Douglas Zimmer
A ansiedade e a adrenalina pelo duelo envolvendo Cruzeiro e Botafogo podiam ser vistas em cada olhar e percebidas em
cada grito que ecoava das mais de 40 mil vozes que cantaram durante os 90
minutos no Mineirão. Boa parte dessa ansiedade se devia ao fato de que, durante
todos os dias que antecederam a partida, muitos números e muitas estatísticas
foram levantadas e apresentadas ao torcedor, como se fossem parâmetros para
nortear os jogadores durante o confronto.
Era comparação entre elencos aqui,
histórico de jogos como mandante lá, análise de tática preferida por treinador
acolá, enfim, um vasto material, cheio de palavras e números que, no fim das
contas, ficariam de fora do campo e só serviam para ilustrar hipóteses e
histórias. Ontem, durante o jogo, mais um pedaço dessa história foi escrito.
Nilton marcou o primeiro gol celeste (Créditos: Washington Alves/Vipcomm) |
Desde o começo da partida, o
Cruzeiro tratou de mostrar alguns dos motivos pelos quais está onde está. Com
muita velocidade, marcação sob pressão e a já tradicional segurança defensiva,
era a equipe celeste quem criava as melhores oportunidades. Por duas vezes a
bola foi cruzada rasteira, passou na frente do gol de Jefferson e não encontrou
um pé que a empurrasse para o barbante. Ora Borges, ora Willian, outrora
Ricardo Goulart. O Botafogo se defendia como podia e tentava a todo custo
encontrar Seedorf, que, como de costume, buscaria alguma saída criativa.
Raposa abre o placar
O primeiro tempo foi muito
disputado, e quando parecia que iríamos para o intervalo com o placar intacto,
eis que em escanteio do lado direito de ataque, o grito de gol preso na
garganta foi devidamente libertado. De novo Nilton, agora com um golpe de
letra/tornozelo/tendão de Aquiles, mandou para o fundo do gol dos cariocas e
abriu o placar. Jogadores vibrando, torcedores em êxtase.
Jogo foi equilibrado na etapa inicial
(Créditos: Washington Alves/Vipcomm) |
O Cruzeiro voltou para o segundo
tempo sem alterações e prometendo manter o ritmo. O alvinegro carioca, que
precisava buscar o resultado, passou a se aventurar mais no ataque e a explorar
com mais ímpeto seus meias de criação. O holandês Seedorf e o argentino Lodeiro
participavam de praticamente todas as jogadas de ataque e, aos poucos, o
Botafogo passou a tomar conta do jogo. O Cruzeiro buscava o contra-ataque e
encontrava dificuldades para manter a bola, já que Borges atuava isolado e sem
esboçar reação entre a zaga adversária
Pênalti... e festa azul!
Dos pés de Seedorf saiu um passe
preciso que encontrou o esforçado Rafael Marques dentro da área. O atacante
dominou e foi atingido por Bruno Rodrigo, na sola do pé direito. Estava marcada
penalidade máxima para o visitante. Tensão absoluta e total. Fábio esperou a
batida e se atirou para o canto errado. Mesmo assim, do outro lado da meta,
teve ângulo para assistir a bola passar rente à trave oposta e se perder rumo à
linha de fundo. Placar mantido, grito reforçado!
Daí para frente, era notório que o
Botafogo havia sentido o golpe e já não tinha mais o mesmo fôlego para tentar
buscar o resultado. Oswaldo de Oliveira mexeu na equipe e tratou de torná-la
mais ofensiva com as entradas de Hyuri e Alex. Jogadores prontamente anulados
pelo sistema defensivo celeste.
Torcida festejou vitória e liderança (Créditos: Washington Alves/Vipcomm) |
Do lado celeste, Júlio Baptista, o
herdeiro da camisa 10, foi lançado ao jogo e mostrou um pouco daquilo que a
torcida espera dele. Força física, explosão e capacidade de conclusão. Em
pênalti sofrido por Éverton Ribeiro, ele ampliou o placar em cobrança quase
defendida pelo arqueiro carioca. Com o Botafogo já abatido e sem poder de
reação, o Cruzeiro se limitou a manter o ritmo e tentar jogadas mais agudas, explorando
sempre a velocidade e o toque rápido. Depois de uma bola recuperada no
meio-campo, bela trama no ataque entre Júlio Batista e Dagoberto. O camisa 10
recebeu, limpou o defensor e fechou o placar.
Três gols, três pontos
Três gols. Três pontos. Milhares de
vozes cantando de maneira uníssona que o Cruzeiro está, sim, aqui para buscar o
título. Sabemos que ninguém ganhou e que ninguém perdeu nada ainda. Comemoramos
os três pontos, que, apesar de valerem tanto quanto outros três pontos
conquistados até aqui, trazem consigo uma carga emocional e motivacional
diferente.
Tamos chegando... aliás, estamos lá... agora é estamos segurando...
ResponderExcluir