856 dias após vexame,
seleção retorna ao Mineirão como líder das
Eliminatórias; clássico
terá homenagem a capitão da Copa de 1970
Vinícius Dias
Com
mais de 50 mil ingressos vendidos antecipadamente, Brasil e Argentina fazem
nesta quinta-feira, no Mineirão, um confronto chave na caminhada rumo à Copa do
Mundo de 2018. Após 856 dias, a seleção volta ao palco da maior derrota de sua
história na condição de líder das Eliminatórias - a albiceleste está em quinto lugar. O enredo do clássico inclui homenagem ao ex-capitão Carlos Alberto Torres, atacante atleticano em noite de visitante e goleiro reencontrando a
própria história.
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Depois
de igualar contra a Venezuela, em outubro, a série inicial de quatro vitórias
alcançada por Telê Santana nas Eliminatórias para o Mundial de 1982, Tite comandará a equipe pela quinta vez. Um resultado positivo também significará a
ampliação da invencibilidade da seleção em duelos contra a Argentina no Gigante
da Pampulha. Desde 1968, o retrospecto indica três vitórias brasileiras e um
empate, registrado no confronto mais recente: 0x0 nas Eliminatórias para a Copa
de 2010.
Quatro convocados atuaram no 7 a 1 (Créditos: Jefferson Bernardes/Vipcomm) |
Entre
os convocados, o estádio inspira recordações distintas. Dos 23 nomes da lista
de Tite, quatro atuaram no 7 a 1: Marcelo e Fernandinho como titulares,
enquanto Paulinho e William foram acionados na segunda etapa. Daniel Alves
ficou no banco de reservas. Para o goleiro Weverton, o jogo desta quinta-feira marca a volta ao estádio que serviu como atalho para as Olimpíadas. Nos
discursos, entretanto, a semelhança aparece: a missão é esquecer o passado e
focar o presente.
Atleticanos e argentinos
Quando
o assunto é a torcida, nem mesmo o fato de atuar como mandante garante apoio
unânime à seleção brasileira. Um dos motivos é a presença do atacante Lucas
Pratto, do Atlético, no time adversário. "Argentina virá forte para cima
do Brasil. Pratto é o sinônimo de raça e vontade que o jogador argentino tem de
diferente do brasileiro", afirma o auxiliar administrativo Renato Vital,
de 35 anos. "Messi é um gênio do futebol. Espero muito dele e do
Pratto", completa o atleticano.
Cristiam Araújo é fã de Lucas Pratto (Créditos: Arquivo Pessoal/Cristiam Araújo) |
Cristiam
Araújo, de 40 anos, é mais um exemplo. Embora afirme que a paixão pela
Argentina é antiga, o analista de crédito reconhece que as convocações do
camisa 9 alvinegro têm ajudado a alimentá-la. "Torço desde a época de
Maradona, Pumpido, Burruchaga e companhia. Tem algo me dizendo que o Pratto irá
balançar as redes", pontua. Na Copa de 2014, Cristiam viajou para Brasília
ao lado do filho para assistir a uma partida da albiceleste. "Fico ansioso
em dias de jogos", revela.
Toque celeste na estreia
Se
neste capítulo é a Argentina que terá um jogador de clube local, no primeiro
clássico disputado no Mineirão, o cenário foi muito diferente. Em 1968, a
Seleção Mineira representou o Brasil, vencendo por 3 a 2. Os gols foram dos
cruzeirenses Evaldo, Rodrigues e Dirceu Lopes. "Sempre foi um jogo
empolgante, que todo mundo quer assistir e jogar. Brasil x Argentina representa
o melhor futebol da América do Sul", afirma Procópio Cardozo, capitão da
equipe naquela oportunidade.
Procópio, nos anos 1960, no Cruzeiro (Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Arquivo) |
Primeiro
atleta mineiro a vestir amarelinha no estádio, em 1965, o ex-zagueiro agora
exerce o lado torcedor. "Tite me telefonou (na terça-feira) convidando
para ir ao treino, ver o jogo. Fiquei muito feliz... Não pude ir, porque tinha
compromisso, mas estou torcendo muito para que ele consiga não só a
classificação, mas também o título em 2018", comenta. Cardozo ainda espera que
a invencibilidade que teve início com ele em campo seja ampliada. "Tomara que essa
escrita prevaleça".
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