De promessas a atletas consolidados, o Blog Toque Di Letra
indica quatro alternativas de reforços no mercado argentino

Tiago de Melo

Em um passado recente, o mercado sul-americano era muito acessível às equipes brasileiras. Dezenas de atletas de países vizinhos aportaram por aqui. O histórico inclui jogadores de alto nível, outros medianos e, ainda, completos fiascos. Mas o cenário mudou. Com o dólar - moeda usada nas transações esportivas desses países - em alta, os atletas sul-americanos tornaram-se mais caros. Contratar medalhões gringos, portanto, é tarefa particularmente custosa atualmente.


Estratégia bem comum entre clubes brasileiros nos últimos anos, apostar em grifes, mesmo que decadentes - a exemplo de Lisandro López, Jesús Dátolo e Ernesto Farías -, pagando altos salários, se tornou um péssimo negócio. Agora, a nota dominante é tentar descobrir jogadores com valor de mercado mais baixo e que possam, na sequência, trazer bom retorno técnico e financeiro.

A coluna "La Pelota", do Blog, vasculhou o mercado argentino e, abaixo, apresenta as características de quatro potenciais reforços para os clubes brasileiros - em especial, os mineiros.

Cristian Espinoza: talento do Huracán
(Créditos: Daniel Mendez/Club Huracán)

Cristian Espinoza, de 20 anos, tem um ótimo currículo para quem chegou recentemente ao time profissional. Jogador do Huracán, clube no qual fez todas as categorias de base, foi titular da seleção sub-20 da Argentina no Mundial e no Sul-Americano da categoria nesta temporada. Depois de ser reserva nas campanhas que marcaram o acesso à elite e o título da Copa Argentina no ano passado, se firmou como titular do Globo em 2015 e foi peça-chave na equipe finalista da Sul-Americana.

Retorno técnico e financeiro

No 4-2-3-1 usado pelo técnico Eduardo Dominguez, Espinoza tem feito o lado direito da linha de armadores. Ainda não foi utilizado do lado oposto, onde poderia aproveitar sua explosão para entrar em diagonal e invadir a área adversária. Contribuiu com gols e assistências para a campanha da equipe. É um jogador muito querido pelo torcedor quemera, jovem, com potencial, acostumado a jogar no sistema tático mais comum no Brasil e que pode ser revendido posteriormente ao exterior.

Hector 'Tito' Villalba: jovem e vitorioso
(Créditos: Agência i7/Minas Arena/Divulgação)

Hector 'Tito' Villalba também é um atleta a ser monitorado com atenção. Embora tenha somente 21 anos, possui importantes conquistas em seu currículo. Em 2013, foi campeão argentino pelo San Lorenzo, clube que o revelou, sob o comando de Juan Antonio Pizzi. No último ano, já sob a batuta de Edgardo Bauza, foi titular indiscutível na campanha que deu ao Ciclón seu inédito título de Copa Libertadores. Também foi titular no vice-campeonato nacional deste ano.

Jovem campeão continental

Nos dois anos em que dirigiu o San Lorenzo, Bauza optou pelo 4-2-3-1, sistema incomum na Argentina, mas muito popular no Brasil. Nele, Villalba fazia o lado direito da linha de armadores. Mostrou-se um jogador muito útil, ainda que não seja de marcar gols. Tem a característica de se manter fixo pela direita, voltando para acompanhar o lateral adversário, mas tem boa capacidade ofensiva para criar jogadas, sobretudo quando encara o lateral rival no mano a mano e com espaço suficiente para explorar sua velocidade e habilidade.

Domínguez: ídolo no Rosario Central
(Créditos: Rosario Central/Divulgação)

Nery Domínguez é muito diferente dos citados anteriormente. Já tem 25 anos e, portanto, trata-se de um jogador consolidado. Depois de passar por times amadores de Rosario, chegou ao Central, onde completou seu trabalho de base - é o único clube que defendeu profissionalmente. Meio- campista multifuncional, é ídolo da torcida canalla, mas tem sido cobiçado por outras equipes, principalmente o Querétaro, do México.

Multifuncional e experiente

Graças à sua capacidade de marcar e avançar ao ataque, foi escalado em grande parte da carreira em uma função que, no Brasil, é conhecida como segundo volante. Em outras ocasiões, atuou pelo lado esquerdo, onde foi bem aproveitado pelo técnico Eduardo Coudet no ótimo ano de 2015. Em relação aos outros citados, tem menor potencial de revenda, porém é um atleta pronto e experiente.

Nicolas Delgadillo: promessa do Vélez
(Créditos: Vélez Sarsfield/Divulgação)

Na situação oposta está Nicolás Delgadillo, meia-esquerda do Vélez. Tem apenas 18 anos e ainda busca se firmar no time profissional do clube em cuja base foi formado. Está longe de ser um atleta pronto e precisaria de paciência e de lapidação. Mas já demonstrou que tem potencial. No Brasil, poderia fazer o lado esquerdo em um 4-2-3-1.

Extracampo facilita negócio

O lado negativo do jogador é ser membro de uma geração de jovens do Vélez que tem gerado muitas queixas pelo antiprofissionalismo e falta de compromisso. O lado bom disso é que o Fortín dificilmente criaria grandes dificuldades para sua saída, desde que houvesse compensação financeira. Trata-se de um jogador que pode ser de grande valia e, no futuro, trazer retorno financeiro para um clube 'paciente' o bastante para trabalhar um atleta jovem, talentoso e imaturo.

Um comentário: