.

Pelo tri, Raposa aposta no Mineirão
(Créditos: Gualter Naves/Light Press)

Se há um fator que pode pesar contra a classificação do Cruzeiro para a próxima fase, esse fator pode ser a possível falta de paciência, tanto dos atletas, quanto da torcida. Com o jogo simultâneo entre Defensor e La U, em Montevidéu, uma espécie de mata-mata antecipado, o time celeste não deve se orientar pelo placar do estádio Luiz Franzini, e precisa, antes, de fazer o resultado em casa.

Jogar pela história

Não, hoje não será dia de fazer história, mas, sim, de confirmá-la. Vamos torcer para que o passado de títulos e "páginas heroicas e imortais" seja reescrito. É possível... Basta aprender com os erros. E, por que não, com os acertos do passado.

É hora da decisão, uai!

Alisson Millo

É hora da decisão do Mineiro e, mais uma vez, estamos sem manchetes. Atlético e Cruzeiro voltam a se enfrentar na final do torneio estadual. Mas desta vez, por coincidência, o foco "principal" dos arquirrivais não está na partida deste domingo. Junta na disputa da Libertadores, fato inédito na história, a dupla de Belo Horizonte trata a competição sul-americana como prioridade neste semestre.


Na última quinta-feira, a equipe alvinegra assegurou a classificação após o empate contra o Santa Fé, na Colômbia, e agora quer o primeiro lugar do grupo. No Independência, o Galo precisa de um empate contra o Zamora para garantir a liderança. Vale lembrar que, em 2013, o Atlético fez ótimo uso da vantagem de decidir os mata-matas em casa. Além de bater o São Paulo, o time de Cuca passou pelo Tijuana e reverteu duas vezes o placar de 2x0, contra Newell's e Olimpia.

Em BH, Galo segue forte e vingador
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Do lado azul, após a boa vitória diante da Universidad de Chile, por 2 a 0, em Santiago, o "sonho" de se classificar às oitavas da Libertadores segue vivo. Por isso, o Cruzeiro já pensa no duelo de quarta-feira, contra o Real Garcilaso, no Mineirão. E, como se não bastasse, a derrota na altitude de Huancayo e o racismo sofrido pelo volante Tinga motivam o elenco celeste em busca da vitória.

Clássico é clássico...

De volta ao jogo desta tarde, como diriam os sábios, clássico é clássico e vice-versa. Ninguém quer (e nem pode) perder. A exemplo da temporada passada, a primeira partida acontece no estádio do Horto, a segunda no Gigante da Pampulha. Em busca do tri estadual, que não se repete desde 1981/1983, o Atlético vai enfrentar o Cruzeiro, que permanece invicto na competição.

Mineirão é trunfo do time azul celeste
(Créditos: Washington Alves/Light Press)

Paulo Autuori e Marcelo Oliveira já deram sinais de que levarão a campo o que tem de melhor. De um lado, o campeão das Américas, de Ronaldinho Gaúcho. Do outro, o campeão brasileiro, de Júlio Baptista. A emoção está escalada. Com ela, muita rivalidade, provocação e, assim espero, paz nas ruas e nos estádios da capital.

Surpresas e esperanças

Gilvan Meireles

A imprevisibilidade foi a marca das quartas de final da Liga dos Campeões. Em casa, o PSG abriu boa vantagem contra o Chelsea, de José Mourinho. Bayern e United, em Manchester, ficaram no empate. E no Camp Nou, o Barcelona parou no Atlético de Madrid. O placar mais "previsível" viria no Santiago Bernabéu. No 100º jogo de Cristiano Ronaldo na competição, o Real goleou o Borussia.


O atacante português marcou o terceiro gol merengue - seu 14º nesta edição -, se isolando na artilharia. Antes, Bale e Isco haviam balançado as redes para o time de capital espanhola. Muito desfalcado, o Borussia teve dificuldades. Sem ter sofrido gols em casa, o Madrid deve avançar. Pinta o primeiro semifinalista.

Cristiano Ronaldo: de novo, decisivo
(Créditos: Real Madrid C.F./Divulgação)

O Manchester, que parecia morto nas oitavas, encarou nada menos que o atual campeão. Sem decepcionar. Depois de confirmar o título alemão, o Bayern de Guardiola ficou no empate. Aos 13 da etapa final, Vidic abriu o placar. A equipe bávara reagiria aos 22', com Schweinsteiger. O United se manteve vivo, porém precisará balançar as redes em Munique, contra um Bayern que, nessa temporada, ainda não passou em branco em casa. O duelo promete emoção.

Empate na Espanha

O Barcelona foi mais um anfitrião a deixar o campo sem vitória. Se a fase dos catalães não é das melhores, o adversário vive um período histórico. Mesmo sem Diego Costa, que se lesionou no início do jogo, o Atlético de Madrid conquistou um empate por 1 a 1. Messi foi mal, e brilharam dois brasileiros. Diego, que abriu o placar para os colchoneros, e Neymar, que empatou após passe de Iniesta.

Na Espanha, a noite foi dos brasileiros
(Créditos: Ángel Gutiérrez/Atlético de Madrid)

Na França, surpresa. Se a expectativa era de um confronto equilibrado, a verdade é que o PSG não teve muitas dificuldades frente ao Chelsea. Logo aos 3 minutos, Lavezzi balançou as redes. Os Blues empataram depois de um pênalti (polêmico) cometido por Thiago Silva em Oscar. Hazard cobrou com perfeição.

Noite à parisiense...

A igualdade era desfavorável ao time francês, que se lançou ao ataque na segunda etapa. E teve êxito. Em cobrança de falta de Lavezzi, David Luiz completou contra o patrimônio. A um minuto do fim, golpe fatal. Pastore driblou Lampard e ainda passou pelo capitão Terry antes de balançar as redes de Petr Cech. Três lendas do Chelsea, e o terceiro tento do PSG na noite parisiense.

Lavezzi: o nome do jogo em Paris
(Créditos: Chelsea F.C./Reprodução)

O 3 a 1 foi um ótimo resultado para a equipe francesa. Afinal, o Chelsea precisará fazer pelo menos dois gols em Londres. O cenário adverso, no entanto, não é novidade. Na edição 2011/2012, quando foi campeão, o time azul teve de reverter quadro semelhante. À época, o Napoli, de Cavani e Lavezzi - hoje, no PSG -, fez 3 a 1 na Itália. Na volta, em Londres, deu Chelsea por 4 a 1, após a prorrogação.


Zagueiro, que ergueu o troféu na conquista em 1997, reafirma
importância do foco e vê camisa 10 como possível protagonista

Vinícius Dias

Quarta-feira, 13 de agosto de 1997. Nas arquibancadas do Mineirão, mais de 100 mil torcedores cruzeirenses comemoram o segundo título da Copa Libertadores. No gramado, o capitão Wilson Gottardo ergue o símbolo da reconquista da América e crava, de forma definitiva, seu nome na história azul celeste.

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17 anos depois, o enredo de tropeços na primeira fase é repetido - em 1997, a Raposa perdeu os três primeiros jogos, se classificando no segundo lugar. Com quatro pontos em quatro jogos, a equipe comandada por Marcelo Oliveira precisa de seis pontos nas rodadas finais para chegar às oitavas de final. "É um momento dificílimo. Os dois cenários - de 1997 e 2014 - são muito parecidos", afirma Gottardo.

Gottardo: o símbolo do bi, em 1997
(Créditos: Cruzeiro/Arquivo/Divulgação)

"Acredito que, hoje, vai haver um empenho maior da equipe chilena, pela possibilidade de eliminar o Cruzeiro. É algo que o Grêmio tentou fazer em 1997, e não conseguiu. E, na sequência, acabamos eliminando o Grêmio", recorda. As palavras do capitão do bi, a convite do Blog Toque Di Letra, atenuam a tensão, permitindo ao torcedor azul estrelado sonhar com um desfecho semelhante.

Passo a passo

A receita para que o clube celeste supere a La U, em partida às 20h45, o 'veterano' Gottardo, agora treinador, traz na ponta da língua. "É preciso calma, muita calma. E, ao mesmo tempo, deve haver disciplina tática com boa leitura individual de jogo. O time não pode 'desligar' do jogo nem um segundo", pontua o ex-camisa 22.

Camisa 10 é esperança de Gottardo
(Créditos: Washington Alves/Vipcomm)

Acostumado ao posto de líder, muito por aliar raça e talento, Gottardo vê em dois atletas do elenco celeste o perfil de protagonistas. "Não é tão fácil apontar um líder. Mas vejo o Júlio Baptista, por histórico, por experiência, em condições de assumir essa responsabilidade, de bater no peito e dizer 'vamos fazer e acontecer nesse jogo'. Além do Fábio, que já é um líder", acrescenta Wilson.

De alma azul...

À noite, apesar da distância física, o capitão do bi, em 1997, se soma a outros oito milhões de cruzeirenses na torcida pelo time. "O torcedor do Cruzeiro a todo momento mantém contato comigo. Por isso, eu ainda me sinto emocionalmente próximo", conclui.