O que esperar do novo Cruzeiro?

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

Até que, enfim, o Cruzeiro voltou. Apesar de 2016 não ter sido um grande ano, já estava com saudades de ver o maior de Minas em campo. Curioso para saber como a equipe se comportaria depois de uma pré-temporada inteira de preparação e também para saber quem e como eu começaria o ano cornetando. Brincadeirinha!


Embora seja apenas o início do ano, é bom que o time tenha o encaixe o mais rápido possível. Nesta quarta-feira, já teremos o primeiro clássico da temporada e, certamente, por se tratar de um jogo bastante diferente dos demais, espero que tenhamos uma boa atuação brindada com vitória. Mas será que temos aquilo que é preciso para, desde o começo do calendário, brigar por títulos em 2017?

Ariel e Robinho: protagonistas na estreia
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Baseando-me no que vi diante do Vila Nova, temos uma base muito mais forte e um time mais equilibrado do que nos últimos dois anos. Gostei da atuação do estreante Diogo Barbosa. Embora não tenha sido exuberante, mostrou capacidade no apoio e deverá ser boa alternativa para propor o jogo. Creio que a volância precise ser reforçada, justamente pela vocação ofensiva dos laterais. Com Henrique e Ariel Cabral, a cobertura me parece prejudicada. Apesar do gol, o argentino às vezes se perde no momento de recompor, ficando muito perto de Henrique. Testaria Romero nessa vaga, dando também maior liberdade aos meias.

Da reação à proposição de jogo

Quando pôs a bola no chão, o Cruzeiro teve facilidade para chegar à área adversária. Com jogadas agudas, Alisson bem aberto pelo lado esquerdo e apoio constante dos laterais, Arrascaeta e Sóbis ficaram várias vezes em condições de finalizar. É algo a se observar, porque me pareceu que esse Cruzeiro de Mano terá como objetivo propor o jogo, em vez de somente reagir ao jogo do adversário. O problema é que, por várias vezes, ainda ocorreram ligações diretas. E, quando a bola é esticada, as chances de a jogada fluir diminuem. Temos qualidade mais que suficiente para jogar um futebol de toques rápidos e menos bolas rifadas.

Thiago Neves e Henrique: peças-chave
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Quando o principal reforço estrear, sobretudo. Thiago Neves vai agregar muita qualidade. Mano Menezes terá que quebrar a cabeça para montar o meio-campo sem tirar velocidade do ataque. Quando Ábila e Sóbis atuam juntos, por exemplo, um acaba tirando o espaço do outro. Normalmente, Wanchope sai da área para procurar o jogo, enquanto Sóbis desaparece. Escalaria Robinho e Thiago Neves no meio ofensivo, com Arrascaeta como atacante de mobilidade, na vaga de Alisson, e Rafael Sóbis ou Ábila como referência. Teríamos meio compacto, ataque municiado frequentemente e contando com a chegada dos meias.

Time de quantidade e qualidade

Cada jogo tem suas peculiaridades, obviamente, e é ótimo termos a maior quantidade possível de opções de qualidade no banco de reservas. É nesse ponto que tenho certeza de que estamos muito à frente dos últimos dois anos. Temos peças muito interessantes para ajudar o treinador a variar a formação, mudar a formatação da equipe, correr atrás de resultado quando preciso e segurar a onda quando o jogo estiver complicado.

E você, amigo leitor? Quais as suas primeiras impressões e as expectativas para o decorrer da temporada?

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!

Ano do Galo, estreia com o pé direito

Alisson Millo*

Reza a lenda que o ano no Brasil só começa depois do carnaval. Mas, mais importante que festa é futebol, ainda mais com um clássico logo à frente. Nesta quarta-feira, Atlético e Cruzeiro se enfrentam pela Primeira Liga e, mesmo se você é daqueles que acham que é um torneio que pouco vale, sabe que clássico não se pode perder. É com essa mentalidade que o time tem que ir a campo no dia 1º de fevereiro.


Sem o artilheiro Fred, que cumpre suspensão dos tempos de Fluminense, Lucas Pratto comandará o ataque visando deixar uma dúvida na cabeça do treinador. O argentino começou a temporada na reserva e viu o camisa 99 garantir a vitória contra o América de Teófilo Otoni, na estreia no Mineiro. Nunca é bom duvidar da qualidade dele, ainda mais com tanta motivação para se manter na seleção e, por que não, conseguir uma boa negociação para alguma das principais ligas europeias.

Fred fez o primeiro gol da temporada
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

O primeiro jogo oficial da temporada serviu como preparação para pegar o rival. Se não foi um primor técnico, o resultado veio, os três pontos serão importantes na sequência do estadual e ainda revelou o, aparentemente, bom volante Yago, que foi bem no primeiro teste na equipe profissional. Destaque também para o meia Otero, um ótimo achado da diretoria. Meia técnico, de bom passe, que costuma levar perigo nas bolas paradas e dá a vida pelo time, o que agrada ao atleticano.

Desfalques e vaias prematuros

Mas nem só de boas notícias vive o Atlético. Já com desfalques - Victor e Robinho não têm previsão de volta -, o elenco ainda não está fechado, e a falta de paciência do torcedor com alguns atletas pode dificultar. Exemplo disso foram as vaias a Clayton, alvo logo no primeiro jogo, devido ao alto investimento e ao pouco retorno no ano passado. Mas que tal conjugar o verbo alvinegro? Acreditar. A dupla de zaga foi pouco exigida, mas não tão segura, haja vista a pressão sofrida na etapa final.

Horóscopo chinês: 2017 é ano do Galo
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Na quarta-feira, o teste será bem mais difícil. Embora o time esteja em construção, a verdade é que o espírito de clássico precisa estar pronto. A confiança é total no trabalho de Roger Machado e o Atlético parece estar em boas mãos. Que, neste ano, venham todos os títulos que ficaram no quase em 2016. O elenco já era bom e tem ganhado reforços. Não há desculpas para que o ano do Galo - de acordo com o milenar horóscopo chinês - não seja também o ano do Atlético.

*Jornalista. Corneteiro confesso e atleticano desde 1994.
Goleiro titular e atual capitão da seção Fala, Atleticano!


No intervalo do jogo contra a Caldense, em Patos, funcionários da
URT levaram ao gramado um painel em homenagem ao ex-capitão

Vinícius Dias*

Um dos seis sobreviventes da tragédia envolvendo o voo da Chapecoense, que deixou 71 mortos na Colômbia, Jakson Follmann foi homenageado no jogo de estreia da URT no Campeonato Mineiro, nesse domingo. Ídolo da torcida do Trovão Azul, o camisa 1 foi o capitão da equipe na conquista do inédito título de campeão do interior, no ano passado, sob o comando do treinador Ademir Fonseca.

Homenagem ao ex-camisa 1 em Patos
(Créditos: Arquivo Pessoal/Artur Portilho)

Funcionários do clube patense, que enfrentou a Caldense no estádio Zama Maciel, levaram a campo durante o intervalo um painel com a imagem do gaúcho e o recado: "A URT torce por você! Obrigado! #Força Chape". Nas arquibancadas, lembrando o grito entoado ao longo da campanha de 2016, Follmann foi saudado como "melhor goleiro do Brasil".

Estreia com o pé direito

Em campo, com assistência de Cascata e gol de Allan Dias, a URT venceu a Caldense por 1 a 0. No próximo domingo, o Trovão enfrenta o América, em Belo Horizonte. Um dia antes, a Veterana recebe o Villa Nova.

*Com colaboração de Artur Portilho


Fernando Sasso, Osvaldo Faria e Felippe Drummond serão os três
primeiros homenageados, em evento neste domingo, no Mineirão

Vinícius Dias

Diversos profissionais que marcaram época na cobertura do futebol mineiro serão homenageados ao longo do estadual deste ano, o 103º da história. Encabeçadas pela FMF e Associação Mineira de Cronistas Esportivos - AMCE, as homenagens ocorrerão semanalmente, aos domingos, nos estádios. A cada rodada, três nomes serão relembrados por meio de placas entregues aos familiares pelas instituições.

Mineirão sediará primeiras homenagens
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

A ideia foi apresentada por Orlando Augusto, no último dia 15, durante um dos intervalos do programa Meio de Campo, que recebeu os presidentes da FMF e da AMCE. De acordo com o jornalista, foram listados cerca de 250 possíveis homenageados - 150 falecidos e 100 aposentados. Os primeiros, neste domingo, serão Fernando Sasso, Osvaldo Faria e Felippe Drummond, que dá nome ao ginásio Mineirinho.

Informações sobre o estadual

O Campeonato Mineiro será disputado entre os dias 28 de janeiro e 07 de maio. Nove equipes do interior vão desafiar a hegemonia da capital, onde ficaram os títulos das últimas 11 edições.


Com quase 12 mil seguidores, clube do Vale do Mucuri utiliza rede
social como atalho para destaque na mídia: 'Receita é bom humor'

Vinícius Dias

Mesmo fora do módulo I do Campeonato Mineiro desde 2013, o América de Teófilo Otoni teve presença constante nas páginas dos principais jornais do país nos últimos anos. A curiosa equação tem relação direta com o Twitter. "A receita é bom humor e simpatia", revela o supervisor de futebol Victor Morici, que administra o perfil desde 2012. Anteriormente, a tarefa cabia a Fábio Monteiro, ex-assessor de imprensa do clube.


Com mais de 11,9 mil seguidores, o clube do Vale do Mucuri é o campeão mineiro do interior no Twitter - a Caldense, segunda colocada e também ativa desde 2010, contabiliza cerca de 4,2 mil seguidores. "O retorno é a divulgação do América (de Teófilo Otoni) na mídia nacional e, até mesmo, internacional", pondera Victor Morici ao Blog Toque Di Letra. No aspecto financeiro, segundo ele, não há ganhos.

Pré-temporada do time de Teófilo Otoni
(Créditos: Assessoria de Comunicação AFC-TO)

A lista de publicações de maior repercussão inclui alfinetadas em grandes equipes e anúncios fictícios de interesse em astros internacionais, além de pistas de negociações reais do clube - a imagem de um carro da britânica McLaren, postada em novembro, expressava a negociação com o treinador Paulinho McLaren. "Futebol anda muito sério. O objetivo é também brincar com a paixão do torcedor", diz o supervisor.

Rumo à Série D do Brasileiro

Hit nas redes sociais, o América de Teófilo Otoni tem metas mais modestas em campo. "O primeiro objetivo é permanecer na elite. Depois, se tudo der certo, conseguir uma vaga na Série D do Brasileiro de 2018", revela Morici. Comandada por Marcelo Buarque, ex-treinador da seleção sub-15, a equipe anunciou nesta semana o atacante Somália, de 39 anos, que pode estrear neste sábado, diante do Atlético, no Horto.


Pioneiro e consagrado no futebol ucraniano, atacante volta a Minas
Gerais almejando fazer história: 'Plenas chances de chegar às finais'

Vinícius Dias

Quarta-feira, 13 de fevereiro de 2002. Recém-chegado do Iraty, Brandão estreia como titular do São Caetano ante o Alianza Lima, do Peru. Em 70 minutos, o atacante, de 21 anos, anota dois gols na vitória por 4 a 0. "As recordações são as melhores possíveis", destaca ao Blog Toque Di Letra. "Foi a primeira Libertadores que disputei. Me orgulho de ter feito parte do grupo e conseguido números expressivos", acrescenta. O ótimo início, com seis gols em oito partidas no torneio, o levou a acompanhar da Europa as semifinais e a decisão continental.


"Mesmo de longe, torci muito para que fôssemos campeões", diz Brandão, que, embora negociado após as quartas de final ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, acabou como artilheiro do vice-campeão. Rendimento mantido na Europa: primeiro brasileiro a atuar no país, ele marcou mais de 90 gols no decorrer de sete temporadas. "Acredito que minha passagem pelo futebol ucraniano ajudou a abrir as portas para outros brasileiros, uma vez que o campeonato local hoje conta com muitos brasileiros", avalia o desbravador, de volta ao Brasil para defender o Tricordiano.

Brandão em partida contra o Barcelona
(Créditos: F.C. Shakhtar Donetsk/Reprodução)

Tricampeão ucraniano e com quatro títulos de copas nacionais, o atacante deixou o clube na temporada 2008/2009 rumo ao Olympique de Marseille, que investiu cerca de € 6 milhões. No ano seguinte, com oito gols, foi vice-artilheiro da equipe que, sob o comando de Didier Deschamps, quebrou jejum de 18 anos na liga francesa. No país, também vestiu as camisas do Saint-Étienne, com direito a gol do título da Copa da Liga em 2012/2013, e, mais recentemente, do Bastia.

Seis jogos, nenhum gol na Toca

Embora estreante no estadual, residir em Minas Gerais não será novidade para Brandão. O brusquense foi anunciado pelo Cruzeiro em 2011: em seis jogos, nenhum gol. "O problema foi a adaptação. Depois de vários anos no futebol europeu, eu necessitava de um tempo para me adaptar novamente ao estilo de jogo dos clubes brasileiros. Mas, como tudo no Brasil é muito dinâmico, acabei não tendo esse tempo", justifica a rápida passagem, por empréstimo, entre março e agosto.

Atacante durante a pré-temporada
(Créditos: C.A. Tricordiano/Divulgação)

Neste ano, o atacante, de 36 anos, busca escrever uma nova história nos gramados mineiros. Um dos trunfos é a possibilidade de participar da pré-temporada no Brasil, o que não acontecia desde 2002. "Estou me sentindo muito à vontade, e as expectativas são as melhores possíveis", assegura, projetando a parceria com o filho do Rei Pelé em Três Corações. "Com os ensinamentos do nosso comandante Edinho e o potencial do nosso grupo, acredito que temos plenas chances de chegar às finais".

Da Europa para a 'terra do Rei'

Sem disputar uma partida oficial desde maio, Brandão revela detalhes da negociação com o clube mineiro. "Depois de sair do Bastia, decidi que não jogaria em 2016, pois tinha outras prioridades", comenta. "No fim do ano passado, recebi a proposta para jogar no Tricordiano e resolvi aceitar por acreditar no projeto, no potencial do elenco formado e também pela minha vontade de retornar ao Brasil". Neste sábado, a equipe estreia diante do Uberlândia, na cidade de Muriaé.


Carioca que trocou chuteiras por prancheta aos 31 anos comandará
a Veterana no Campeonato Mineiro: 'vem forte para brigar', afirma

Vinícius Dias

Nas concentrações dos tempos de São Paulo, o Championship Manager era um dos passatempos prediletos do atacante Oliveira. "Sempre gostei dessa parte tática, duelos táticos. Eu, Kaká e o Márcio goleiro jogávamos muito", recorda. Uma década depois, o carioca trocou as chuteiras pela prancheta. "Ali (no game) começou a acender uma luzinha de que, no futuro, poderia acontecer. Com os treinadores que tive, sempre conversei bastante sobre tática, aprendi muito. Estou nessa carreira há quatro anos", afirma o hoje treinador da Caldense ao Blog Toque Di Letra.


Apesar da aposentadoria precoce, aos 31 anos, ele protagonizou situações inusitadas. Uma delas, em 2002, no Paulista. Fora dos planos de Nelsinho Baptista, foi cedido à Matonense para a disputa do torneio do interior. "O time tinha Luiz Carlos Goiano, Marcel (atacante ex-Cruzeiro), mas acabou rebaixado". A volta ao tricolor, já na era Oswaldo Oliveira, coincidiu com a lesão de Dill a dias do Supercampeonato, que reuniria Ituano, campeão do interior, e o trio da capital. "A Federação autorizou minha inscrição. Entrei nos dois jogos da final e fui campeão", destaca.

Treinador assumiu a Veterana em maio
(Créditos: Site Oficial da Caldense/Divulgação)

Na temporada 2004/2005, Oliveira se transferiu para o Catar. A passagem pelo Al-Ahli, onde atuou com o então volante Guardiola, ficou marcada por uma disputa com o argentino Batistuta, do Al-Arabi. "O jogo estava 2 a 2. Guardiola tinha feito um gol, eu outro. Jovem, querendo buscar espaço, fui um pouco mais forte na dividida. Ele olhou para mim e falou: 'pô, Oliveira, não é Fla-Flu, aqui tem que ter calma'. Foi curioso, porque pensamos que não, mas essas estrelas conhecem nosso futebol", revela.

Lições e parceria com Guardiola

Filho de Jair dos Santos, ex-goleiro de Grêmio e Vasco, o atacante deu os primeiros passos na base cruzmaltina. A seguir, acertou o São Paulo, onde conquistou a Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2000, um ano antes de disputar o Mundial sub-20. Em 2012, Thiago Oliveira, como atualmente é conhecido, iniciou a transição. Um dos mestres foi, justamente, Guardiola. "Ele já era um jogador-treinador no Al-Ahli, orientava posicionamento. Em 2015, passei duas semanas observando treinos (do Bayern de Munique) no Catar. Experiência única", comenta, aos 35 anos.

Oliveira, à esquerda, com Guardiola
(Créditos: Arquivo Pessoal/Thiago Oliveira)

Diferenças de realidade à parte, o carioca exalta as lições. "Ele disse uma coisa fundamental sobre conhecer o seu clube e trabalhar com a estrutura dele. Muitos técnicos vão para um clube com uma ideia de jogo, mas, de repente, não têm peças para usar", pontua. "Outra questão é a dedicação dos jogadores do nível do Ribery, do Robben. Procuro trazer para a minha realidade e mostrar para os nossos jogadores. Se você não treinar 100%, 110%, não consegue êxito", completa.

'O time está evoluindo', garante

Estreante no Campeonato Mineiro, Thiago Oliveira dirigirá um elenco com seis vice-campeões em 2015. "Temos jogadores muito qualificados, que já conhecem o estadual. Isso é muito importante", avalia. "Fizemos uma boa pré-temporada, fizemos amistosos até com equipes já formadas há algum tempo. O time está evoluindo. A Caldense vem forte para brigar e, quem sabe, repetir uma campanha tão gloriosa como aquela". A Veterana estreia contra a URT, no domingo, em Patos de Minas.


Consagrado com apelido que ganhou enquanto caçava ratos aos 13
anos, atacante busca sucesso além do Nordeste: 'Tupi me agradou'

Vinícius Dias

A brincadeira de caçar ratos usando estilingue nos arredores dos campos recifenses quando tinha apenas 13 anos já acompanha Flávio Augusto do Nascimento há quase duas décadas. Aos 30, tendo realizado o sonho de se tornar jogador profissional, ele carrega no nome uma lembrança daqueles tempos. A mira apontada no passado para o roedor, no entanto, hoje se volta para as redes. "O treinador ficou me chamando de caça-rato e pegou esse apelido. Tem que ter (boa mira), mas agora é fazer gol", relembra o atacante, reforço do Tupi, ao Blog Toque Di Letra.


Se na infância humilde Flávio era um dos inúmeros garotos movidos pelo sonho de ganhar a vida jogando futebol, anos mais tarde como Caça-Rato deixou de ser mais um. "Tudo é Deus na vida da gente. Sempre quis ser jogador profissional e consegui, mas não sabia que seria tão reconhecido. Isso é fruto do meu trabalho. É uma coisa gostosa, mostra que você está fazendo coisas boas", diz. "Mesmo com o pouco que minha mãe me deu, o pouco era o certo e o bem para mim. A gente, posso dizer assim, começa pelos sonhos", acrescenta o atacante.

Em 2013, Caça-Rato foi peça-chave
(Créditos: Santa Cruz/Twitter/Divulgação)

Campeão pernambucano em 2012 pelo Santa Cruz, Flávio viveu o auge no ano seguinte: bicampeonato estadual e o acesso à Série B, coroado com a conquista da Série C. Ora com a camisa 7, ora com a 20, balançou as redes na decisão local diante do Sport, na Ilha do Retiro, e nos duelos do acesso e título da C, contra Betim e Sampaio Corrêa, respectivamente, no Arruda. "2013 foi um ano maravilhoso. Apareci mundialmente", festeja um dos maiores ídolos recentes do tricolor.

Dois anos: duas lesões, dois gols

Caça-Rato deixou o Santa Cruz ao fim de 2014. Desde então, acumulou passagens apagadas por Remo, Guarani e Duque de Caxias. Em dois anos, disputou 23 partidas e fez apenas dois gols. "Quando fui para o Remo, foi questão de salários lá e não deu certo. No Guarani, infelizmente, tive duas lesões no adutor, coisa que nunca havia acontecido na carreira", pondera, vislumbrando uma história bem diferente em 2017. "Graças a Deus, estou muito focado. Isso é passado".

Aos 31 anos, atacante reforça o Tupi
(Créditos: Site Oficial do Tupi/Divulgação)

O cenário do recomeço será Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. "Agora estou trabalhando forte a minha forma física. Que seja um excelente ano, não só para mim, mas também para o Tupi", confia o atacante, anunciado como presente de ano-novo. "Eu tinha convites de outros clubes e até do Santa Cruz. Minha vinda para cá ocorreu porque eu estava pensando em disputar um campeonato que ainda não joguei. O projeto do Tupi também me agradou muito", revela.

Caça-Rato além de Pernambuco

Em 2017, Caça-Rato almeja, enfim, se firmar fora do estado natal. "Não adianta só ficar conhecido como jogador do Santa Cruz. Como falei, tenho capacidade, pretendo fazer um excelente Campeonato Mineiro". Com gol e assistência em jogos-treino, ele agora se prepara para as partidas oficiais. "Gosto de comemorar gols com a dancinha, mas não para menosprezar o adversário. Isso é uma marca minha. Já tenho alguma coisa armada". No domingo, o Tupi estreia ante o Tombense, em casa.


Aos 31 anos, zagueiro que estreou pelo Cruzeiro com título da Copa
do Brasil reforça o Leão do Bonfim no Mineiro: 'Time tem encaixado'

Vinícius Dias

A faixa de campeão ou uma fralda? A opção pela faixa simbólica, que deu lugar à oficial no fim da noite, segue viva na memória de Gladstone. "Isso virou marca registrada, não tem jeito. Aonde vou, tenho que contar essa história", comenta ao Blog Toque Di Letra. A cena remonta ao dia 11 de junho de 2003. O zagueiro, à época com 18 anos, faria sua estreia como profissional no Cruzeiro. Na preleção, o técnico Vanderlei Luxemburgo, que não teria o titular Edu Dracena nem o reserva imediato Thiago, suspensos, decidiu testar o psicológico do substituto.


"Foi importante no momento que eu vivia, de incerteza, se seria jogador mesmo, se conseguiria fazer aquele bom jogo. De certa forma, quebrou o nervosismo", afirma. Quis o destino que, 14 anos depois, o Mineirão fosse palco de mais uma estreia de Gladstone: no próximo domingo, pelo Villa Nova, diante do ex-clube. "A expectativa (para o Mineiro) é boa. O Leston Júnior é um treinador muito inteligente e nos traz confiança. Formaram o grupo do zero, mas a equipe tem encaixado. Acho que podemos fazer um bom papel", avalia, mirando a vaga nas semifinais.

Gladstone comemora título em 2003
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Arquivo)

O Leão do Bonfim é o 17º clube do vila-velhense, de 31 anos, cuja carreira inclui passagens pelas ligas italiana e portuguesa. Titular da seleção sub-20 no Mundial de 2005, na Holanda, ele ainda teve duas convocações para a equipe principal entre 2006 e 2007. "Eu estava em bom momento, mas fui observado apenas nos treinos. Jogador precisa do jogo, da vivência, para demonstrar o que pode. Não tive a oportunidade de demonstrar ao Dunga que poderia ter sido mais útil à seleção", lamenta.

Ao lado de Capello e Cannavaro

A ida à Juventus, na temporada 2005/2006, é tratada pelo zagueiro como 'hours concours' da carreira. Na equipe de Fabio Capello, Gladstone teve a oportunidade de conviver com Fabio Cannavaro - seu parceiro de zaga no único jogo que disputou -, capitão do tetra da Itália meses depois. "Foi um momento de aprendizado máximo para mim. A defesa italiana por muitos anos foi uma das melhores do mundo. Eu, muito jovem, aprendi bastante com o treinador, com os jogadores", destaca.

Aos 31 anos, zagueiro reforça o Leão
(Créditos: Divulgação/Villa Nova A.C.)

De volta ao Brasil, em 2006, o zagueiro foi reintegrado ao elenco celeste. Dois anos depois, acertou a saída para o Palmeiras. Embora evite o termo arrependimento, diz que, se tivesse uma segunda chance, permaneceria no Cruzeiro. "Saí muito precoce, ainda tinha uma história a ser escrita. Talvez tivesse permanecido, feito um bom ano, renovado", avalia Gladstone, que, fora dos gramados, é sócio de um complexo esportivo em Belo Horizonte, local do início da pré-temporada do Villa Nova.

'Diretoria tem feito coisas boas'

A fase final foi realizada em Bragança Paulista. "A nova diretoria tem feito coisas interessantes. O Villa Nova foi um dos únicos clubes de Minas Gerais que saiu para fazer pré-temporada, eles estão tratando do gramado do CT para que possamos ter qualidade de treinamento", elenca. "Fazer futebol, hoje, é muito difícil. Quando há o esforço, a gente tem que salientar para que, de repente, vire modelo. Espero que esse bom trabalho feito fora de campo surta efeito dentro de campo", acrescenta.


De atacante consagrado na Europa a treinador ex-seleção, equipes
se reforçaram para ameaçar a hegemonia de 11 anos do trio de BH

Vinícius Dias

Desde o título do Ipatinga, em 2005, o Campeonato Mineiro teve apenas clubes da capital como campeões. Depois de a Caldense chegar à final em 2015 e de a URT surpreender em 2016, os nove representantes do interior têm um objetivo comum para esta edição: enfim quebrar a hegemonia do trio de Belo Horizonte. As estratégias vão de apostas em jovens a elencos repletos de medalhões. De Teófilo Otoni a Uberlândia, passando por Três Corações, terra natal do Rei Pelé, a bola começa a rolar nos gramados de Minas Gerais neste domingo.


Maior campeão entre os clubes do interior, com quatro conquistas, o Villa Nova será dirigido por Leston Júnior. Sonhando em rugir alto, o Leão do Bonfim aposta na mescla entre juventude e experiência. Entre os principais reforços estão o goleiro Fernando Henrique, campeão brasileiro em 2010 pelo Fluminense; o zagueiro Gladstone, formado na base do Cruzeiro; e o meia Tchô, ex-Atlético. De volta ao Brasil após passagem pelo Estoril, de Portugal, Felipe Augusto é aposta para ataque.

Tchô vestirá a camisa 10 do alvirrubro
(Créditos: Rodrigo Ferreira/Villa Nova A.C.)

Atual campeã do interior, a URT conta com apenas um remanescente do time titular que disputou as semifinais no ano passado: o lateral-esquerdo Fabinho. Entre as caras novas, destacam-se Juninho, goleiro ex-Atlético e Cruzeiro, e Diogo, volante campeão brasileiro em 2010 pelo Fluminense. A referência ofensiva será Marques, ex-Linense/SP, que anotou três gols nos amistosos de pré-temporada. O técnico Rodrigo Santana, de 34 anos, é o mais jovem entre os participantes.

Destaques de 2016 no Verdão

Buscando voos mais altos em 2017, o Uberlândia se reforçou com atletas que se destacaram na última edição. A zaga terá Mauro Viana e Robinho, dupla da semifinalista URT. Para o meio-campo, chegaram o volante Bruno Moreno e o camisa 10 Juninho Arcanjo, ambos ex-Tricordiano. Na linha de frente, a principal novidade é Reinaldo Alagoano, que teve passagem pelo Cruzeiro. No banco de reservas estará Paulo Cezar Catanoce, campeão do módulo II em 2015 pelo Verdão.

Dinélson reforça Tricordiano de Edinho
(Créditos: C.A. Tricordiano/Divulgação)

Sétimo colocado na temporada passada, o Tricordiano investiu pesado neste ano. O time será comandado por Edinho, filho do ilustre tricordiano Pelé. Estarão em campo nomes como Wescley, zagueiro ex-Corinthians e Vasco; Dinélson, meio-campista que teve passagem pelo Atlético; e os atacantes Rodriguinho, campeão brasileiro em 2010 pelo Fluminense; e Brandão, ex-Shakhtar Donetsk e Olympique de Marseille. Embora anunciado, Carlinhos Bala não se apresentou e teve pré-contrato rescindido.

Veterana ao 'estilo Guardiola'

Último clube do interior a chegar à final, em 2015, a Caldense voltará a contar com vários protagonistas da campanha histórica. Ao remanescente Marcelinho, se juntaram o meia Ewerton Maradona, o goleiro Neguete e o lateral-esquerdo Rafael Estevam, de volta após empréstimo. Os atacantes Cristiano e Zambi, que estavam no interior paulista, são dois dos reforços. Thiago Oliveira, ex-estagiário de Guardiola, foi mantido como treinador da Veterana após o trabalho na Série D.

Tupi terá trio da base do Fluminense
(Créditos: Site Oficial do Tupi/Divulgação)

Após o rebaixamento à Série C, o elenco do Tupi passou por reformulação. Éder Bastos terá à disposição diversos jovens. Entre os mais experientes, destaque para os atacantes Jajá, ex-Cruzeiro, e Flávio Caça-Rato, ídolo do Santa Cruz. O Tombense manteve várias peças do elenco do último ano, entre elas o atacante Daniel Amorim, vice-artilheiro da Série C, com nove gols. Uma dos novidades é Nathan, volante ex-Santos. No comando, Raul Cabral substitui Moacir Júnior.

Ano de retorno à elite mineira

Campeão do módulo II em 2016, o Democrata de Governador Valadares contratou mais de 20 atletas. Os destaques são Thiaguinho, atacante ex-Cruzeiro, e o lateral-esquerdo Gerley, ex-Palmeiras. Eugênio Souza será o treinador. O vice, América de Teófilo Otoni, contará com os retornos do lateral-esquerdo Bruno Barros; do meia Leandro Cruz, ex-Corinthians; e do atacante Rogélio Ávila. Marcelo Buarque, ex-treinador da seleção brasileira sub-15, reassume o comando.