Cazaque, de 27 anos, se apaixonou pelo Atlético depois de visitar
o Brasil entre agosto e setembro: 'Grito de Galo me impressionou'

Vinícius Dias

Já será madrugada de quinta-feira na Europa quando um asiático usará a internet para assistir a um jogo entre times do Brasil. Essa volta ao mundo marca o capítulo inicial de 'Nos caminhos da paixão', série especial que o Blog Toque Di Letra abre nesta quarta-feira, e também a maneira como Igor Fischer, que nasceu em Temirtau, no Cazaquistão, e há 18 anos mora em Hamburgo, na Alemanha, torcerá pelo Atlético nas duas partidas da decisão da Copa do Brasil diante do Grêmio. Um caso de amor tão recente quanto recheado de curiosidades.


A história começou em agosto último, quando ele desembarcou em solo brasileiro. "Fiquei por dois meses na casa de uma família mineira que torce fortemente pelo Atlético", diz o programador, que antes havia se tornado amigo de um dos integrantes da família pela internet. "Cada um tem uma camisa. O pai me mostrou a dele, do Ronaldinho Gaúcho, com orgulho. E, claro, me impressionou que cada gol do time foi acompanhado do grito de Galo na casa", acrescenta.

Torcedor fez visita à sede do Atlético
(Créditos: Arquivo Pessoal/Igor Fischer)

Natural da província de Qarağandı, na parte asiática do Cazaquistão, Igor Fischer teve infância quase alheia ao futebol. "Como em todos os países vizinhos da Rússia, o hóquei no gelo dominava a sociedade". Os primeiros contatos ocorreram após a família se mudar para a Alemanha. "Por aqui, todos torcem por um clube. Eu, por exemplo, além de jogar na escola com meus amigos, torcia pelo Hamburgo", rememora o atleticano, que tem 27 anos e chegou ao país europeu aos nove.

Surpresa com 'título do Gelo'

Por coincidência, Hamburgo foi uma das cidades em que o Atlético atuou - derrotou a equipe da casa, por 4 a 0, em 04 de novembro de 1950 - na caminhada rumo ao 'título do Gelo', eternizado no hino. Durante a visita à capital mineira, o cazaque se surpreendeu ao saber da conquista. "Conheci essa história quando olhei a vitrine (da sede) em BH. Achei incrível que o Galo jogou e venceu times tradicionais da Alemanha. Não se conta aqui, talvez porque foi um tempo difícil após a II Guerra", afirma.

Igor no Cazaquistão, país de origem
(Créditos: Arquivo Pessoal/Igor Fischer)

Na vinda a Belo Horizonte, Igor também teve a chance de conhecer o Mineirão - e a mineira Anna Clara, de quem se tornou namorado. "Fui ao jogo contra a Ponte Preta (pelas oitavas de final da Copa do Brasil). Lembro-me dos fãs torcendo com todo o coração e do lindo gol do Robinho. A (torcida) Galoucura me impressionou", comenta. "E eu nunca havia comido algo tão gostoso como tropeiro e churrasco em frente ao estádio, no encontro dos torcedores. Foi uma noite linda", completa.

Fuso-horário e ausência na TV

Para alimentar a paixão pelo Atlético, porém, é preciso superar barreiras. Igor convive em boa parte do ano com um relógio cinco horas à frente do brasileiro - com o fim do horário de verão na Alemanha e início no Brasil, atualmente são três horas. Por isso, não há transmissões na TV. A solução apareceu por acaso, no celular. "Eu não sei como ele sabe que quero ter informações sobre o Atlético, mas sempre posso ver o resultado ao vivo", destaca. "Acredito que a empresa analisou meus dados móveis para saber minhas preferências".

Ao lado de Anna Clara, no Mineirão
(Créditos: Arquivo Pessoal/Igor Fischer)

Entre alemães, a relação com o clube desperta curiosidade. "Meus amigos acham muito interessante", diz. Perguntado sobre ídolos, o cazaque cita as passagens de Ronaldinho, seu ídolo de juventude, e Robinho pelo Atlético. "Também sigo a carreira do Douglas Santos no Hamburgo", conta. De olho no título e preparado para assistir à final desta quarta, ou melhor, quinta-feira, ele não deixa de lado o Campeonato Brasileiro. "Quarto lugar é bom, apesar de tudo, só espero que ultrapassemos o Flamengo".

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